Monitoramento da cigarrinha-do-milho em Santa Catarina

O monitoramento da cigarrinha-do-milho é essencial para garantir a saúde das lavouras e a produtividade das safras no Brasil. Santa Catarina, um dos principais estados produtores de milho, mantém sob vigilância a população desse inseto, que transmite doenças graves para a planta, como o mosaico-estriado e os patógenos do complexo de enfezamentos.

O sétimo boletim de monitoramento da safra 2024/25 mostra que, durante a entressafra, a incidência da cigarrinha permanece baixa, mas o aumento de sua presença em lavouras em estágio inicial já gera preocupação.

A Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina), por meio da pesquisadora Maria Cristina Canale Rappussi da Silva, alerta para a necessidade de atenção contínua e recomendações específicas para o manejo da cigarrinha, com o uso de inseticidas químicos aliados a biológicos. Esse controle é fundamental para evitar que a infestação do inseto cresça e comprometa a produção das próximas safras.

image 6 8

A cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis) é um inseto pequeno, mas altamente destrutivo, que pode transmitir doenças capazes de reduzir drasticamente a produtividade das lavouras de milho. Entre os patógenos transmitidos pela cigarrinha, estão o fitoplasma do enfezamento vermelho, o espiroplasma do enfezamento pálido e o vírus-do-mosaico-estriado, sendo este último detectado na sétima semana de análise.

Esses patógenos causam o que se chama de “enfezamento” na planta, um conjunto de doenças que afetam o desenvolvimento do milho, comprometendo a absorção de nutrientes e reduzindo a produção de grãos. A pesquisadora Maria Cristina destaca que o monitoramento regular é crucial para evitar que surtos dessas doenças ocorram, especialmente em fases iniciais de plantio.

Criado em 2021, o programa Monitora Milho SC é uma iniciativa do Comitê de Ação contra Cigarrinha-do-Milho e Patógenos Associados, que reúne a Epagri, Udesc, Cidasc, Ocesc, Fetaesc, Faesc, CropLife Brasil e a Secretaria de Estado da Agricultura e Pecuária. O objetivo do programa é monitorar de forma sistemática a presença da cigarrinha-do-milho nas lavouras de Santa Catarina, fornecendo informações valiosas para a tomada de decisão dos produtores sobre o manejo das lavouras.

O programa conta com um boletim semanal que atualiza a situação da cigarrinha no estado, incluindo informações sobre a população do inseto, níveis de infectividade e recomendações de manejo. Até o momento, o cenário é considerado positivo, já que não foram detectados outros patógenos do complexo de enfezamento além do vírus-do-mosaico-estriado, mas a situação pode mudar rapidamente com a chegada da nova safra.

Um dos principais recursos oferecidos pelo programa é o aplicativo Monitora Milho SC, desenvolvido pela Epagri para ajudar produtores e técnicos a acompanhar a situação da cigarrinha em tempo real. Disponível para download gratuito em dispositivos Android (e em breve para iOS), o app permite monitorar a população da cigarrinha e sua infectividade em diferentes regiões de Santa Catarina.

O app é fácil de usar: após um cadastro simples, os usuários podem acessar um mapa do estado com os pontos de monitoramento e verificar os níveis populacionais da cigarrinha em cada área. Além disso, o aplicativo fornece recomendações de manejo baseadas nos dados coletados, ajudando os produtores a agir rapidamente para proteger suas lavouras.

A pesquisadora Maria Cristina destaca a importância do uso contínuo do aplicativo para um acompanhamento regular. “O status de infectividade da cigarrinha pode mudar de uma semana para outra, por isso é essencial que os produtores utilizem o app como uma ferramenta de suporte na tomada de decisões”, afirma.

Apesar do cenário favorável na safra 2024/25 até o momento, as recomendações de manejo continuam a ser seguidas rigorosamente para evitar o aumento da população da cigarrinha e, consequentemente, a disseminação dos patógenos que ela carrega. Entre as medidas recomendadas pela Epagri, estão:

  1. Eliminação do milho voluntário: Também conhecido como milho guaxo ou tiguera, essas plantas surgem espontaneamente durante a entressafra e servem de abrigo para a cigarrinha, além de serem reservatórios para os patógenos. A eliminação dessas plantas é essencial para reduzir a população de cigarrinhas na safra seguinte.
  2. Uso de inseticidas: O controle químico ainda é uma das ferramentas mais eficazes para reduzir a incidência da cigarrinha-do-milho. Inseticidas devem ser aplicados em lavouras em fase de manejo inicial, especialmente quando são identificados níveis mais altos de infestação.
  3. Controle biológico: Quando possível, o uso de agentes biológicos no controle da cigarrinha é recomendado, uma vez que pode reduzir a necessidade de defensivos químicos, preservando a saúde do solo e do ambiente.
  4. Monitoramento contínuo: Produtores devem seguir acompanhando o monitoramento regular da cigarrinha por meio de boletins semanais e do aplicativo Monitora Milho SC. O acompanhamento contínuo permite a adoção de medidas preventivas e corretivas com maior precisão.

A pesquisadora Maria Cristina ressalta que o sucesso do manejo integrado da cigarrinha depende da participação ativa dos produtores. Segundo ela, embora os enfezamentos sejam conhecidos há décadas no Brasil, os surtos têm se tornado mais frequentes, o que torna necessária uma convivência proativa com o problema.

Os dados fornecidos pelo programa Monitora Milho SC permitem aos agricultores tomar decisões mais embasadas e assertivas, o que, em conjunto com práticas de manejo regionalizado, pode mitigar os impactos da cigarrinha. “É preciso que os produtores se envolvam diretamente no processo de monitoramento e controle, adotando as medidas indicadas para cada região”, reforça Maria Cristina.

O aplicativo Monitora Milho SC não serve apenas para consulta. Ele também permite que produtores e técnicos enviem dados diretamente aos pesquisadores da Epagri. Isso inclui informações sobre a presença de milho voluntário em suas áreas, que pode ser um foco para a população de cigarrinhas.

Essa colaboração entre produtores e pesquisadores é crucial para um monitoramento mais preciso da cigarrinha e para a adoção de medidas mais eficazes em todas as regiões de Santa Catarina. Além disso, ao encaminhar dados como fotos e coordenadas geográficas das áreas afetadas, os produtores contribuem para o aprimoramento contínuo das estratégias de controle.

O aplicativo Monitora Milho SC está disponível para download gratuito em dispositivos Android, com uma versão para iOS em desenvolvimento. Para utilizar o app, basta fazer um cadastro rápido com e-mail e senha, e em seguida acessar todas as funcionalidades disponíveis.

Em caso de dúvidas sobre o uso do aplicativo, os produtores podem buscar apoio diretamente na Epagri de seus municípios ou no Centro de Pesquisa para a Agricultura Familiar (Cepaf/Epagri), que atua na coordenação do programa.

Sair da versão mobile