O mundo está um pouco assustado com tantas notícias falando das tempestades solares, que chegarão à terra ao longo deste ano. À medida que nos aproximamos do pico de atividade solar, eventos impressionantes no Sol têm sido frequentemente noticiados.
Além das tempestades geomagnéticas, há outro fenômeno solar igualmente intrigante e impactante: as tempestades de radiação solar, também conhecidas como Eventos de Proton Solar (SPE). Essas tempestades são desencadeadas pelo lançamento de prótons em alta velocidade a partir do Sol, e surpreendentemente, podem viajar do Sol à Terra em apenas 30 minutos, persistindo por vários dias.
De acordo com o serviço de climatologia e meteorologia espacial Spaceweather.com, as tempestades de radiação solar ocorrem quando prótons contidos no Sol são expelidos em velocidades incrivelmente altas. Esses eventos muitas vezes passam despercebidos pelo público em geral, mas seu impacto pode ser significativo.
Nesta segunda-feira (29), à 1h38 pelo horário de Brasília, cientistas testemunharam uma erupção solar de classe M6.8 registrada pelo Observatório de Dinâmicas Solares da NASA e pelo Observatório Solar e Heliosférico (SOHO) da Agência Espacial Europeia (ESA). Para entender como essa erupção deu origem a uma tempestade de radiação, vale a pena olhar para os detalhes.
Conforme descrito pelo site EarthSky.org, durante a erupção solar, grandes laços coronais se ergueram do Sol com um brilho intenso. Logo após, ocorreu um estalo, e prótons de alta energia foram expelidos do Sol a uma velocidade próxima à da luz, quase 300 milhões de km/s. Isso é comparável a um balão revestido com gotículas de água que se expandem tão rapidamente que estouram, lançando um spray de água. Neste caso, são prótons de alta energia.
Felizmente, a maior parte do material solar lançado durante esse evento não deve atingir a Terra, já que a explosão ocorreu na borda noroeste do Sol, fora da nossa direção. No entanto, os prótons, chamados de partículas energéticas solares, são uma história diferente.
Os prótons, devido à sua carga elétrica, seguem os campos magnéticos em espiral do Sol para longe da estrela. Essa “rodovia” de partículas magnéticas se curva de volta em direção à Terra a partir do lado ocidental do Sol, onde é mais comum ocorrerem tempestades de partículas solares. O evento da madrugada ejetou uma tempestade de partículas solares S1, considerada de grau fraco em uma escala que varia de S1 a S5.
As consequências dessas tempestades de radiação solar já estão sendo sentidas, com um apagão de rádio de ondas curtas registrado sobre a Austrália e possíveis perdas de sinal em frequências abaixo de 30 MHz por até uma hora após o surto. No entanto, é importante destacar que uma tempestade de radiação de grau S1 não deve causar consequências graves aqui na Terra, devido à proteção oferecida pela nossa atmosfera espessa e pelo campo magnético do planeta.
Porém, os perigos das tempestades de radiação solar não devem ser subestimados, especialmente no espaço. Para os astronautas em órbita, principalmente aqueles envolvidos em atividades extraveiculares (EVA), as partículas carregadas representam uma ameaça significativa à saúde. Em casos mais extremos, níveis elevados de radiação podem até afetar aviões que voam em rotas polares.