Governo analisa retorno do horário de verão para reduzir consumo de energia

O debate sobre o retorno do horário de verão no Brasil reacendeu com as recentes declarações do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.

Após anos de sua suspensão, o horário especial volta a ser uma possibilidade concreta, especialmente diante da necessidade de otimizar o uso da luz natural e reduzir o consumo de energia elétrica durante os períodos de pico. No entanto, o governo avalia cuidadosamente as implicações dessa medida, que, além de impactar a economia de energia, afeta o cotidiano de milhões de brasileiros.

Introduzido pela primeira vez em 1931 e revogado em 2019, o horário de verão dividiu opiniões ao longo de sua história. Enquanto alguns setores, como o turismo e o comércio, defendem seu retorno, outros questionam sua real efetividade no cenário energético atual.

O horário de verão foi suspenso em 2019 com base no argumento de que sua contribuição para a economia de energia havia se tornado insignificante. No entanto, o cenário energético brasileiro passou por transformações recentes, e o governo agora avalia que o horário especial pode ser uma ferramenta importante para mitigar os desafios enfrentados no setor.

De acordo com o ministro Alexandre Silveira, a retomada do horário de verão tem o potencial de reduzir o despacho das usinas térmicas nos horários de pico, o que, por sua vez, poderia aliviar a pressão sobre o sistema elétrico. Isso se torna especialmente relevante em momentos de alta demanda, como o verão, quando o consumo de energia dispara, impulsionado principalmente pelo uso de aparelhos de ar-condicionado e refrigeração.

Além disso, o ministro destacou que a volta do horário de verão não impacta apenas o setor energético, mas também diversos setores econômicos. “Pesquisas demonstram que os efeitos do horário de verão são positivos para diversos setores econômicos, como o turismo, além de bares e restaurantes”, afirmou Silveira. Com mais tempo de luz natural, esses setores podem ampliar suas atividades e aumentar o faturamento, beneficiando a economia local.

O horário de verão foi instituído pela primeira vez no Brasil pelo então presidente Getúlio Vargas, em 1931, com o objetivo de economizar energia elétrica em tempos de crise. Desde então, ele foi adotado e revogado em diferentes momentos da história, até se tornar uma prática contínua a partir de 1985. Durante mais de três décadas, o horário de verão foi uma constante em grande parte do território brasileiro, principalmente nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste.

Entretanto, em 2019, o governo decidiu revogar o horário de verão, alegando que a medida já não gerava a economia de energia esperada. Estudos realizados na época indicavam que o avanço das tecnologias de eficiência energética e o consumo mais estável ao longo do dia haviam reduzido o impacto positivo do horário especial. Além disso, o desconforto gerado pela mudança de horário para uma parte significativa da população pesou na decisão de extinguir a prática.

Agora, com a volta da discussão, o governo federal considera que as mudanças climáticas e a crescente demanda por energia em horários específicos podem justificar o retorno do horário de verão, principalmente como forma de aliviar o sistema durante os picos de consumo.

Embora o principal objetivo do horário de verão seja a economia de energia, os benefícios econômicos vão além disso. Setores como turismo, bares e restaurantes são historicamente os maiores beneficiados, já que o prolongamento da luz do dia incentiva as pessoas a permanecerem nas ruas e em espaços de lazer por mais tempo.

De acordo com Silveira, os meses da primavera e do verão, quando o horário de verão é aplicado, proporcionam um aumento de fluxo em regiões turísticas. Isso resulta em um impulso para a economia local, gerando empregos temporários e estimulando o consumo. “Os efeitos positivos para o turismo são claros, com mais tempo de luz, as atividades ao ar livre se prolongam, e o setor de bares e restaurantes ganha com o maior movimento de clientes”, explicou o ministro.

Além disso, a implementação do horário de verão pode contribuir para a redução do custo de geração de energia, já que a diminuição da demanda em horários de pico pode evitar o uso intensivo de usinas térmicas, que são mais caras e poluentes. Esse alívio financeiro pode, em última análise, refletir nas contas de energia dos consumidores.

Apesar dos possíveis benefícios, o retorno do horário de verão também enfrenta críticas. Muitos argumentam que a economia de energia proporcionada pela medida é mínima no cenário atual, especialmente com a disseminação de tecnologias mais eficientes em termos energéticos, como lâmpadas de LED e sistemas de climatização mais econômicos.

Além disso, há preocupações com o impacto no bem-estar da população. A mudança no horário pode afetar o ritmo biológico de algumas pessoas, resultando em distúrbios de sono, cansaço e dificuldades de adaptação, principalmente nos primeiros dias após a alteração do relógio. Para muitos, esse desconforto não compensa os benefícios percebidos.

Outro ponto levantado pelos críticos é a possível desigualdade gerada pela adoção do horário de verão em algumas regiões e não em outras. No Brasil, o horário especial tradicionalmente não se aplica às regiões Norte e Nordeste, devido à menor variação de luz solar ao longo do ano nessas áreas. Isso pode criar uma discrepância entre os horários dessas regiões em relação ao restante do país, o que pode dificultar transações comerciais e logísticas.

Embora o retorno do horário de verão seja uma possibilidade real, o ministro Alexandre Silveira enfatizou que a decisão não será tomada de forma precipitada. Segundo ele, é fundamental considerar todas as implicações da medida, tanto no setor energético quanto na vida cotidiana dos brasileiros.

Para garantir que a transição ocorra de maneira suave, o governo já começou a tomar providências. Silveira confirmou que o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico e a Secretaria Nacional de Energia Elétrica estão se reunindo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) para elaborar um plano de contingência para o verão de 2024/2025. Esse planejamento visa garantir que, caso o horário de verão seja reinstaurado, ele traga os benefícios esperados sem causar grandes transtornos para a população.

O ministro também destacou que a decisão final levará em conta não apenas a economia de energia, mas também as implicações econômicas e sociais da medida. “O horário de verão impacta muito a vida das pessoas”, reconheceu Silveira, ao mencionar que um equilíbrio entre os diferentes interesses será fundamental para a implementação bem-sucedida da medida.

Seminário Catarinense de Bambu promove inovação e sustentabilidade no setor

O Seminário Catarinense de Bambu, que ocorrerá entre os dias 18 e 22 de setembro de 2024, promete ser um marco na promoção do uso sustentável e inovador do bambu no Brasil.

Organizado pela Associação Catarinense de Bambu (BambuSC) em parceria com a Epagri e outras instituições, o evento terá uma abordagem multidisciplinar que abrange aspectos ambientais, socioeconômicos e tecnológicos relacionados ao uso do bambu, com atividades práticas e exposições que mostram o potencial dessa planta para o futuro.

De acordo com Gilmar Dallamaria, extensionista rural da Epagri em Curitibanos e responsável pelo projeto Bambu no Estado de Santa Catarina, o seminário será uma oportunidade única para reunir diferentes elos da cadeia produtiva, como academia, governo, iniciativa privada e produtores locais. Essa troca de conhecimentos é essencial para consolidar o bambu como uma alternativa viável e sustentável em várias áreas, incluindo agronomia, culinária, artesanato, design e inclusão social.

O bambu, frequentemente associado à Ásia, é uma planta com potencial surpreendente para diversos setores. Suas propriedades ecológicas, como crescimento rápido, resistência e versatilidade, tornam-no uma opção sustentável para substituição de materiais convencionais, como madeira e plásticos. Além disso, o bambu desempenha um papel crucial no combate às mudanças climáticas, pois é uma planta altamente eficiente na captura de carbono.

Gilmar Dallamaria destaca que o evento terá como foco o estímulo à produção sustentável e ao uso inteligente do bambu no estado de Santa Catarina, região onde o clima e o solo são adequados para o cultivo de diversas espécies da planta. “A ênfase será principalmente na ecologia, botânica, agronomia, culinária, artesanato, design, políticas públicas e inclusão social na região Sul”, afirmou Dallamaria.

O seminário trará uma visão integrada, considerando o papel do bambu em diferentes esferas, desde a conservação ambiental até o seu potencial para impulsionar a economia local. “Será uma oportunidade de reunir os diversos elos da cadeia produtiva do bambu na região Sul do Brasil, como academia, órgãos de governo, entidades e profissionais da iniciativa privada”, explicou o extensionista.

O Seminário Catarinense de Bambu será realizado em várias localidades de Santa Catarina, oferecendo uma programação diversificada que inclui palestras, mesas redondas, oficinas práticas e visitas guiadas. A programação está estruturada da seguinte maneira:

  • 18/09 – Dia Mundial do Bambu: O seminário será inaugurado no Jardim Botânico de Florianópolis, com uma exposição que destacará os diversos usos do bambu, incluindo produtos sustentáveis e inovações tecnológicas.
  • 20/09 – Palestras e mesas redondas: A Sede da Epagri será o local para debates e apresentações de especialistas sobre as diferentes dimensões do uso do bambu, abrangendo desde questões ecológicas até aspectos econômicos e sociais.
  • 21/09 – Oficinas práticas: No Jardim Botânico de Florianópolis, os participantes terão a oportunidade de colocar a mão na massa com atividades de manejo, colheita, tratamento, plantio, produção de mudas, artesanato e construção com bambu. Essas oficinas práticas visam capacitar agricultores, artesãos e empreendedores locais.
  • 22/09 – Visita guiada ao Sítio Vagalume: Localizado em Rancho Queimado, a 70 km de Florianópolis, o Sítio Vagalume será o palco para uma visita técnica, onde os participantes poderão conhecer de perto os projetos de cultivo e processamento de bambu em um ambiente real.

O seminário não se limita apenas ao debate teórico, mas inclui atividades práticas que demonstram como o bambu pode ser uma ferramenta para promover o desenvolvimento sustentável em várias frentes, desde o setor agrícola até o design e a construção civil.

O trabalho da Epagri com o bambu em Santa Catarina começou em 2019, quando a empresa firmou um termo de cooperação técnica com a BambuSC. Desde então, a parceria tem gerado resultados expressivos, incluindo a capacitação de mais de mil pessoas, entre agricultores e artesãos, que participaram de cursos sobre o cultivo e a manufatura da planta.

Os experimentos com bambu realizados em sete municípios catarinenses — Tubarão, Joinville, Agronômica, Curitibanos, Videira, Maravilha e Concórdia — foram essenciais para a identificação das espécies mais adequadas ao solo e clima de cada região. Isso permitiu o desenvolvimento de cultivares que podem ser utilizadas em diferentes contextos, aumentando o potencial econômico da planta no estado.

Esses esforços culminaram na criação da Lei nº 18.341/2022, que instituiu a Política Estadual de Incentivo ao Desenvolvimento da Cadeia Produtiva do Bambu em Santa Catarina. A lei visa fomentar o uso do bambu em diversas áreas, desde a agricultura até a construção civil, promovendo o desenvolvimento sustentável e a geração de empregos no estado.

Além disso, em junho de 2024, foi lançada a Câmara Setorial do Bambu pela Secretaria de Estado da Agricultura e Pecuária, com o objetivo de formular e executar políticas públicas para o setor. A criação dessa câmara é um passo importante para consolidar o bambu como uma alternativa viável e sustentável para o desenvolvimento econômico de Santa Catarina.

O bambu se destaca por sua versatilidade, podendo ser utilizado em uma ampla gama de produtos e setores. Na construção civil, por exemplo, o bambu é uma excelente alternativa para substituir a madeira, sendo mais resistente e sustentável. Ele também é amplamente utilizado na produção de móveis, artesanato, utensílios domésticos e até mesmo em alimentos.

Durante o seminário, serão discutidos os usos inovadores do bambu, que vão desde sua aplicação na culinária até o desenvolvimento de produtos em escala industrial, como tecidos, cosméticos e embalagens biodegradáveis. Outro ponto importante será a exploração de tecnologias de tratamento e processamento da planta, que permitem aumentar sua durabilidade e resistência, ampliando ainda mais seu potencial de uso.

O bambu também tem sido cada vez mais explorado no setor de design e arquitetura. Seu apelo sustentável e sua estética diferenciada fazem dele uma escolha popular para projetos que buscam aliar inovação e responsabilidade ambiental.

Metaverso molda o futuro do mercado de trabalho

O conceito de metaverso, popularizado nas últimas décadas, tem evoluído rapidamente e se tornado um dos temas mais discutidos no mundo da tecnologia e inovação. O impacto dessa realidade virtual imersiva no mercado de trabalho é profundo e promete transformar diversas indústrias e profissões. Para muitos, o metaverso representa o futuro das interações humanas, especialmente no ambiente corporativo, onde a digitalização tem acelerado mudanças e gerado novas oportunidades.

Neste cenário, a adaptação às novas exigências e tecnologias torna-se essencial para quem deseja se destacar. Dayandra Sanches, headhunter da Advisorh Talent Solutions, é uma das especialistas que aponta o caminho para o futuro do mercado de trabalho no metaverso. Vamos entender melhor o que nos espera.

O termo “metaverso” surgiu na década de 1980 e se refere a um universo virtual onde o real e o digital se fundem. Com o avanço da tecnologia, o metaverso deixou de ser um conceito de ficção científica para se tornar uma possibilidade concreta, impactando vários setores. Empresas de tecnologia já estão investindo pesadamente nessa inovação, criando plataformas que simulam a realidade de maneira imersiva.

De acordo com a headhunter Dayandra Sanches, o metaverso é uma extensão do mundo real em um ambiente digital. “Embora não seja real, o metaverso simula todos os elementos da realidade em um ambiente digital. Além disso, toda sua estrutura também está no ‘mundo real’. Para acessar, as pessoas usarão tecnologia 3D e, eventualmente, outros equipamentos, como já acontece em alguns jogos eletrônicos”, explica.

Com a chegada dessa nova era, o trabalho no metaverso irá além de simplesmente assistir. A interação será a peça-chave. “Em vez de apenas assistir, poderemos participar de tudo que acontece na tela”, acrescenta Dayandra. Isso significa que o ambiente de trabalho será radicalmente transformado, exigindo novas habilidades e adaptações por parte dos profissionais.

O impacto do metaverso no mercado de trabalho já começa a ser percebido. Um estudo do site de empregos Indeed apontou um aumento de 1042% nas menções ao termo “metaverso” nas descrições de vagas entre novembro de 2020 e 2021. Outro relatório do Fórum Econômico Mundial prevê que 85 milhões de empregos serão extintos, enquanto 97 milhões de novas funções surgirão, todas impulsionadas pela tecnologia, incluindo o metaverso.

Entre as profissões que já estão ganhando espaço, destaca-se a de engenheiro de tecnologia de metaverso, especialista em segurança digital, desenvolvedor de avatares e diretor/produtor de eventos virtuais. “O metaverso deve abrir novas fronteiras no mercado de trabalho. E não é só para profissionais de tecnologia”, comenta Dayandra. Profissões ligadas à criatividade também terão espaço nesse novo cenário. Designers de moda digital e estilistas poderão desenvolver roupas e acessórios para os avatares, enquanto outros profissionais terão oportunidades para registrar produtos como carros, casas e obras de arte no formato de NFTs.

Além disso, novas habilidades serão exigidas para operar e manter esse universo digital. Especialistas em cibersegurança, por exemplo, serão fundamentais para proteger as informações pessoais e corporativas que circulam nesses ambientes. “Melhorar a experiência, aumentar a segurança das informações e expandir o acesso são alguns dos desafios para os próximos capítulos”, destaca a headhunter.

A pandemia de COVID-19 acelerou a transformação digital nas empresas, impulsionando a adoção de ferramentas como o home office e reuniões virtuais. Agora, com o gradual retorno das atividades presenciais, as discussões sobre a relação entre o físico e o digital ganham mais força. Para muitas empresas, o metaverso oferece uma solução híbrida, permitindo a realização de eventos, reuniões e processos seletivos totalmente imersivos.

Embora o metaverso ainda precise evoluir em termos de acessibilidade e experiência do usuário, processos seletivos em realidade virtual já estão acontecendo em algumas empresas, que experimentam protótipos dessa tecnologia. “A chegada da pandemia forçou uma rápida transformação digital das empresas. Agora, o metaverso deve surgir como opção para escritórios, eventos, reuniões e processos seletivos”, afirma Dayandra.

Para que essa transição ocorra de forma suave, será necessário que empresas e colaboradores estejam preparados e adaptados a essa nova realidade. “É fundamental aplicar uma estrutura 360 para que os colaboradores possam desempenhar suas funções sem problemas no ambiente digital”, enfatiza a especialista.

A adoção do metaverso nas empresas trará inúmeras oportunidades, mas também alguns desafios. Por um lado, haverá uma demanda crescente por profissionais qualificados em tecnologias emergentes e inovação. Profissões tradicionais podem ganhar novas funções, enquanto novos campos de atuação serão criados. Por outro lado, a adaptação a essa nova realidade exigirá investimento em capacitação e infraestrutura tecnológica.

Outro desafio será a questão da acessibilidade. Embora a tecnologia esteja evoluindo, o custo de equipamentos como óculos de realidade aumentada ou 3D ainda é elevado para muitas empresas. Além disso, o metaverso deverá enfrentar questões legais e de privacidade, pois o tráfego de informações sensíveis será uma constante.

Dayandra Sanches aponta que, embora as possibilidades do metaverso sejam promissoras, é preciso acompanhar de perto o desenvolvimento dessa tecnologia e suas implicações. “Melhorar a experiência do usuário, expandir o acesso e garantir a segurança das informações são pontos cruciais para que o metaverso se torne uma realidade viável no mercado de trabalho”, explica.

A preparação para o metaverso começa com o desenvolvimento de habilidades digitais. Profissionais de todas as áreas precisarão entender as novas tecnologias, como realidade virtual e aumentada, inteligência artificial e blockchain. Além disso, habilidades interpessoais e de colaboração virtual serão cada vez mais valorizadas, pois o metaverso permitirá interações em tempo real, em um ambiente digitalizado.

Aqueles que buscam se destacar no mercado de trabalho devem investir em cursos e treinamentos especializados em tecnologia, design digital e segurança cibernética. “Profissionais que se mantêm atualizados com as tendências digitais terão uma vantagem competitiva”, afirma Dayandra.

Além disso, será importante que as empresas também promovam uma cultura de inovação, incentivando a experimentação e o uso de novas ferramentas tecnológicas. “As empresas que estiverem na vanguarda da adoção do metaverso terão uma vantagem significativa na retenção de talentos e no crescimento em um mundo cada vez mais digital”, conclui a especialista.

El Niño transforma o Deserto do Atacama em um jardim florescente

O Deserto do Atacama, no Chile, é conhecido mundialmente como o lugar mais seco do planeta. Com uma paisagem árida, montanhas de areia e uma escassez extrema de água, a ideia de ver flores colorindo esse ambiente parece impossível. No entanto, o fenômeno El Niño está proporcionando uma transformação surpreendente.

Recentemente, partes do deserto foram tomadas por flores brancas e roxas, uma visão rara e espetacular que atraiu a atenção de cientistas, turistas e moradores locais. Essa mudança inesperada no ecossistema do Atacama levanta questões sobre os impactos de fenômenos climáticos em regiões extremas e sobre a resiliência da natureza diante das adversidades.

O Deserto do Atacama está localizado na região norte do Chile e se estende por cerca de 1.600 quilômetros, fazendo fronteira com o Peru e a Bolívia. Com uma média anual de chuvas de menos de 15 milímetros em algumas áreas, ele é amplamente reconhecido como o lugar mais seco do mundo. A paisagem desértica é marcada por dunas de areia, salinas, formações rochosas e vastas planícies que raramente vêem qualquer sinal de vida. É também um dos ambientes mais inóspitos da Terra, onde muitos trechos não registram chuva há décadas.

No entanto, a aridez extrema do Atacama não impede que ele seja um local de grande interesse científico. A semelhança de suas condições com as encontradas em Marte faz do deserto um campo de testes para cientistas que estudam o planeta vermelho. Além disso, o céu limpo e sem poluição luminosa faz do Atacama um dos melhores lugares do mundo para a observação astronômica.

Mesmo com todas essas características que tornam o deserto um dos locais mais inóspitos da Terra, o fenômeno El Niño conseguiu romper com o ciclo de secura, resultando no que os especialistas chamam de “deserto florido”.

El Niño é um fenômeno climático global que ocorre periodicamente no Oceano Pacífico, caracterizado pelo aquecimento anômalo das águas superficiais. Esse aquecimento interfere nas correntes atmosféricas e tem consequências de grande escala, como inundações, secas e mudanças nas temperaturas globais. No caso do Chile, e mais especificamente no Deserto do Atacama, o El Niño traz chuvas inesperadas para regiões que normalmente não recebem precipitação.

Em 2023, a intensificação desse fenômeno causou uma reviravolta climática no Atacama. Áreas que não viam chuvas há muito tempo foram surpreendidas por precipitações esparsas, suficientes para ativar as sementes dormentes que estavam sob a superfície do solo desértico. Esse fenômeno é conhecido como o “deserto florido”, um evento raro, mas que desperta grande fascínio.

As flores que agora adornam partes do Atacama são predominantemente brancas e roxas, criando uma paisagem que contrasta fortemente com o usual aspecto árido da região. O ciclo de vida dessas plantas é curto, mas espetacular, já que florescem, reproduzem-se e morrem rapidamente, aproveitando o máximo de umidade que o El Niño proporcionou.

O florescimento no Deserto do Atacama é uma prova notável da resiliência da natureza. As sementes que estavam latentes por anos, ou até décadas, esperaram pacientemente pelas condições ideais para germinar. Essas plantas adaptaram-se para sobreviver em condições extremas de seca, mantendo suas sementes protegidas no solo até que a umidade necessária chegasse.

Entre as espécies que floresceram estão a Nolana paradoxa, uma planta de flores roxas, e a Cristaria, de flores brancas. Essas flores fazem parte de uma adaptação natural fascinante, em que espécies conseguem resistir à ausência quase total de água, um processo que muitos cientistas estudam como exemplo de sobrevivência em ambientes hostis.

O desabrochar das flores no Atacama não apenas embeleza o deserto, mas também atrai uma variedade de insetos polinizadores, aves e até pequenos mamíferos, temporariamente transformando o deserto em um ecossistema vibrante e ativo. Essa breve “explosão de vida” mostra como mesmo os ambientes mais extremos podem abrigar complexos ciclos de vida, prontos para emergir quando as condições se tornam favoráveis.

Embora o El Niño seja um fenômeno natural, há uma crescente preocupação de que as mudanças climáticas estejam intensificando sua ocorrência e seus efeitos. Cientistas alertam que a frequência e a intensidade de eventos como El Niño podem estar aumentando devido ao aquecimento global. Isso significa que regiões como o Atacama, historicamente secas, podem enfrentar mudanças climáticas significativas nos próximos anos, alternando entre períodos de extrema seca e chuvas inesperadas.

Essa variação climática drástica não afeta apenas o ecossistema do deserto, mas também as comunidades locais. Moradores da região do Atacama, que tradicionalmente lidam com a falta de água, podem enfrentar novos desafios com o aumento das chuvas ou, em outros momentos, com secas ainda mais intensas. A agricultura, por exemplo, uma atividade limitada no deserto, pode se beneficiar temporariamente das chuvas, mas também sofre com a imprevisibilidade do clima.

Além disso, o aumento de eventos climáticos extremos pode impactar a economia local, que depende fortemente do turismo. O “deserto florido” atrai muitos turistas, curiosos para ver esse fenômeno raro, mas períodos de intensas chuvas ou secas prolongadas podem alterar a capacidade da região de manter sua infraestrutura e atratividade.

O “deserto florido” não é apenas um fenômeno natural, mas também uma atração turística. Milhares de pessoas viajam para o Atacama durante esses raros eventos para testemunhar a transformação do deserto em um verdadeiro tapete de flores. Hotéis, guias turísticos e a economia local se beneficiam diretamente desse fluxo de turistas, que trazem um impulso econômico temporário para a região.

No entanto, o aumento do turismo também exige uma atenção especial à conservação ambiental. A presença de um grande número de visitantes pode, por exemplo, causar danos às flores e ao solo sensível do deserto. Autoridades locais, cientes da necessidade de proteger esse fenômeno, implementaram medidas para garantir que o turismo seja sustentável, permitindo que as futuras gerações também possam desfrutar do deserto florido.

Foto: .sustenare.com.br

Rock in Rio celebra 40 anos com edição histórica e grandes atrações

O Rock in Rio, um dos maiores e mais icônicos festivais de música do mundo, está de volta em 2023 para uma edição especial. Comemorando 40 anos desde sua primeira edição, o festival promete ser um marco na história do entretenimento e da música, tanto no Brasil quanto no cenário internacional.

De 13 a 22 de setembro, a Cidade do Rock, localizada na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio de Janeiro, será o epicentro de uma celebração que reunirá algumas das maiores estrelas da música mundial, como Ed Sheeran, Katy Perry, Will Smith, Ludmilla, e muitos outros. Com uma expectativa de mais de 700 mil pessoas, o evento não só movimentará o setor cultural, mas também a economia, segurança e transporte da cidade.

Desde sua primeira edição em 1985, o Rock in Rio transformou-se em um dos festivais de música mais aguardados, tanto pelos brasileiros quanto pelos fãs internacionais. Além de reunir grandes artistas, o evento impacta diretamente a economia local. Em 2023, a expectativa é que o festival gere cerca de R$ 2,6 bilhões para o estado do Rio de Janeiro. Hotéis estão com ocupação prevista de 95% nos finais de semana do evento, e o movimento na Rodoviária Novo Rio deve aumentar em 40%.

Para além do impacto econômico, o festival também tem um papel cultural significativo. Com shows que vão do pop ao rock, passando por gêneros brasileiros, o Rock in Rio é uma celebração da diversidade musical. Neste ano, artistas como Ivete Sangalo, Ludmilla e Iza representarão o Brasil, enquanto estrelas internacionais como Mariah Carey, Ed Sheeran e Cyndi Lauper trarão um toque global ao palco. A edição de 2023 não só celebra 40 anos de festival, mas também reafirma o compromisso com a inclusão de diferentes culturas e estilos musicais.

A organização do Rock in Rio é sempre um desafio, especialmente no que diz respeito ao transporte. Com ruas bloqueadas nos arredores da Cidade do Rock, os organizadores implementaram um esquema especial para facilitar a chegada do público. Entre as opções estão o metrô, com desembarque na estação Jardim Oceânico, e o BRT Expresso Rock in Rio, que funcionará 24 horas durante os dias de festival. Outra alternativa é o transporte oficial “Primeira Classe”, que levará os passageiros diretamente para dentro da Cidade do Rock.

Com mais de 700 mil pessoas esperadas, o transporte é uma das grandes preocupações dos organizadores. O sistema “Primeira Classe” contará com 16 pontos de embarque no Rio de Janeiro e outros 22 em cidades de São Paulo e Minas Gerais, oferecendo um serviço direto e sem paradas. Os ônibus executivos, que sairão entre 11h e 19h, farão o trajeto direto até a Cidade do Rock, enquanto na volta, a partir das 22h, seguirão do festival para os mesmos pontos de embarque. Essa logística bem planejada tem como objetivo garantir a fluidez do trânsito e evitar grandes congestionamentos nos arredores do evento.

Outro aspecto fundamental para o sucesso do Rock in Rio é a segurança. Mais de 8 mil profissionais serão mobilizados para garantir a tranquilidade do evento durante os sete dias de programação. A Polícia Militar do Rio de Janeiro será responsável por 5.200 desses agentes, além de 143 viaturas, oito torres de observação e 16 pontos de bloqueio nas principais vias de acesso à Cidade do Rock, incluindo as avenidas Embaixador Abelardo Bueno e Salvador Allende.

Esse aumento de 30% no efetivo de segurança em relação à edição anterior do Rock in Rio reflete a importância de manter um ambiente seguro, tanto para os participantes quanto para os artistas e trabalhadores. A operação especial de segurança começa já no dia 13 de setembro, e continuará até o encerramento do festival, no dia 22. A combinação de policiamento ostensivo, controle de acesso e monitoramento via câmeras visa coibir qualquer tipo de transtorno ou perigo, proporcionando uma experiência mais tranquila ao público.

A edição comemorativa dos 40 anos do Rock in Rio promete um line-up de tirar o fôlego. Desde o seu lançamento, o festival sempre atraiu os maiores nomes da música, e 2023 não será diferente. Entre os destaques estão:

  • Ludmilla: Uma das maiores artistas brasileiras da atualidade, Ludmilla promete trazer um show recheado de hits que dominam as paradas do país.
  • Ed Sheeran: O cantor britânico retorna ao Brasil como uma das atrações principais, encantando o público com suas baladas românticas e músicas contagiantes.
  • Katy Perry: Famosa por seus shows energéticos e visualmente deslumbrantes, Katy Perry é uma das performances mais aguardadas.
  • Will Smith: Embora conhecido por sua carreira de ator, Smith também é um rapper de sucesso, e sua presença no Rock in Rio está cercada de grandes expectativas.
  • Ivete Sangalo: A rainha do axé também marcará presença no evento, garantindo a mistura única de ritmos que o Rock in Rio sempre proporcionou.

Além dessas atrações, outros grandes nomes, como Cyndi Lauper, Mariah Carey, Shawn Mendes, Iza e Ivete Sangalo, subirão ao palco para tornar o evento uma experiência inesquecível. Essa fusão de diferentes gêneros musicais e gerações de artistas é o que torna o Rock in Rio tão especial, atraindo um público diversificado e apaixonado pela música.

Um festival da magnitude do Rock in Rio sempre levanta questões ambientais, e a organização do evento tem se empenhado em mitigar os impactos. Desde a criação da Cidade do Rock, foram implementadas medidas para garantir que o festival seja o mais sustentável possível. Programas de reciclagem, neutralização de emissões de carbono e incentivos ao transporte público são algumas das ações adotadas para minimizar a pegada ambiental do evento.

Este ano, o Rock in Rio também reforçou sua parceria com projetos ambientais que visam plantar árvores e recuperar áreas degradadas. Além disso, o público será incentivado a descartar corretamente os resíduos gerados durante os dias de festival, promovendo uma maior conscientização ambiental entre os participantes.

Viagens nacionais crescem 78,6% no Brasil impulsionadas pelo fim da pandemia

O ano de 2023 marcou uma virada significativa para o setor de turismo no Brasil. Impulsionado pelo fim da pandemia de covid-19, o número de viagens nacionais e os gastos dos brasileiros com turismo interno atingiram patamares inéditos. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os brasileiros gastaram R$ 20,1 bilhões em viagens domésticas, um aumento de 78,6% em relação aos dois anos anteriores.

O número de viagens realizadas também teve um crescimento expressivo, saltando 71,5% no mesmo período.

A pandemia de covid-19 trouxe consequências drásticas para o turismo mundial, e o Brasil não foi exceção. Com as medidas de isolamento social, fechamento de fronteiras e restrições de viagem, o setor de turismo foi severamente afetado. Em 2020, os brasileiros realizaram 13,6 milhões de viagens, gastando cerca de R$ 12,6 bilhões. No entanto, o efeito da pandemia foi ainda mais sentido em 2021, quando houve uma queda de 10,8% nos gastos com viagens nacionais, atingindo R$ 11,3 bilhões.

O ano de 2023, entretanto, trouxe uma recuperação impressionante. Com o fim das restrições sanitárias, a reabertura total de destinos turísticos e a vontade reprimida de viajar após anos de incertezas, os brasileiros voltaram a movimentar o setor com vigor. Ao todo, 21,1 milhões de viagens foram realizadas em 2023, um salto considerável em comparação aos números de 2020 e 2021.

A pesquisa realizada pelo IBGE revelou que a proporção de lares com pelo menos um morador viajando também teve um crescimento significativo. Em 2023, 19,8% dos lares brasileiros contavam com alguém que realizou ao menos uma viagem, representando um aumento de 68,5% em comparação com os dois anos anteriores. Esse aumento mostra que, apesar das dificuldades econômicas enfrentadas pelo país, o desejo de viajar se manteve latente entre os brasileiros.

Interessante notar que o comportamento de viagem está diretamente relacionado ao rendimento familiar. De acordo com o estudo, enquanto 79,7% dos lares brasileiros têm rendimento mensal per capita inferior a dois salários mínimos, apenas 62,9% desses lares realizaram viagens em 2023. A principal razão apontada pelos entrevistados para não viajar foi a falta de dinheiro, com 40,1% das respostas, seguida pela ausência de necessidade de viajar (19,1%) e a falta de tempo (17,8%).

Em 2023, as viagens domésticas dominaram o cenário do turismo brasileiro. Das 20,4 milhões de viagens realizadas, 97% tiveram como destino o próprio Brasil, refletindo o impacto contínuo da pandemia nas viagens internacionais. Apenas 641 mil brasileiros realizaram viagens internacionais em 2023, mostrando que a recuperação do turismo internacional ainda está em fase inicial.

O Sudeste do Brasil foi a região mais procurada pelos viajantes, recebendo 43,4% das viagens. Em seguida, o Nordeste (25,3%) e o Sul (17,4%) também se destacaram como destinos preferidos. O turismo regional teve uma forte predominância, com 89,3% das viagens saindo de estados do Nordeste tendo como destino a própria região. O mesmo padrão foi observado no Norte (81,4%), Sudeste (82,9%) e Sul (83,1%).

Entre os principais motivos para viajar, o lazer retomou sua posição de destaque, superando as viagens para visitar familiares e amigos. Em 2023, 38,7% das viagens pessoais foram motivadas pelo lazer, enquanto 33,1% foram para encontros familiares ou eventos sociais. Isso reflete uma mudança de comportamento em relação ao período da pandemia, quando as viagens para ver parentes eram mais frequentes devido às restrições de deslocamento.

O aumento dos gastos com viagens em 2023 foi impulsionado não só pelo maior número de deslocamentos, mas também pelo aumento da frequência e duração das viagens. Dos lares que realizaram ao menos uma viagem, 73,7% fizeram uma única viagem no ano, enquanto 4,1% viajaram pelo menos quatro vezes. Além disso, 52,6% das viagens foram curtas, com duração de uma a cinco pernoites, enquanto apenas 5,5% delas duraram mais de 16 dias.

Os meios de transporte preferidos também refletem o impacto da pandemia. Embora o carro particular tenha sido o meio de transporte mais utilizado em 51,1% das viagens, o uso do avião cresceu consideravelmente em comparação com 2020, representando 13,7% dos deslocamentos em 2023. O transporte aéreo, que havia caído drasticamente durante a pandemia, está se recuperando, com mais brasileiros optando por viagens de longa distância.

O turismo brasileiro reflete fortemente as desigualdades de renda do país. Famílias com renda per capita mais elevada têm maior probabilidade de viajar, enquanto aquelas com menor poder aquisitivo estão sub-representadas no setor. O IBGE constatou que, entre os lares com renda inferior a dois salários mínimos, a proporção de viajantes foi de 62,9%. Em contraste, famílias com renda superior realizaram proporcionalmente mais viagens.

O principal motivo citado pelos entrevistados para não viajar foi a falta de dinheiro, especialmente entre os que recebem menos de meio salário mínimo, com 55,4% das respostas. Entre aqueles que ganham entre meio e um salário mínimo, 45,7% apontaram a falta de recursos como motivo, enquanto apenas 12,1% das famílias com renda superior a quatro salários mínimos mencionaram essa dificuldade.

Outro ponto de destaque do estudo foi o aumento das viagens profissionais em 2023. Embora as viagens pessoais dominem o cenário (85,7% do total), o número de deslocamentos por motivos profissionais cresceu para 14,3%. Desse total, 82,4% das viagens profissionais foram motivadas por trabalho ou negócios, enquanto eventos e cursos de desenvolvimento profissional responderam por 11,6%. Esse crescimento reflete a retomada das atividades presenciais, mesmo em um contexto de digitalização acelerada.

As preferências dos brasileiros em relação aos destinos e motivos de viagem também estão mudando. Em 2023, as viagens para destinos de sol e praia, tradicionalmente populares, perderam espaço, caindo de 55,6% em 2020 para 46,2%. Por outro lado, o interesse por viagens culturais e gastronômicas cresceu, com 21,5% das viagens motivadas por esses interesses, em comparação com 15,5% em 2020.

Essa mudança indica uma diversificação no turismo doméstico, com mais brasileiros buscando experiências culturais e gastronômicas além do turismo tradicional de praia. Essa tendência também é impulsionada pela maior oferta de destinos com enfoque na cultura local e na gastronomia, que vem ganhando destaque no Brasil.

O enigma da sexta-feira 13 mitos, lendas e suas origens históricas

A sexta-feira 13 é, sem dúvida, um dos dias mais temidos no calendário ocidental. Repleta de mitos, superstições e histórias sombrias, essa data é associada ao azar e ao perigo em diversas culturas. Mas o que torna esse dia tão especial? Como surgiu a ideia de que a combinação de uma sexta-feira e o número 13 traria má sorte?

As raízes da superstição em torno da sexta-feira 13 são profundas e difíceis de rastrear em uma única fonte. No entanto, alguns estudiosos apontam para a combinação de dois elementos considerados tradicionalmente negativos: a sexta-feira e o número 13.

A sexta-feira tem uma longa história de associação com o azar, que remonta ao cristianismo. Segundo a tradição bíblica, Jesus Cristo foi crucificado em uma sexta-feira, o que fez com que o dia se tornasse marcado pela dor e sofrimento. Além disso, a tradição cristã afirma que Eva teria oferecido a maçã a Adão em uma sexta-feira, e Caim teria assassinado Abel no mesmo dia. Essas conotações históricas de tragédia e pecado fizeram com que, ao longo do tempo, a sexta-feira fosse vista como um dia de má sorte em várias culturas.

O número 13, por sua vez, carrega um peso simbólico negativo em muitas sociedades. Desde a antiguidade, o número 12 é visto como um número “completo” — há 12 meses no ano, 12 signos do zodíaco, 12 deuses olímpicos na mitologia grega, e 12 discípulos de Jesus. O 13, sendo o número que vem logo após, é considerado um símbolo de desequilíbrio e caos. Em várias culturas, o número 13 é evitado, e muitos edifícios até omitem o 13º andar em seus elevadores.

Ao longo dos séculos, a sexta-feira 13 se consolidou como um dia de temor em diferentes partes do mundo. Histórias macabras, lendas urbanas e mitos aterrorizantes foram criados e espalhados, reforçando a crença de que algo de ruim pode acontecer nesse dia.

Um dos eventos históricos frequentemente citados em associação com a sexta-feira 13 é a prisão dos Cavaleiros Templários em 1307. Na sexta-feira, 13 de outubro de 1307, o rei Filipe IV da França ordenou a prisão em massa dos membros da ordem dos Templários. Acusados de heresia, traição e outros crimes, muitos cavaleiros foram torturados e executados. Este evento trágico contribuiu para a construção do misticismo em torno da sexta-feira 13, solidificando sua reputação como um dia de infortúnios.

O folclore moderno também desempenha um papel crucial na disseminação da superstição em torno da sexta-feira 13. Filmes de terror, como a famosa franquia “Sexta-feira 13”, e histórias de terror contadas ao redor de fogueiras reforçaram a noção de que este dia está associado ao perigo. Esses elementos culturais popularizaram ainda mais a ideia de que algo terrível pode acontecer, gerando uma espécie de “psicologia do medo” em torno da data.

A sexta-feira 13 não é vista da mesma forma em todas as culturas. Em alguns países, outras datas ou números são considerados mais azarados. Veja como diferentes partes do mundo encaram essa questão:

Na Espanha e em muitos países da América Latina, o dia temido é a terça-feira 13. Na cultura hispânica, a terça-feira é governada pelo deus da guerra, Marte, o que adiciona um elemento de agressão e conflito ao simbolismo. Assim, a combinação da terça-feira com o número 13 também é vista como um dia de desgraça e infortúnio.

Na Itália, o número 17 é o que carrega conotações negativas. A razão está na escrita romana do número, XVII, que pode ser reorganizada para formar a palavra “VIXI”, que em latim significa “eu vivi”, implicando a morte. Portanto, enquanto a sexta-feira 13 não é um dia particularmente assustador para os italianos, o número 17 é evitado.

Embora a crença em azar e superstição seja frequentemente desacreditada pela ciência, o impacto psicológico da sexta-feira 13 é real. Muitas pessoas experimentam sentimentos de ansiedade e medo ao se aproximar dessa data. Em alguns casos, essa fobia tem até um nome: parascavedecatriafobia, o medo irracional da sexta-feira 13. Essas reações são alimentadas pela combinação de mitos antigos e a cultura popular moderna, que continuamente reforça a associação negativa com a data.

Curiosamente, o medo da sexta-feira 13 tem implicações reais em áreas como a economia e o cotidiano. Muitos evitam viajar, marcar compromissos importantes ou até sair de casa nesse dia. Estima-se que o comércio global sofra uma perda de bilhões de dólares em vendas devido à diminuição das atividades em uma sexta-feira 13, principalmente em setores como turismo e transporte.

Diversas figuras ao longo da história tentaram desmistificar a sexta-feira 13 e desassociá-la do azar. Movimentos culturais e científicos argumentam que não há base lógica ou evidência que ligue o dia a eventos trágicos. Alguns estudiosos também apontam que o medo em torno da sexta-feira 13 é um produto da psicologia de massa e da crença coletiva.

Em algumas culturas, há um esforço ativo para desafiar superstições ligadas à sexta-feira 13. Grupos promovem eventos como casamentos e celebrações nessa data, desafiando a norma e mostrando que não há razões concretas para temer. Esses atos simbólicos buscam normalizar o dia e afastá-lo das conotações negativas.

Tecnologia moderna aprimora transplantes de medula óssea em Santa Catarina

O Governo do Estado de Santa Catarina tem investido fortemente em tecnologias de ponta para modernizar o atendimento à saúde, e o mais recente avanço é a aquisição de um tanque criogênico para preservação de Células Progenitoras Hematopoiéticas (CPH) no Centro de Hematologia e Hemoterapia de Santa Catarina (Hemosc).

Esse equipamento, importado dos Estados Unidos, representa uma inovação crucial no armazenamento e preservação das células responsáveis pelos transplantes de medula óssea, além de proporcionar uma significativa economia operacional para o sistema de saúde estadual. O investimento, de R$ 420 mil, faz parte de um esforço contínuo para melhorar o tratamento de alta complexidade no estado.

O sistema de saúde de Santa Catarina vem se destacando em âmbito nacional devido ao constante investimento em tecnologias inovadoras e à busca pela excelência no atendimento. Um dos marcos recentes foi a modernização do Hemosc, com a aquisição de um tanque criogênico de última geração para o armazenamento de Células Progenitoras Hematopoiéticas (CPH).

Essas células, essenciais para os transplantes de medula óssea, agora podem ser preservadas com ainda mais segurança e eficiência, garantindo um tratamento de qualidade para os pacientes que necessitam desse procedimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

A aquisição do tanque criogênico pelo Hemosc marca um avanço significativo na preservação de Células Progenitoras Hematopoiéticas (CPH), popularmente conhecidas como medula óssea. Essas células são vitais para a realização de transplantes, especialmente em casos de doenças hematológicas graves, como leucemias e linfomas.

De acordo com Patrícia Carsten, diretora-geral do Hemosc, o novo equipamento traz benefícios imensuráveis em termos de segurança e eficiência. “Esse tanque criogênico é de alta tecnologia e foi adquirido com o intuito de modernizar os processos de armazenamento de CPH. As medulas armazenadas nele já foram utilizadas em transplantes realizados pelo SUS para pacientes catarinenses, e a intenção é adquirir mais um equipamento para substituir os tanques antigos,” explica Carsten.

Além de aumentar a segurança no armazenamento, o novo equipamento traz uma grande economia de recursos. O uso de nitrogênio líquido, que é necessário para manter as temperaturas adequadas, passa a ser reaproveitado pelo próprio sistema, resultando em uma redução significativa no consumo de energia e na necessidade de manutenção dos equipamentos.

Um dos grandes destaques do novo tanque criogênico é sua capacidade de gerar uma economia operacional expressiva. Segundo estimativas, o novo equipamento permitirá uma redução de custos de até seis vezes em relação aos modelos antigos. Isso se deve, em grande parte, à eficiência energética e ao reaproveitamento do nitrogênio líquido.

A bioquímica Janete Cattani Baldissera, do laboratório de processamento celular do Hemosc, detalha a funcionalidade do novo equipamento: “Com essa nova tecnologia, o nitrogênio usado para manter a temperatura adequada não é mais consumido e sim reaproveitado, o que gera uma economia significativa. Além disso, o tanque tem capacidade para armazenar cerca de 400 bolsas de medula, com monitoramento eletrônico constante da temperatura, que deve ser mantida entre 150º C e 170º C negativos.”

Essa economia impacta diretamente o orçamento do sistema de saúde, liberando recursos para outras áreas e permitindo que o estado continue investindo na modernização de suas unidades de atendimento.

Além dos avanços no armazenamento de medula óssea, o Hemosc também passou a realizar o Teste de Detecção de Ácido Nucleico (NAT) para todas as amostras de doadores de sangue, órgãos e tecidos do Sul do Brasil. Esse exame é crucial para a detecção de doenças como HIV, hepatites B e C, e malária, garantindo que apenas sangue e tecidos saudáveis sejam utilizados nos procedimentos médicos.

Desde 2010, o Hemosc já realiza esses testes para os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A partir de 2024, o Paraná também foi incluído nessa rede de exames, ampliando o alcance e a importância do Hemosc como referência na área de hemoterapia e transplantes.

O Hemocentro de Santa Catarina não é apenas referência em tecnologia de ponta, mas também em qualidade. O Hemosc é o único hemocentro no Brasil a possuir três certificações de qualidade, o que o torna um exemplo a ser seguido no país. Essas certificações incluem:

  • ISO 9001, uma norma internacional que atesta a qualidade dos serviços oferecidos desde 1998.
  • Acreditação pela AABB/ABHH, obtida em 2014, que garante a excelência nos processos de hemoterapia e transplantes.
  • Organização Nacional de Acreditação (ONA), nível 1, conquistada em 2023, que reconhece o Hemosc como uma instituição de excelência no atendimento ao público.

Essas certificações são resultado de um trabalho contínuo de aprimoramento e da busca pela excelência no atendimento aos pacientes.

Outro aspecto relevante no processo de transplantes é a conscientização sobre a doação de órgãos e tecidos. O Setembro Vermelho, por exemplo, é uma campanha estadual instituída pela Lei nº 18.803/2016, que visa incentivar a população a doar órgãos. A campanha, realizada em parceria com o setor público e privado, é fundamental para esclarecer dúvidas e combater a desinformação sobre o tema.

Além do Setembro Vermelho, a Lei estadual nº 18.583/2015 instituiu a Semana de Conscientização da Doação de Órgãos e Tecidos, realizada anualmente na semana do Dia Nacional de Doação de Órgãos, comemorado em 27 de setembro. Essas iniciativas são essenciais para aumentar o número de doadores e reduzir a fila de espera por transplantes.

Uma das maiores barreiras à doação de órgãos no Brasil é a recusa familiar. No entanto, o Paraná tem se destacado por ter a menor taxa de recusa familiar do país, com uma redução significativa de 27% no primeiro semestre de 2023 para 25% em 2024. Esse resultado é fruto de um trabalho contínuo de conscientização e diálogo com as famílias.

A coordenadora do Sistema Estadual de Transplantes, Juliana Ribeiro Giugni, destaca que a equipe do Hemosc não mede esforços para garantir que cada doação seja realizada com sucesso. “O processo de doação e transplante é complexo e envolve diversos profissionais, desde a identificação do doador até a logística de transporte dos órgãos. Cada etapa é cuidadosamente monitorada para garantir que os pacientes que aguardam na fila de transplantes tenham uma nova chance de vida.”

Em 2024, uma nova ferramenta foi lançada para facilitar o processo de doação de órgãos no Brasil: a Autorização Eletrônica de Doação de Órgãos (Aedo). Desenvolvida em parceria entre o Ministério da Saúde e o Conselho Nacional de Justiça, essa ferramenta permite que qualquer pessoa registre, de forma on-line e gratuita, o desejo de ser doadora de órgãos após a morte.

A Aedo oferece uma solução prática para que as famílias possam consultar o sistema e verificar se o ente falecido expressou anteriormente o desejo de doar órgãos. Essa inovação promete aumentar o número de doações e salvar ainda mais vidas.

Paraná lidera doações de órgãos no Brasil com 41,6 doações por milhão de habitantes

O Paraná se destaca no cenário nacional como o estado com o maior número de doações de órgãos por milhão de população (pmp) no Brasil, de acordo com o Relatório da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). Entre janeiro e março de 2024, o estado registrou 41,6 doações pmp, superando outros estados como Rondônia e Santa Catarina.

Esse resultado reflete o esforço de campanhas e políticas voltadas para a conscientização e incentivo à doação, além de uma eficiente estrutura de transplantes no estado. Saiba mais sobre o impacto dessas doações e os desafios enfrentados nesse processo.

A doação de órgãos é um gesto que salva vidas e transforma o cenário da saúde pública. No Brasil, o Paraná tem liderado essa importante estatística, com 41,6 doações por milhão de habitantes (pmp) registradas entre janeiro e março de 2024.

Essa conquista é fruto de anos de campanhas de conscientização, leis estaduais que incentivam a prática e uma baixa taxa de recusa familiar, que se mantém como a menor do país. Apesar de avanços como esses, a doação de órgãos ainda enfrenta desafios relacionados à desinformação e questões culturais.

Os números do Paraná são impressionantes. O estado registrou 41,6 doações pmp no primeiro trimestre de 2024, colocando-o na liderança entre os estados brasileiros. Em comparação, Rondônia registrou 40,5 doações pmp, Santa Catarina 39,4 pmp, e o Rio de Janeiro 26,9 pmp. A média nacional ficou em 19,1 pmp, o que destaca ainda mais o desempenho paranaense.

Entre janeiro e junho de 2024, o Paraná também alcançou 648 notificações de potenciais doadores, resultando em 242 doações efetivas. Esses números representam um recorde no estado, que já vinha se destacando em anos anteriores pela eficiência de seu sistema de transplantes.

Curitiba foi a cidade que registrou o maior número de notificações e doações efetivas no primeiro semestre de 2024. Foram 234 notificações e 98 doações, confirmando o papel da capital paranaense como um centro de excelência nesse processo. Outras cidades que se destacaram foram Cascavel, com 148 notificações e 57 doações, Londrina, com 147 notificações e 41 doações, e Maringá, com 119 notificações e 46 doações.

O desempenho dessas cidades reflete a eficiência do Sistema Estadual de Transplantes (SET/PR), que conta com uma equipe dedicada a garantir que cada potencial doador seja identificado e que o processo de doação seja realizado de forma ágil e eficaz.

Apesar dos números positivos, a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) alerta para uma queda nos indicadores nacionais em comparação a 2023, quando o Brasil atingiu um recorde de transplantes. Para combater essa tendência, campanhas de conscientização, como o Setembro Vermelho, se tornam cada vez mais importantes.

O Setembro Vermelho é um mês dedicado a ações de esclarecimento e incentivo à doação de órgãos. Instituída pela Lei estadual nº 18.803/2016, a campanha busca sensibilizar a população sobre a importância da doação e quebrar mitos relacionados ao tema. A parceria entre o Poder Público, a iniciativa privada e entidades civis permite a realização de campanhas educativas que visam aumentar o número de doadores.

Durante o mês, são realizadas diversas atividades de conscientização, incluindo palestras, eventos públicos e a distribuição de materiais informativos que explicam como funciona o processo de doação de órgãos e quais são os benefícios dessa prática para a sociedade.

Além do Setembro Vermelho, o Paraná conta com outras iniciativas legais para promover a doação de órgãos. A Lei estadual nº 18.583/2015, de autoria do ex-deputado Dr. Batista, criou a Semana de Conscientização da Doação de Órgãos e Tecidos, realizada anualmente na semana do dia 27 de setembro, data em que se comemora o Dia Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos.

Essa semana de conscientização tem como objetivo principal reduzir a desinformação e o receio que muitas famílias têm em relação à doação de órgãos. A lei estadual busca estimular o gesto humanitário e destacar que a doação é uma forma de salvar vidas.

A nível nacional, a Lei federal nº 11.584/2007 também institui o Dia Nacional de Doação de Órgãos, celebrado em 27 de setembro. Durante todo o mês, campanhas são realizadas em todo o país, promovendo debates e esclarecendo a população sobre a importância da doação.

Um dos principais fatores que contribuem para o sucesso do Paraná na doação de órgãos é a baixa taxa de recusa familiar. De acordo com a ABTO, o estado registrou uma redução na taxa de recusa familiar de 27% no primeiro semestre de 2023 para 25% no mesmo período de 2024. Essa é a menor taxa de recusa do Brasil, o que reflete a eficácia das campanhas de conscientização realizadas no estado.

No Brasil, a doação de órgãos só é realizada com o consentimento da família do doador, o que torna essencial que as pessoas expressem claramente o seu desejo de ser doadoras. Muitas vezes, as famílias recusam a doação por falta de compreensão sobre a morte encefálica ou por questões culturais e religiosas. No entanto, no Paraná, o diálogo entre as equipes de saúde e as famílias tem sido mais eficaz, resultando em um maior número de doações.

Embora o Paraná tenha se destacado no número de doações, ainda há uma longa lista de pacientes que aguardam por transplantes. Atualmente, 3,8 mil pessoas estão na lista de espera no estado. A maioria dessas pessoas aguarda por transplantes de rim (2.134), seguido por córneas (1.420), fígado (245), coração (41), rim/pâncreas (19), pulmão (10) e pâncreas (2).

A coordenadora do Sistema Estadual de Transplantes, Juliana Ribeiro Giugni, destaca que o processo de doação e transplante é um trabalho colaborativo que envolve diversos profissionais. Desde a identificação do potencial doador até a logística de transporte dos órgãos, o processo é meticuloso e envolve a participação de médicos, enfermeiros, assistentes sociais e especialistas em transplantes.

Em 2024, foi lançada uma nova ferramenta para aumentar o número de transplantes no Brasil: a Autorização Eletrônica de Doação de Órgãos (Aedo). Com essa ferramenta, qualquer pessoa pode registrar em cartório, de forma on-line, rápida e gratuita, o desejo de doar seus órgãos após a morte.

A ferramenta foi desenvolvida em parceria entre o Ministério da Saúde, o Conselho Nacional de Justiça e o Colégio Notarial do Brasil. A Aedo permite que as famílias consultem o sistema para saber se o ente falecido expressou o desejo de ser doador, facilitando o processo de autorização.

Comércio varejista no Paraná cresce 5,4% e supera média nacional em 2024

O comércio varejista ampliado do Paraná apresentou um crescimento expressivo de 5,4% nos primeiros sete meses de 2024, superando a média nacional de 4,7%. Os dados, divulgados pelo IBGE, mostram um desempenho forte em diversos setores, como materiais de construção, veículos e autopeças, que impulsionaram o resultado positivo. Entenda mais sobre os fatores que impulsionaram esse crescimento e os impactos para a economia paranaense.

O comércio varejista é um dos setores mais relevantes para a economia brasileira, e no Paraná, o setor vem registrando números robustos em 2024. Nos primeiros sete meses do ano, o volume de vendas no comércio varejista ampliado cresceu 5,4%, superando a média nacional de 4,7%. O bom desempenho é reflexo do avanço em setores como materiais de construção, veículos e autopeças, que vêm se destacando no cenário estadual.

A Pesquisa Mensal do Comércio, divulgada pelo IBGE, revela que o Paraná não apenas acompanha a recuperação econômica do Brasil, mas lidera o crescimento em alguns segmentos.

O crescimento de 5,4% no comércio varejista ampliado do Paraná, entre janeiro e julho de 2024, reflete a força da economia local. No mesmo período, a média nacional foi de 4,7%, indicando que o estado teve um desempenho superior ao de muitos outros estados brasileiros. Este resultado foi impulsionado por setores estratégicos, como materiais de construção e veículos, que registraram avanços significativos.

Em julho de 2024, as vendas no setor varejista paranaense aumentaram 12% em comparação com o mesmo mês do ano anterior, e 0,2% em relação ao mês de junho. Ambos os resultados ficaram acima da média brasileira, que apresentou crescimento de 7,2% e 0,1%, respectivamente. Esses números indicam que o Paraná está em uma trajetória de crescimento sustentável, com o potencial de continuar superando as expectativas até o final do ano.

No acumulado de 12 meses, entre agosto de 2023 e julho de 2024, o avanço foi de 3,2%. Embora o crescimento em 12 meses seja mais modesto em relação aos resultados acumulados no ano, o estado continua se destacando em comparação à média nacional.

Um dos segmentos que mais se destacou no estado foi o de atacado, especialmente na venda de produtos alimentícios, bebidas e fumo. Em julho de 2024, o Paraná registrou um aumento de 15,6% nesse setor, sendo o segundo melhor resultado do país, atrás apenas do Distrito Federal, que teve um crescimento de 19,2%. No Brasil, o crescimento médio no segmento foi de apenas 0,6%, evidenciando o desempenho positivo do Paraná.

Outro setor que registrou avanços expressivos foi o de materiais de construção. Em julho, as vendas desse segmento cresceram 19,2% em comparação ao mesmo mês do ano anterior, um resultado 8,2 pontos percentuais acima da média nacional. No acumulado do ano, o avanço foi de 13,3%, quase quatro vezes maior que a média nacional de 3,4%. Esses números colocam o Paraná como o segundo estado com o melhor desempenho nas vendas de materiais de construção, ficando atrás apenas da Bahia, que cresceu 20,9%.

No acumulado de 12 meses, as vendas de materiais de construção no Paraná subiram 8,7%, novamente superando a média nacional, que foi de 1,9%. Esse desempenho reflete o aumento na demanda por reformas e construções, impulsionado pela retomada econômica e pelo crescimento no setor imobiliário.

Outro segmento que se destacou foi o de veículos, motocicletas, partes e peças, que registrou um crescimento de 29% em julho de 2024, na comparação com o mesmo mês do ano passado. Esse resultado reflete o aumento da demanda por veículos novos e usados, além de peças de reposição, impulsionado por fatores como maior oferta de crédito e incentivos fiscais.

Nos primeiros sete meses do ano, o avanço nas vendas desse segmento foi de 18%, e no acumulado do ano, o crescimento chegou a 13,9%. Em todos os períodos analisados, o desempenho do Paraná foi superior à média nacional, consolidando o estado como um dos principais mercados para o setor automotivo no Brasil.

Excluindo os segmentos de materiais de construção e veículos, o varejo tradicional no Paraná também apresentou resultados positivos. O estado avançou 0,5% em julho de 2024 em relação a junho, e 2,6% na comparação com o mesmo mês do ano passado. No acumulado entre janeiro e julho, o crescimento foi de 3,8% em relação ao mesmo período de 2023, e no acumulado de 12 meses, o avanço foi de 2,8%.

Esse desempenho é impulsionado pela diversificação do comércio paranaense, que inclui setores como móveis, eletrodomésticos, hipermercados e supermercados, além de artigos de uso pessoal e doméstico. O estado tem uma economia diversificada e resiliente, o que ajuda a manter o crescimento do comércio varejista, mesmo em períodos de maior volatilidade econômica.

Entre os setores que puxaram o crescimento do comércio varejista no Paraná em 2024, eletrodomésticos se destacou com um avanço de 16,8% nos primeiros sete meses do ano. Em seguida, vieram móveis e eletrodomésticos (15,3%), móveis (14,1%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (10,9%).

Outro setor relevante foi o de equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação, que cresceu 7,3% no acumulado do ano. O setor de hipermercados e supermercados também contribuiu para o desempenho positivo, com um crescimento de 6,5% no mesmo período. Esses segmentos foram fundamentais para o bom desempenho do comércio paranaense, especialmente devido à retomada do consumo pós-pandemia e ao aumento do poder de compra das famílias.

Por outro lado, alguns setores apresentaram quedas, como o de livros, jornais, revistas e papelaria, que recuou 10,7% no período, e o de combustíveis e lubrificantes, com uma queda de 9,1%.

O bom desempenho do comércio varejista no Paraná é um reflexo da retomada econômica do estado, impulsionada pela recuperação do consumo das famílias, pela melhoria nas condições de crédito e pelos investimentos em setores estratégicos. Com o crescimento consistente em 2024, as perspectivas para o restante do ano são otimistas.

A expectativa é que o comércio varejista paranaense continue em expansão, especialmente em segmentos como materiais de construção, veículos e eletrodomésticos, que devem continuar sendo os motores do crescimento. No entanto, setores como combustíveis e papelaria podem continuar enfrentando desafios, refletindo mudanças nos hábitos de consumo e nos padrões econômicos.

Custos e desafios para clubes de futebol se tornarem SAF

A transformação de clubes de futebol em Sociedade Anônima do Futebol (SAF) vem ganhando força no Brasil, com estados como São Paulo liderando o número de adesões a esse modelo. Grandes clubes, como Cruzeiro, Vasco, Botafogo e Bahia, têm apostado nessa mudança para atrair investimentos e melhorar a gestão financeira.

No entanto, o processo de transição envolve custos significativos e mudanças estruturais profundas. Entenda mais sobre o impacto e os desafios dessa transformação para os clubes brasileiros.

Nos últimos anos, a Sociedade Anônima do Futebol (SAF) tem se mostrado uma solução inovadora para os clubes brasileiros que enfrentam crises financeiras e buscam profissionalizar sua gestão. O modelo, que já foi adotado por tradicionais clubes como Cruzeiro, Vasco da Gama e Botafogo, oferece a possibilidade de atrair investidores e reestruturar as dívidas, promovendo um novo ciclo de sustentabilidade econômica.

No entanto, a transição para o modelo de clube-empresa exige mais do que a simples decisão de mudança. Além das alterações jurídicas e administrativas, há custos elevados para que um clube se transforme em SAF.

O advogado especialista em direito desportivo, Cláudio Klement, comenta sobre o cenário e os desafios que os clubes enfrentam ao fazer essa transição. Neste artigo, vamos explorar os detalhes do processo, os custos envolvidos e as mudanças no cenário esportivo com a adoção do modelo SAF.

A Sociedade Anônima do Futebol (SAF) foi criada em 2021 pelo Congresso Nacional como uma alternativa ao modelo tradicional de gestão dos clubes brasileiros, que em sua maioria são associações civis sem fins lucrativos. A principal diferença da SAF é que ela transforma o clube em uma empresa com ações negociáveis no mercado, permitindo que investidores adquiram participações e façam aportes financeiros.

O modelo surgiu como resposta a uma crise financeira crônica no futebol brasileiro, com muitos clubes endividados e sem condições de manter competitividade. A SAF trouxe a possibilidade de injeção de capital privado, ajudando os clubes a pagar suas dívidas e a investir em infraestrutura, equipes e gestão profissional. Além disso, ela facilita a obtenção de receitas por meio de novos patrocinadores, direitos de transmissão e outras fontes de renda.

Segundo o especialista Cláudio Klement, a transição para SAF é vista como um passo necessário para modernizar o futebol brasileiro. “A crise financeira que os clubes enfrentavam, principalmente no início do século XXI, exigiu uma nova forma de pensar a gestão do esporte. A SAF emergiu como a solução para atrair investimentos privados e colocar o futebol brasileiro de volta nos trilhos”, afirma Klement.

O impacto da SAF no futebol brasileiro vai além da resolução das dívidas. O modelo traz consigo uma nova mentalidade de gestão, que se aproxima das práticas de mercado, com foco na maximização de receitas e na eficiência operacional. Cláudio Klement, que também atua no setor de startups de Fintechs e Law Techs, destaca como essa mudança trouxe uma profissionalização significativa para a administração dos clubes.

“A SAF permite que os clubes busquem novas formas de gerar receita, como a venda de direitos de transmissão, acordos comerciais e a exploração mais eficiente de suas marcas. Isso contribui para um ambiente mais competitivo e saudável financeiramente”, explica Klement. Ele também aponta que o sucesso de clubes como Cruzeiro e Botafogo, que já se beneficiaram do modelo, serve de inspiração para outras agremiações que ainda estão avaliando a mudança.

Além disso, a SAF facilita a estruturação de acordos com investidores internacionais, atraindo recursos que antes não estavam disponíveis para os clubes. Para muitos, essa abertura de capital é vista como a única saída para reestruturar dívidas históricas e recuperar a competitividade.

Apesar dos benefícios, a transição para SAF envolve custos significativos, que variam de estado para estado. Cláudio Klement explica que, no Rio de Janeiro, os valores cobrados pela entidade gestora do futebol estadual podem chegar a R$ 500 mil para clubes da Série A1 que desejam realizar a transição para o modelo SAF. Já para clubes das Séries A2 e A3 do Campeonato Estadual, os custos são menores, variando entre R$ 200 mil e R$ 300 mil.

“Esses valores são apenas uma parte dos custos envolvidos na transformação de um clube em SAF”, destaca Klement. “Além das taxas, os clubes precisam arcar com despesas jurídicas, administrativas e operacionais para ajustar sua estrutura à nova realidade de clube-empresa. Isso inclui a criação de uma nova governança, revisão de contratos e o planejamento financeiro de longo prazo”.

No entanto, os valores de transição não são um impeditivo para a maioria dos clubes que estão determinados a adotar o modelo SAF. Os custos iniciais são vistos como um investimento necessário para garantir a viabilidade e o sucesso futuro da organização.

São Paulo se destaca como um dos estados que mais adotaram o modelo SAF até o momento. A Federação Paulista de Futebol (FPF) tem incentivado os clubes a aderirem ao modelo, promovendo um ambiente regulatório favorável e facilitando o processo de transição. O estado abriga algumas das maiores e mais tradicionais equipes do futebol brasileiro, o que torna sua adesão ao modelo especialmente relevante.

Segundo Klement, São Paulo tem sido um exemplo de como a SAF pode trazer resultados positivos. “A estrutura esportiva e empresarial de São Paulo favorece a adoção do modelo SAF. O estado tem um mercado forte e competitivo, o que facilita a atração de investidores e patrocinadores”, comenta o especialista.

Além disso, a adoção do modelo SAF em São Paulo tem servido de exemplo para outros estados, que começam a seguir os mesmos passos. Clubes menores, que tradicionalmente enfrentam mais dificuldades financeiras, também estão vendo na SAF uma oportunidade de crescimento e estabilização.

A transição para SAF traz vantagens significativas para os clubes, como a atração de investimentos privados, o pagamento de dívidas e a reestruturação interna. No entanto, há desafios que precisam ser enfrentados. Um dos principais obstáculos é a adaptação à nova realidade de clube-empresa, que exige uma governança mais rigorosa e uma gestão financeira eficiente.

Para clubes que sempre operaram como associações civis, a mudança para SAF pode representar uma ruptura com antigas práticas e a necessidade de uma nova mentalidade de gestão. Isso inclui a profissionalização de áreas como marketing, finanças e jurídico, que precisam operar de forma mais próxima ao modelo de negócios empresarial.

Outro desafio é garantir que os novos investidores compartilhem da mesma visão de longo prazo para o clube, evitando conflitos de interesse e mantendo a integridade esportiva. Klement aponta que “a escolha dos investidores certos é fundamental para garantir que o clube mantenha sua identidade e tradição, ao mesmo tempo em que cresce financeiramente”.

Facebook é condenado por falha de segurança em conta de streamer

A justiça brasileira condenou a plataforma Facebook a pagar uma indenização de R$ 5.000 à streamer Dafne Caroline Sakatauskas após sua conta ser invadida. A decisão foi baseada em falhas de segurança da própria plataforma, e o caso destacou a vulnerabilidade dos usuários em situações de invasão de privacidade e uso indevido de dados. Entenda como a decisão foi fundamentada e os desdobramentos dessa ação judicial.,

Nos últimos anos, casos de invasão de contas em redes sociais se tornaram frequentes, expondo as falhas de segurança de grandes plataformas. O caso da streamer Dafne Caroline Sakatauskas é um exemplo de como a segurança digital ainda enfrenta grandes desafios. Após ter seu perfil no Facebook hackeado, Dafne foi excluída como administradora de sua própria conta, e terceiros passaram a usar seu perfil para postar conteúdos inapropriados, gerando um dano significativo à sua reputação.

Com a rápida ação jurídica, o Juiz Dr. Mário Mendes Moura Júnior, da 5ª Vara Cível do Foro de Sorocaba, condenou o Facebook Serviços Online do Brasil LTDA a indenizar a streamer por danos morais e a restabelecer o acesso dela ao perfil. O caso reacende o debate sobre a segurança de dados e as responsabilidades das plataformas digitais frente aos direitos dos usuários.

A invasão da conta de Dafne ocorreu no dia 29 de agosto de 2023. De acordo com a própria streamer, ela recebeu diversos e-mails notificando que terceiros haviam sido adicionados como administradores de seu perfil no Facebook, e que, em seguida, ela havia sido removida como administradora da própria conta. A partir desse momento, os invasores começaram a postar conteúdos de cunho sexual e inapropriado, utilizando sua plataforma pública para disseminar informações prejudiciais à imagem de Dafne.

A produtora de conteúdo relatou que, mesmo seguindo as recomendações de segurança do Facebook, como a autenticação de dois fatores, sua conta foi comprometida. Isso evidenciou uma falha de segurança que não deveria ocorrer, especialmente em uma plataforma com milhões de usuários. A invasão não apenas comprometeu seu trabalho como streamer, mas também causou danos psicológicos e à sua reputação profissional, visto que seu perfil é sua principal ferramenta de trabalho.

Após a invasão de sua conta, Dafne procurou ajuda jurídica para resolver a situação o mais rápido possível. A advogada Dra. Layla Rodrigues, que atuou no caso, destacou a importância da rápida ação em casos como esse. Segundo ela, “quando um perfil é invadido, o usuário precisa tomar providências imediatas, como a realização de um boletim de ocorrência e a solicitação de uma ação judicial para garantir que a posse da conta seja restabelecida.”

Diante das evidências de invasão e dos danos causados, a defesa de Dafne argumentou que o Facebook falhou em sua responsabilidade de proteger os dados pessoais da usuária, conforme estabelecido pela Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). A lei determina que as plataformas são responsáveis por garantir a segurança das informações dos usuários, especialmente em casos de vulnerabilidade digital.

O Juiz Dr. Mário Mendes Moura Júnior aceitou os argumentos da defesa, considerando que houve uma falha evidente na segurança do Facebook, resultando em um grave dano à autora. A sentença determinou o pagamento de R$ 5.000,00 como indenização por danos morais e a imediata devolução do controle da conta para a streamer.

O caso de Dafne levanta uma importante discussão sobre as falhas de segurança das plataformas digitais e a responsabilidade dessas empresas frente à proteção dos dados dos usuários. O Facebook, uma das maiores redes sociais do mundo, possui uma série de mecanismos de proteção, como a autenticação de dois fatores, mas falhas como a que ocorreu com Dafne ainda demonstram vulnerabilidades.

Além disso, o caso aciona um alerta para a importância de um gerenciamento eficaz de crise pelas plataformas, já que a demora na solução de problemas como a invasão de contas pode agravar os danos aos usuários. A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que entrou em vigor no Brasil em 2020, exige que as empresas que lidam com informações pessoais adotem medidas eficazes para garantir a segurança desses dados. Quando essas medidas falham, como no caso de Dafne, as empresas são responsabilizadas pelas consequências.

O caso também reforça a importância de os usuários estarem atentos às práticas de segurança digital, mas ressalta que a responsabilidade principal recai sobre as plataformas, que devem garantir a proteção total de suas ferramentas.

A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) é um marco no cenário brasileiro para a proteção dos direitos dos usuários e consumidores na era digital. A legislação prevê que empresas que lidam com dados pessoais, como o Facebook, devem garantir a integridade, confidencialidade e disponibilidade dessas informações. Isso inclui a implementação de medidas de segurança eficazes para prevenir invasões e acessos não autorizados.

O caso de Dafne Caroline Sakatauskas reflete uma clara violação dos princípios estabelecidos pela LGPD. O juiz considerou que a falha de segurança da plataforma infringiu os direitos da streamer, que teve seus dados expostos a terceiros sem autorização. A sentença de R$ 5.000,00 de indenização por danos morais serve como um precedente para outros casos semelhantes, em que a segurança digital é comprometida.

A advogada Dra. Layla Rodrigues destaca que, em situações como essa, é importante que as vítimas de invasões e violações de dados conheçam seus direitos. “A LGPD oferece amparo jurídico para aqueles que têm seus dados expostos indevidamente. As vítimas devem buscar orientação e, se necessário, recorrer à justiça para garantir que os responsáveis sejam punidos.”

Embora a responsabilidade pela proteção dos dados dos usuários seja, em grande parte, das plataformas, há medidas que os próprios usuários podem adotar para aumentar sua segurança online. Entre as recomendações estão:

  1. Utilização da autenticação de dois fatores: Essa ferramenta adiciona uma camada extra de segurança às contas, exigindo um código adicional além da senha.
  2. Senhas fortes e únicas: Evitar o uso de senhas fáceis de adivinhar ou que sejam repetidas em várias plataformas.
  3. Cuidado com links e e-mails suspeitos: Muitas invasões ocorrem por meio de phishing, quando o usuário é induzido a clicar em links maliciosos ou fornecer suas informações em sites falsos.
  4. Manter o software atualizado: Atualizações frequentes ajudam a corrigir vulnerabilidades em sistemas operacionais e aplicativos, melhorando a segurança geral.
  5. Monitoramento de atividades suspeitas: Estar atento a notificações de login em dispositivos desconhecidos ou mudanças não autorizadas no perfil.

Fumaça das queimadas agrava qualidade do ar em Santa Catarina

Santa Catarina tem enfrentado, nos últimos dias, uma piora significativa na qualidade do ar devido ao transporte de fumaça das queimadas que ocorrem nas regiões centro-norte do Brasil, Bolívia e Paraguai. A combinação de fumaça com a intensa massa de ar seco tem atingido principalmente as regiões Oeste e Extremo Oeste catarinense, desencadeando uma série de alertas das autoridades de saúde e meio ambiente.

As queimadas, que ocorrem em grande escala na região centro-norte do Brasil, bem como na Bolívia e Paraguai, têm gerado impactos além das fronteiras dessas áreas. Nos últimos dias, o estado de Santa Catarina sentiu os efeitos desse fenômeno, com a fumaça densa sendo transportada por correntes de ar e agravando as condições atmosféricas locais.

A Secretaria de Estado da Proteção e Defesa Civil (SDC), o Instituto do Meio Ambiente (IMA), a Secretaria de Estado da Saúde (SES) e a Secretaria do Meio Ambiente e Economia Verde (Semae) emitiram uma nota conjunta, alertando a população sobre os riscos à saúde causados pela poluição do ar e a baixa umidade.

A fumaça originada das queimadas é composta por diversos poluentes, entre eles as chamadas partículas inaláveis, ou MP10, que podem causar sérios problemas respiratórios. Santa Catarina, apesar de não ser a área de origem dos incêndios, sofre com o transporte dessas partículas para seu território, o que prejudica diretamente a qualidade do ar. As estações de monitoramento do IMA, localizadas nos municípios de Tubarão e Capivari de Baixo, registraram níveis alarmantes, com concentrações de partículas inaláveis variando entre 80 e 130 μg/m³, o que representa um Índice de Qualidade do Ar (IQA) entre moderado e ruim.

Segundo o Instituto do Meio Ambiente (IMA), além da fumaça das queimadas, outros fatores como a direção dos ventos e as condições atmosféricas contribuem para esse cenário. “A baixa umidade e o tempo seco favorecem a permanência dessas partículas em suspensão, o que aumenta a poluição atmosférica e piora a qualidade do ar que respiramos”, explica o diretor de Controle e Passivos Ambientais do IMA, Diego Hemkemeier Silva.

A baixa qualidade do ar em Santa Catarina tem levantado preocupações sobre os efeitos na saúde pública. Crianças, idosos e pessoas com doenças respiratórias ou cardiovasculares são os mais vulneráveis, embora toda a população possa sentir os efeitos da exposição prolongada à fumaça. A Secretaria de Estado da Saúde (SES) tem alertado para sintomas como irritação nos olhos, nariz e garganta, além de cansaço, tosse seca e dificuldade para respirar.

Em casos mais graves, a exposição contínua a altos níveis de poluição pode agravar doenças respiratórias preexistentes, como asma e bronquite, além de causar desidratação e problemas cardiovasculares. Segundo o gerente de monitoramento e alerta da Defesa Civil de Santa Catarina, Frederico Rudorff, “a situação requer atenção redobrada, principalmente nas regiões mais afetadas, e a população deve seguir as recomendações para se proteger”.

Diante da gravidade da situação, as autoridades emitiram uma série de recomendações para ajudar a população a lidar com os efeitos da fumaça e da baixa umidade:

  1. Hidratação constante: Manter-se hidratado é fundamental para combater os efeitos do ar seco. Beba água regularmente, mesmo que não sinta sede.
  2. Ambientes internos: Utilize umidificadores de ar ou recipientes com água para aumentar a umidade dos ambientes internos, o que pode ajudar a aliviar os sintomas de irritação nas vias respiratórias.
  3. Evitar atividades ao ar livre: Durante os períodos de maior concentração de poluentes, evite praticar atividades físicas ao ar livre, especialmente nos horários mais críticos do dia.
  4. Manter ambientes ventilados: Sempre que possível, mantenha os ambientes ventilados, mas evite a entrada de ar externo em momentos de maior poluição.
  5. Buscar atendimento médico: Se os sintomas de irritação persistirem ou se houver agravamento de doenças respiratórias, procure orientação médica imediatamente.

Além da fumaça e do tempo seco, outra preocupação das autoridades é o possível fenômeno da “chuva preta”, que pode ocorrer nos próximos dias. Esse fenômeno acontece quando a fuligem e outras partículas em suspensão na atmosfera são carregadas para a superfície pela precipitação, fazendo com que a chuva apresente uma coloração escura. A previsão é que uma frente fria chegue a Santa Catarina na sexta-feira, 13, trazendo chuvas, o que pode limpar parcialmente o ar, mas também causar esse efeito incomum.

A Defesa Civil e o Instituto do Meio Ambiente seguem monitorando a situação em tempo real e alertam para a possibilidade de mais eventos desse tipo, dependendo da intensidade das chuvas e das condições atmosféricas nos próximos dias.

A chegada de uma frente fria no estado de Santa Catarina trará alguma alívio para a qualidade do ar. Contudo, as autoridades meteorológicas alertam que, devido à alta concentração de partículas em suspensão, as primeiras chuvas podem ser acompanhadas do fenômeno da “chuva preta”. Isso não deve ser motivo de alarme, mas serve como mais um lembrete dos impactos severos que as queimadas e a poluição atmosférica têm sobre o meio ambiente e a saúde pública.

Após a chuva, espera-se uma melhora gradual na qualidade do ar, embora as condições climáticas no Brasil central e em países vizinhos continuem a influenciar a situação em Santa Catarina. As autoridades reforçam a necessidade de seguir as recomendações de prevenção e proteção até que os níveis de poluição estejam controlados.

O monitoramento da situação atmosférica em Santa Catarina é feito em tempo real pela Central de Monitoramento da Defesa Civil, que conta com o apoio do IMA e da Secretaria de Estado da Saúde. Novas atualizações serão divulgadas conforme o avanço das condições meteorológicas e do transporte de fumaça pelo estado.

Além do monitoramento contínuo, há esforços conjuntos para mitigar os impactos das queimadas em longo prazo, como campanhas de conscientização ambiental, reforço na fiscalização de práticas ilegais de queimadas e incentivo ao reflorestamento de áreas afetadas. Essas ações visam não apenas proteger a saúde pública, mas também preservar o meio ambiente e reduzir a incidência de queimadas nos anos seguintes.

Queijos e vinhos do Paraná ganham destaque com catálogo que impulsiona gastronomia local

Um novo catálogo desenvolvido por especialistas em queijos e vinhos está trazendo maior visibilidade para os produtos artesanais do Paraná, especialmente os da região Sudoeste. A Cartilha de Degustação dos Queijos do Sudoeste é fruto da iniciativa Inova Queijo Sudoeste, um programa que envolve instituições como a Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab), o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná) e a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) – Campus Francisco Beltrão.

A parceria também conta com a Aprosud, associação que representa os produtores de queijo artesanal da região, e o Sebrae/PR. Além de promover os queijos locais, o catálogo propõe harmonizações com vinhos paranaenses, destacando a riqueza gastronômica do estado e fomentando o turismo rural.

O Paraná está cada vez mais se destacando no cenário nacional e internacional pela qualidade de seus queijos e vinhos. A combinação entre tradição e inovação na produção desses itens tem gerado resultados surpreendentes, e um exemplo disso é o catálogo de queijos e vinhos do Sudoeste do estado. Desenvolvido por especialistas, o material visa valorizar a produção artesanal e incentivar o turismo rural, atraindo consumidores e turistas que buscam experiências gastronômicas autênticas.

A cartilha apresenta os queijos de diversas cidades da região, descrevendo suas características sensoriais e sugerindo combinações perfeitas com vinhos paranaenses. Essa iniciativa não apenas fortalece a cadeia produtiva de queijos e vinhos do estado, mas também destaca o potencial turístico e econômico da região. Neste artigo, abordaremos como o catálogo foi desenvolvido, suas principais características e os impactos que ele pode gerar para o Paraná.

O catálogo de degustação de queijos foi criado com o intuito de proporcionar uma avaliação sensorial detalhada dos queijos artesanais produzidos no Sudoeste do Paraná. O trabalho foi conduzido pelo queijista Tiago Pascoal, jurado de concursos nacionais e vice-presidente da Associação dos Queijistas do Brasil. A cartilha oferece uma análise minuciosa de cada queijo, incluindo informações como o produtor e o município de origem, o tipo de queijo, o tipo de leite utilizado, o tempo de maturação e uma descrição visual, tátil, olfativa e gustativa dos produtos.

A avaliação é acompanhada por um gráfico em forma de teia, que destaca as diferentes características de sabor e aroma dos queijos. Essa análise sensorial é fundamental para valorizar a produção local e mostrar aos consumidores a diversidade e a qualidade dos produtos paranaenses.

Para tornar a experiência gastronômica ainda mais completa, o catálogo também inclui sugestões de harmonização dos queijos com vinhos produzidos no Paraná. A proposta foi elaborada pelo sommelier Wagner Gabardo, executivo da Vinopar – Associação dos Vitivinicultores do Paraná, que selecionou vinhos de diferentes uvas e estilos para combinar com os queijos do Sudoeste.

Gabardo destacou a diversidade dos queijos coloniais paranaenses e a qualidade dos vinhos produzidos no estado. Entre as uvas emblemáticas utilizadas na harmonização, estão a casca dura, bordô e niágara, além de vinhos finos de diferentes estilos, como espumantes, brancos, rosés e tintos. A diversidade de vinhos do Paraná demonstra o potencial da vitivinicultura local, que vem ganhando cada vez mais reconhecimento.

O catálogo apresenta 17 queijos de cidades como Dois Vizinhos, São Jorge D’Oeste, Santo Antônio do Sudoeste, Chopinzinho e Francisco Beltrão, entre outras. Já os vinhos selecionados são de regiões produtoras como Apucarana, Bituruna, Campo Largo, São José dos Pinhais e Bandeirantes. Cada queijo e vinho foi cuidadosamente escolhido para representar o melhor da produção paranaense.

Esses produtos não apenas atendem ao mercado local, mas também têm potencial para alcançar mercados nacionais e internacionais, principalmente por meio do turismo gastronômico. A valorização desses itens é uma oportunidade de promover a cultura e a identidade do Paraná.

O presidente da Aprosud, Claudemir Roos, enfatizou os benefícios que o catálogo traz para o setor queijeiro. Além de incentivar os produtores a investir na qualidade de seus produtos, a divulgação fortalece o turismo rural na região, atraindo visitantes interessados em conhecer o processo de produção dos queijos e vinhos.

Os resultados positivos não se limitam apenas à visibilidade dos produtos, mas também ao reconhecimento em competições nacionais. No Prêmio Queijo Brasil, por exemplo, 24 queijos produzidos por membros da Aprosud foram inscritos, e 19 deles conquistaram medalhas. Esse sucesso reforça o potencial da região como um polo de produção de queijos artesanais de alta qualidade.

O catálogo faz parte de um esforço maior dentro do programa Inova Queijo, que tem como objetivo fortalecer a produção de queijos artesanais no Sudoeste do Paraná. O programa inclui a realização de cursos, apoio técnico aos produtores e o desenvolvimento de ações voltadas para a comercialização e o marketing dos produtos.

Além disso, a criação da Rota do Queijo Paranaense é uma iniciativa que visa promover o turismo rural e dar visibilidade aos queijos produzidos no estado. Os turistas que participam da rota têm a oportunidade de visitar fazendas e agroindústrias, conhecer o processo de produção e degustar os queijos locais. A combinação entre gastronomia e turismo é uma forma eficaz de gerar emprego e renda no campo, ao mesmo tempo em que valoriza a cultura local.

O governo estadual também tem sido um importante aliado na promoção dos queijos e vinhos do Paraná. Através de programas como o Revitis – Revitalização da Viticultura Paranaense –, criado em 2019, o estado oferece suporte aos produtores de uva, incentivando a produção e a comercialização de vinhos de qualidade.

Além disso, o Sistema Estadual de Agricultura oferece assistência técnica aos produtores de leite e queijos, auxiliando no processo de regularização das queijarias e garantindo a qualidade sanitária dos produtos. Essas ações são essenciais para garantir que o Paraná continue se destacando no cenário nacional e internacional como um importante produtor de queijos e vinhos.

O turismo rural é um setor em crescimento no Paraná, e iniciativas como o catálogo de queijos e vinhos são fundamentais para impulsionar essa atividade. De acordo com a coordenadora estadual de Turismo Rural do IDR-Paraná, Terezinha Busanello Freire, o catálogo é uma forma de valorizar o trabalho dos produtores e de atrair turistas para o estado.

Ao promover os queijos e vinhos paranaenses, o catálogo desperta o interesse de turistas que buscam experiências autênticas e diferenciadas. O turismo rural, que inclui visitas às fazendas e degustações de produtos artesanais, oferece uma oportunidade única de conexão com a natureza e com a cultura local. Além disso, gera novas oportunidades de negócios, emprego e renda nas áreas rurais.

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