Abelhas nativas sem ferrão revolucionam o Paraná com projeto Poliniza Paraná

O estado do Paraná se destaca no cenário nacional com um projeto inovador que alia sustentabilidade e educação ambiental. O Poliniza Paraná, coordenado pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável (Sedest), tem como protagonistas as abelhas nativas sem ferrão.

Com sete espécies diferentes colaborando para a manutenção do ecossistema local, o projeto já é referência em boas práticas ambientais e uma ferramenta importante na preservação da biodiversidade. Entre as espécies participantes estão a Guaraipo, Mandaçaia, Mirim, Tubuna, Jataí, Iraí e Manduri, cada uma desempenhando um papel crucial para o equilíbrio ecológico.

Em comemoração ao Dia Nacional da Abelha, celebrado em 3 de outubro, a Sedest lançou um miniguia que explora as particularidades dessas espécies, reforçando a importância de cada uma na polinização e no suporte ao desenvolvimento sustentável do estado. A iniciativa, que já conta com mais de 200 colmeias espalhadas em 29 municípios paranaenses, é uma linha de ação do programa Paraná Mais Verde e integra os esforços para atingir as metas definidas nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.

O projeto Poliniza Paraná se destaca por promover o conhecimento e a valorização das abelhas nativas sem ferrão. Diferentemente das abelhas comuns, essas espécies possuem comportamentos e características que as tornam únicas. Elas desempenham um papel essencial na polinização de uma vasta gama de plantas e flores, contribuindo para a preservação de matas nativas e a produtividade de culturas agrícolas.

Abelhas menores, como as jataís e as mirins, medindo entre 3 e 4 milímetros, se especializam em flores menores com pólen de grão fino. Já as abelhas maiores, como as mandaçaias e guaraipos, com até 10 milímetros, têm capacidade de polinizar uma diversidade maior de plantas devido ao seu porte. Essa diferença de tamanho e comportamento amplia o alcance de polinização, tornando as abelhas do Poliniza Paraná verdadeiras guardiãs do ecossistema.

Cada espécie desenvolve suas atividades em diferentes horários e possui preferências específicas por tipos de flores. Algumas abelhas são mais seletivas e dedicam-se a um único tipo de planta, enquanto outras são generalistas e visitam diversas espécies. Esse comportamento distinto, aliado ao formato corporal particular de cada espécie, define a eficiência da polinização e sua contribuição para a manutenção da biodiversidade.

As espécies que formam o Poliniza Paraná

Manduri – Com um tamanho mediano de 7 milímetros, essa espécie pertence ao gênero Melipona. É a única do gênero cuja rainha pode interromper a postura de ovos em períodos mais frios, comportamento chamado de diapausa reprodutiva. Por conta disso, as manduris são mais adaptadas a climas rigorosos e apresentam um comportamento defensivo mais acentuado, o que as torna protetoras fervorosas de suas colmeias. Apesar de sua força, a espécie está listada entre as ameaçadas de extinção.

Guaraipo – Também conhecidas como guarapu, as guaraipos são uma das maiores espécies nativas do Brasil. Medindo cerca de 9 milímetros, essas abelhas do gênero Melipona costumam construir seus ninhos em troncos ocos, preferindo áreas úmidas e sombreadas. A peculiaridade da guaraipo é a capacidade de coexistência de uma ou mais abelhas rainhas no mesmo ninho, característica que as diferencia de outras espécies. Resilientes ao frio, estão igualmente ameaçadas de extinção.

Tubuna – Comumente encontrada em várias regiões do Brasil, a tubuna é conhecida por sua atitude defensiva. Ao sentir que seu território está ameaçado, libera um odor característico que lembra coco queimado, o que afasta predadores e invasores. Seu corpo é preto e lustroso, o que a distingue visualmente de outras espécies. A tubuna é uma defensora nata, e suas estratégias de proteção garantem a segurança do seu enxame.

Jataí – Amplamente distribuída pelo território brasileiro, a jataí é famosa pela entrada cilíndrica de cera com ramificações, que marca suas colmeias. Seu corpo esguio de coloração amarelo-dourada e as corbículas pretas, usadas para armazenar pólen, fazem com que essa abelha seja facilmente identificável. Sociável e pacífica, a jataí é uma excelente polinizadora de diversas culturas agrícolas.

Mirim – O nome “mirim” abrange um conjunto de sete espécies diferentes, sendo seis delas pertencentes ao gênero Plebeia e uma à Friesella schrottkyi, popularmente conhecida como mirim-preguiça. Essas abelhas são calmas e sociais, vivendo em colônias onde a maioria das operárias é responsável por atividades de coleta e defesa. Uma característica notável é a presença de uma princesa não fecundada mantida em uma câmara real, pronta para assumir o posto de rainha, caso necessário.

Iraí – As iraís são pequenas, tímidas e inofensivas. Seu mel é produzido em quantidades reduzidas, mas é bastante apreciado por seu sabor peculiar. Seus ninhos apresentam uma estrutura espiralada característica e são fáceis de manejar, o que faz dessa espécie uma escolha ideal para a meliponicultura.

Mandaçaia – O nome de origem indígena, que significa “vigia bonita”, faz referência ao comportamento defensivo da espécie, que sempre mantém uma abelha na entrada de suas colmeias. Mansas e sociais, as mandaçaias podem atingir até 11 milímetros e possuem uma coloração preta com listras amareladas no abdômen. Assim como outras espécies do projeto Poliniza Paraná, as mandaçaias também estão em risco de extinção, o que reforça a importância de sua preservação.

O Poliniza Paraná foi lançado em janeiro de 2022, como parte de um esforço integrado para fortalecer a educação ambiental no estado. O projeto é uma linha de ação do programa Paraná Mais Verde, que busca disseminar a conscientização sobre a importância dos polinizadores e da preservação ambiental. A regulamentação veio por meio da Lei Estadual n° 20.738/2021, que prevê a instalação de colmeias de abelhas nativas sem ferrão em cidades de todo o Paraná.

A presença dessas abelhas contribui não apenas para a preservação de espécies vegetais nativas, mas também para a produção de alimentos agrícolas, como frutas e legumes. A iniciativa está alinhada com o objetivo 15 dos ODS, que visa proteger, restaurar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres.

“A proposta do Poliniza Paraná é educativa e busca sensibilizar a população para a importância desses insetos, que muitas vezes são subestimados, mas desempenham um papel fundamental na cadeia alimentar e na manutenção do equilíbrio ecológico”, explica Nara Lucia da Silva, coordenadora do projeto.

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