A pandemia de covid-19 trouxe à tona a vulnerabilidade global frente a crises de saúde. Em resposta, a Cúpula Global de Preparação para Pandemias reuniu especialistas de diversas partes do mundo no Rio de Janeiro para discutir estratégias e soluções que possam prevenir ou mitigar os impactos de futuras pandemias.
Com a participação de autoridades como a ministra da Saúde do Brasil, Nísia Trindade, e líderes de organizações internacionais, o evento destacou a importância da colaboração internacional, da equidade no acesso a recursos e da inovação na área da saúde.
O alerta global: “A próxima pandemia pode vir de qualquer lugar”
A mensagem central da Cúpula foi clara: a próxima pandemia é uma questão de “quando”, não de “se”. Essa perspectiva reforça a necessidade urgente de preparação e colaboração global. A pandemia de covid-19, que resultou em mais de 7 milhões de mortes em todo o mundo, serviu como um aviso severo das consequências de uma resposta inadequada e desigual.
Um dos principais pontos discutidos foi a “Missão 100 Dias”, uma iniciativa global para desenvolver, produzir e distribuir vacinas e tratamentos eficazes dentro de um prazo de pouco mais de três meses desde a identificação de uma nova ameaça pandêmica. A ministra Nísia Trindade garantiu que o Brasil está capacitado para participar desta missão, destacando o compromisso do país com a ciência e a inovação.
“A missão 100 Dias representa um terço do tempo que levamos para desenvolver uma vacina contra a covid-19”, explicou Trindade. “Com essa iniciativa, esperamos ser capazes de interromper uma nova pandemia ainda no início, poupando inúmeras vidas.”
O Brasil, que sofreu significativamente durante a pandemia de covid-19 com mais de 700 mil mortes, está empenhado em fortalecer sua infraestrutura de saúde e pesquisa para futuras crises. Nísia Trindade destacou o Complexo Econômico Industrial da Saúde, parte da Nova Indústria Brasil, que visa incentivar a produção local de medicamentos, insumos e vacinas.
“Nosso preparo para futuras pandemias deve ser visto como uma política de Estado, e não apenas de governo”, afirmou Trindade. “A troca de experiências e conhecimentos entre países é crucial, assim como o desenvolvimento da produção local não só no Brasil, mas em todos os países em desenvolvimento.”
Durante a Cúpula, foi anunciada uma parceria significativa entre a Coalizão para Inovações em Preparação para Epidemias (Cepi) e a Fiocruz para a produção de vacinas que poderão ser distribuídas para países da América Latina em caso de uma nova pandemia. Mario Moreira, presidente da Fiocruz, ressaltou que o acordo é parte de um esforço global para garantir um acesso mais equilibrado a vacinas.
“Não há condição de apenas os países do Norte produzirem vacina para o mundo. Não deu certo na pandemia de covid-19. A ideia é incluir países do Sul Global, onde a Fiocruz terá destaque”, declarou Moreira.
A equidade foi um tema recorrente durante a Cúpula. Jane Halton, presidente da Cepi, enfatizou que a Missão 100 Dias não se trata apenas de velocidade, mas também de garantir que todos tenham acesso aos recursos necessários. “É sobre proteger todas as pessoas de novas doenças antes que tenham suas vidas e de seus familiares destruídas”, disse Halton.
A ministra Trindade reforçou a necessidade de ações concretas para traduzir equidade e solidariedade em acesso justo a produtos para o enfrentamento de pandemias e outras emergências de saúde. Ela também alertou para a necessidade de atenção às doenças negligenciadas, como as arboviroses, que continuam a representar uma ameaça significativa em países como o Brasil.
Além das pandemias globais, o Brasil enfrenta surtos de doenças negligenciadas, como a dengue. Em 2023, o país registrou mais de 6 milhões de casos e 4.8 mil mortes causadas por essa doença transmitida por mosquitos. Este desafio destaca a necessidade de um sistema de saúde robusto e preparado para lidar com múltiplas crises simultaneamente.
Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), enviou uma mensagem em vídeo destacando a importância da liderança do Brasil na preparação para pandemias. Ele elogiou a ministra Nísia Trindade por colocar o tema como uma prioridade durante a presidência do Brasil no G20.
“Temos ainda um longo caminho antes de poder dizer que o mundo está verdadeiramente preparado para a próxima pandemia. Mas, juntos, estamos fazendo um mundo mais preparado do que antes”, afirmou Ghebreyesus, enfatizando a necessidade de não repetir os erros cometidos durante a pandemia de covid-19.
A colaboração internacional é essencial para enfrentar crises de saúde globais. A Cúpula Global de Preparação para Pandemias destacou a importância de alianças estratégicas entre países, organizações internacionais e instituições de pesquisa. Apenas com um esforço coordenado e global será possível desenvolver respostas rápidas e eficazes para futuras pandemias.
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