Primavera começa com temperaturas altas e eventos extremos em SC

A primavera no hemisfério Sul começou oficialmente no domingo, 22, trazendo consigo mudanças significativas no clima de Santa Catarina. De acordo com a Epagri/Ciram, a previsão é de temperaturas mais altas, acima da média climatológica, com dias consecutivos de calor que podem ultrapassar os 30°C. Ainda assim, episódios de frio podem ocorrer nas regiões mais altas do Planalto Sul, com possibilidade de geada e temperaturas próximas ou abaixo de 0°C.

No início da estação, o clima em Santa Catarina promete ser instável, alternando entre frio e calor. O fenômeno das massas de ar frio ainda poderá ser sentido em algumas regiões, principalmente nas áreas elevadas do estado, onde temperaturas extremas, como 0°C, ainda são possíveis. No entanto, o destaque maior será a elevação gradativa das temperaturas ao longo dos meses da primavera.

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As regiões do Extremo Oeste, Oeste, Meio-Oeste e Planalto Norte devem enfrentar um início de primavera com chuvas abaixo da média, enquanto nas demais regiões, a precipitação deve permanecer próxima à média climatológica. Durante o mês de outubro, a previsão indica chuvas mais regulares, principalmente nas áreas do Extremo Oeste e Oeste. Já em novembro, a expectativa é de que o volume de precipitação se estabilize próximo à média histórica para o período.

Segundo a meteorologista Gilsânia Cruz, a primavera será marcada por chuvas irregulares e mal distribuídas, tanto no tempo quanto no espaço, como já foi observado nos meses anteriores. Eventos de chuvas fortes, temporais com raios, granizo, ventos fortes e até mesmo períodos de estiagem estão previstos para a estação. Esse tipo de variação climática exige que a população esteja atenta aos avisos meteorológicos, divulgados pela Epagri/Ciram em suas redes sociais e no site oficial da instituição.

Outro fator importante que pode influenciar o clima nesta primavera é a configuração do fenômeno La Niña, que deverá se manifestar de forma fraca e de curta duração, segundo a meteorologista Laura Rodrigues, também da Epagri/Ciram. A La Niña, embora de intensidade limitada, pode alterar significativamente os padrões atmosféricos, promovendo chuvas volumosas nas regiões Norte e Nordeste do Brasil e tempo mais seco e quente no Sul.

Laura Rodrigues também alertou que a intensidade e a duração do fenômeno podem ser ainda menores do que as previsões iniciais, com alguns modelos climáticos indicando uma possível redução na sua manifestação. A combinação desse fenômeno com a primavera, que por si só já é uma estação marcada por variabilidade climática, cria um cenário de incerteza, especialmente no que diz respeito à distribuição de chuvas e à ocorrência de fenômenos severos.

Antes de avançarmos com a primavera, é importante olhar para trás e entender como o inverno de 2024 impactou Santa Catarina. O inverno foi marcado por chuvas intensas em várias regiões do estado, principalmente em junho e julho, quando episódios de temporais, ventos fortes e até granizo foram registrados. Um dos eventos mais graves ocorreu entre os dias 16 e 18 de junho, quando a cidade de Praia Grande acumulou 400 mm de chuva, causando estragos consideráveis.

No entanto, agosto foi um mês com pouca precipitação, especialmente no Litoral Sul, onde a chuva ficou abaixo da média climatológica. A falta de chuva em agosto foi acompanhada por uma série de fenômenos incomuns, como a “chuva preta”, provocada pela fumaça e fuligem trazidas de queimadas em outras partes do Brasil e países vizinhos. Esse evento reduziu a visibilidade em várias partes do estado e trouxe um aumento nos níveis de poluição.

Em termos de temperaturas, o inverno de 2024 apresentou uma variação significativa. As massas de ar frio foram frequentes a partir do final de junho, provocando episódios de frio intenso que duraram de um a cinco dias. No entanto, essas ondas de frio foram intercaladas por períodos de calor fora de época, que trouxeram temperaturas elevadas mesmo durante o inverno. A temperatura mais baixa foi registrada em Urupema, com -7,2°C no dia 30 de junho, enquanto Criciúma alcançou a temperatura mais alta do inverno, com 37,74°C no dia 11 de setembro.

A neve, sempre uma atração especial no inverno catarinense, também marcou presença em 2024. Dois eventos de neve foram registrados em agosto, nas áreas mais altas do Planalto Sul, incluindo as cidades de Lages, Bom Jardim da Serra, São Joaquim, Urupema e Urubici. A neve caiu na noite de 9 de agosto e voltou a aparecer em 24 de agosto, proporcionando paisagens espetaculares e atraindo turistas para a região.

Outro aspecto relevante do inverno de 2024 foi a presença frequente de nevoeiros marítimos ao longo do litoral catarinense. Esse fenômeno ocorreu principalmente devido ao predomínio de massas de ar quente sobre a região, criando condições ideais para a formação de neblina densa, que reduziu a visibilidade em áreas costeiras.

Além disso, a já mencionada “chuva preta” foi um dos eventos mais notáveis do inverno. Provocada pela combinação de fuligem e fumaça trazidas por correntes de ar de queimadas que ocorriam em outras regiões do Brasil e até em países vizinhos, essa chuva atípica trouxe consigo um aumento significativo na poluição do ar. Esse fenômeno causou preocupação entre especialistas e autoridades de saúde, especialmente em relação aos impactos na qualidade do ar e na saúde pública.

Com o fim do inverno e a chegada da primavera, Santa Catarina se prepara para enfrentar uma nova fase de variações climáticas. Embora a previsão aponte para temperaturas acima da média climatológica, especialmente a partir de outubro, é importante lembrar que os primeiros dias da estação ainda podem trazer episódios de frio intenso, especialmente nas áreas mais altas.

A irregularidade das chuvas é outro ponto de atenção, com previsão de temporais localizados, ventos fortes, granizo e até mesmo períodos de seca prolongada. A população deve ficar atenta às orientações dos meteorologistas, que recomendam acompanhar os avisos emitidos pelas autoridades climáticas para se proteger de possíveis desastres naturais.

Entenda as diferenças entre La Niña e El Niño

No vasto palco dos fenômenos climáticos, dois atores frequentemente roubam os holofotes: La Niña e El Niño. Esses eventos climáticos extremos, originários do Oceano Pacífico, têm impactos profundos em todo o globo. Nesta matéria, exploraremos em detalhes o que é La Niña e El Niño, suas principais diferenças e como esses fenômenos influenciam o clima mundial.

La Niña: A Fria Irmã do Pacífico

O nome “La Niña” significa “A Menina” em espanhol. Os pescadores peruanos notaram que, durante esse fenômeno, as águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial estavam mais frias do que o normal. Eles perceberam que essas águas mais frias muitas vezes eram seguidas por invernos mais rigorosos. A escolha do nome “La Niña” pode ter sido uma maneira informal e descritiva de se referir a essa condição de água fria.

La Niña e seus Efeitos:

La Niña é um fenômeno climático caracterizado pelo resfriamento anormal das águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial. Esse resfriamento causa uma série de mudanças climáticas em várias partes do mundo. Entre os principais efeitos de La Niña, destacam-se:

  1. Temperaturas Mais Frias: Durante um evento La Niña, as temperaturas superficiais do mar no Pacífico ficam mais frias do que o normal. Isso geralmente resulta em invernos mais rigorosos em várias regiões, especialmente na América do Norte.
  2. Aumento de Precipitação: Em contraste com El Niño, La Niña tende a trazer um aumento nas chuvas em algumas áreas, como o norte da Austrália e a região norte da América do Sul. Isso pode levar a inundações e problemas relacionados.
  3. Atividade de Furacões: La Niña também influencia a temporada de furacões no Atlântico, tornando-a mais ativa. As águas mais frias do Pacífico podem criar condições favoráveis para a formação de furacões.

El Niño: O Aquecimento Imprevisível

O nome “El Niño” significa “O Menino” em espanhol. Este nome foi escolhido porque os pescadores notaram que, em certos momentos, as águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial se aqueciam de forma anormal, e isso geralmente coincidia com mudanças climáticas significativas. A analogia com “O Menino” pode ter sido usada para descrever as águas mais quentes, como algo inesperado ou anômalo.

Esses nomes em espanhol foram amplamente adotados e usados pela comunidade científica para se referir a esses fenômenos climáticos, e eles continuam a ser os termos padrão internacionalmente reconhecidos para La Niña e El Niño.

El Niño e seus Efeitos:

El Niño é o oposto de La Niña, caracterizado pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico Equatorial. As consequências desse fenômeno são igualmente significativas e incluem:

  1. Temperaturas Elevadas: Com o aumento das temperaturas da superfície do mar no Pacífico, as regiões afetadas pelo El Niño enfrentam invernos mais amenos e verões mais quentes. Isso pode resultar em secas e estiagens.
  2. Redução das Chuvas: El Niño frequentemente traz uma diminuição das chuvas em áreas que normalmente recebem precipitações regulares, como o nordeste do Brasil. Isso pode levar a problemas de seca e escassez de água.
  3. Impacto nos Ecossistemas Marinhos: As mudanças nas temperaturas da água afetam a vida marinha, levando a migrações de espécies e desequilíbrios nos ecossistemas costeiros.

Diferenças Notáveis

Embora La Niña e El Niño sejam opostos em termos de temperatura das águas do Pacífico, eles têm diferenças significativas em seus efeitos no clima global. Enquanto La Niña tende a causar invernos mais frios e aumento de chuvas em algumas áreas, El Niño provoca o oposto, com temperaturas mais quentes e menos chuvas. Ambos os fenômenos podem desencadear eventos climáticos extremos, como enchentes, secas, incêndios florestais e impactos na agricultura.

Em resumo, La Niña e El Niño são dois fenômenos climáticos complexos que desempenham papéis cruciais na regulação do clima global. Embora sejam opostos em termos de temperatura do Oceano Pacífico, suas influências se estendem por todo o mundo, afetando o clima, os ecossistemas e a vida humana. É essencial compreender esses fenômenos para que possamos nos preparar e adaptar às suas consequências imprevisíveis. À medida que a ciência avança, continuaremos a monitorar e estudar La Niña e El Niño, buscando entender melhor esses caprichosos atores do nosso clima.

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