O Paraná, reconhecido por suas iniciativas sustentáveis, está dando passos significativos na transição energética com foco em hidrogênio renovável (H2R) e biogás. Em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), a Secretaria de Estado do Planejamento está conduzindo estudos detalhados para identificar as oportunidades e os desafios dessas cadeias energéticas no estado.
Recentemente, a Fipe coletou contribuições de diversos setores interessados, com o objetivo de definir as prioridades que nortearão o desenvolvimento dessas fontes de energia limpas e sustentáveis no Paraná. Essas iniciativas são essenciais para consolidar o estado como líder em sustentabilidade no Brasil, criando um ambiente favorável para investimentos e desenvolvimento econômico.
O Paraná já se destacou por sua matriz energética limpa, mas agora está focado em avançar ainda mais, apostando na transição para energias renováveis com o uso do hidrogênio verde e do biogás. Esses esforços visam não apenas reduzir as emissões de carbono, mas também gerar valor econômico e social, impulsionando setores como agricultura, indústria e produção de energia.
A consulta pública realizada pela Fipe, que recebeu 13 contribuições altamente qualificadas, abordou 40 temas essenciais para o setor. O objetivo foi criar uma matriz de priorização, categorizando as medidas que serão implementadas de acordo com sua urgência e impacto. Entre os temas discutidos estão a criação de certificações, disseminação de modelos de negócios e cases de sucesso, expansão do Programa RenovaPR e centralização da governança da transição energética.
O hidrogênio renovável, ou hidrogênio verde, tem sido uma das grandes apostas do Paraná para liderar a transição energética no Brasil. A Fipe, em parceria com o governo estadual, já mapeou diversas iniciativas que destacam o potencial dessa fonte energética. Entre as ações mais recentes, estão o Fórum do Hidrogênio Renovável, o BRDE Sustentável e a criação do Comitê de Governança, que visa consolidar o Paraná como um polo estratégico para o desenvolvimento e uso dessa tecnologia.
As contribuições recebidas no estudo apontam que o hidrogênio verde pode desempenhar um papel fundamental em setores como siderurgia, fertilizantes e gás natural. A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), por exemplo, já sinalizou o interesse em explorar o H2R em suas operações no Paraná, reforçando o papel estratégico do estado nessa cadeia produtiva.
Além disso, a criação de políticas públicas para desonerar a cadeia produtiva do hidrogênio verde, como a Lei do Hidrogênio Renovável (Lei 21.454), e as isenções junto ao Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) são essenciais para atrair investimentos e fomentar a expansão dessa tecnologia no Paraná.
O biogás e o biometano são fontes energéticas que vêm ganhando destaque no Paraná, transformando passivos ambientais em ativos econômicos. Em 2023, o estado implementou uma série de medidas para consolidar esse setor, incluindo incentivos fiscais, como isenção de ICMS para determinadas operações, e adesões a convênios que permitem o crédito presumido para aquisições de biogás.
A consulta realizada pela Fipe também trouxe contribuições valiosas para o avanço do setor de biogás no Paraná. Entre as principais medidas estão a ampliação da política de estímulo à produção de biogás, que antes era focada nos dejetos de proteína animal, e que agora será expandida para incluir resíduos da indústria sucroalcooleira e de celulose. Segundo o secretário de Estado do Planejamento, Guto Silva, essa expansão é fundamental para garantir que pequenos produtores rurais e grandes indústrias possam se beneficiar da transição energética, gerando empregos e ajudando a descarbonizar a economia local.
O sucesso da transição energética no Paraná depende da implementação de uma governança eficaz e da promoção contínua de inovações tecnológicas. O estado já deu passos importantes nessa direção, como a criação do NAPI H2 (Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação), que visa integrar academia, governo e setor privado na busca por soluções inovadoras para a produção e uso de hidrogênio verde.
Além disso, o Comitê de Governança criado em 2024 será responsável por coordenar as ações de transição energética no Paraná, garantindo que as políticas públicas sejam implementadas de maneira eficiente e que o estado continue a atrair investimentos em energias renováveis. A centralização da governança permitirá uma maior sinergia entre os diversos setores envolvidos, facilitando a implementação das iniciativas levantadas pela Fipe.
O governo estadual também está focado em ampliar o Programa RenovaPR, que incentiva o uso de energias renováveis em propriedades rurais. A expansão desse programa é vista como uma das prioridades para 2024, com o objetivo de aumentar a produção de energias limpas e reduzir a dependência de fontes fósseis.
A transição para energias renováveis no Paraná não só contribuirá para a redução das emissões de carbono, como também trará benefícios econômicos significativos para o estado. A produção de hidrogênio verde e biogás tem o potencial de transformar o Paraná em um dos principais polos energéticos do Brasil, atraindo investimentos nacionais e internacionais e criando novas oportunidades de emprego em setores como agricultura, indústria e pesquisa.
Do ponto de vista ambiental, o uso de hidrogênio verde e biogás também terá um impacto positivo, ajudando a reduzir a poluição e a dependência de combustíveis fósseis. A implementação dessas tecnologias contribui diretamente para o cumprimento dos compromissos assumidos pelo Brasil no Acordo de Paris, reforçando o papel do Paraná como um estado líder em sustentabilidade.
Embora o Paraná tenha alcançado avanços significativos na transição energética, ainda há desafios a serem superados. Um dos principais entraves é a necessidade de expandir a infraestrutura para a produção e distribuição de hidrogênio verde e biogás. A Fipe destacou a importância de continuar investindo em pesquisas e desenvolvimentos que possam aumentar a eficiência e reduzir os custos dessas tecnologias.
Outro desafio é garantir que a transição energética seja inclusiva, beneficiando tanto pequenos produtores rurais quanto grandes indústrias. Para isso, é fundamental que o governo continue a promover políticas públicas que incentivem o uso de energias renováveis em todos os setores da economia, criando um ambiente de negócios favorável ao desenvolvimento sustentável.