Nos últimos cinco anos, o Paraná experimentou uma transformação significativa em seu perfil de exportações, ampliando a gama de produtos e alcançando novos mercados internacionais. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), compilados pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), o estado registrou um crescimento de 9% nas exportações entre 2018 e 2023.
Entre os produtos que passaram a integrar a relação de mercadorias exportadas pelo Paraná estão resíduos de platina, prensas para fabricação de painéis de partículas de madeira e farinhas de peixes, crustáceos ou moluscos. No ano passado, as exportações do estado envolveram 2.081 produtos diferentes, de acordo com a Classificação Uniforme para o Comércio Internacional (CUCI), 168 a mais que as 1.913 mercadorias registradas em 2018. Somente esses novos itens adicionaram US$ 9 milhões às receitas geradas pelas vendas externas do Paraná, demonstrando os efeitos positivos da diversificação das vendas ao exterior.
De acordo com Jorge Callado, diretor-presidente do Ipardes, os números não apenas destacam a inserção internacional das grandes organizações paranaenses, mas também refletem a competitividade das pequenas e médias empresas. Parte dos novos produtos que entraram no cardápio das exportações é produzida por esses negócios menores, mostrando a importância deles na conquista de novos mercados internacionais.
“A observação dos variados produtos comercializados permite afirmar que os empreendimentos locais de pequeno e médio porte têm uma participação significativa na expansão das exportações, elevando os impactos positivos sobre a economia do estado”, afirma Callado.
Em 2023, as exportações do Paraná somaram US$ 25,3 bilhões, um recorde anual para o estado, com um aumento de 13,7% em relação ao ano anterior. No primeiro semestre de 2024, a receita já alcançou US$ 11,5 bilhões. Os principais produtos exportados incluem soja em grão, carne de frango in natura e farelo de soja, com a soja representando atualmente 26,3% das receitas de exportação do estado.
Além da crescente diversidade de mercadorias, as exportações paranaenses têm alcançado um número maior de destinos. Em 2023, mercados como Laos, Síria, Ruanda e Montenegro receberam produtos do Paraná pela primeira vez desde 2018. No total, os bens produzidos no estado foram exportados para 215 mercados internacionais, acima dos 210 destinos registrados em 2018.
Com essa evolução, o Paraná subiu da 4ª para a 3ª posição no ranking dos estados que exportam para o maior número de territórios. Em 2023, a diferença do Paraná para São Paulo, que historicamente lidera o ranking, foi de apenas 18 mercados, evidenciando ainda mais o empreendedorismo exportador da classe empresarial do estado.
Os produtos do Paraná chegam a territórios que não estão incluídos nem na lista de países da Organização das Nações Unidas (ONU) nem nas seleções listadas pela Federação Internacional de Futebol (FIFA). A lista inclui 22 localidades a mais do que os estados-membros da ONU e cinco a mais que a FIFA. Essa diferença se deve à política internacional, já que alguns territórios que recebem produtos paranaenses pertencem a outros estados soberanos, como algumas ilhas do Caribe ou do Pacífico que são colônias de países europeus.
João Irineu de Resende Miranda, doutor em Direito Internacional e professor da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), explica que a configuração da ONU é política, enquanto as exportações seguem critérios econômicos. Para configurar na listagem do comércio internacional, esses territórios precisam ter portos para fins alfandegários, que registram a entrada e saída de mercadorias, mas politicamente são ligados a outros países.
“Por serem muito pequenos ou isolados, é interessante para esses locais ter regras próprias para se abrirem ao mercado internacional, já que são territórios que não produzem alguns bens e dependem de importação”, destaca Miranda. “Essa inserção no mercado internacional é importante para o Paraná, que produz em uma escala muito superior ao comércio regional interno. Isso possibilita a entrada de recursos em moeda forte, como o dólar, que tem peso na balança comercial do estado.”
Os impactos econômicos das exportações diversificadas e expandidas são significativos para o Paraná. A entrada de novos produtos e a exploração de novos mercados internacionais não apenas aumentam as receitas do estado, mas também promovem o desenvolvimento de pequenas e médias empresas, gerando emprego e renda.
A diversificação das exportações também fortalece a resiliência econômica do estado, reduzindo a dependência de um número limitado de produtos e mercados. Essa estratégia é fundamental para enfrentar possíveis crises econômicas e variações no mercado internacional.
Para o futuro, é essencial continuar investindo na inovação e qualidade dos produtos exportados, além de explorar novas oportunidades de mercado. O apoio governamental e institucional, como o oferecido pelo Ipardes, é crucial para fornecer informações, capacitação e suporte técnico às empresas que desejam expandir suas operações no exterior.
Foto: Rodrigo Félix Leal/SEIL