Tempestade geomagnética ameaça comunicação e sistemas de energia na Terra

Uma tempestade geomagnética atingiu a Terra neste final de semana, representando um risco significativo para sistemas de comunicação, energia e operações espaciais. Emitido pelo Centro de Previsão de Clima Espacial da NOAA, o alerta marca a primeira tempestade desse tipo desde 2005, alimentado pela atividade solar intensa de uma gigantesca mancha solar, conhecida como Região NOM 3664. Especialistas alertam para os impactos potenciais de uma tempestade geomagnética, que pode causar sérias disrupções nas infraestruturas globais.

Tempestade geomagnética em curso

O SWPC (Space Weather Prediction Center), uma divisão da NOAA, emitiu alertas de tempestade geomagnética severa, conhecida como categoria G4 na escala que vai de G1 a G5, após identificar pelo menos cinco ejeções de massa coronal (EMCs) associadas a poderosas fulgurações solares. A tempestade atingiu seu pico entre sexta-feira, 10 de maio, e domingo, 12 de maio, levantando preocupações globais sobre os efeitos das perturbações geomagnéticas nos sistemas de comunicação, energia e operações espaciais.

A Região NOM 3664, uma mancha solar massiva com intenso campo magnético, desencadeou múltiplas ejeções solares, enviando gigantescas massas de partículas carregadas rumo ao campo magnético terrestre. Segundo Bill Murtagh, Coordenador do SWPC, “Essa é uma das tempestades geomagnéticas mais intensas dos últimos 20 anos, e estamos monitorando seus possíveis impactos em sistemas críticos”.

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Impactos na comunicação e sistemas de energia

Tempestades geomagnéticas dessa magnitude têm potencial para causar danos substanciais em infraestrutura crítica, incluindo:

1. Comunicações e navegação:

As fulgurações solares e as ejeções de massa coronal podem interromper os sinais de comunicação, afetando sistemas de rádio de alta frequência e GPS. Operadores de aeronaves e navegação marítima podem enfrentar problemas ao se comunicar e navegar devido às alterações na ionosfera, camada superior da atmosfera.

2. Sistemas de energia:

Correntes geomagneticamente induzidas (CGIs) podem danificar transformadores e outros equipamentos de alta tensão em redes elétricas. A tempestade geomagnética severa de março de 2024 causou danos a transformadores na África do Sul, e a tempestade extrema de outubro de 2003 resultou em apagões na Suécia. O SWPC alertou empresas de energia a se prepararem para possíveis interrupções.

3. Operações de satélites e espaçonaves:

Os satélites em órbita estão sujeitos ao aumento da densidade de partículas carregadas, que pode afetar sistemas eletrônicos e causar falhas temporárias ou permanentes nos dispositivos. Operações de espaçonaves podem enfrentar desafios ao tentar se comunicar com a Terra, e os astronautas a bordo da Estação Espacial Internacional foram alertados sobre potenciais aumentos nos níveis de radiação.

Medidas de precaução e resposta

Organizações governamentais e privadas, como empresas de energia e operadoras de satélites, tomaram medidas preventivas para minimizar os danos e a interrupção de serviços:

  • Empresas de energia:
    Aumentaram a vigilância e ativaram equipes de emergência para responder rapidamente a falhas em equipamentos críticos. Também recomendaram que os consumidores economizassem energia para aliviar a carga nas redes.
  • Operadores de satélites:
    Colocaram os satélites em “modo de segurança” para reduzir o consumo de energia e evitar danos aos componentes eletrônicos mais sensíveis.
  • Agências espaciais:
    A NASA e a ESA emitiram orientações para os astronautas na Estação Espacial Internacional, recomendando que limitassem sua exposição à radiação.
  • Comunicações e navegação:
    Aviões e navios que dependem de sinais de rádio de alta frequência e GPS receberam instruções para usar métodos alternativos de comunicação e navegação.

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Oportunidade de testemunhar auroras

Apesar dos riscos associados à tempestade geomagnética, há um lado positivo: os observadores do céu no hemisfério norte podem ter a rara oportunidade de testemunhar auroras deslumbrantes. Segundo previsões, as auroras resultantes dessa tempestade geomagnética podem ser vistas tão ao sul quanto o Alabama e a Califórnia do Norte.

“A beleza das auroras pode ser um espetáculo raro para muitas pessoas,” afirma Murtagh. “Entretanto, é crucial lembrar que esses eventos também representam sérios riscos à infraestrutura global.”

Histórico de tempestades geomagnéticas

Embora a tempestade geomagnética atual seja preocupante, tempestades solares extremas têm ocorrido ao longo da história, causando impactos significativos. Entre os eventos mais notáveis estão:

  • Tempestade Carrington (1859):
    A tempestade geomagnética mais poderosa já registrada causou falhas no sistema de telégrafo e resultou em auroras visíveis até na região do Caribe.
  • Tempestade de Quebec (1989):
    Uma tempestade geomagnética de magnitude G4 causou um apagão de nove horas, afetando mais de 6 milhões de pessoas.
  • Tempestade de Halloween (2003):
    Uma série de tempestades geomagnéticas, incluindo uma de magnitude G5, resultou em apagões na Suécia e danos a transformadores na África do Sul.

Monitoramento contínuo e previsões futuras

O monitoramento constante do Sol e suas atividades é fundamental para prever e mitigar os efeitos de futuras tempestades geomagnéticas. O SWPC e outras agências de previsão de clima espacial, como a ESA e a NASA, estão aprimorando suas capacidades de monitoramento com missões como a sonda Solar Orbiter e o satélite GOES-16.

“A compreensão do comportamento do Sol e sua influência sobre a Terra é vital para mantermos nossas infraestruturas e operações seguras,” afirma Thomas Zurbuchen, Administrador Associado da NASA.

Conclusão

Uma tempestade geomagnética dessa magnitude é um lembrete poderoso de como a atividade solar pode impactar nossa infraestrutura global. As disrupções nas comunicações, sistemas de energia e operações espaciais podem ser severas, mas as autoridades estão trabalhando arduamente para minimizar os danos. Além disso, aqueles que vivem no hemisfério norte podem aproveitar a oportunidade para testemunhar um espetáculo raro no céu, com as auroras resultantes da tempestade.

Apesar das precauções tomadas por autoridades e empresas para mitigar os impactos da tempestade geomagnética, a severidade do evento serve como um alerta sobre nossa vulnerabilidade diante das forças da natureza. Eventos como esses reforçam a importância do monitoramento contínuo da atividade solar e do aprimoramento das infraestruturas críticas para resistir aos desafios do espaço. Em meio aos riscos, a chance de contemplar as auroras nos lembra da beleza que pode emergir mesmo dos fenômenos mais perturbadores.

Terra sofrerá com tempestades de radiação lançadas por explosão no Sol

O mundo está um pouco assustado com tantas notícias falando das tempestades solares, que chegarão à terra ao longo deste ano. À medida que nos aproximamos do pico de atividade solar, eventos impressionantes no Sol têm sido frequentemente noticiados.
Além das tempestades geomagnéticas, há outro fenômeno solar igualmente intrigante e impactante: as tempestades de radiação solar, também conhecidas como Eventos de Proton Solar (SPE). Essas tempestades são desencadeadas pelo lançamento de prótons em alta velocidade a partir do Sol, e surpreendentemente, podem viajar do Sol à Terra em apenas 30 minutos, persistindo por vários dias.
De acordo com o serviço de climatologia e meteorologia espacial Spaceweather.com, as tempestades de radiação solar ocorrem quando prótons contidos no Sol são expelidos em velocidades incrivelmente altas. Esses eventos muitas vezes passam despercebidos pelo público em geral, mas seu impacto pode ser significativo.
Nesta segunda-feira (29), à 1h38 pelo horário de Brasília, cientistas testemunharam uma erupção solar de classe M6.8 registrada pelo Observatório de Dinâmicas Solares da NASA e pelo Observatório Solar e Heliosférico (SOHO) da Agência Espacial Europeia (ESA). Para entender como essa erupção deu origem a uma tempestade de radiação, vale a pena olhar para os detalhes.
Conforme descrito pelo site EarthSky.org, durante a erupção solar, grandes laços coronais se ergueram do Sol com um brilho intenso. Logo após, ocorreu um estalo, e prótons de alta energia foram expelidos do Sol a uma velocidade próxima à da luz, quase 300 milhões de km/s. Isso é comparável a um balão revestido com gotículas de água que se expandem tão rapidamente que estouram, lançando um spray de água. Neste caso, são prótons de alta energia.
Felizmente, a maior parte do material solar lançado durante esse evento não deve atingir a Terra, já que a explosão ocorreu na borda noroeste do Sol, fora da nossa direção. No entanto, os prótons, chamados de partículas energéticas solares, são uma história diferente.
Os prótons, devido à sua carga elétrica, seguem os campos magnéticos em espiral do Sol para longe da estrela. Essa “rodovia” de partículas magnéticas se curva de volta em direção à Terra a partir do lado ocidental do Sol, onde é mais comum ocorrerem tempestades de partículas solares. O evento da madrugada ejetou uma tempestade de partículas solares S1, considerada de grau fraco em uma escala que varia de S1 a S5.
As consequências dessas tempestades de radiação solar já estão sendo sentidas, com um apagão de rádio de ondas curtas registrado sobre a Austrália e possíveis perdas de sinal em frequências abaixo de 30 MHz por até uma hora após o surto. No entanto, é importante destacar que uma tempestade de radiação de grau S1 não deve causar consequências graves aqui na Terra, devido à proteção oferecida pela nossa atmosfera espessa e pelo campo magnético do planeta.
Porém, os perigos das tempestades de radiação solar não devem ser subestimados, especialmente no espaço. Para os astronautas em órbita, principalmente aqueles envolvidos em atividades extraveiculares (EVA), as partículas carregadas representam uma ameaça significativa à saúde. Em casos mais extremos, níveis elevados de radiação podem até afetar aviões que voam em rotas polares.

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