A pequena cidade de Uraí, localizada na região norte do Paraná, tem se destacado no cenário agrícola brasileiro graças à produção de quiabo. Com uma população de cerca de 11 mil habitantes, Uraí é a maior produtora de quiabo do estado, um feito notável impulsionado pela dedicação dos agricultores locais. Entre eles está Luiz Carlos Shimada, um agricultor que há anos trilha o caminho de terra batida para sua propriedade, onde cultiva hortaliças de alta qualidade.
Luiz Carlos Shimada, agricultor de 53 anos, é um exemplo vivo da resiliência e do trabalho árduo que caracterizam os produtores de Uraí. Nascido e criado na cidade, Shimada começou a trabalhar na agricultura aos 15 anos e hoje é um dos principais produtores de quiabo da região. Em tempos normais, ele consegue colher cerca de 120 caixas de 15 quilos de quiabo por semana, contribuindo significativamente para as 594 toneladas produzidas em Uraí em 2020, de acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab).
Desafios e Superações na Produção de Quiabo
A agricultura é uma atividade repleta de desafios, e os produtores de Uraí não são exceção. A estiagem, o frio, a geada e o vento têm impactado negativamente a produção nos últimos anos. “Era para ser melhor ainda, mas o tempo seco, o frio, a geada e o vento atrapalharam. Tanto que estou aqui com o quiabo que plantei em maio e ainda não está pronto para colher”, relata Shimada. Normalmente, o tempo entre o plantio e a colheita não passa de 90 dias, mas as condições climáticas adversas prolongaram esse período.
Apesar desses desafios, a resiliência dos produtores se reflete na qualidade do quiabo produzido. Os preços da hortaliça variam entre R$ 60 e R$ 100 por caixa, dependendo da qualidade, o que ajuda a manter a rentabilidade da atividade. “Está bom. Aquele quiabo para a bandeja sai entre R$ 90 a R$ 100 a caixa. Já aquele mais fraco conseguimos vender por R$ 60 a R$ 70. A questão é só ter para comercializar”, comenta Shimada.
A agricultura familiar é a espinha dorsal da produção agrícola em Uraí. O esforço coletivo dos agricultores locais tem sido fundamental para o crescimento e a sustentabilidade da produção de quiabo. Shimada, por exemplo, trabalha em parceria com um amigo de longa data, dividindo a área e o ano agrário com plantações de abobrinha e jiló, que também são populares na Ceasa de Londrina, o principal ponto de distribuição.
O apoio de programas governamentais, como o RenovaPR, tem sido crucial para os agricultores. Esses programas oferecem suporte para a instalação de energia solar, ajudando a reduzir custos e aumentar a produção. “Com apoio do RenovaPR, avicultor vai instalar energia solar para reduzir custos e ampliar produção”, destaca Shimada.
A produção de quiabo em Uraí não é apenas uma fonte de renda para os agricultores, mas também um impulsionador econômico significativo para a região. Em 2020, Uraí produziu 594 toneladas de quiabo, representando 7,5% das 7,9 mil toneladas produzidas em todo o Paraná. Esse volume é impressionante para uma cidade pequena e contribui para o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) do estado, que saltou de R$ 3,29 bilhões para R$ 3,9 bilhões no ano passado, um incremento de quase 20%.
A produção de hortaliças no Paraná cresceu 80% entre 2007 e 2017, de acordo com a Seab, e continua em tendência de alta. “A olericultura representa 3% de toda a riqueza que produzimos anualmente no campo. Se for agregar valor, fica ainda mais substancial. A atividade é capaz de dar o que chamamos de densidade de renda, com uma pequena área produz grande valor”, ressalta Norberto Ortigara, secretário de Estado da Agricultura e Abastecimento.
O sucesso da produção de quiabo em Uraí tem inspirado outras cidades vizinhas a investir na cultura. São Jerônimo da Serra, Assaí, Jataizinho e Santa Cecília do Pavão são exemplos de municípios que estão aumentando sua produção de quiabo. Em 2020, São Jerônimo da Serra produziu 360 toneladas de quiabo, ficando em segundo lugar no ranking estadual.
“O Paraná tem uma presença muito forte na produção de alimentos, com uma horticultura muito diversificada. E, dentro desse cenário, o quiabo também é muito forte. Hoje, as cidades aqui da região abastecem todo o Estado. E estamos crescendo também na produção de orgânicos”, afirma Fernando Itimura, chefe regional da Seab em Cornélio Procópio.
O futuro da produção de quiabo em Uraí e nas regiões vizinhas parece promissor. Os agricultores estão continuamente buscando inovações para melhorar a eficiência e a sustentabilidade de suas operações. A adoção de práticas agrícolas modernas, como a instalação de sistemas de energia solar e a utilização de técnicas de irrigação mais eficientes, são passos importantes para garantir a competitividade no mercado.
Além disso, a expansão da produção de orgânicos representa uma oportunidade significativa para os agricultores da região. A demanda por alimentos orgânicos está crescendo, e Uraí está bem posicionada para atender a essa demanda, graças às condições climáticas favoráveis e ao conhecimento acumulado pelos produtores.
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