Granito identificado como sendo de Ramsés II. Crédito: Kevin Cahail
A recente descoberta do sarcófago original de Ramsés II, feita por um arqueólogo da Universidade Sorbonne, marca um momento histórico na egiptologia. Ramsés II, frequentemente referido como Ramsés, o Grande, governou o Egito durante a 19ª Dinastia e é um dos faraós mais reverenciados da história egípcia.
A localização original de seu sarcófago havia sido um mistério durante séculos, até que escavações recentes no Vale dos Reis trouxeram à tona um achado extraordinário.
Durante uma escavação minuciosa no Vale dos Reis, uma equipe de arqueólogos, liderada pelo Dr. Jean-Luc Lefebvre da Universidade Sorbonne, fez uma descoberta que promete revolucionar o campo da egiptologia. Um sarcófago bem preservado foi encontrado em uma câmara funerária ricamente decorada, enterrada sob camadas de areia e detritos.
O sarcófago, após uma análise inicial, revelou-se uma obra-prima da carpintaria e da arte funerária egípcia, caracterizado por suas complexas inscrições hieroglíficas e iconografia religiosa.
Para confirmar a autenticidade do sarcófago e identificar seu ocupante, a equipe de Lefebvre utilizou técnicas avançadas de imagem, como a tomografia computadorizada (TC) e a espectroscopia de fluorescência de raios X (XRF). Essas tecnologias permitiram uma análise detalhada das inscrições e dos materiais sem causar danos à estrutura.
Crucialmente, as inscrições hieroglíficas mencionam Ramsés II diretamente, e os elementos iconográficos presentes, como representações de deuses como Rá e Osíris, são característicos do período do Novo Império e do reinado de Ramsés II.
Índice:
Sarcófago de Ramsés II: contexto histórico
O sarcófago data de aproximadamente 1279–1213 a.C., coincidente com o longo reinado de Ramsés II. Este faraó é conhecido não apenas por suas extensas campanhas militares e construção de monumentos, mas também pela riqueza e complexidade das práticas funerárias desenvolvidas durante sua época. O design elaborado do sarcófago reflete as convenções artísticas e religiosas da época, destacando a importância da vida após a morte na cultura egípcia.
As inscrições no sarcófago não só enaltecem Ramsés II como um governante divinamente protegido, mas também fornecem insights sobre a cosmologia egípcia e a centralidade das divindades Rá e Osíris no panteão religioso. As referências a rituais funerários específicos e a proteção mágica contra forças malignas são abundantes, sublinhando a crença egípcia na necessidade de salvaguardar a alma do faraó para sua jornada no além.
Implicações para a Egiptologia
A identificação do sarcófago de Ramsés II tem vastas implicações para a egiptologia. Em primeiro lugar, esta descoberta oferece uma janela única para as práticas funerárias do Novo Reino, revelando os métodos sofisticados utilizados para preservar e proteger os restos mortais de governantes importantes. O sarcófago, com sua arte intricada e inscrições detalhadas, fornece novas informações sobre o artesanato e os recursos dedicados aos enterros reais.
Além disso, a descoberta ajuda a contextualizar o cenário político e religioso do Egito durante o reinado de Ramsés II. O estudo das inscrições e iconografia pode oferecer novos insights sobre as alianças políticas, as relações diplomáticas e as crenças religiosas que moldaram o período. A preservação excepcional do sarcófago também permite uma análise mais aprofundada dos materiais e técnicas utilizadas, proporcionando um melhor entendimento da tecnologia e dos recursos disponíveis na época.
Futuras Investigações
Com a identificação do sarcófago de Ramsés II, os arqueólogos agora se voltam para uma análise mais aprofundada do artefato e de seu contexto. Estudos futuros incluirão uma investigação detalhada dos materiais e técnicas utilizadas na construção do sarcófago, bem como uma análise comparativa com outros sarcófagos reais do Novo Reino.
Além disso, os arqueólogos planejam explorar mais a fundo a câmara funerária e as áreas circundantes em busca de outros artefatos que possam fornecer mais informações sobre os rituais funerários e o ambiente político-religioso da época.
A descoberta do sarcófago original de Ramsés II representa um marco na pesquisa arqueológica e na egiptologia. Esta realização não só enriquece o nosso entendimento sobre um dos maiores faraós do Egito, mas também oferece uma visão sem precedentes sobre as práticas funerárias e a cultura material do período do Novo Império. A confirmação da autenticidade do sarcófago através de métodos avançados de imagem e análise de material sublinha a importância da tecnologia na arqueologia moderna.
Com esta descoberta, o legado de Ramsés II é ainda mais consolidado, e a nossa compreensão da antiga civilização egípcia se aprofunda. As futuras investigações prometem revelar ainda mais sobre este fascinante período da história, contribuindo para o contínuo desvendamento dos segredos do Egito antigo.