Epagri lança nova versão do monitoramento do frio para fruteiras de clima temperado

A produção de fruteiras de clima temperado, como maçãs, pêssegos e ameixas, depende de uma série de fatores climáticos, sendo o frio um dos mais cruciais. Durante o final do outono e o início do inverno, essas árvores entram em estado de dormência, momento em que suas atividades metabólicas diminuem drasticamente.

Para que as fruteiras saiam dessa dormência e se desenvolvam adequadamente, é necessário que recebam uma quantidade mínima de frio. No Brasil, onde as regiões de clima temperado são mais restritas, o monitoramento desse frio é essencial para garantir a produção de alta qualidade.

O frio desempenha um papel crucial no ciclo de desenvolvimento das fruteiras de clima temperado. Durante o inverno, essas árvores entram em um estado de dormência, uma espécie de hibernação natural que as protege das baixas temperaturas e reduz suas funções metabólicas ao mínimo. Esse processo é necessário para que as fruteiras possam suportar as variações climáticas e acumular a energia necessária para florescer e frutificar na primavera.

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A quantidade de frio necessária para quebrar a dormência varia de acordo com a espécie da fruteira e as condições climáticas da região. Se as árvores não recebem frio suficiente, sua brotação pode ser comprometida, resultando em menor produção de frutos, de qualidade inferior. Por isso, o monitoramento do frio é essencial, especialmente em países como o Brasil, onde as condições climáticas não são tão rigorosas como em outras regiões de clima temperado.

Métodos de monitoramento: horas de frio e unidades de frio

Para monitorar a quantidade de frio que as fruteiras recebem durante o período de dormência, são utilizados dois métodos principais: as horas de frio e as unidades de frio.

  • Horas de frio: Este método considera a soma das temperaturas registradas abaixo ou iguais a 7,2º C. A contagem começa no início de abril e vai até o final de setembro, período em que o acúmulo de frio é mais relevante para a produção de fruteiras de clima temperado.
  • Unidades de frio: Este cálculo é feito utilizando o Método Carolina do Norte Modificado. Assim como o método de horas de frio, ele também leva em conta o período de abril a setembro, mas considera uma faixa mais ampla de temperaturas, oferecendo um panorama mais detalhado das condições climáticas.

Ambos os métodos são importantes para que os produtores saibam se suas plantações estão recebendo frio suficiente para uma brotação saudável. O monitoramento desses indicadores ajuda os fruticultores a planejar estratégias de cultivo, desde a escolha das espécies mais adequadas para o clima até o momento ideal para a colheita.

Reconhecendo a importância de acompanhar de perto as condições climáticas para a fruticultura, a Epagri/Ciram disponibiliza uma ferramenta de monitoramento do frio em seu site. Essa plataforma oferece informações essenciais sobre as temperaturas registradas em diferentes regiões do estado de Santa Catarina, permitindo que produtores e técnicos acompanhem o acúmulo de horas e unidades de frio ao longo do ano.

Recentemente, a ferramenta foi aprimorada para fornecer dados ainda mais detalhados. De acordo com Angelo Massignam, pesquisador da Epagri/Ciram e um dos responsáveis pelas atualizações, foram adicionados sete novos mapas ao sistema. Esses mapas são particularmente úteis em áreas com poucas estações meteorológicas automáticas, pois a tecnologia utilizada permite interpolar dados de estações próximas para fornecer uma visão mais completa das condições climáticas.

Com essas inovações, a ferramenta agora oferece uma cobertura mais abrangente, ajudando produtores em regiões com menos infraestrutura meteorológica a tomarem decisões informadas sobre suas plantações.

Outra importante atualização feita na ferramenta de monitoramento foi a adição de novos gráficos que comparam a temperatura média do ar registrada no ano atual com a temperatura média climatológica do ar nas últimas três décadas (1993 a 2023). Esse nível de detalhamento é uma valiosa ferramenta para fruticultores e técnicos, que agora podem visualizar como o clima atual se compara com a média histórica, oferecendo uma perspectiva clara sobre as tendências climáticas.

Como Massignam destacou, “esse detalhamento ajuda os fruticultores, técnicos e estudantes vinculados ao setor a acompanhar a evolução das temperaturas deste ano comparadas com à média das temperaturas dos últimos 30 anos”. Esse tipo de informação é crucial para a tomada de decisões, especialmente em um contexto de mudanças climáticas, em que as variações de temperatura podem ter impactos significativos na produção agrícola.

Além dos gráficos e mapas, a ferramenta de monitoramento do frio da Epagri/Ciram oferece boletins mensais, que trazem um resumo das condições climáticas de cada mês. O boletim de setembro de 2024, por exemplo, informou que as horas de frio acumuladas entre 1 de abril e 31 de agosto foram inferiores à média histórica em praticamente todas as localidades monitoradas, com exceção de São Joaquim, que ficou ligeiramente acima da média.

O acúmulo de unidades de frio também ficou abaixo da média em todas as regiões. Essas informações são fundamentais para que os produtores avaliem os possíveis impactos nas suas plantações e ajustem suas estratégias para mitigar os efeitos de um inverno mais ameno do que o esperado.

Os boletins também funcionam como uma ferramenta de alerta para os fruticultores, que podem se preparar com antecedência para lidar com variações climáticas que possam afetar negativamente a brotação e a frutificação.

A fruticultura de clima temperado, especialmente a produção de maçãs, pêssegos e ameixas, depende diretamente das condições climáticas adequadas, sendo o frio um fator determinante para o sucesso da colheita. Quando o inverno não oferece frio suficiente para quebrar a dormência das fruteiras, os resultados podem ser devastadores: brotação tardia, florescimento irregular e menor qualidade dos frutos são algumas das consequências.

No Brasil, onde as áreas de clima temperado são restritas, como o sul do país, a produção de frutas como a maçã tem grande importância econômica. Santa Catarina, por exemplo, é um dos maiores produtores de maçã do país, e as condições climáticas da região desempenham um papel fundamental para garantir safras abundantes e de alta qualidade.

Ferramentas como o monitoramento do frio da Epagri/Ciram são essenciais para ajudar os produtores a se adaptarem às mudanças climáticas e otimizarem seus processos de cultivo. O acompanhamento constante das temperaturas permite que os fruticultores ajustem suas práticas agrícolas, como a escolha das variedades mais adequadas e o momento ideal para a colheita.