Doenças raras que intrigam a ciência

O universo das doenças raras é intrigante e desafiador. Definidas como condições que afetam uma pequena parcela da população, essas doenças, embora pouco conhecidas, têm um impacto profundo na vida dos pacientes e na medicina.

Estima-se que existam cerca de 7.000 doenças raras catalogadas no mundo, que juntas afetam milhões de pessoas, mas cada uma delas apresenta características únicas e geralmente complexas. A baixa prevalência dessas doenças torna o diagnóstico difícil e o tratamento, quando possível, geralmente custoso e limitado.

Antes de falar sobre as doenças específicas, é importante entender o que define uma condição como rara. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma doença é considerada rara quando afeta menos de 1 a cada 2.000 pessoas. No entanto, a prevalência pode variar dependendo do país e da definição local.

Algumas doenças raras são de origem genética, enquanto outras podem ser causadas por fatores ambientais, infecções ou mutações celulares. Muitas delas são diagnosticadas na infância, mas há casos em que os sintomas surgem mais tarde, desafiando médicos e pacientes a encontrarem explicações para sintomas incomuns.

Doenças raras mais conhecidas ao redor do mundo

Abaixo, listamos algumas das doenças mais raras e intrigantes do mundo, cada uma com suas particularidades e desafios médicos.

1. Síndrome de Proteus

A síndrome de Proteus é uma doença extremamente rara e complexa, caracterizada pelo crescimento excessivo de ossos, pele e outros tecidos do corpo. Essa condição é causada por uma mutação no gene AKT1 e faz com que as células afetadas cresçam e se multipliquem de maneira descontrolada. Pessoas com síndrome de Proteus apresentam deformidades severas e crescimento desigual em várias partes do corpo, o que pode afetar a mobilidade e a qualidade de vida.

Tratar a síndrome de Proteus é desafiador, pois as opções são limitadas e focam em gerenciar os sintomas. Frequentemente, os pacientes precisam de intervenções cirúrgicas para melhorar a função dos membros afetados e corrigir deformidades. A síndrome ganhou notoriedade após o caso de Joseph Merrick, o famoso “Homem Elefante”, que viveu no século XIX e foi retratado no cinema.

2. Insensibilidade Congênita à Dor

Imagine viver sem sentir dor. A insensibilidade congênita à dor é uma condição genética rara que impede o indivíduo de sentir dor física. Embora possa parecer uma habilidade especial, essa condição é extremamente perigosa. A dor é um mecanismo de defesa que alerta o corpo sobre lesões e infecções, mas pessoas com essa condição não possuem essa capacidade de alerta, o que aumenta os riscos de ferimentos graves e infecções não percebidas.

Esse distúrbio é causado por mutações em genes que afetam o funcionamento dos nervos responsáveis pela sensação de dor. Infelizmente, ainda não existe tratamento eficaz para essa condição. Pacientes precisam de cuidados intensivos e constante vigilância para evitar acidentes e tratar rapidamente qualquer tipo de lesão.

3. Fibrodisplasia Ossificante Progressiva (FOP)

A fibrodisplasia ossificante progressiva, também conhecida como FOP, é uma doença genética extremamente rara e devastadora. Nela, o tecido muscular e os tendões se transformam em ossos ao longo do tempo, limitando a mobilidade do paciente de forma progressiva. Esse processo de “ossificação” cria uma espécie de “esqueleto extra” ao redor do corpo, prendendo a pessoa em sua própria estrutura óssea.

A FOP é causada por uma mutação no gene ACVR1, e qualquer tipo de trauma ou cirurgia pode acelerar o processo de ossificação. Atualmente, não existe cura para a FOP, e os tratamentos visam apenas aliviar a dor e evitar traumas. Devido à sua raridade, é considerada uma das condições genéticas mais desafiadoras para a medicina moderna.

4. Síndrome de Lesch-Nyhan

A síndrome de Lesch-Nyhan é uma doença genética rara que causa a produção excessiva de ácido úrico, resultando em danos neurológicos e comportamentais graves. Os pacientes com essa condição apresentam comportamentos compulsivos de automutilação, como morder os próprios lábios e dedos. Além disso, a síndrome também causa problemas renais, artrite e dificuldades motoras.

A causa da síndrome de Lesch-Nyhan é uma mutação no gene HPRT1, que afeta a produção de uma enzima crucial no metabolismo do ácido úrico. Embora existam tratamentos para reduzir os níveis de ácido úrico, o controle dos sintomas neurológicos e comportamentais permanece um desafio. Pacientes frequentemente precisam de acompanhamento psicológico e médico intensivo.

5. Doença de Fields

A doença de Fields é uma condição tão rara que apenas alguns casos foram documentados em todo o mundo. Ela é caracterizada por crises neurológicas, incluindo perda de memória, alucinações, espasmos musculares e confusão mental. A doença é de origem desconhecida, e muitos casos não têm diagnóstico específico, o que dificulta ainda mais o tratamento e o gerenciamento dos sintomas.

Devido à sua raridade e à falta de informações detalhadas, a doença de Fields representa um grande mistério para a medicina. Pesquisas ainda estão sendo realizadas para entender melhor as causas dessa condição, mas até o momento, o tratamento é focado em aliviar os sintomas neurológicos.

6. Síndrome de Ondina

Também conhecida como hipoventilação central congênita, a síndrome de Ondina é uma condição rara na qual o paciente perde a capacidade de respirar de maneira autônoma durante o sono. Isso ocorre porque a respiração não é controlada automaticamente pelo cérebro, o que significa que, sem ajuda, o paciente pode parar de respirar ao dormir.

A causa está em uma mutação genética que afeta o sistema nervoso autônomo. Pacientes com a síndrome de Ondina precisam de aparelhos de ventilação para dormir e, em casos graves, até durante o dia. Essa condição não possui cura, e o tratamento visa proporcionar ao paciente uma vida relativamente normal com o suporte necessário.

7. Epidermólise Bolhosa

A epidermólise bolhosa é um grupo de doenças genéticas que causam a fragilidade extrema da pele, resultando em bolhas dolorosas e feridas a partir de qualquer pequeno trauma ou até mesmo de movimentos simples. Essa condição causa muito desconforto e aumenta o risco de infecções graves, devido à dificuldade em cicatrizar.

Pacientes com epidermólise bolhosa precisam de cuidados especiais para proteger a pele e reduzir a formação de bolhas. A doença não possui cura, e o tratamento é paliativo, incluindo bandagens especiais e cremes para minimizar a dor e o risco de infecção.

O tratamento de doenças raras apresenta desafios significativos para a medicina, principalmente devido à falta de conhecimento e de tratamentos específicos. Aqui estão alguns dos principais obstáculos:

  • Falta de pesquisa e informação: Devido à baixa prevalência, essas doenças muitas vezes não recebem a mesma atenção que condições mais comuns, o que dificulta a pesquisa e o desenvolvimento de tratamentos.
  • Diagnóstico tardio ou incorreto: A raridade das condições leva frequentemente a diagnósticos equivocados, o que pode agravar o quadro clínico dos pacientes.
  • Alto custo dos tratamentos: Quando existem tratamentos, eles costumam ser caros e, em muitos casos, não estão disponíveis no sistema de saúde pública.

Organizações e associações de apoio a pacientes com doenças raras desempenham um papel fundamental na luta contra essas condições. Elas trabalham para aumentar a conscientização, promover a pesquisa e garantir o acesso a tratamentos, além de fornecer suporte psicológico e informações aos pacientes e suas famílias.

A conscientização sobre doenças raras é crucial para que haja mais investimento em pesquisas e uma abordagem mais sensível e informada sobre o impacto que essas condições têm na vida dos pacientes. Campanhas como o Dia Mundial das Doenças Raras, celebrado anualmente, ajudam a trazer atenção para essa causa e a destacar as necessidades das pessoas afetadas.

Alesc realiza 10ª edição do Fórum Catarinense de Doenças Raras

A Assembleia Legislativa realiza, nesta quarta-feira (13), a 10ª edição do Fórum Catarinense de Doenças Raras. O evento é organizado pela Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência e conta com o apoio do governo do Estado, da Associação Catarinense de Doenças Raras e demais entidades e empresas. Cerca de 8 mil pessoas têm alguma doença rara em Santa Catarina. A abertura será às 8h30, com encerramento às 18h.

A programação inclui palestras de médicos especialistas. O evento é gratuito e tem como objetivo aumentar a conscientização e a compreensão sobre as doenças raras por meio de informação, acessibilidade e prevenção.

Conforme o deputado Dr. Vicente Caropreso (PSDB), presidente da Comissão de Direitos da Pessoa com Deficiência e proponente do evento, o fórum oferecerá uma oportunidade de socializar avanços científicos e debater soluções para os desafios enfrentados pelos pacientes e suas famílias.

Serão  nove palestras ao longo do dia, que abordarão temas como diagnóstico precoce; aconselhamento genético nas doenças raras; acondroplasia; raquitismo hipofosfatêmico; fibrose cística; angioedema hereditário; doenças desmielinizantes; doenças oculares da tireoide e a inclusão social da pessoa com doença rara.

Doenças raras são de baixa prevalência na população, ou seja, são definidas pelo número reduzido de pessoas afetadas, com 65 indivíduos a cada 100.000. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), elas são caracterizadas por uma ampla diversidade de sinais e sintomas, que variam de enfermidade para enfermidade, assim como de pessoa para pessoa afetada pela mesma condição.

8 mil catarinenses com doenças raras

No Brasil, estima-se que 13 milhões de pessoas tenham doenças raras, sendo que 8,6 mil estão cadastradas no Serviço Estadual de Saúde de Santa Catarina. As famílias desses pacientes convivem com várias dificuldades, que vão desde a obtenção de diagnóstico preciso até a falta de médicos especialistas em genética e o alto custo dos medicamentos, que não estão disponíveis na rede pública e aos quais o paciente só tem acesso por meio judicial.

O Deputado Dr. Vicente defende a criação de mais Centros de Referência para atender pacientes com Doenças Raras em Santa Catarina. Hoje, há apenas uma unidade credenciada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que fica no Hospital Infantil da capital.

Diagnóstico precoce é crucial

O parlamentar, que é médico neurologista, participará da mesa de abertura do evento. Ele é autor da Lei Estadual 18.267/2021, que determina que laboratórios notifiquem as autoridades de saúde sobre os testes do pezinho que apresentem alguma alteração. Diversos problemas de saúde, inclusive doenças raras, são detectados por esse exame. “É fundamental que essas crianças tenham acesso a diagnóstico e tratamento precoce, algo que significa redução de sequelas ou uma vida salva.”

Paraná: Projeto amplia exames gratuitos para prevenir doenças raras em recém-nascidos

FOTO: Dayo Studio

Maternidades e hospitais públicos e privados deverão fazer, gratuitamente, o exame de verificação dos níveis de fosfatase alcalina nos recém-nascidos, que previne doenças no fígado e nos ossos. É o que prevê o Projeto de Lei 68/2024, de autoria da deputada cantora Mara Lima (Republicanos).

A fosfatase alcalina é uma enzima que está presente em diversos tecidos do corpo. A quantidade da substância circulante no corpo pode ser indicativa de diversas doenças no pâncreas, fígado, vias biliares, neoplasia, leucemia, infecções, insuficiência renal, desnutrição, hiperfosfatasemia (alto nível da enzima) e hipofosfatasia (baixo nível).

A hipofosfatasia é uma doença rara genética que afeta especialmente crianças, provocando deformações e fraturas e perda prematura dos dentes de leite

De acordo com o texto, o diagnóstico precoce é decisivo para tratar uma série de síndromes: “A Hipofosfatasia (HPP) é uma doença genética caracterizada por amplo espectro de manifestações clínicas, normalmente relacionadas com a demora do diagnóstico. A HPP é causada por alterações genéticas que resultam na perda de função da enzima fosfatase alcalina, com o potencial de produzir desde defeitos esqueléticos severos decorrentes da falta de mineralização adequada dos ossos, convulsões recorrentes, dores musculares até a perda precoce das dentições tanto decídua quanto permanente”.

Nas suas formas mais graves, a HPP pode levar à morte dos nos primeiros anos de vida. Para as formas leves e moderadas, é possível conviver por anos com os sintomas até que seja diagnosticado de forma tardia.

Desde 2015, há um tratamento efetivo que pode melhorar significativamente a qualidade de vida dos indivíduos diagnosticados, bem como dos seus familiares.

“Estudos demonstram que quanto mais precoce o tratamento, mais evidentes são os benefícios observados e o impacto da doença será significativamente atenuado. Por isso precisamos apoiar iniciativas que permitam o diagnóstico mais precocemente possível para que de forma imediata possam receber o tratamento que comprovadamente atenua os efeitos da doença”, afirma a deputada cantora Mara Lima.

O Projeto de Lei aguarda análise da CCJ, a Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa do Paraná.

Simpósio e Sessão Solene marcam Dia Estadual de Conscientização das Doenças Raras

O Dia Estadual de Conscientização das Doenças Raras, 29 de fevereiro, será celebrado nesta quinta-feira (29) com a realização do II Simpósio Paranaense de Doenças Raras e de uma sessão solene na Assembleia Legislativa do Estado do Paraná.

A deputada estadual Maria Victoria (PP) – autora da lei que estabeleceu o Dia Estadual de Conscientização das Doenças Raras (18.646/2015) e da lei que instituiu no Paraná o Fevereiro Lilás (19.426/2018) – explica que o Simpósio contará com palestras e mesas redondas envolvendo médicos, pesquisadores, especialistas, profissionais de saúde, pacientes e familiares para debater os avanços e assuntos mais recentes sobre doenças raras.

“Será um grande momento para sensibilizar a população, profissionais e estudante de saúde, educação e assistência social. Queremos ampliar o acesso às pesquisas e informações mais recentes, que podem fazer a diferença no diagnóstico e no atendimento aos pacientes e familiares”, afirma Maria Victoria.

Entre os palestrantes do simpósio estão o doutor Salmo Raskin, membro da Sociedade Brasileira de Genética Médica e diretor científico do Departamento de Genética da Sociedade Brasileira de Pediatria; doutora Mara Lúcia Schmidt Santos – Neurologista e Coordenadora do Ambulatório de Doenças Raras do Hospital Pequeno Príncipe e Aline Jarschel de Oliveira, chefe da divisão de Saúde da Pessoa com Deficiência e Doenças Raras da Secretaria Estadual da Saúde (SESA).

O II Simpósio Paranaense de Doenças Raras – Conquistas & Desafios começa às 8h30 e segue até 17h30 no auditório do Museu Oscar Niemeyer (MON). A programação completa e as inscrições podem ser feitas pelo link (http://bit.ly/SimposioRaras).

Sessão Solene

A partir das 18h30, a Assembleia Legislativa promove, por solicitação da deputada Maria Victoria, Sessão Solene para homenagear homens e mulheres que auxiliam pacientes com doenças raras e seus familiares, profissionais e voluntários que ajudam na divulgação de informações sobre diagnósticos, tratamentos e na sensibilização da sociedade sobre o tema.

Fevereiro Lilás

O Fevereiro Lilás é o mês destinado a conscientização sobre doenças e síndromes raras. Estão sendo realizadas ações em diversas cidades do Paraná para sensibilizar a população paranaense a respeito dos tipos de doenças existentes; seus sintomas, tratamentos, diagnósticos e, principalmente, para estimular a inclusão.

Doenças Raras

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), doença rara é a que afeta até 65 pessoas em cada 100 mil indivíduos. O número exato de doenças raras não é conhecido, mas estima-se entre 6 mil a 8 mil tipos diferentes em todo o mundo. Hoje cerca de 13 milhões de brasileiros têm diagnósticos de doenças raras, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O Ministério da Saúde informa que as doenças raras são caracterizadas por uma ampla diversidade de sinais e sintomas e variam não só de doença para doença, mas também de pessoa para pessoa acometida pela mesma condição. Manifestações relativamente frequentes podem simular doenças comuns, dificultando o seu diagnóstico.

Geralmente, as doenças raras são crônicas, progressivas e incapacitantes, podendo ser degenerativas e também levar à morte, afetando a qualidade de vida das pessoas e de suas famílias.

Além disso, muitas delas não possuem cura, de modo que o tratamento consiste em acompanhamento clínico, fisioterápico, fonoaudiológico, psicoterápico, entre outros, com o objetivo de aliviar os sintomas ou retardar seu aparecimento.

O Brasil adota a Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doenças Raras, que organiza desde 2014 a rede de atendimento para prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação. O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza atendimentos para prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação de pessoas com doenças raras, além de tratamento dos sintomas.

Dia Estadual de Conscientização das Doenças Raras

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