Exportações de carne suína e frango catarinense atingem recordes históricos em julho

Santa Catarina, conhecida por sua forte tradição agropecuária, atingiu novos patamares históricos nas exportações de carne suína e de frango em julho de 2024.

Dados recentes do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), analisados pelo Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa) e divulgados pelo Observatório Agro Catarinense, revelam um crescimento expressivo tanto no volume de embarques quanto nas receitas geradas, confirmando o Estado como líder absoluto no setor.

No mês de julho, as exportações de carne suína de Santa Catarina alcançaram 72,8 mil toneladas, incluindo carne in natura, industrializada e miúdos. Esse volume representa um aumento de 30,7% em relação ao mês anterior, enquanto as receitas geradas chegaram a US$ 174,9 milhões, um crescimento de 35,7%.

Esses números marcam o melhor resultado da série histórica, refletindo o comprometimento do setor com a qualidade e a sanidade do produto, características que têm sido determinantes para a conquista e manutenção de mercados internacionais exigentes.

Em comparação com julho de 2023, o crescimento foi ainda mais acentuado: 35,5% no volume exportado e 31,2% nas receitas. A forte demanda por carne suína catarinense, especialmente em mercados como as Filipinas e o Japão, contribuiu significativamente para esses resultados. Vale destacar o desempenho das Filipinas, que registraram um aumento de 93% no volume de embarques, e do Japão, com um crescimento de 12,8%.

O sucesso das exportações catarinenses está diretamente ligado à dedicação e ao rigor dos produtores locais. Segundo o governador Jorginho Mello, “o mundo inteiro quer comprar o que a gente produz aqui em Santa Catarina. É porque a gente tem um cuidado diferenciado, nosso produtor respeita muito todas as regras para vender para o exterior.

É essa dedicação catarinense que traz esses resultados recordes e históricos”. Essa declaração reforça a percepção de que o diferencial da carne suína catarinense está na atenção aos detalhes e no cumprimento rigoroso das normas sanitárias internacionais.

O secretário de Estado da Agricultura e Pecuária, Valdir Colatto, também ressaltou a importância da qualidade e da sanidade do produto para o sucesso das exportações. “Santa Catarina foi responsável por 56,1% da quantidade e 58% das receitas das exportações brasileiras de carne suína dos sete primeiros meses deste ano.

Nosso Estado é campeão nacional na produção de carne suína, isso é resultado de todo trabalho da cadeia produtiva e do compromisso do Governo do Estado com a sanidade e qualidade da proteína animal”, destacou Colatto.

Um dos fatores que mais chamou a atenção foi a retomada das compras por parte da China, que vinha apresentando quedas nos últimos meses. Em julho, os embarques para o mercado chinês registraram um crescimento de 28,7% em quantidade e 30,1% em receita em comparação com junho. Esse movimento reflete a recuperação da demanda chinesa e a importância do mercado asiático para as exportações catarinenses.

Além da China, outros mercados asiáticos, como as Filipinas e o Japão, também mostraram crescimento significativo, consolidando a presença da carne suína catarinense na região. A diversificação dos mercados tem sido uma estratégia essencial para mitigar os impactos de eventuais retrações em mercados específicos e garantir a estabilidade das exportações.

Não foi apenas a carne suína que teve um desempenho histórico em julho. As exportações de frango, tanto in natura quanto industrializado, também registraram alta significativa. Santa Catarina exportou 103,2 mil toneladas de frango, representando um aumento de 11,8% em comparação com junho e 14,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. As receitas geradas chegaram a US$ 206 milhões, um crescimento de 18,1% em relação a junho e de 5,2% na comparação com julho de 2023.

Os destinos que mais se destacaram nesse crescimento foram o Japão, com um aumento de 42,4% em quantidade e 47,8% em valor, e a China, com 22,1% de crescimento em quantidade e impressionantes 49,9% em receita. Esses números reforçam a importância da carne de frango catarinense no mercado global, especialmente em mercados asiáticos exigentes.

Santa Catarina tem desempenhado um papel fundamental nas exportações brasileiras de carnes, tanto suína quanto de frango. No acumulado de janeiro a julho de 2024, o Estado foi responsável por 56,1% da quantidade e 58% das receitas das exportações brasileiras de carne suína, além de 23,6% das receitas de exportação de carne de frango. Esses números confirmam a liderança do Estado no setor, fruto de um trabalho árduo e contínuo de toda a cadeia produtiva, que vai desde o campo até os portos.

Além das exportações de suínos e frangos, Santa Catarina também se destacou na exportação de outras carnes, como peru, pato, marreco e bovinos. Em julho, o Estado exportou um total de 183 mil toneladas de carnes, o que representa um aumento de 17,3% em relação ao mês anterior e 21,4% em comparação com julho de 2023. As receitas geradas por essas exportações chegaram a US$ 392,7 milhões, um crescimento de 23,9% em relação a junho e de 14,1% em comparação com o mesmo período do ano passado.

Paraná atinge novos patamares com 2.081 produtos exportados

Nos últimos cinco anos, o Paraná experimentou uma transformação significativa em seu perfil de exportações, ampliando a gama de produtos e alcançando novos mercados internacionais. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), compilados pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), o estado registrou um crescimento de 9% nas exportações entre 2018 e 2023.

Entre os produtos que passaram a integrar a relação de mercadorias exportadas pelo Paraná estão resíduos de platina, prensas para fabricação de painéis de partículas de madeira e farinhas de peixes, crustáceos ou moluscos. No ano passado, as exportações do estado envolveram 2.081 produtos diferentes, de acordo com a Classificação Uniforme para o Comércio Internacional (CUCI), 168 a mais que as 1.913 mercadorias registradas em 2018. Somente esses novos itens adicionaram US$ 9 milhões às receitas geradas pelas vendas externas do Paraná, demonstrando os efeitos positivos da diversificação das vendas ao exterior.

De acordo com Jorge Callado, diretor-presidente do Ipardes, os números não apenas destacam a inserção internacional das grandes organizações paranaenses, mas também refletem a competitividade das pequenas e médias empresas. Parte dos novos produtos que entraram no cardápio das exportações é produzida por esses negócios menores, mostrando a importância deles na conquista de novos mercados internacionais.

“A observação dos variados produtos comercializados permite afirmar que os empreendimentos locais de pequeno e médio porte têm uma participação significativa na expansão das exportações, elevando os impactos positivos sobre a economia do estado”, afirma Callado.

Em 2023, as exportações do Paraná somaram US$ 25,3 bilhões, um recorde anual para o estado, com um aumento de 13,7% em relação ao ano anterior. No primeiro semestre de 2024, a receita já alcançou US$ 11,5 bilhões. Os principais produtos exportados incluem soja em grão, carne de frango in natura e farelo de soja, com a soja representando atualmente 26,3% das receitas de exportação do estado.

Além da crescente diversidade de mercadorias, as exportações paranaenses têm alcançado um número maior de destinos. Em 2023, mercados como Laos, Síria, Ruanda e Montenegro receberam produtos do Paraná pela primeira vez desde 2018. No total, os bens produzidos no estado foram exportados para 215 mercados internacionais, acima dos 210 destinos registrados em 2018.

Com essa evolução, o Paraná subiu da 4ª para a 3ª posição no ranking dos estados que exportam para o maior número de territórios. Em 2023, a diferença do Paraná para São Paulo, que historicamente lidera o ranking, foi de apenas 18 mercados, evidenciando ainda mais o empreendedorismo exportador da classe empresarial do estado.

Os produtos do Paraná chegam a territórios que não estão incluídos nem na lista de países da Organização das Nações Unidas (ONU) nem nas seleções listadas pela Federação Internacional de Futebol (FIFA). A lista inclui 22 localidades a mais do que os estados-membros da ONU e cinco a mais que a FIFA. Essa diferença se deve à política internacional, já que alguns territórios que recebem produtos paranaenses pertencem a outros estados soberanos, como algumas ilhas do Caribe ou do Pacífico que são colônias de países europeus.

João Irineu de Resende Miranda, doutor em Direito Internacional e professor da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), explica que a configuração da ONU é política, enquanto as exportações seguem critérios econômicos. Para configurar na listagem do comércio internacional, esses territórios precisam ter portos para fins alfandegários, que registram a entrada e saída de mercadorias, mas politicamente são ligados a outros países.

“Por serem muito pequenos ou isolados, é interessante para esses locais ter regras próprias para se abrirem ao mercado internacional, já que são territórios que não produzem alguns bens e dependem de importação”, destaca Miranda. “Essa inserção no mercado internacional é importante para o Paraná, que produz em uma escala muito superior ao comércio regional interno. Isso possibilita a entrada de recursos em moeda forte, como o dólar, que tem peso na balança comercial do estado.”

Os impactos econômicos das exportações diversificadas e expandidas são significativos para o Paraná. A entrada de novos produtos e a exploração de novos mercados internacionais não apenas aumentam as receitas do estado, mas também promovem o desenvolvimento de pequenas e médias empresas, gerando emprego e renda.

A diversificação das exportações também fortalece a resiliência econômica do estado, reduzindo a dependência de um número limitado de produtos e mercados. Essa estratégia é fundamental para enfrentar possíveis crises econômicas e variações no mercado internacional.

Para o futuro, é essencial continuar investindo na inovação e qualidade dos produtos exportados, além de explorar novas oportunidades de mercado. O apoio governamental e institucional, como o oferecido pelo Ipardes, é crucial para fornecer informações, capacitação e suporte técnico às empresas que desejam expandir suas operações no exterior.

Foto: Rodrigo Félix Leal/SEIL

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