Conta de luz fica mais cara com bandeira vermelha patamar 2

A partir desta terça-feira (1º), os consumidores de energia elétrica no Brasil sentirão um impacto significativo nas suas contas de luz, com a entrada em vigor da bandeira tarifária vermelha patamar 2. Esse é o estágio mais alto do sistema de tarifas de energia da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e representa um aumento considerável no custo da eletricidade consumida.

Com a mudança, o valor cobrado para cada 100 quilowatts-hora (kWh) passa de R$ 4,463 para R$ 7,877, refletindo a necessidade de ajustes no orçamento familiar e empresarial em um momento de alta nos custos de produção e baixo nível dos reservatórios.

A decisão foi anunciada pela Aneel na última sexta-feira (27) e decorre do risco hidrológico, ou seja, da baixa nos níveis de água dos reservatórios que abastecem as hidrelétricas brasileiras, e do aumento no custo de geração de energia. Isso ocorre em um contexto de estiagem prolongada e de necessidade de ativação das usinas termelétricas, que possuem um custo de operação mais elevado.

O sistema de bandeiras tarifárias foi implementado em 2015 como uma forma de repassar aos consumidores os custos adicionais da geração de energia no Brasil, de maneira transparente e ajustada às condições de produção de eletricidade. As bandeiras indicam se a energia está mais barata ou mais cara e permitem ao consumidor adaptar seu consumo, evitando surpresas desagradáveis no valor final da conta de luz.

Existem três cores de bandeiras: verde, amarelo e vermelho, sendo que a bandeira vermelha possui dois patamares (1 e 2). Cada bandeira representa uma condição específica do sistema de geração de energia e influencia diretamente no valor cobrado a cada 100 kWh consumidos:

  • Bandeira Verde: indica que as condições de geração são favoráveis e não há cobrança adicional.
  • Bandeira Amarela: é acionada quando há um pequeno aumento nos custos de geração, representando um acréscimo moderado.
  • Bandeira Vermelha Patamar 1: sinaliza que os custos de geração estão elevados, com um custo adicional considerável.
  • Bandeira Vermelha Patamar 2: corresponde ao estágio mais alto do sistema tarifário e reflete condições críticas na geração, com custos ainda mais elevados.

A ativação da bandeira vermelha patamar 2 é consequência de um conjunto de fatores que afetam o custo de produção de energia no Brasil. Entre eles, o principal é o risco hidrológico, causado pelo baixo nível dos reservatórios que abastecem as hidrelétricas. A escassez de chuvas no país, especialmente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, que concentram a maior parte das hidrelétricas, compromete a capacidade de geração de energia por essas fontes.

Com a queda nos níveis dos reservatórios, há a necessidade de acionar usinas termelétricas, que utilizam combustíveis fósseis para produzir energia e têm um custo de operação mais elevado. Esse custo adicional é repassado aos consumidores por meio das bandeiras tarifárias. No caso do patamar 2 da bandeira vermelha, o impacto é ainda maior, pois reflete a utilização intensa das termelétricas e a necessidade de importar energia de outros países ou adquirir eletricidade no mercado de curto prazo, onde os preços são mais altos.

A mudança para a bandeira vermelha patamar 2 representa um aumento expressivo no custo da energia elétrica, que pode pesar no orçamento das famílias e das empresas. Para cada 100 kWh consumidos, o valor adicional cobrado será de R$ 7,877, o que corresponde a um acréscimo de mais de 75% em relação ao valor da bandeira vermelha patamar 1, que estava em vigor até setembro.

Para um consumidor residencial médio, que utiliza cerca de 200 kWh por mês, o aumento pode representar um acréscimo de mais de R$ 15,00 na fatura mensal. Já para grandes consumidores, como indústrias e estabelecimentos comerciais, o impacto financeiro pode ser ainda mais significativo, influenciando o custo final de produção e até mesmo os preços repassados ao consumidor final.

Diante desse cenário de aumento nas tarifas, é fundamental que os consumidores busquem alternativas para reduzir o consumo de energia e, assim, amenizar o impacto financeiro. Algumas medidas práticas e simples podem fazer a diferença no valor da conta de luz. Confira algumas dicas:

  1. Desligue aparelhos eletrônicos que não estão em uso: Evite deixar equipamentos como televisores, computadores e carregadores conectados à tomada quando não estiverem sendo utilizados. O modo stand-by também consome energia.
  2. Troque lâmpadas convencionais por LED: As lâmpadas LED consomem até 80% menos energia e têm uma durabilidade maior em comparação com as lâmpadas incandescentes ou fluorescentes.
  3. Aproveite a luz natural: Abra janelas e cortinas durante o dia para aproveitar ao máximo a luz natural e reduzir o uso de lâmpadas.
  4. Utilize ar-condicionado de forma consciente: Defina a temperatura em torno de 23ºC e evite deixar o aparelho ligado em ambientes vazios. A limpeza dos filtros também contribui para o bom funcionamento e menor consumo.
  5. Invista em eletrodomésticos eficientes: Priorize a compra de aparelhos com selo Procel de eficiência energética, que consomem menos energia.
  6. Realize manutenção periódica nos equipamentos: Equipamentos antigos ou com manutenção inadequada tendem a consumir mais energia para desempenhar a mesma função.
  7. Monitore o consumo com aplicativos e dispositivos: Existem dispositivos e aplicativos que ajudam a monitorar o consumo de energia e identificar quais equipamentos estão gastando mais.

A expectativa é de que a bandeira vermelha patamar 2 permaneça vigente enquanto as condições hidrológicas não apresentarem uma melhora significativa. O cenário de escassez de chuvas e reservatórios baixos deve perdurar, pelo menos, até o final do período seco no Brasil, que se estende até meados de novembro.

Além disso, a oscilação nos preços do mercado de energia e o custo dos combustíveis fósseis, utilizados nas termelétricas, também influenciarão na manutenção ou alteração das bandeiras tarifárias. Caso a situação dos reservatórios não melhore, há o risco de manutenção dos custos elevados por um período prolongado, o que pode pressionar a inflação e impactar o poder de compra dos consumidores.