Medalhista paralímpico Cícero Nobre celebra conquistas com a chegada do filho

O ano de 2024 já se mostrava especial para Cícero Nobre, mesmo sem uma Paralimpíada pela frente. O paraibano, medalhista paralímpico no lançamento do dardo, e sua esposa, Nathália Almeida, aguardam a chegada do primeiro filho, Levi.

O pequeno, que ainda está na barriga da mãe, já é parte fundamental da jornada de Cícero, tendo sido inspiração direta para a conquista da medalha de bronze nos Jogos Paralímpicos de Paris, na classe F53, que reúne atletas que competem sentados.

Para Cícero, a medalha vai além do reconhecimento esportivo; é um presente simbólico para Levi, que, mesmo sem ter nascido, já participou emocionalmente desse feito histórico.

No último dia 31 de agosto, Cícero Nobre entrou no Stade de France, em Saint-Denis, nos arredores de Paris, com a mente focada e o coração cheio de emoções. Ao lado de outros competidores, Cícero enfrentou a pressão de uma final paralímpica, carregando consigo não apenas o desejo de vencer, mas também a expectativa de um pai prestes a conhecer seu primeiro filho.

“Agora não existem mais o Cícero ou a Nathalia, mas sim o pai e a mãe do Levi [risos]”, comentou o atleta, com um sorriso que revelava o novo capítulo de sua vida. Levi, mesmo sem ter nascido, já foi um apoio essencial durante a competição. Antes da prova, Cícero recebeu um chaveiro da esposa, contendo a imagem do ultrassom de Levi. Na manhã da prova, ele beijou a foto do ultrassom como um amuleto de sorte, um gesto que conectou o atleta ao seu futuro como pai.

Durante a competição, um colega de Cabo Verde reforçou a motivação de Cícero: “Esse lançamento é para o seu filho”, disse ele no quarto arremesso, que garantiu a medalha de bronze. “Fico até arrepiado”, lembrou Cícero ao narrar o momento, que simbolizou não apenas a conquista esportiva, mas a transformação pessoal que ele estava vivendo.

A trajetória de Cícero nos últimos anos não foi marcada apenas por desafios esportivos, mas também por profundas mudanças em sua vida pessoal. A chegada de Levi não só impactou suas motivações, mas também moldou a maneira como ele encara a vida e o esporte. “De dois anos para cá e com a vinda do Levi, mudei bastante a forma de pensar e agir. Talvez, se fosse há três, quatro anos, eu não teria a cabeça que tive na minha prova. Creio que ele já está vindo para ensinar isso, a saber dosar as coisas”, explicou o atleta, que nasceu com má-formação congênita bilateral nos pés.

Essa nova fase é marcada pelo equilíbrio entre as responsabilidades de pai e a busca incessante por novas conquistas esportivas. Para Cícero, o aprendizado que vem com a paternidade é algo que já está sendo incorporado aos treinos e competições, fortalecendo sua mentalidade para os desafios que estão por vir, como a Paralimpíada de Los Angeles, em 2028.

A história de Cícero é também a de sua esposa, Nathália Almeida. Atleta paralímpica, Nathália compete no arremesso de peso e no lançamento de dardo, e compartilha com Cícero a rotina de treinos e competições, além dos desafios de conciliar o esporte com a vida familiar. Em 2014, Nathália sofreu um grave acidente automobilístico que resultou na amputação de sua perna esquerda. Esse evento marcou o início de uma nova jornada para ela, que encontrou no esporte paralímpico uma forma de superação e de construção de um novo propósito.

O casal planeja continuar competindo lado a lado, com Levi presente em todas as etapas. “A gente está se programando para, quando ele [Levi] estiver com seis meses, ela [Nathalia] já viajar para São Paulo e a gente competir. Ela tem o sonho de chegar à seleção de atletismo, pegar uma competição importante, como os Jogos Parapan-Americanos, o Mundial, uma Paralimpíada. E a gente vai trabalhar para isso. O Levi estará presente e não vai atrapalhar nada. Creio que ele só vem somar”, disse Cícero, confiante de que a nova dinâmica familiar será uma força adicional para ambos.

A conquista do bronze em Paris foi um marco, mas Cícero já tem novos objetivos em mente. Com a medalha mundial no currículo e a experiência acumulada em competições de alto nível, o atleta paraibano mira agora a Paralimpíada de Los Angeles, em 2028, onde espera subir mais um degrau no pódio. “Já tenho a conquista mundial, tenho a conquista no Parapan, só me falta uma medalha de ouro paralímpica. Já tenho duas de bronze [a anterior foi em 2021, em Tóquio, no Japão], mas quero ouro”, enfatizou.

Os desafios que o esperam não são pequenos. Na prova de Paris, Cícero teve quatro de suas seis tentativas anuladas por queima, o que gerou um sentimento de frustração. “O que eu fiquei um pouco indignado é que participei do Mundial aqui na França [2023, em Paris], participei do Mundial de Kobe [Japão], onde eu fui campeão, lançando da mesma forma e me prendendo da mesma forma na cadeira e nunca tive problema com queima”, desabafou. Contudo, Cícero sabe que a chave é seguir em frente e se preparar ainda mais para as próximas competições.

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