Projeção de safra no Paraná aponta alta no plantio de soja e milho e perdas no trigo

A Projeção Subjetiva de Safra (PSS) divulgada pelo Departamento de Economia Rural (Deral), nesta quinta-feira (26), traz um panorama atualizado sobre as principais culturas de grãos no Paraná. O destaque do relatório é o avanço expressivo no plantio das culturas de verão, como a soja e o milho, favorecido pelas condições climáticas dos últimos dias. Entretanto, o documento também refina os dados sobre as perdas significativas na safra de trigo 2023/2024, resultantes da seca e das geadas que afetaram o estado durante o inverno.

Com 10% dos 5,8 milhões de hectares destinados ao plantio de soja já semeados, o Paraná segue batendo recordes de área cultivada, enquanto o milho também avança dentro da normalidade. Por outro lado, o cenário para o trigo é preocupante, com uma perda de 32% na produção inicialmente projetada, gerando um prejuízo financeiro superior a R$ 1 bilhão.

A cultura da soja continua sendo uma das mais importantes para o Paraná, e a Projeção Subjetiva de Safra revela um avanço significativo no plantio da safra 2024/2025. Dos 5,8 milhões de hectares previstos para a soja, cerca de 10% já foram semeados, graças às condições climáticas favoráveis que permitiram aos produtores acelerar o processo. Essa área cultivada é um recorde para o estado, com uma expectativa de produção de 22,4 milhões de toneladas.

Se essa previsão se confirmar, a safra de soja 2024/2025 será 21% maior do que a anterior, que totalizou 18,5 milhões de toneladas. O agrônomo Edmar Gervásio, analista do Deral, destacou que “os produtores tiveram um avanço significativo no plantio em um curto espaço de tempo”, aproveitando o clima propício.

A maior parte da produção de soja está concentrada na região Sul do Paraná, que responde por 1,67 milhão de hectares, ou 28,7% da área total. Em seguida, a região Norte, com 1,48 milhão de hectares, representa 25,4% do cultivo estadual. Com o clima favorável se mantendo nas próximas semanas, espera-se que o ritmo acelerado de plantio continue, garantindo uma safra promissora.

O milho, outra cultura de grande relevância para a economia agrícola do Paraná, também tem apresentado um bom desenvolvimento nesta primeira safra de 2024/2025. De acordo com o relatório do Deral, o plantio já alcançou 60% dos 257 mil hectares previstos para a primeira safra, e a expectativa é de que o processo seja concluído dentro dos próximos 15 dias, caso as condições climáticas continuem favoráveis.

As regiões de Ponta Grossa e Guarapuava são as principais produtoras de milho, com o plantio já avançado em 85% e 70% da área, respectivamente. A estimativa atual de produção para a primeira safra de milho é de 2,6 milhões de toneladas, um aumento de 3% em relação à safra passada, que produziu 2,5 milhões de toneladas.

Os preços do milho no mercado estão estáveis, situando-se acima dos custos de produção, o que traz otimismo para os produtores. Segundo Gervásio, “até o momento, temos a expectativa de uma boa safra”, com o clima contribuindo para o desenvolvimento saudável das plantações.

Embora o cenário seja positivo para a soja e o milho, a safra de trigo 2023/2024 foi fortemente impactada por fatores climáticos adversos. A seca prolongada e as geadas que atingiram o Paraná durante o inverno resultaram em uma perda de 32% na produção inicialmente projetada, reduzindo a estimativa de 3,8 milhões de toneladas para 2,6 milhões de toneladas.

As perdas financeiras associadas a essa redução de produção são significativas, ultrapassando R$ 1 bilhão. No entanto, os contratos de seguro agrícola firmados pelos produtores podem minimizar os prejuízos, oferecendo alguma proteção financeira.

A colheita do trigo já se aproxima da metade da área semeada no estado, que é de 1,15 milhão de hectares. As regiões mais afetadas foram aquelas com maior exposição às variações climáticas, principalmente as regiões mais secas do estado.

Além do trigo, outras culturas de inverno também sofreram perdas. A cevada, por exemplo, teve uma redução de 14% na produção, resultando em uma colheita estimada de 291 mil toneladas, ante um potencial de 340 mil toneladas. A aveia, por sua vez, deve registrar uma perda de 26%. Contudo, como a cultura da aveia permite colheita em áreas alternativas, esses números ainda podem ser reavaliados conforme o ciclo avança.

O relatório do Deral também revisou as estimativas para a safra de feijão 2024/2025, apontando um aumento na área plantada. A previsão inicial era de que 131 mil hectares fossem destinados à cultura na primeira safra, mas o número foi revisado para 138 mil hectares, impulsionado pelos preços favoráveis do feijão preto.

Atualmente, a saca de feijão preto está cotada acima de R$ 300,00, um aumento de quase 30% em comparação ao ano anterior, quando o preço girava em torno de R$ 225,00. Essa valorização do produto no mercado fez com que mais produtores investissem na cultura, ampliando a área cultivada.

As chuvas registradas nas últimas semanas contribuíram para restabelecer as condições hídricas em áreas-chave para o cultivo de feijão, especialmente no Sul do estado. Embora o ciclo da safra esteja apenas no início, as expectativas são de uma colheita robusta, estimada em 266,8 mil toneladas, caso as condições climáticas permaneçam favoráveis.

A mandioca é outra cultura que tem apresentado resiliência no Paraná, mesmo diante das adversidades climáticas. A área cultivada com mandioca aumentou 4% nesta safra, passando de 139,6 mil hectares para 145,3 mil hectares. Como resultado, a produção esperada também subiu 8%, chegando a 3,8 mil toneladas.

A resiliência da mandioca é um fator positivo em tempos de seca, pois a cultura consegue se adaptar melhor a condições adversas, mantendo uma produtividade considerável. A previsão é de que, com a continuidade das chuvas, a safra de mandioca no Paraná mantenha um bom desempenho até o final do ciclo.

O Deral também divulgou o Boletim de Conjuntura Agropecuária, que traz uma análise mais ampla sobre outras áreas do agronegócio no estado. O boletim aborda, entre outros temas, os preços do leite pago aos produtores, as condições do rebanho suíno e o valor bruto da produção de flores no Paraná.

Essas informações são importantes para entender o cenário geral da agropecuária no estado e como as diferentes cadeias produtivas estão se comportando diante das variações climáticas e do mercado. O boletim também traz perspectivas sobre as condições climáticas para os próximos meses, que serão decisivas para a conclusão das safras de verão.

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