Polícia Científica identifica inseticida ilegal em abelhas mortas

Em março deste ano, moradores do interior do Paraná ficaram preocupados ao encontrar centenas de abelhas mortas espalhadas pelos campos. A perda desses importantes polinizadores acendeu um alerta sobre possíveis irregularidades no uso de agrotóxicos, o que levou a Polícia Científica do Paraná a iniciar uma investigação minuciosa para descobrir a causa.

Após meses de trabalho, a resposta foi revelada: o inseticida Fipronil, proibido no Brasil desde 2023, foi identificado nas amostras das abelhas. A substância, aplicada de forma irregular, foi capaz de comprometer o comportamento dos insetos, levando-os à morte em poucos dias. O resultado não só aponta para uma prática ilegal no setor agrícola, como reforça a necessidade de fiscalização ambiental e proteção à biodiversidade.

A investigação envolveu desafios técnicos inéditos para a Seção de Química Forense e de Crimes Ambientais da Polícia Científica do Paraná. A perita oficial Isabella Melo, responsável pela análise, explicou que o processo exigiu o desenvolvimento de novos métodos de extração de resíduos químicos, uma vez que a matriz biológica das abelhas é bastante complexa.

“Foi um trabalho desafiador porque exigiu uma abordagem nova, mas conseguimos graças à aquisição de dois cromatógrafos gasosos no ano passado”, afirmou Isabella. Esses equipamentos permitiram que os técnicos detectassem o Fipronil com precisão, confirmando a suspeita de uso ilegal do inseticida.

Embora seja usado em diversos países para o controle de pragas, o Fipronil foi banido no Brasil devido ao seu impacto nocivo sobre as colônias de abelhas e outras espécies polinizadoras. A substância afeta a capacidade olfativa e a coordenação dos insetos, deixando-os desorientados e incapazes de encontrar o caminho de volta às colmeias. Em poucas horas, eles começam a apresentar sinais de intoxicação, e em até oito dias muitos acabam morrendo.

O desaparecimento das abelhas é um problema grave, já que esses insetos são responsáveis por 75% da polinização de culturas agrícolas e 90% das plantas com flores. Sem elas, o equilíbrio da biodiversidade e a produção de alimentos ficam ameaçados, comprometendo tanto o meio ambiente quanto a economia agrícola.

A investigação das abelhas mortas é apenas uma das iniciativas da Polícia Científica do Paraná dentro do novo projeto AgroForense. Lançado recentemente, o projeto tem como objetivo ampliar a capacidade de análise de crimes ambientais e agrários por meio da aquisição de equipamentos de última geração e da contratação de mais profissionais.

Com um investimento de R$ 9 milhões, a Polícia Científica planeja adquirir aparelhos como ICP-MS, LC-qTOF e cromatógrafos iônicos, que permitirão análises mais detalhadas e precisas. Esses equipamentos serão distribuídos entre as unidades de Curitiba e Foz do Iguaçu, garantindo mais rapidez nas investigações ao reduzir o tempo de transporte de amostras.

“O AgroForense vai transformar a forma como lidamos com crimes ambientais. Teremos condições de investigar desde a adulteração de agrotóxicos até contaminação de águas com muito mais eficiência”, destacou a perita Isabella.

O trabalho da Polícia Científica do Paraná ganhou destaque ao ser apresentado no XXVII Congresso de Criminalística, realizado em São Luís, no Maranhão. A pesquisa, intitulada “Identificação do inseticida Fipronil em abelhas mortas no interior do Paraná”, foi desenvolvida em parceria com a Universidade Federal do Paraná (UFPR), demonstrando a importância da colaboração entre academia e instituições públicas.

Essa parceria fortalece o combate aos crimes ambientais, combinando conhecimento científico com técnicas de investigação pericial. O reconhecimento em um congresso nacional também destaca o Paraná como um estado comprometido com a inovação na área de perícia ambiental.

Além dos avanços tecnológicos, a Polícia Científica do Paraná vem passando por uma importante reestruturação interna. Em 2023, a instituição contratou 76 novos servidores, distribuídos entre as 20 unidades técnico-científicas do estado. Em 2024, mais 16 técnicos de perícia se juntaram à equipe, reforçando o atendimento e agilizando investigações.

Com a nova configuração, os cargos de perito criminal foram unificados, permitindo maior flexibilidade nas operações e uma resposta mais rápida às demandas. A aquisição de um tablet multiespectral forense também trouxe avanços significativos, possibilitando a detecção de vestígios invisíveis a olho nu e aumentando a eficiência das análises.

Alta nos preços agrícolas anima produtores

Setembro trouxe boas notícias para os produtores de Santa Catarina, que veem os esforços no campo começarem a dar frutos com a valorização de diversos produtos agrícolas. Feijão, trigo, soja e carnes, pilares da economia rural do estado, registraram aumento significativo nos preços, refletindo uma recuperação do setor e um alívio para quem trabalha diariamente para superar os desafios da produção.

Para muitos agricultores, observar o feijão-preto atingir uma valorização de 25,05% em relação ao mês anterior e o trigo registrar alta de 17,28% comparado ao mesmo período de 2023 é motivo de celebração e esperança. Esses números não apenas revelam o impacto de uma maior demanda e de condições favoráveis de mercado, mas também são um incentivo para que os produtores sigam firmes, investindo e acreditando em cada safra.

O boletim agropecuário de setembro, divulgado pela Epagri/Cepa, destaca ainda as boas perspectivas para a próxima temporada, com aumento de produtividade em várias culturas. No setor de carnes, as exportações de frango e suíno voltaram a crescer, consolidando Santa Catarina como referência nacional e internacional. Com essa recuperação, produtores, comerciantes e trabalhadores da cadeia agrícola já vislumbram um final de 2024 mais promissor. A seguir, conheça o panorama detalhado de cada segmento agrícola abordado no boletim.

Feijão: alta nos preços e condições favoráveis

O feijão, sempre presente na mesa dos brasileiros, foi um dos grandes destaques do boletim de setembro. O feijão-preto registrou alta de 25,05% nos preços recebidos pelos produtores, enquanto o feijão-carioca apresentou um aumento de 11,30%. Essa valorização reflete tanto uma maior demanda pelo produto quanto uma oferta mais controlada, com algumas regiões enfrentando dificuldade na produção.

Até o final de setembro, 17% da área destinada ao plantio de feijão em Santa Catarina já havia sido cultivada, com as lavouras apresentando boas condições climáticas. Os produtores se mostram otimistas com a nova safra, esperando que a combinação de preços em alta e produtividade constante traga resultados ainda melhores nos próximos meses.

Trigo: produção e preços em crescimento

O trigo é outro destaque positivo do boletim agropecuário. Em setembro, o preço pago aos produtores catarinenses subiu 4,33% em comparação ao mês anterior e 17,28% em relação ao mesmo período de 2023. Embora a área plantada tenha diminuído 11,8%, as condições favoráveis permitiram um aumento expressivo na produtividade, estimada em 3.565 kg/ha, um crescimento de 59,4%.

A expectativa é que a produção total atinja 433 mil toneladas, se aproximando do recorde histórico alcançado na safra 2022/23, com 482 mil toneladas. Esse resultado reflete o investimento dos produtores em técnicas de manejo mais eficientes e na escolha de variedades adaptadas ao clima local.

Soja: expectativa de safra robusta

O mercado de soja em Santa Catarina mostrou uma leve recuperação nos preços, com aumento de 2,6% em setembro. A temporada de plantio já começou, e a expectativa é de aumento de 1,78% na área plantada, totalizando 768 mil hectares. Os agricultores estão otimistas com a nova safra, especialmente devido às previsões de produtividade média de 3.837 kg/ha, um aumento de 10,8% em relação à safra anterior.

Com isso, espera-se que a produção total alcance 2,9 milhões de toneladas, um crescimento significativo de 12,77%. Essa reação positiva do mercado é impulsionada pela demanda crescente tanto no mercado interno quanto nas exportações. O desempenho da soja é estratégico para o estado, que busca se consolidar como um dos principais produtores da cultura no Brasil.

Milho: recuperação dos preços e aumento de produtividade

O mercado de milho também apresenta boas perspectivas. Em setembro, os preços voltaram a subir, com a saca superando R$ 60,00 em várias regiões. Essa valorização é reflexo da maior demanda interna e da concorrência com exportações, além de influências do mercado externo.

Embora a área plantada tenha sofrido uma redução de 10%, a produtividade média esperada é de 8.468 kg/ha, um aumento de 24% em relação à safra passada. A produção total deve alcançar 2,3 milhões de toneladas, um crescimento de 11,8%. Com esse cenário, os agricultores têm motivos para acreditar em um final de ano promissor.

O setor de carnes catarinense também vive um bom momento. Em setembro, as exportações de carne de frango alcançaram 105,6 mil toneladas, um aumento de 25,3% em relação ao mês anterior. As receitas atingiram US$ 223,5 milhões, o melhor desempenho mensal desde 2019.

Na produção de carne suína, o estado exportou 61,4 mil toneladas, registrando crescimento de 10,1% em relação a setembro de 2023. As receitas somaram US$ 150,3 milhões, um aumento de 18%. Santa Catarina segue como o maior exportador de carne suína do Brasil, responsável por 57% das receitas nacionais.

O mercado de bovinos também mostra sinais de recuperação. Em outubro, a arroba do boi gordo subiu 3% em comparação ao mês anterior e 10,3% em relação ao ano anterior. A demanda elevada, somada à escassez de animais prontos para o abate, tem sido determinante para essa valorização.

No setor de lácteos, o preço médio pago aos produtores subiu de R$ 2,66 para R$ 2,81 por litro, contrariando a tendência sazonal de queda nesse período do ano. A alta é explicada pelas condições climáticas desfavoráveis em outras regiões do Brasil, que dificultaram a recuperação da produção nacional. As importações de lácteos também cresceram 6,8% entre janeiro e setembro de 2024, ajudando a equilibrar o mercado.

Entre as hortaliças, a produção de alho e cebola segue em ritmo acelerado. O alho manteve preços estáveis no mercado, enquanto a cebola registrou queda nos valores devido ao aumento da oferta interna. No setor de frutas, a maçã teve uma leve valorização, mas espera-se uma queda nos preços em outubro, com a chegada de frutas importadas ao mercado. A safra de maçã 2024/25 deve apresentar crescimento de 55,5%, recuperando-se da temporada anterior.

Paraná aposta em reflorestamento urbano com mais de 123 mil mudas

No contexto de urbanização crescente e das consequentes emissões de carbono associadas a obras públicas, a busca por alternativas sustentáveis tornou-se uma prioridade. Uma das iniciativas mais importantes nesse sentido, no estado do Paraná, é o projeto de reflorestamento urbano, que visa promover o plantio de mudas nativas em municípios de pequeno porte.

Esse esforço é uma parceria entre as Secretarias do Desenvolvimento Sustentável (Sedest) e das Cidades (Secid), englobando os programas “Paraná Mais Verde” e “Asfalto Novo, Vida Nova”.

Até o momento, a iniciativa já resultou no plantio de 123,6 mil mudas em 67 cidades do estado, impactando diretamente a qualidade de vida e o meio ambiente local. Com espécies nativas como araçá, ipê-amarelo e jabuticaba, além de árvores em risco de extinção como a araucária e peroba-rosa, o projeto busca não apenas arborizar áreas urbanas, mas também educar a população sobre a importância do reflorestamento.

O programa Paraná Mais Verde foi criado em 2019 com o objetivo de despertar a consciência ambiental e promover o desenvolvimento sustentável no estado por meio do plantio de árvores nativas. As mudas são plantadas tanto em áreas urbanas quanto rurais, com foco na recuperação de áreas degradadas e na arborização de espaços urbanos. O Paraná Mais Verde já distribuiu mais de 10 milhões de mudas desde a sua criação, contribuindo para o equilíbrio climático e a preservação da biodiversidade.

Já o programa Asfalto Novo, Vida Nova, lançado em 2023, é coordenado pela Secid e tem como meta pavimentar toda a área urbana dos municípios com até 25 mil habitantes até 2026. A primeira fase do projeto abrangeu 67 cidades com até 7 mil habitantes, e, na segunda fase, o projeto será expandido para 68 cidades com até 12 mil habitantes. Com um investimento superior a R$ 1 bilhão, o programa também inclui a troca da iluminação pública por lâmpadas de LED, melhorando a eficiência energética das cidades.

Esses dois programas, apesar de terem focos distintos — o Paraná Mais Verde na arborização e o Asfalto Novo, Vida Nova na infraestrutura —, atuam de forma complementar. A plantação de árvores compensa as emissões de carbono geradas pelas obras de pavimentação, além de melhorar a qualidade de vida dos moradores com a criação de áreas verdes e a redução da poluição.

Um dos principais objetivos do projeto de reflorestamento urbano no Paraná é compensar as emissões de carbono decorrentes das obras de infraestrutura realizadas no estado. Cada árvore plantada ajuda a neutralizar uma parte do carbono emitido pela pavimentação das vias e outras atividades urbanas. De acordo com estimativas do governo, pelo menos 250 mil mudas serão plantadas em 330 cidades paranaenses ao longo das três fases do programa.

A bióloga Roberta Scheidt Gibertoni, do Instituto Água e Terra (IAT), explica que a expansão da cobertura vegetal nos municípios é uma medida essencial para combater as mudanças climáticas e promover o desenvolvimento sustentável. “O escopo desse programa é ampliar a área de cobertura vegetal nos municípios por meio do plantio de mudas nativas. Isso visa compensar a emissão de carbono que é produzida na execução das obras em prol de um desenvolvimento urbano sustentável”, destaca Gibertoni.

Além da compensação de carbono, o reflorestamento urbano oferece outros benefícios, como a melhoria da qualidade do ar, a regulação da temperatura e a criação de habitats para a fauna local. Esses fatores, somados, contribuem para a construção de cidades mais saudáveis e resilientes.

O plantio das mudas de espécies nativas é uma das grandes fortalezas do programa, garantindo que a flora regional seja preservada e valorizada. Entre as espécies plantadas estão árvores frutíferas, como araçá, jabuticaba e pitanga, que além de embelezarem as áreas urbanas, também atraem a fauna local. Outro destaque são as espécies ornamentais, como o ipê-amarelo e o ipê-roxo, que têm grande valor paisagístico e são conhecidas por suas floradas exuberantes.

Além das árvores comuns da região, o programa Paraná Mais Verde também trabalha com o plantio de espécies ameaçadas de extinção, como a araucária, peroba-rosa, cedro-rosa e imbuia. O cultivo dessas espécies em áreas urbanas ajuda a preservá-las e conscientiza a população sobre a importância de proteger essas árvores que fazem parte do patrimônio natural do Brasil.

Um dos aspectos mais interessantes do projeto é o envolvimento da população no processo de plantio. Algumas prefeituras têm integrado o programa às atividades escolares, incentivando as crianças a participar do plantio das mudas. Essa iniciativa não apenas ajuda a preservar as mudas plantadas, mas também ensina os jovens sobre a importância da sustentabilidade e da preservação ambiental.

Paula Silveira, engenheira ambiental do Paranacidade, serviço social autônomo ligado à Secid, destaca o aspecto educativo da ação: “Uma das coisas interessantes do programa é o contato da sociedade com o plantio das mudas. Algumas prefeituras pegam as mudas e levam até as escolas para incentivar as crianças a plantarem. Esse contato é justamente para fazer com que a população cuide daquilo que foi plantado, para que não haja depredação. Ou seja, uma aula prática de educação ambiental”, afirma Silveira.

A participação ativa da comunidade no reflorestamento cria um sentimento de pertencimento e responsabilidade, fazendo com que os moradores cuidem melhor das áreas arborizadas e valorizem o meio ambiente. Além disso, ao envolver as crianças no plantio, o programa promove uma cultura de sustentabilidade desde cedo.

O programa de reflorestamento urbano está dividido em três fases, cada uma abrangendo um grupo de municípios de acordo com seu tamanho populacional. Na primeira fase, que já está em andamento, foram beneficiadas 67 cidades com até 7 mil habitantes, onde já foram plantadas mais de 123 mil mudas. A segunda fase, lançada no final de 2023, abrange 68 cidades com até 12 mil habitantes, e a terceira fase, prevista para 2025, incluirá municípios com até 25 mil moradores.

Ao final das três fases, o governo estadual espera plantar cerca de 250 mil mudas de árvores nativas em 330 municípios, beneficiando aproximadamente 3 milhões de pessoas. Além de promover o desenvolvimento urbano sustentável, o projeto visa transformar a paisagem dos municípios paranaenses, tornando-os mais verdes e agradáveis para seus moradores.

Produção de grãos no Brasil atinge crescimento recorde de 8,3%, aponta Conab

O agronegócio brasileiro continua a surpreender o mundo com seu crescimento acelerado. Em 2024, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prevê um aumento histórico na produção de grãos, com um crescimento de 8,3% em relação ao ano anterior. Esse crescimento representa mais um marco no desempenho agrícola do Brasil, consolidando o país como um dos maiores produtores globais de grãos.

Este cenário favorável se deve a uma combinação de fatores, como o uso de tecnologias agrícolas mais eficientes, investimentos em pesquisa e desenvolvimento e boas condições climáticas nas principais regiões produtoras. As culturas de destaque, como soja, milho e trigo, estão entre as que mais contribuem para esse avanço.

De acordo com a Conab, a produção de grãos no Brasil deverá alcançar cerca de 322 milhões de toneladas em 2024, um aumento significativo em comparação aos 297 milhões de toneladas registradas no ano anterior. Esse número inclui as principais culturas de grãos do país, como soja, milho, trigo, arroz e feijão.

Entre essas culturas, a soja e o milho são os carros-chefes da produção nacional. Juntas, elas representam mais de 80% do total produzido e têm grande importância tanto para o mercado interno quanto para as exportações brasileiras. Além disso, o trigo, que historicamente possui uma menor representatividade no cenário agrícola brasileiro, também tem mostrado crescimento, impulsionado pela demanda interna e pelo aumento do consumo mundial.

O crescimento expressivo da produção de grãos no Brasil está relacionado a uma série de fatores que têm contribuído para aumentar a produtividade no campo. Entre eles, destacam-se:

  • Avanços tecnológicos: O uso de tecnologias agrícolas avançadas, como sementes geneticamente modificadas, técnicas de irrigação mais eficientes e máquinas modernas, tem permitido que os produtores alcancem maiores rendimentos por hectare. As novas tecnologias também ajudam a minimizar as perdas causadas por pragas e doenças, além de otimizar o uso de insumos como fertilizantes e defensivos agrícolas.
  • Clima favorável: As boas condições climáticas nas principais regiões produtoras foram determinantes para o desempenho positivo das lavouras em 2024. Chuvas regulares e temperaturas adequadas durante o ciclo de cultivo contribuíram para a boa formação dos grãos, especialmente em culturas como soja e milho.
  • Expansão da área cultivada: Outro fator importante foi a expansão da área plantada em algumas regiões. Estados como Mato Grosso, Paraná e Goiás ampliaram suas áreas de cultivo, principalmente para soja e milho, aproveitando o cenário de alta demanda e os bons preços no mercado internacional.
  • Crescimento das exportações: A demanda externa por grãos brasileiros, especialmente soja e milho, segue em alta. Países como China, União Europeia e os mercados asiáticos continuam sendo grandes compradores da produção brasileira, o que impulsiona ainda mais o agronegócio no país.

Soja e milho: os principais destaques

A soja continua sendo a principal cultura agrícola do Brasil, e a safra de 2024 deve consolidar ainda mais essa posição. De acordo com a Conab, a produção de soja no Brasil deverá atingir 153 milhões de toneladas, um aumento de 7% em relação ao ano anterior. Esse resultado é impulsionado por uma combinação de produtividade crescente e aumento da área plantada.

O milho, por sua vez, também se destaca como uma das principais culturas agrícolas do país. A produção de milho em 2024 deverá alcançar 123 milhões de toneladas, um crescimento de 9% em relação ao ano anterior. Esse aumento é resultado não apenas da expansão das áreas de cultivo, mas também das condições climáticas favoráveis e dos bons preços internacionais, que incentivam os produtores a investir mais na cultura.

A forte demanda internacional por milho, especialmente para ração animal, também contribuiu para o crescimento dessa cultura. A China, que tem ampliado suas compras de milho brasileiro, é um dos principais destinos da produção nacional.

O aumento da produção de grãos no Brasil não só reforça a posição do país como um dos maiores produtores agrícolas do mundo, mas também traz impactos econômicos significativos. O agronegócio tem sido um dos principais motores de crescimento do PIB brasileiro, e o desempenho recorde na produção de grãos em 2024 deve continuar a impulsionar a economia nacional.

Além disso, a exportação de grãos é uma das principais fontes de divisas para o Brasil. Com a crescente demanda por alimentos em nível global, o país tem se consolidado como um dos principais fornecedores de produtos agrícolas, especialmente para grandes mercados como China e Europa. O crescimento nas exportações de grãos também ajuda a equilibrar a balança comercial brasileira, gerando receitas e empregos em toda a cadeia produtiva do agronegócio.

Outro aspecto importante é o impacto positivo na geração de empregos. Com o aumento da produção, a demanda por mão de obra no campo também cresce, gerando novas oportunidades de trabalho em diversas regiões do país. Além disso, o desenvolvimento da infraestrutura logística, como transporte e armazenagem, também é impulsionado pelo crescimento da produção de grãos, contribuindo para o desenvolvimento de regiões produtoras.

Apesar do cenário positivo, o crescimento da produção de grãos no Brasil também traz desafios importantes. Um dos principais é a necessidade de expandir e melhorar a infraestrutura logística do país, especialmente em regiões produtoras. O escoamento da produção, principalmente para os portos de exportação, ainda enfrenta gargalos, como estradas em más condições e falta de capacidade de armazenagem em algumas regiões.

Outro desafio é a sustentabilidade da produção agrícola. Com a expansão da área plantada e o uso intensivo de insumos, cresce a preocupação com a preservação ambiental e a gestão de recursos naturais, como água e solo. O Brasil, que possui uma rica biodiversidade, precisa equilibrar o crescimento agrícola com práticas sustentáveis, de modo a garantir que a produção de grãos continue crescendo sem comprometer o meio ambiente.

Além disso, o mercado internacional, que é um dos principais destinos da produção brasileira, pode ser volátil. Mudanças nas políticas comerciais de grandes compradores, como a China, ou a adoção de barreiras tarifárias podem impactar as exportações de grãos. Por isso, o Brasil precisa estar atento às tendências globais e diversificar seus mercados para garantir a continuidade do crescimento.

As 20 maiores cooperativas do agronegócio brasileiro

O agronegócio brasileiro é uma das principais forças econômicas do país, responsável por colocar o Brasil entre os maiores produtores e exportadores de alimentos do mundo. Dentro desse setor, as cooperativas desempenham um papel crucial, oferecendo suporte aos pequenos e médios produtores e garantindo uma melhor organização da produção, comercialização e exportação dos produtos agrícolas.

Cooperativas agrícolas têm sido fundamentais no desenvolvimento rural, promovendo uma gestão mais eficiente, acesso a tecnologias, e fornecimento de insumos e financiamentos aos seus associados. Ao unir produtores, elas maximizam o poder de negociação, fortalecem a capacidade de investimento e garantem o escoamento da produção. Isso reflete diretamente no crescimento econômico e no aumento da competitividade do setor agropecuário brasileiro no mercado global.

1. Coamo (PR) – Faturamento: R$ 30,3 bilhões

A Coamo, com sede no Paraná, lidera o ranking das maiores cooperativas do agronegócio no Brasil. Fundada em 1970, a cooperativa se destaca pela produção e exportação de soja, milho e trigo. Ela oferece uma ampla rede de suporte a seus cooperados, com infraestrutura para o processamento de grãos e oleaginosas, além de fábricas de óleo vegetal e beneficiamento de produtos agrícolas. Com um faturamento impressionante de R$ 30,3 bilhões, a Coamo é referência em inovação e gestão cooperativa.

2. C. Vale (PR) – Faturamento: R$ 24,4 bilhões

Também no Paraná, a C. Vale ocupa o segundo lugar no ranking. Com forte atuação na produção de grãos, carnes e hortifrúti, a C. Vale conta com mais de 160 unidades de atendimento em diferentes estados brasileiros. A cooperativa investe constantemente em tecnologia, ajudando a impulsionar a produção e distribuição de seus produtos tanto no mercado interno quanto no externo.

3. Lar (PR) – Faturamento: R$ 23,9 bilhões

A Lar é outra gigante paranaense do agronegócio, com foco em grãos, suínos e aves. A cooperativa é conhecida por sua capacidade de processamento de carnes e produção de grãos, sendo uma das maiores exportadoras de frango no Brasil. Além de sua atuação agropecuária, a Lar oferece serviços de assistência técnica e financeira aos seus cooperados, incentivando o crescimento contínuo de seus associados.

4. Aurora (SC) – Faturamento: R$ 21,7 bilhões

Com sede em Santa Catarina, a Aurora é uma das maiores cooperativas do setor de carnes no Brasil. Especializada na produção de suínos, aves e laticínios, a cooperativa Aurora tem uma forte presença tanto no mercado nacional quanto no internacional. Além de sua atuação no agronegócio, a Aurora investe em programas de sustentabilidade e qualidade de vida para os cooperados e suas comunidades.

5. Comigo (GO) – Faturamento: R$ 13,1 bilhões

Comigo é a maior cooperativa do Centro-Oeste brasileiro, sendo uma referência no estado de Goiás. Com foco na produção de grãos, a cooperativa fornece suporte técnico e logístico a seus cooperados, além de possuir unidades de armazenamento, processamento de grãos e fabricação de insumos agrícolas. Sua relevância é sentida não apenas no âmbito regional, mas também no cenário nacional.

6. Cocamar (PR) – Faturamento: R$ 12,9 bilhões

A Cocamar, com sede no Paraná, é uma cooperativa que se destaca pela diversificação de suas atividades, incluindo produção de grãos, café e frutas. A cooperativa também possui operações industriais, como processamento de óleo vegetal, alimentos e bebidas. Com mais de 50 anos de história, a Cocamar é referência no agronegócio brasileiro, principalmente pela sua inovação e suporte técnico aos produtores.

7. Copacol (PR) – Faturamento: R$ 9,6 bilhões

A Copacol é mais uma cooperativa paranaense de destaque, com foco na produção de carnes, grãos e peixes. Seu diferencial está no processamento de peixes, sendo uma das maiores produtoras de tilápia do Brasil. A cooperativa também possui um forte programa de integração com seus cooperados, fornecendo assistência técnica e incentivo ao uso de tecnologias inovadoras no campo.

8. Alfa (SC) – Faturamento: R$ 8,7 bilhões

A Alfa, localizada em Santa Catarina, é uma cooperativa multissetorial, com atuação no setor de grãos, carnes e leite. A cooperativa tem uma estrutura robusta, com unidades de produção, processamento e comercialização de seus produtos. Além disso, investe em programas sociais e ambientais, promovendo o desenvolvimento sustentável e a inclusão social de seus cooperados.

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9. Integrada (PR) – Faturamento: R$ 8,5 bilhões

A cooperativa Integrada, também com sede no Paraná, é uma das maiores produtoras de grãos e cereais no Brasil. A cooperativa oferece aos seus cooperados acesso a novas tecnologias, práticas sustentáveis e suporte técnico, assegurando uma produção eficiente e de qualidade. Seu impacto é sentido principalmente na região Sul do país, onde contribui para o fortalecimento econômico do agronegócio.

10. Coopercitrus (SP) – Faturamento: R$ 8,1 bilhões

Com sede em São Paulo, a Coopercitrus é uma das principais cooperativas de citricultura do país, além de atuar na produção de grãos e outros produtos agrícolas. A cooperativa tem uma forte presença no mercado de suco de laranja, sendo responsável por uma parte significativa da produção nacional. Além disso, investe em tecnologia e inovação para garantir a sustentabilidade e o crescimento contínuo de seus cooperados.

11. Agrária (PR) – Faturamento: R$ 7,1 bilhões

A Agrária, com sede no Paraná, é uma cooperativa que se destaca pela produção de grãos, como soja, milho e trigo, além de operar indústrias de malte e ração animal. Sua atuação vai além da agricultura, abrangendo a pesquisa e o desenvolvimento de novas tecnologias, com foco em sementes. Esse investimento constante em inovação e sustentabilidade tem garantido à Agrária um crescimento expressivo ao longo dos anos. A cooperativa possui uma forte infraestrutura, com modernas unidades de armazenagem e processamento que dão suporte aos seus cooperados, garantindo eficiência e competitividade no mercado.

12. Castrolanda (PR) – Faturamento: R$ 6,6 bilhões

Fundada em 1951, a Castrolanda é uma cooperativa de destaque no Paraná, conhecida por sua produção de leite, carne suína e batata. A cooperativa possui uma sólida infraestrutura industrial, voltada principalmente para o processamento de laticínios e carne suína. A Castrolanda é também uma referência em práticas cooperativistas que integram seus produtores à cadeia produtiva de forma eficiente e sustentável.

13. Cooxupé (MG) – Faturamento: R$ 6,4 bilhões

A Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé, popularmente conhecida como Cooxupé, é a maior cooperativa de café do mundo, responsável por uma expressiva fatia da produção de café arábica no Brasil. Com sede em Minas Gerais, a Cooxupé se destaca por sua forte atuação no mercado internacional, exportando café de alta qualidade para vários países.

14. Frísia (PR) – Faturamento: R$ 6,4 bilhões

A Frísia, localizada no Paraná, é uma das cooperativas mais antigas do Brasil, com mais de 95 anos de história. Sua atuação está centrada na produção de leite, carne suína e grãos, com uma forte infraestrutura industrial que inclui fábricas de ração animal e unidades de processamento de leite. A Frísia investe em tecnologias inovadoras e práticas sustentáveis, garantindo uma produção eficiente e de alta qualidade.

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15. Frimesa (PR) – Faturamento: R$ 6,0 bilhões

A Frimesa, também localizada no Paraná, é uma das maiores cooperativas do Brasil no setor de carne suína e laticínios. Sua estrutura produtiva envolve cinco cooperativas filiadas, que operam em diversas áreas, desde a criação de suínos até o processamento de carne e leite. A Frimesa se destaca pela capacidade de processamento de carne suína, sendo uma das maiores empresas do setor no Brasil.

16. Coasul (PR) – Faturamento: R$ 5,7 bilhões

A Coasul, com sede no Paraná, é uma cooperativa agroindustrial que atua principalmente no setor de grãos e carnes. Sua estrutura moderna e integrada permite que seus cooperados tenham acesso a tecnologias avançadas, garantindo uma produção eficiente e competitiva. A cooperativa se destaca pela capacidade de exportar seus produtos para diversos mercados internacionais, reforçando o papel do Brasil como líder global no agronegócio.

17. Cotrijal (RS) – Faturamento: R$ 5,4 bilhões

A Cotrijal, localizada no Rio Grande do Sul, é uma cooperativa de destaque na produção de grãos, principalmente soja e milho. A cooperativa possui uma forte infraestrutura para armazenamento e comercialização de grãos, além de atuar na produção de leite e suínos. Sua atuação no mercado é marcada pela inovação e pelo uso de tecnologias que garantem alta produtividade e eficiência.

18. Coopavel (PR) – Faturamento: R$ 5,2 bilhões

A Coopavel, com sede no Paraná, é uma cooperativa agroindustrial com foco na produção de grãos, carne e leite. A cooperativa é conhecida pela sua forte atuação no mercado de carnes, principalmente na criação de suínos e aves, além de contar com um moderno sistema de processamento de carnes. A Coopavel também organiza anualmente o Show Rural, um dos maiores eventos de tecnologia agrícola do Brasil, promovendo a troca de conhecimento e a inovação no setor.

19. Cocari (PR) – Faturamento: R$ 5,1 bilhões

A Cocari, com sede no Paraná, é uma cooperativa diversificada, atuando na produção de grãos, café e leite. A cooperativa possui uma forte infraestrutura de processamento e comercialização de seus produtos, com uma presença crescente no mercado nacional e internacional. A Cocari também investe fortemente em pesquisa e desenvolvimento, promovendo práticas agrícolas modernas e sustentáveis.

20. Coplacana (SP) – Faturamento: R$ 4,6 bilhões

A Coplacana, localizada em São Paulo, é uma das maiores cooperativas agrícolas do estado, com atuação no setor de grãos e cana-de-açúcar. A cooperativa possui uma estrutura robusta para processamento e comercialização de seus produtos, além de investir em tecnologias que aumentam a produtividade de seus cooperados. A Coplacana é também uma referência em práticas sustentáveis, promovendo o uso eficiente dos recursos naturais e a preservação do meio ambiente.

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As 20 maiores cooperativas do agronegócio brasileiro são responsáveis por transformar o setor agrícola do país, promovendo o crescimento sustentável e a competitividade global. Essas cooperativas não só garantem que os produtos brasileiros cheguem a mercados internacionais, como também proporcionam suporte vital para os produtores locais. Com seus altos faturamentos e infraestrutura robusta, elas seguem sendo peças-chave para o desenvolvimento econômico do Brasil, gerando empregos, inovação e sustentabilidade.

Expansão do etanol de cereais impulsiona produção e novos investimentos

A indústria de etanol de cereais no Brasil está vivenciando um período de crescimento e otimismo sem precedentes. Com quase uma década de expansão contínua, o setor tem atraído novos investimentos e gerado expectativas positivas em relação ao aumento da capacidade produtiva e à diversificação das matérias-primas utilizadas.

Durante a 10ª edição do TECO Latin America, evento dedicado à discussão de tendências e inovações no mercado de biocombustíveis, especialistas ressaltaram a importância do etanol de cereais para a matriz energética brasileira e destacaram previsões de crescimento expressivo para os próximos anos.

Rafael Piacenza, gerente de desenvolvimento de negócios da Novonesis, destacou que a quantidade de usinas dedicadas ao processamento de etanol de cereais, como milho e trigo, deve aumentar 75% nos próximos anos.

Atualmente, o Brasil conta com 32 usinas em operação, construção ou ainda não operacionais, mas esse número pode saltar para 56, impulsionado por novos projetos e o interesse crescente de empresas no setor. A expansão promete gerar impactos significativos tanto na produção de etanol quanto no processamento de subprodutos, como os DDGs (grãos secos de destilaria).

O etanol de cereais, especialmente o de milho, tem se consolidado como uma alternativa sustentável e lucrativa para o Brasil. Com a crescente demanda por combustíveis mais limpos e a necessidade de diversificação das fontes de energia, o mercado de biocombustíveis encontra um terreno fértil para a expansão. Segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a produção de etanol de milho deve alcançar 8 bilhões de litros anuais na safra 2024/25, refletindo um aumento expressivo em comparação aos anos anteriores.

A previsão de crescimento da indústria está atrelada à inauguração de novas usinas e ao aumento da capacidade de processamento das plantas já existentes. O número de unidades produtoras deve saltar de 32 para 56 nos próximos anos, distribuídas em diferentes regiões do país, incluindo estados como Maranhão e Rio Grande do Sul, que se destacam como novos polos para o desenvolvimento do setor.

Além disso, o volume de milho processado diariamente deve alcançar 107 mil toneladas em um horizonte de cinco anos, gerando 11 milhões de toneladas de DDGs por ano, um subproduto altamente valorizado pela indústria de ração animal. Esse cenário fortalece o papel do etanol de cereais não apenas como fonte de combustível, mas também como uma oportunidade de agregar valor às cadeias produtivas associadas.

Os grãos secos de destilaria (DDGs), um dos subprodutos mais relevantes do processo de produção de etanol de cereais, têm ganhado importância crescente no mercado brasileiro. Utilizados principalmente como ingrediente para ração animal, os DDGs são ricos em nutrientes e servem como uma alternativa eficiente e econômica para a alimentação de rebanhos.

Com a expansão da indústria de etanol de cereais, a oferta de DDGs no Brasil deve crescer substancialmente, abrindo portas para novas oportunidades de exportação. Durante o TECO Latin America, Fabrício Leal Rocha, diretor de bioenergia da Novonesis na América Latina, ressaltou o potencial de exportação desse subproduto para mercados internacionais e a necessidade de se explorar nichos que valorizem o produto brasileiro.

O mercado de DDGs é particularmente promissor na América Latina e na Ásia, onde a demanda por insumos para a alimentação animal tem crescido constantemente. Ao aumentar a produção de DDGs, o Brasil se posiciona como um player competitivo na exportação desse subproduto, contribuindo para o equilíbrio da balança comercial e agregando valor às operações das usinas.

Com o crescimento do setor de etanol de cereais, a busca por maior eficiência e produtividade torna-se uma prioridade para as usinas. Segundo Fabrício Leal Rocha, é possível aumentar a lucratividade das plantas ao otimizar processos e adotar tecnologias inovadoras. Entre as estratégias mencionadas, destacam-se:

  1. Uso de leveduras de nova geração: A utilização de leveduras mais eficientes permite uma fermentação mais rápida e completa, elevando o rendimento e a qualidade do etanol produzido.
  2. Otimização de processos: Com suporte técnico especializado, as usinas podem melhorar o desempenho de cada etapa do processamento, reduzindo perdas e aumentando a produtividade.
  3. Automação e controle de processos: O uso de tecnologias de automação permite monitorar em tempo real o desempenho das usinas, identificando pontos de melhoria e aumentando a precisão operacional.

Essas melhorias podem resultar em ganhos significativos para as usinas. A estimativa é que um aumento de produtividade entre 3% e 9% em uma planta que processa 5.600 toneladas de milho por dia poderia gerar um incremento no lucro líquido anual de R$ 33 a R$ 100 milhões, dependendo da eficiência alcançada.

Outro ponto importante para o crescimento do setor de etanol de cereais no Brasil é a expansão geográfica das operações. Atualmente concentrado em regiões como o Centro-Oeste e o Sudeste, o setor começa a ganhar força em novos estados, como Maranhão e Rio Grande do Sul, que apresentam condições favoráveis para a implantação de usinas.

Além disso, a diversificação das matérias-primas utilizadas também é uma tendência em ascensão. O sorgo e o trigo, por exemplo, estão sendo cada vez mais considerados como alternativas ao milho para a produção de etanol. Isso não só amplia a capacidade produtiva das usinas, como também reduz a dependência de uma única matéria-prima, mitigando riscos associados à variação de preços e oferta.

O etanol de cereais tem se destacado como uma alternativa sustentável dentro do mercado de biocombustíveis. Além de contribuir para a redução das emissões de gases de efeito estufa, o uso de matérias-primas como milho e sorgo permite que o setor aproveite subprodutos e resíduos agrícolas, promovendo uma cadeia produtiva mais limpa e eficiente.

Durante o TECO Latin America, também foram discutidas novas oportunidades para o etanol verde, como sua utilização em combustíveis marítimos mais sustentáveis. Com a crescente pressão internacional para reduzir as emissões no setor de transporte marítimo, o etanol pode se tornar uma opção viável para a transição energética desse segmento, abrindo novas possibilidades de mercado para o Brasil.

Com a perspectiva de crescimento acelerado e a abertura de novas usinas, o futuro do etanol de cereais no Brasil é promissor. A expansão da capacidade de produção, o aumento da oferta de DDGs e a diversificação geográfica e de matérias-primas são fatores que devem consolidar o país como um dos maiores produtores globais de etanol.

No entanto, desafios como a volatilidade dos preços das commodities e a competitividade no mercado internacional ainda exigem atenção. A adoção de inovações tecnológicas e a busca por maior eficiência serão essenciais para garantir a sustentabilidade e a lucratividade do setor nos próximos anos.

Raio mata sete vacas no interior de São José do Cedro

Foi registrado no interior de São José do Cedro uma tragédia agropecuária, na última terça-feira (08), quando sete vacas foram encontradas mortas em uma propriedade rural no Distrito de Padre Réus.

A causa foi um raio que atingiu árvores onde os animais estavam abrigados durante um forte temporal que assolou a região. O episódio aconteceu por volta das 19 horas, conforme relatou a técnica agropecuária Nalfani Colombo, filha do proprietário Lair Marcos Colombo.

A região Sul do Brasil vem enfrentando uma sequência de temporais intensos, com forte incidência de raios e até granizo, provocando transtornos e prejuízos a produtores rurais. A tempestade que atingiu a região entre São José do Cedro e Guarujá do Sul não foi diferente. As rajadas de vento e a precipitação de granizo causaram danos em lavouras e propriedades, mas foram os raios que trouxeram o prejuízo mais doloroso para a família Colombo.

De acordo com Nalfani, que estuda veterinária, as vacas tentaram se proteger das intempéries abrigando-se embaixo de algumas árvores. Infelizmente, o local se mostrou um ponto vulnerável para descargas elétricas.

“Estava anoitecendo e a incidência de raios foi intensa, não conseguimos ver nada no momento. Só pela manhã, quando fomos verificar o rebanho, encontramos os animais mortos”, lamenta Nalfani.

As sete vacas atingidas pelo raio eram da raça holandesa e produziam, juntas, cerca de quatro mil litros de leite por mês. O impacto financeiro para a família Colombo é significativo. Nalfani estima que a perda dos animais representa um prejuízo de aproximadamente R$ 70 mil. Além disso, a ausência da produção leiteira afeta diretamente a renda da propriedade, que depende dessa atividade para se manter.

“São anos de investimento e cuidados que se foram em poucos segundos. Não tem como prever um evento assim, mas é difícil aceitar. Cada uma dessas vacas fazia parte do nosso cotidiano e da nossa história”, desabafou a jovem técnica agropecuária.

Com informações de Diógenes Di Domenico e fotos da família, para o Jornal da Fronteira.

Chuvas intensas em Santa Catarina elevam risco de deslizamentos e inundações

A previsão do tempo para os próximos dias em Santa Catarina indica um cenário preocupante, com chuvas persistentes e volumosas que podem causar transtornos significativos em várias regiões do estado. As autoridades meteorológicas e a Defesa Civil alertam para o risco elevado de inundações, deslizamentos e enxurradas, principalmente nas áreas de encosta e regiões com histórico de ocorrências hidrológicas e geológicas.

De acordo com a Secretaria da Defesa Civil de Santa Catarina (SDC) e a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri/Ciram), as precipitações serão intensas em praticamente todas as regiões do estado entre quarta-feira (09) e sexta-feira (11).

Os volumes de chuva previstos variam de 100 a 200 mm, com picos ainda mais elevados em áreas específicas. As regiões mais afetadas incluem o Grande Oeste, Planalto Norte, Grande Florianópolis, Vale do Itajaí e parte do Litoral Sul e Planalto Sul, onde o acúmulo de chuvas poderá causar danos significativos.

As condições meteorológicas para os próximos dias em Santa Catarina são influenciadas pela combinação de um sistema de baixa pressão e a circulação marítima, que juntos favorecem a formação de nuvens carregadas e a ocorrência de chuvas contínuas. O cenário deve piorar a partir da manhã de quarta-feira (09), especialmente em áreas próximas à serra no Litoral Sul, e se estender até a madrugada de quinta-feira (10) para regiões como Vale do Itajaí e parte do Grande Oeste catarinense.

Ao longo desse período, há também a possibilidade de temporais, com raios, rajadas de vento e eventual queda de granizo, especialmente no Grande Oeste. Já na sexta-feira (11), uma frente fria que se desloca pelo estado provocará temporais isolados e chuva mais persistente e volumosa, com tendência de se dissipar gradualmente no final da tarde.

Com os volumes de chuva previstos, as regiões mais afetadas devem ser:

  • Grande Oeste e Planalto Norte: Acúmulo de 100 a 150 mm.
  • Grande Florianópolis, Vale do Itajaí, Litoral Norte e partes do Litoral Sul e Planalto Sul: Acúmulo de 150 a 200 mm, com picos pontuais ainda mais elevados em áreas de encosta.

Com a grande quantidade de chuvas esperadas, o risco hidrológico para o estado é elevado, especialmente nas bacias hidrográficas dos rios Itajaí-Açu e Itajaí-Mirim, onde há previsão de inundações graduais, principalmente na região do Alto Vale. Nessas áreas, o volume de água nos rios pode atingir níveis de emergência, colocando em risco a segurança das comunidades ribeirinhas.

Além disso, regiões como Grande Florianópolis e as bacias hidrográficas dos rios Tijucas, Biguaçu e Cubatão também estão sob alerta para possíveis enchentes e elevações rápidas dos níveis dos rios. Em locais mais elevados dessas bacias, o risco é ainda maior para a ocorrência de enxurradas, que são caracterizadas por inundações repentinas em pequenos cursos d’água.

Quanto aos riscos geológicos, a situação é crítica em áreas de encosta, serras e regiões com histórico de movimentações de solo. A Defesa Civil e a Epagri/Ciram classificaram o risco como Muito Alto para deslizamentos, fluxos de detritos e queda de blocos nas regiões do Litoral Norte, Vale do Itajaí, Grande Florianópolis e Litoral Sul, principalmente nas áreas serranas.

Nas regiões do Grande Oeste e parte do Planalto Sul e Planalto Norte, o risco é classificado como Alto para deslizamentos e outros eventos geológicos. A movimentação de solo nessas áreas pode ser desencadeada pela saturação do terreno, devido ao excesso de água acumulada, causando deslizamentos que podem afetar moradias e estradas, além de interromper o fornecimento de serviços essenciais.

Diante desse cenário de risco elevado, a Defesa Civil de Santa Catarina recomenda que a população adote medidas preventivas e esteja atenta aos sinais de alerta emitidos pelas autoridades. Algumas das principais recomendações são:

  1. Evitar áreas sujeitas a alagamentos e enchentes: Não transite por ruas alagadas, pontes submersas ou áreas com o fluxo de água elevado, pois esses locais podem apresentar correntes fortes e risco de afogamento.
  2. Ficar longe de encostas e áreas de risco: Caso perceba sinais de instabilidade no terreno, como trincas no solo, rachaduras em paredes ou inclinação de postes e árvores, procure um local seguro imediatamente e acione a Defesa Civil pelo número 199.
  3. Monitorar os alertas meteorológicos: Acompanhe as previsões e alertas emitidos pela Defesa Civil e pela Epagri/Ciram por meio de aplicativos de celular, redes sociais ou mensagens de texto. Para receber avisos diretamente no seu telefone, envie uma mensagem com o número do seu CEP para 40199.
  4. Ter um plano de emergência familiar: Identifique locais seguros em sua residência e crie um plano de evacuação, caso seja necessário sair de casa rapidamente. Mantenha uma mochila de emergência com itens essenciais, como documentos, água, alimentos não perecíveis, medicamentos e carregador de celular.
  5. Evitar atividades ao ar livre em caso de temporais: Durante a ocorrência de raios e ventos fortes, evite sair de casa. Procure abrigo em locais seguros e não se aproxime de árvores ou objetos que possam ser arremessados pelo vento.

As chuvas intensas não apenas representam um risco à segurança da população, mas também causam impactos econômicos significativos no estado. A agricultura, um dos setores mais importantes da economia catarinense, é diretamente afetada por enchentes e enxurradas que destroem plantações e comprometem a produção de alimentos. Além disso, deslizamentos de terra podem bloquear rodovias, impedindo o transporte de mercadorias e afetando o abastecimento de produtos em diferentes regiões.

O turismo, que também é um setor importante em Santa Catarina, pode sofrer com a queda no número de visitantes durante o período chuvoso, especialmente em cidades litorâneas e serranas, onde os atrativos naturais são o principal foco das atividades turísticas. As chuvas prolongadas comprometem a infraestrutura local e diminuem a atratividade dos destinos.

Em termos sociais, as enchentes e deslizamentos podem causar o desalojamento de famílias, destruição de moradias e danos a infraestruturas básicas, como escolas e unidades de saúde. A reconstrução das áreas afetadas demanda um grande esforço financeiro por parte do governo e, muitas vezes, leva meses para ser concluída.o

Além disso, a Defesa Civil recomenda que os moradores de áreas de risco se cadastrem para receber avisos diretamente no celular, enviando o número do CEP para o telefone 40199. Dessa forma, as autoridades conseguem manter a população informada e orientar sobre as ações necessárias em casos de emergência.

Edital incentiva pesquisa em piscicultura marinha para inovação e sustentabilidade em SC

A piscicultura marinha desponta como um dos setores de maior potencial de crescimento na aquicultura brasileira, especialmente em Santa Catarina, estado que já possui forte tradição na produção pesqueira.

Diante desse cenário promissor, a Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc) e a Secretaria Executiva da Aquicultura e Pesca do Estado de Santa Catarina (SAQ) lançaram o edital nº 58/2024. O objetivo é fomentar pesquisas que visem o desenvolvimento de novos sistemas de engorda de peixes marinhos e a geração de conhecimento na área.

Com um aporte financeiro de R$ 1.800.000,00, o edital busca reunir pesquisadores e especialistas de diferentes áreas do conhecimento para fortalecer o setor da piscicultura no estado. A iniciativa é voltada para profissionais das Instituições de Ciência, Tecnologia e Inovação (ICT) de Santa Catarina, incluindo doutores, mestres, acadêmicos e técnicos, que poderão submeter suas propostas até o dia 4 de novembro.

Em um cenário de crescente demanda por alimentos sustentáveis e pela preservação dos recursos naturais, a iniciativa promete trazer impactos positivos para a economia local e para a preservação do ecossistema marinho.

Santa Catarina é um dos maiores polos de aquicultura no Brasil, com destaque para a produção de moluscos e camarões. Contudo, a piscicultura marinha ainda enfrenta desafios significativos, como a falta de pesquisas específicas e de políticas públicas que incentivem seu crescimento sustentável.

É nesse contexto que o edital nº 58/2024 se torna um marco para o desenvolvimento do setor, abrindo portas para estudos que possam viabilizar a exploração comercial de novas espécies nativas e adaptar sistemas de engorda às condições ambientais locais.

O estado possui um litoral de 531 quilômetros, com condições propícias para a piscicultura em tanques-rede e em viveiros escavados, além de um ecossistema diverso que favorece o cultivo de várias espécies marinhas. No entanto, a atividade ainda carece de conhecimento técnico e de inovação para superar desafios como o manejo sustentável e a segurança alimentar.

Objetivos e metas do edital nº 58/2024

O edital lançado pela Fapesc e pela SAQ estabelece objetivos claros para impulsionar a piscicultura marinha no estado. Entre os principais, estão:

  1. Desenvolvimento de Sistemas de Engorda de Peixes Marinhos: Estudos que abordem novos sistemas de engorda e metodologias que aumentem a eficiência e a produtividade da piscicultura no estado. Isso inclui o uso de tecnologias modernas, como biotecnologia e inteligência artificial, para monitoramento e otimização dos processos.
  2. Estudo de Espécies Nativas com Potencial para a Piscicultura Comercial: A ideia é identificar espécies marinhas nativas que tenham características adequadas para a criação em cativeiro, como alta taxa de crescimento, resistência a doenças e adaptabilidade às condições ambientais de Santa Catarina.
  3. Fortalecimento de Grupos de Pesquisa e Integração entre Pesquisadores: Estimular a cooperação entre diferentes instituições e grupos de pesquisa, promovendo a troca de conhecimento e a criação de uma rede de colaboração que potencialize os resultados.
  4. Formulação de Políticas Públicas para o Setor: Gerar conhecimento que subsidie a criação de políticas públicas voltadas para o manejo sustentável dos recursos pesqueiros e para a regulação da atividade no estado.
  5. Inovação e Transferência de Tecnologia: Implementar práticas inovadoras que possam ser aplicadas de forma prática no setor produtivo, facilitando a transferência de tecnologia e o uso do conhecimento gerado por parte dos piscicultores locais.

O valor total destinado ao edital é de R$ 1.800.000,00, sendo R$ 900.000,00 provenientes da Fapesc e outros R$ 900.000,00 de recursos descentralizados pela SAQ. Esse valor será distribuído entre as diferentes propostas aprovadas, de acordo com a complexidade e o impacto esperado dos projetos.

As bolsas oferecidas variam conforme a qualificação dos participantes. Para doutores, os valores podem chegar a R$ 15.750,00 por mês, enquanto mestres, acadêmicos e técnicos poderão receber entre R$ 933,21 e R$ 5.250,00, dependendo da categoria em que se enquadram e das funções que irão desempenhar no projeto. O período de vigência dos projetos aprovados será de 24 meses, podendo ser prorrogado mediante avaliação.

Essa estrutura de financiamento visa atrair profissionais altamente qualificados e garantir que os projetos tenham o suporte necessário para alcançar resultados significativos.

A sustentabilidade é um dos pilares fundamentais do edital nº 58/2024. A piscicultura marinha, se desenvolvida de maneira inadequada, pode causar impactos negativos ao meio ambiente, como a poluição das águas e a perda de biodiversidade. Por isso, o edital foca em práticas sustentáveis e no desenvolvimento de tecnologias que permitam o manejo responsável dos recursos pesqueiros.

Projetos que contemplem o uso de sistemas de recirculação de água, alimentação de baixo impacto ambiental e controle de resíduos terão preferência no processo seletivo. O objetivo é criar um modelo de piscicultura que seja economicamente viável, ambientalmente responsável e socialmente justo, promovendo o crescimento do setor sem comprometer os ecossistemas costeiros.

O fomento à pesquisa em piscicultura marinha traz uma série de benefícios para a economia local e para a sociedade como um todo. Em primeiro lugar, contribui para a diversificação das atividades econômicas no litoral catarinense, criando novas oportunidades de emprego e renda para as comunidades locais.

Além disso, o desenvolvimento de uma piscicultura marinha eficiente pode ajudar a suprir a crescente demanda por proteínas de origem animal, oferecendo uma alternativa mais sustentável ao cultivo de peixes em água doce. Isso é especialmente importante diante da crise ambiental e da necessidade de reduzir a pressão sobre os recursos pesqueiros naturais.

Por fim, ao apoiar a pesquisa e a inovação, o edital contribui para a formação de uma base científica sólida que pode atrair novos investimentos para o estado e colocar Santa Catarina na vanguarda da aquicultura no Brasil e na América Latina.

As Instituições de Ciência, Tecnologia e Inovação (ICT) de Santa Catarina desempenham um papel crucial no sucesso do edital nº 58/2024. Essas instituições serão responsáveis por desenvolver os projetos aprovados, promovendo pesquisas que tragam avanços concretos para a piscicultura marinha.

Além disso, a integração entre pesquisadores de diferentes áreas e a colaboração com o setor produtivo garantem que o conhecimento gerado seja aplicado de forma prática, beneficiando tanto a academia quanto a indústria. Essa parceria é essencial para transformar a pesquisa em inovação e gerar impactos positivos para o setor e para a sociedade.

Como participar do edital nº 58/2024

As inscrições para o edital estão abertas até o dia 4 de novembro, e devem ser submetidas através do Sistema de Gestão da Fapesc (SIGFapesc). Podem participar pesquisadores de ICTs do estado, desde que tenham vínculo comprovado e atuem em áreas relacionadas à aquicultura e pesca.

O processo seletivo levará em consideração a relevância do projeto para o desenvolvimento da piscicultura marinha em Santa Catarina, o impacto esperado e a capacidade técnica e estrutural da equipe proponente. O resultado final será divulgado no dia 10 de dezembro, na página da Fapesc.

Brasil lidera integração latino-americana em torno do algodão sustentável

Nos últimos anos, a liderança do Brasil no setor agrícola transcendeu as fronteiras nacionais, consolidando o país como um agente transformador no cenário latino-americano. Um dos principais exemplos desse protagonismo é o programa de cooperação internacional +ALgodão, que visa promover o cultivo sustentável do algodão em diversos países da América Latina.

Com a participação de nações como Colômbia, Peru, Equador, Bolívia e Argentina, a iniciativa não apenas reforça a posição do Brasil como maior exportador mundial da fibra, mas também busca associar a produção ao desenvolvimento social e à preservação ambiental.

O programa, que surgiu em resposta a uma longa disputa comercial entre Brasil e Estados Unidos na Organização Mundial do Comércio (OMC), representa um marco na história agrícola da região. A cooperação incentiva práticas agrícolas que respeitam o meio ambiente, promove a inclusão social de pequenos produtores e resgata o valor cultural do algodão, que já foi considerado o “ouro branco” em muitas partes do continente.

O programa +ALgodão é fruto de uma parceria que envolve a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), o Itamaraty, a Embrapa e a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). Desde a sua criação, a iniciativa tem ajudado a fortalecer o cultivo do algodão em países que enfrentaram crises no setor, como Colômbia e Haiti. Além de promover técnicas agrícolas sustentáveis, o programa também incentiva a produção artesanal de peças a partir da fibra, agregando valor ao produto e gerando mais oportunidades econômicas para comunidades rurais.

Um dos principais objetivos do +ALgodão é criar uma identidade regional para o algodão latino-americano, pautada em valores como rastreabilidade, ancestralidade e respeito ao meio ambiente. Para isso, o programa busca integrar a cadeia produtiva de modo que todos os processos — desde o cultivo até a transformação artesanal — estejam alinhados com os princípios da sustentabilidade e da valorização cultural.

O programa +ALgodão tem suas raízes em uma disputa iniciada em 2002, quando o Brasil contestou, na OMC, os subsídios concedidos pelo governo dos Estados Unidos aos seus produtores de algodão. Após doze anos de intensas negociações, o Brasil conseguiu um acordo que resultou no pagamento de 300 milhões de dólares por parte dos EUA. Uma parte desse montante foi destinada ao desenvolvimento de programas de cooperação internacional, sendo o +ALgodão um dos principais beneficiados.

Essa conquista não apenas fortaleceu o setor algodoeiro brasileiro, mas também abriu portas para o compartilhamento de conhecimentos e tecnologias com países da América Latina e África. Na América Latina, o +ALgodão priorizou uma estratégia de cooperação trilateral com organismos internacionais, como a FAO, para ampliar o alcance e o impacto do programa.

O Brasil é referência mundial em práticas sustentáveis de cultivo do algodão. A produção nacional utiliza sistemas de irrigação eficientes e substitui defensivos químicos por biofertilizantes, o que reduz o impacto ambiental e melhora a qualidade do produto final. Essas técnicas são disseminadas para os países parceiros do +ALgodão, adaptando-se às necessidades e características de cada região.

Na Colômbia, por exemplo, pequenos agricultores que antes dependiam de agrotóxicos para controlar pragas agora utilizam biofertilizantes desenvolvidos a partir de pesquisas brasileiras. Essa mudança não só reduziu os custos de produção, mas também melhorou a saúde dos trabalhadores e a qualidade do solo.

Outra técnica sustentável aplicada no contexto da cooperação é a rotação de culturas. No lugar do monocultivo, que torna a plantação mais suscetível a pragas e doenças, os agricultores passaram a alternar o plantio de algodão com outras culturas, como milho e sorgo. O resultado é um aumento da produtividade e uma maior diversidade de produtos alimentares disponíveis para as comunidades locais.

Além do apoio técnico aos produtores, o programa +ALgodão também trabalha para resgatar as tradições culturais associadas ao cultivo e ao uso do algodão. Em diversas regiões da Colômbia, do Equador e do Paraguai, o algodão era um símbolo de prosperidade e riqueza cultural. Ao longo do tempo, com a redução da produção e a falta de incentivo governamental, muitas dessas tradições foram esquecidas.

Com o +ALgodão, o Brasil e seus parceiros buscam revitalizar o artesanato local, oferecendo capacitações para que mulheres e jovens possam aprender a cultivar a fibra e transformá-la em peças de valor cultural e comercial. O programa fornece sementes e insumos para o cultivo, e promove oficinas de tecelagem, costura e design, impulsionando o desenvolvimento de produtos autênticos que atraem consumidores interessados em moda sustentável e comércio justo.

Os benefícios econômicos do programa vão além do aumento na produção de algodão. A cooperação internacional promove o desenvolvimento de cadeias produtivas completas, desde o cultivo até a confecção de produtos têxteis, gerando empregos e renda para milhares de famílias rurais. Segundo a FAO, o setor algodoeiro pode contribuir significativamente para a segurança alimentar e para a redução da pobreza rural.

Na Colômbia, o programa +ALgodão tem atuado em áreas fortemente afetadas pelo conflito armado, como a região de Tolima. Com a estabilização social e a promoção de atividades produtivas sustentáveis, o programa oferece uma alternativa econômica para os agricultores que, anteriormente, tinham poucas opções de subsistência.

A assistência técnica gratuita fornecida pelo +ALgodão é outro fator que contribui para a transformação do setor. Agricultores que antes pagavam valores elevados por consultorias agora recebem apoio de profissionais capacitados e têm acesso a tecnologias avançadas, como drones agrícolas para monitoramento das lavouras e pulverização de biofertilizantes.

O +ALgodão continua expandindo suas atividades e busca novos parceiros para fortalecer a cadeia produtiva do algodão sustentável na América Latina. No entanto, o programa enfrenta desafios como a concorrência com fibras sintéticas, que são mais baratas e amplamente utilizadas pela indústria têxtil. Além disso, a falta de políticas de apoio ao pequeno produtor em alguns países parceiros pode comprometer a continuidade das atividades.

Para superar essas dificuldades, a coordenação do +ALgodão aposta na certificação e rastreamento da produção como diferenciais competitivos. A demanda por produtos rastreáveis e sustentáveis tem crescido no mercado internacional, e o algodão latino-americano, com seu valor cultural e ambiental agregado, pode se tornar um produto de destaque.

Defesa Civil monitora temporais e alerta Santa Catarina

Santa Catarina enfrentou fortes temporais nesta quinta-feira, 3, quando uma frente fria trouxe intensas chuvas, rajadas de vento e granizo para várias regiões do estado. A Secretaria de Estado da Proteção e Defesa Civil (SDC) está acompanhando de perto as condições meteorológicas, com foco no monitoramento e na emissão de alertas para a população.

As tempestades se concentraram principalmente no Planalto Sul e no Litoral Sul, causando estragos em residências e áreas rurais, além de afetar a rotina de muitos moradores. O órgão também informou que a frente fria está se deslocando para o alto-mar, o que deve resultar na diminuição das instabilidades climáticas nos próximos dias.

Na madrugada e manhã desta quinta-feira, Santa Catarina foi fortemente atingida por temporais, que causaram diversos transtornos. As regiões mais afetadas foram o Planalto Sul e o Litoral Sul, estendendo-se até a Grande Florianópolis. Rajadas de vento intensas, descargas elétricas e episódios de granizo foram registrados, principalmente nas áreas próximas à divisa com o Rio Grande do Sul.

O município de Bocaina do Sul, na Serra Catarinense, foi um dos mais impactados pelas chuvas de granizo, que danificaram telhados de cerca de 40 residências, além de prejudicar plantações e outras áreas rurais. De acordo com a Defesa Civil, o município deve decretar situação de emergência nas próximas horas e solicitar kits de assistência humanitária para atender as famílias afetadas. Outros municípios das regiões do Planalto Sul e do Litoral Sul também relataram danos em estruturas e interrupções no fornecimento de energia elétrica.

A Defesa Civil de Santa Catarina tem utilizado o radar meteorológico de Lontras, um dos principais equipamentos de monitoramento meteorológico do estado, para acompanhar a movimentação das tempestades em tempo real. Segundo o órgão, as chuvas intensas foram acompanhadas por um grande número de descargas elétricas e granizo, com células de tempestade avançando do território gaúcho em direção ao sul catarinense.

Os meteorologistas da Defesa Civil destacam que, embora a frente fria esteja se afastando para o alto-mar, é fundamental manter a vigilância. “Ainda há áreas de instabilidade que podem causar pancadas de chuva localizadas e fortes rajadas de vento, especialmente no Planalto Norte, próximo à divisa com o Paraná”, explica o órgão.

Além do radar meteorológico de Lontras, outras ferramentas tecnológicas têm sido utilizadas para analisar e prever a movimentação das tempestades. A equipe de meteorologistas também monitora informações fornecidas por estações meteorológicas distribuídas pelo estado, garantindo uma visão ampla e precisa das condições climáticas.

Áreas mais afetadas e acumulados de precipitação

O impacto dos temporais foi sentido de forma mais intensa no Planalto Sul e no Litoral Sul de Santa Catarina. De acordo com os dados obtidos pelos meteorologistas, os acumulados de precipitação superaram 100 mm em várias localidades nas últimas 24 horas. Bocaina do Sul e municípios vizinhos foram os mais prejudicados, com registros de chuvas volumosas e prolongadas, que resultaram em alagamentos e danos às lavouras.

As chuvas intensas foram acompanhadas de granizo, o que agravou ainda mais a situação. Muitos moradores relataram que os telhados de suas residências foram perfurados pelas pedras de gelo, e várias famílias tiveram que deixar suas casas temporariamente para garantir a segurança.

Confira abaixo os maiores acumulados registrados nas últimas 24 horas:


Região
Precipitação (mm)
Planalto Sul120
Litoral Sul110
Grande Florianópolis95
Planalto Norte85

Diante das condições climáticas adversas e do histórico recente de temporais, a Defesa Civil de Santa Catarina emitiu uma série de recomendações para a população. A orientação é que todos fiquem atentos aos alertas emitidos pelo órgão e adotem medidas de segurança para evitar situações de risco. Confira as principais orientações.

A Defesa Civil de Santa Catarina está mobilizada para prestar suporte às famílias afetadas pelos temporais. Em Bocaina do Sul, um dos municípios mais atingidos, a Defesa Civil já distribuiu lonas e outros materiais para auxiliar na proteção de residências cujos telhados foram danificados pelo granizo. Além disso, equipes estão realizando vistorias nas áreas afetadas para avaliar os danos e determinar as ações necessárias para a recuperação das comunidades atingidas.

O órgão também trabalha em conjunto com prefeituras e outras instituições locais para garantir que os recursos cheguem rapidamente às famílias necessitadas. A população é orientada a entrar em contato com a Defesa Civil por meio dos canais oficiais em caso de emergências ou situações de risco.

Apesar da redução das chuvas em algumas regiões de Santa Catarina, o monitoramento continua sendo uma prioridade para a Defesa Civil. As equipes estão de prontidão para agir rapidamente em caso de novos episódios de tempestades. Segundo os meteorologistas, a tendência é que as chuvas se tornem menos intensas nos próximos dias, mas áreas isoladas ainda podem registrar precipitações fortes.

Para acompanhar as atualizações em tempo real, a população pode acessar o site oficial da Defesa Civil de Santa Catarina e seguir as redes sociais do órgão, que divulgam boletins periódicos e alertas de risco. Em caso de emergência, o número 199 está disponível para atendimento.

Workshop destaca inovação com drones e maturadores em canaviais

O setor agrícola brasileiro, em constante busca por inovações e soluções tecnológicas que otimizem a produção e a sustentabilidade das lavouras, reuniu profissionais e especialistas no 3º Workshop Baldan Connected em Ribeirão Preto.

O evento, organizado pela consultoria Baldan, teve como foco principal o uso de drones no manejo dos canaviais e a aplicação de novas tecnologias no campo para aumentar a produtividade e a qualidade da matéria-prima.

A edição deste ano contou com a participação de renomados especialistas, entre eles o consultor Carlos Azania, da Sipcam Nichino Brasil, que apresentou resultados promissores obtidos com o uso do maturador Sprint 50 WG na cana-de-açúcar.

A solução, desenvolvida pela Sipcam Nichino, visa melhorar a qualidade da matéria-prima e ampliar o ATR (Açúcar Total Recuperável) nas áreas tratadas, proporcionando maior eficiência e lucratividade para os produtores. O evento destacou a importância de tecnologias integradas para enfrentar os desafios do setor sucroenergético e promover um manejo agrícola mais sustentável e eficiente.

A utilização de drones na agricultura tem se expandido significativamente nos últimos anos, oferecendo uma gama de benefícios para o monitoramento e manejo das culturas. No setor sucroalcooleiro, esses equipamentos se tornaram aliados estratégicos para aumentar a precisão no controle de pragas, na aplicação de insumos e na avaliação das condições das lavouras.

Durante o Workshop Baldan Connected, especialistas discutiram como os drones vêm sendo usados para realizar mapeamentos detalhados dos canaviais, permitindo uma visão mais ampla e precisa das áreas cultivadas. Esses dispositivos coletam dados em tempo real, que são analisados para identificar áreas que precisam de intervenção, como zonas com estresse hídrico, falhas no plantio ou presença de pragas.

Com essas informações, os produtores podem tomar decisões mais acertadas sobre a aplicação de maturadores e outros insumos, como o Sprint 50 WG, que contribuem para o aumento da eficiência e a redução de custos operacionais. O uso integrado de drones e tecnologias agrícolas avançadas permite um controle mais assertivo do desenvolvimento da cultura, impactando positivamente a produtividade e a qualidade da colheita.

O Sprint 50 WG foi uma das principais inovações apresentadas no workshop. Desenvolvido pela Sipcam Nichino, o maturador tem como objetivo promover o acúmulo de sacarose na cana-de-açúcar, melhorando a qualidade do caldo e aumentando o ATR nas áreas tratadas. O produto pertence à classe das sulfonilureias e utiliza o ortosulfamuron como ativo, o que permite a aplicação em doses menores e com maior eficiência.

De acordo com a engenheira agrônoma Carulina Oliveira, gerente de marketing da Sipcam Nichino, o Sprint 50 WG oferece diversos benefícios para os produtores, como o aumento da capacidade de moagem, a melhora na pureza do caldo e a redução da coloração indesejável do açúcar. “Essa tecnologia é estratégica para enfrentar os desafios atuais, como as mudanças climáticas, a expansão da área cultivada e a maior distância entre lavoura e indústria”, afirmou.

O produto se mostrou eficaz em evitar o florescimento e garantir que a cana atinja o ponto ideal de maturação, mesmo em condições adversas, como as variações climáticas e o aumento da área cultivada. Isso contribui para a ampliação da janela de colheita e o melhor gerenciamento da produção, permitindo um planejamento mais eficiente e sustentável da cadeia produtiva.

Os resultados apresentados pela Sipcam Nichino durante o workshop demonstraram que o uso do Sprint 50 WG proporciona ganhos significativos na produtividade dos canaviais. A aplicação do produto nas áreas testadas levou a um aumento do ATR, um dos principais indicadores de qualidade da cana-de-açúcar. Além disso, o maturador contribuiu para a melhoria do rendimento industrial e da qualidade do caldo, fatores determinantes para o sucesso das usinas e produtores.

Carlos Azania, consultor da Sipcam Nichino Brasil, explicou que o produto foi desenvolvido para atuar de forma eficiente mesmo em doses menores, reduzindo o impacto ambiental e o custo para os produtores. “Trata-se de um recurso que permite acumular sacarose de forma mais eficiente, ampliando a janela de colheita e promovendo um manejo mais sustentável da matéria-prima”, destacou Azania.

O uso do maturador, aliado ao monitoramento realizado com drones, também possibilitou uma avaliação mais precisa das áreas de cultivo, identificando os momentos ideais para a aplicação e colheita. Essa abordagem integrada garante que a cana-de-açúcar seja colhida no ponto ótimo de maturação, resultando em maior eficiência e qualidade do produto final.

A Sipcam Nichino, criada em 1979 a partir da junção das expertises agroquímicas da italiana Sipcam e da japonesa Nichino, é referência em inovação tecnológica para o agronegócio. Com quase um século de atuação no setor, a companhia se destaca pela constante busca por soluções que atendam às necessidades dos produtores de maneira eficiente e sustentável.

O desenvolvimento de produtos como o Sprint 50 WG é um exemplo da capacidade de inovação da Sipcam Nichino. A empresa combina conhecimentos avançados em química agrícola e pesquisa de campo para criar soluções que otimizam o uso de insumos e reduzem o impacto ambiental, contribuindo para o desenvolvimento de uma agricultura mais moderna e competitiva.

“A Sipcam Nichino se preocupa em oferecer ao mercado produtos que não apenas aumentem a produtividade, mas também promovam um manejo mais sustentável e menos impactante ao meio ambiente”, reforçou Carulina Oliveira durante o evento.

O manejo de canaviais envolve uma série de desafios, especialmente em um cenário de mudanças climáticas e expansão das áreas cultivadas. A necessidade de aumentar a produtividade e, ao mesmo tempo, reduzir o impacto ambiental exige soluções inovadoras e integradas que combinem tecnologias de precisão, como drones, e produtos eficientes, como o Sprint 50 WG.

Nesse contexto, a adoção de práticas agrícolas mais sustentáveis é fundamental para garantir a competitividade do setor sucroenergético brasileiro. O uso de maturadores que promovem o acúmulo de sacarose e melhoram a qualidade da matéria-prima permite que os produtores tenham maior controle sobre o desenvolvimento das culturas e aproveitem melhor os recursos disponíveis.

A ampliação da janela de colheita, proporcionada pelo uso do Sprint 50 WG, também é um diferencial importante para o setor. Isso possibilita que a colheita seja planejada de maneira mais eficiente, reduzindo perdas e aumentando a rentabilidade dos produtores e usinas.

Entidades defendem Código Ambiental para garantir segurança jurídica em SC

As entidades representativas do setor produtivo de Santa Catarina estão mobilizadas para defender o Código Estadual de Meio Ambiente, uma legislação que considera as características regionais e assegura um modelo de desenvolvimento sustentável para o estado.

Em uma reunião realizada nesta terça-feira (1º) na sede da Federação das Indústrias de SC (FIESC), representantes do setor produtivo deliberaram pela criação de um documento a ser enviado ao governador Jorginho Mello e aos deputados estaduais, solicitando a proteção e valorização do código.

O movimento visa garantir a segurança jurídica para empreendimentos e pequenas propriedades rurais, em um contexto de crescente tensão entre as normas ambientais estaduais e as decisões do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), além de ações judiciais que desconsideram a autonomia do código ambiental catarinense.

O encontro, que contou com a presença de lideranças de entidades como FIESC, FAESC, FETAESC, OCESC e FECOAGRO, também reforçou a importância da regulamentação do Cadastro Ambiental Rural (CAR) no estado, elemento essencial para a preservação ambiental e o desenvolvimento sustentável.

O Código Estadual de Meio Ambiente de Santa Catarina é uma legislação que reflete as particularidades do território catarinense, abordando questões como preservação de matas nativas, uso do solo e conservação dos recursos hídricos. Criado com ampla participação da sociedade civil e de especialistas ambientais, o código foi validado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o que conferiu solidez jurídica e reconhecimento ao instrumento.

Carlos José Kurtz, diretor jurídico e de relações institucionais da FIESC, destacou que o código foi elaborado com base em estudos técnicos e tem como objetivo proporcionar um equilíbrio entre a preservação ambiental e o desenvolvimento econômico. “O estado precisa ter uma defesa firme em todas as esferas da aplicação do código. Precisamos valorizar esta legislação já consolidada como instrumento de desenvolvimento sustentável e respeitar o pacto federativo, já que a Constituição prevê que a competência da União para legislar deve se limitar a estabelecer normas gerais”, afirmou Kurtz.

O código também contribui para que o estado de Santa Catarina tenha um dos maiores índices de preservação ambiental do país, com cerca de 40% de suas matas nativas preservadas e mais de 1 milhão de hectares de florestas plantadas. Essa preservação é crucial não apenas para a proteção da biodiversidade, mas também para a manutenção dos recursos naturais e a qualidade de vida das comunidades rurais.

Apesar de ser uma referência em legislação ambiental, o Código Estadual de Meio Ambiente de Santa Catarina enfrenta desafios significativos. Recentemente, decisões do IBAMA e sentenças judiciais ignoraram o código, aplicando normas federais que não consideram as especificidades do estado. A situação gera insegurança jurídica para proprietários rurais e empreendimentos, que se veem diante de regras conflitantes e incertezas quanto ao cumprimento das exigências legais.

Essa sobreposição de competências é uma questão que preocupa o setor produtivo catarinense, pois compromete a previsibilidade e a estabilidade necessárias para o desenvolvimento de atividades econômicas sustentáveis. O pedido das entidades é para que o governo estadual e a Assembleia Legislativa se posicionem de maneira mais assertiva na defesa do código, garantindo que a legislação local prevaleça nas decisões ambientais do estado.

Outro ponto abordado durante a reunião foi a necessidade urgente de regulamentação e implantação do Cadastro Ambiental Rural (CAR) em Santa Catarina. O CAR é uma ferramenta estratégica para o monitoramento ambiental e a regularização das propriedades rurais. Por meio do cadastro, é possível identificar áreas de preservação permanente (APP), reservas legais e outras áreas de uso restrito, facilitando o planejamento e a gestão ambiental.

Valdir Colatto, Secretário da Agricultura e Pecuária de SC, enfatizou que a regulamentação do CAR trará mais segurança jurídica para os proprietários rurais. “São mais de 395 mil propriedades rurais em Santa Catarina aguardando pelo andamento do CAR para ter segurança jurídica e manter sua viabilidade econômica”, explicou Colatto.

A lei estadual 18973/24, recentemente aprovada pela Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc), determina a formação de um comitê responsável pela implantação do CAR, sob a gestão da Secretaria da Agricultura. A implementação efetiva do cadastro não apenas contribuirá para a preservação ambiental, mas também para a sustentabilidade econômica dos pequenos e médios produtores rurais, que dependem da clareza nas normas para continuarem suas atividades de maneira legal e sustentável.

As entidades que assinam o documento – FIESC, Federação da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina (FAESC), Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Santa Catarina (FETAESC), Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (OCESC) e Federação das Cooperativas Agropecuárias de Santa Catarina (FECOAGRO) – defendem que a proteção ao Código Estadual de Meio Ambiente é essencial para a manutenção de um modelo de desenvolvimento equilibrado no estado.

Odelir Battistella, presidente da Câmara de Desenvolvimento da Indústria Florestal da FIESC, destacou que Santa Catarina possui uma legislação moderna e abrangente, que permite ao estado combinar desenvolvimento econômico com preservação ambiental. “Nossa legislação contribui para que hoje tenhamos um dos maiores índices de preservação de matas nativas do país, além de termos mais de 1 milhão de hectares de florestas plantadas. Precisamos manter essa legislação em vigor e protegê-la contra interferências que possam comprometer o equilíbrio ambiental que alcançamos”, afirmou Battistella.

O debate sobre a aplicação de normas ambientais no Brasil passa pela questão do pacto federativo, que estabelece as competências legislativas da União, estados e municípios. Segundo Carlos José Kurtz, é fundamental respeitar a autonomia dos estados para legislar sobre questões ambientais de acordo com suas características locais. “O Código Estadual de Meio Ambiente de Santa Catarina foi validado pelo STF, e isso deve ser respeitado. As normas federais devem estabelecer diretrizes gerais, enquanto a aplicação deve considerar as especificidades de cada estado”, destacou.

A defesa do código estadual não significa afastar as diretrizes federais, mas sim assegurar que as normas locais tenham prioridade na gestão ambiental do território, evitando sobreposições e garantindo a segurança jurídica para todos os envolvidos.

A mobilização das entidades catarinenses é um passo importante para garantir a estabilidade e a continuidade das políticas ambientais no estado. O fortalecimento do Código Estadual de Meio Ambiente e a implantação do CAR representam não apenas a preservação dos recursos naturais, mas também o desenvolvimento de um modelo econômico sustentável que respeite as características regionais e promova a inclusão de todos os atores envolvidos.

O documento a ser enviado ao governador e aos deputados estaduais reforça a necessidade de um posicionamento claro e firme na defesa da legislação estadual. A união entre poder público, entidades produtivas e sociedade civil é essencial para manter Santa Catarina como um estado referência em sustentabilidade e desenvolvimento.

Paraná lidera adesão ao Sisan e reforça combate à fome

O Paraná atingiu um marco importante na luta contra a fome e na promoção da segurança alimentar e nutricional. O Estado alcançou a adesão de 319 municípios ao Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan), tornando-se o líder absoluto em números totais no Brasil, representando 24,5% das adesões nacionais.

Esse avanço significativo reforça o compromisso do Paraná em garantir o direito à alimentação saudável e adequada para toda a população, principalmente em um momento em que as questões de segurança alimentar se mostram cada vez mais urgentes.

A integração ao Sisan proporciona aos municípios acesso facilitado a recursos e políticas públicas, permitindo uma atuação mais coordenada entre diferentes esferas de governo e organizações da sociedade civil. Esse esforço conjunto é essencial para enfrentar a fome de forma eficiente e sustentável, unindo estratégias de produção, distribuição e reaproveitamento de alimentos.

O Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan) foi criado pela Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional (Lei nº 11.346/2006), com o objetivo de coordenar e articular políticas públicas destinadas a garantir o direito humano à alimentação adequada. O sistema promove a integração entre governos federal, estadual e municipal, além de envolver a sociedade civil em ações de combate à fome, desenvolvimento de práticas alimentares saudáveis e melhoria das condições nutricionais da população.

O Sisan desempenha um papel fundamental ao monitorar e avaliar a situação de segurança alimentar e nutricional no Brasil, identificando mudanças nas condições de alimentação e propondo ajustes nas políticas públicas para alcançar melhores resultados. A adesão dos municípios ao sistema é voluntária, mas essencial para que possam participar de programas nacionais, como o Plano Brasil sem Fome e a Política Nacional de Abastecimento, que oferecem suporte técnico e financeiro para ações de segurança alimentar.

O Paraná se destaca no cenário nacional ao conquistar a maior adesão de municípios ao Sisan. Com 319 cidades integradas, o Estado demonstra um compromisso sólido e estruturado com a segurança alimentar, indo além das exigências legais e desenvolvendo políticas públicas que beneficiam tanto os consumidores quanto os produtores.

Entre os fatores que contribuíram para esse resultado, estão a atuação eficaz da Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional (Caisan-PR) e do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional do Paraná (Consea-PR), que organizaram uma mobilização abrangente para que mais municípios aderissem ao Sisan. Além disso, o apoio do Ministério Público do Paraná e a sensibilização dos prefeitos em relação à importância da segurança alimentar desempenharam um papel crucial no processo.

A adesão ao Sisan traz uma série de benefícios para os municípios, facilitando o acesso a recursos e programas federais que ajudam a desenvolver e fortalecer políticas locais de segurança alimentar. A partir dessa integração, os municípios paranaenses podem participar de iniciativas como:

  • Plano Brasil sem Fome: Programa nacional que visa erradicar a fome e a insegurança alimentar no Brasil, fornecendo apoio financeiro e técnico para projetos de produção e distribuição de alimentos.
  • Estratégia Alimenta Cidades: Incentiva a construção de sistemas alimentares mais sustentáveis, apoiando a agricultura familiar e o desenvolvimento de mercados locais de alimentos.
  • Política Nacional de Abastecimento: Estabelece diretrizes para garantir o abastecimento contínuo e adequado de alimentos, priorizando a produção local e o consumo consciente.
  • Programa de Aquisição de Alimentos (PAA): Compra de alimentos produzidos por agricultores familiares para serem distribuídos em programas sociais e instituições públicas.

A adesão ao Sisan também promove a articulação entre as diferentes áreas de governo, facilitando a implementação de políticas integradas e mais eficientes no combate à fome. Além disso, possibilita que os municípios compartilhem experiências e aprendizados, fortalecendo a rede de segurança alimentar em todo o Estado.

O Paraná tem investido fortemente em programas e políticas de segurança alimentar. Um dos destaques é o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que beneficia pequenos produtores e promove a distribuição de alimentos saudáveis para a população em situação de vulnerabilidade. Outra iniciativa é a Rede de Banco de Alimentos, que busca reduzir o desperdício e reaproveitar alimentos para atender famílias carentes e instituições sociais.

Além disso, o Estado tem atuado para apoiar a agricultura familiar e promover práticas sustentáveis de produção. O Programa Paraná Rural e o RenovaPR incentivam a produção de alimentos orgânicos e sustentáveis, garantindo renda aos agricultores e ampliando a oferta de alimentos de qualidade no mercado local.

Essas ações integradas contribuem para que o Paraná mantenha um ambiente favorável para a segurança alimentar, oferecendo apoio aos produtores e garantindo o acesso da população a uma alimentação adequada.

O Sisan também desempenha um papel importante no monitoramento e na transparência das políticas de segurança alimentar. No Paraná, os dados e resultados das ações realizadas no âmbito do Sisan são compartilhados com a sociedade por meio de relatórios periódicos, que podem ser acessados no site da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab).

Além disso, o Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional do Paraná (Consea-PR) participa ativamente do processo de avaliação das políticas e das condições alimentares no Estado, garantindo que as iniciativas estejam alinhadas com as necessidades da população e promovam de fato o direito à alimentação adequada.

O coordenador-geral de Articulação Federativa do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Élcio Magalhães, destacou que a mobilização do Paraná serve de exemplo para outros estados do país. Segundo ele, as políticas públicas voltadas à segurança alimentar são essenciais para garantir a dignidade humana e combater as desigualdades sociais.

Magalhães também ressaltou que o Sisan se tornou um instrumento fundamental para a implementação do direito à alimentação, que foi incluído no artigo 6.º da Constituição Federal. “O Sisan proporciona a estrutura necessária para que as políticas públicas possam ser efetivas e para que as ações de combate à fome sejam realizadas de maneira integrada e participativa”, afirmou.

Apesar dos avanços, o combate à fome e a promoção da segurança alimentar no Paraná ainda enfrentam desafios significativos. A pandemia de Covid-19 agravou a insegurança alimentar no país, e muitos municípios paranaenses ainda lidam com altos índices de pobreza e falta de acesso a alimentos de qualidade.

Nesse cenário, a continuidade das políticas públicas e a expansão do Sisan são essenciais para consolidar os avanços alcançados. O fortalecimento da agricultura familiar, a ampliação do acesso a recursos para produção sustentável e a articulação entre diferentes esferas de governo são passos importantes para garantir que a segurança alimentar seja uma realidade em todo o Estado.

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