Com o desafio de fazer mais com menos, os governos têm buscado maneiras de melhorar a gestão dos recursos públicos. O Paraná deu um passo importante nessa direção ao adotar um novo Modelo de Gestão de Custos dos Serviços Públicos.
A partir de outubro, a nova metodologia promete trazer mais transparência e precisão no controle das despesas, abrangendo diferentes secretarias e departamentos estaduais.
O principal objetivo é monitorar com clareza os custos das ações públicas, utilizando um sistema integrado que cruza dados financeiros e patrimoniais. Assim, será possível entender exatamente quanto custa cada serviço prestado à sociedade, garantindo que os recursos sejam usados da maneira mais eficiente possível.
O novo modelo é regido pelo Decreto 7.548/2024, que estabelece o uso obrigatório do Sistema Único e Integrado de Execução Orçamentária, Administração Financeira e Controle (Siafic). Esse sistema permite que todos os setores da administração pública estadual alimentem e acessem uma única base de dados, tornando mais fácil acompanhar as despesas e avaliar o custo-benefício de cada ação ou projeto.
Com essa integração, os gestores terão uma visão clara dos custos das principais áreas, como saúde e educação. Por exemplo, no setor educacional, a metodologia vai relacionar os gastos com a quantidade de alunos matriculados, permitindo uma análise precisa de quanto custa manter cada estudante na rede pública.
A adoção dessa metodologia é um marco na administração pública paranaense. Segundo o secretário da Fazenda, Noberto Ortigara, entender detalhadamente o custo de cada ação é fundamental para melhorar a gestão dos recursos. “Precisamos saber exatamente quanto custa cada cidadão atendido em uma unidade de saúde ou cada aluno em uma escola para podermos intervir de forma eficiente e oferecer sempre o melhor serviço”, afirma o secretário.
Essa abordagem, amplamente utilizada no setor privado, começa agora a ganhar espaço na administração pública. O diretor-geral da Secretaria da Fazenda, Luiz Paulo Budal, destaca que o Paraná se torna um exemplo a ser seguido por outros estados: “Estamos deixando um legado de gestão eficiente que poderá ser replicado em outras administrações”.
Uma das principais vantagens do novo modelo é o monitoramento contínuo das despesas. Com o Siafic, os gestores podem acompanhar em tempo real a evolução dos gastos e tomar decisões mais rápidas e assertivas. Além disso, o cruzamento de dados permite uma análise detalhada do patrimônio público, garantindo que cada recurso seja bem aplicado.
A diretora de Contabilidade Geral, Gisele Carloto, ressalta que a cultura da contabilidade de custos é essencial para a boa administração pública: “Mostrar para a sociedade como os recursos estão sendo aplicados é uma forma de garantir transparência e responsabilidade”.
Para que o novo modelo funcione de maneira eficaz, é essencial a participação ativa dos servidores públicos. Na última quarta-feira (16), mais de 200 pessoas participaram de uma reunião organizada pela Secretaria da Fazenda para alinhar o funcionamento da metodologia e esclarecer dúvidas. A reunião foi coordenada por Edimara Côrtes Gonçalves Frescura, chefe do Departamento de Contabilidade de Custos, que lidera o desenvolvimento do projeto.
Durante o encontro, foram apresentados detalhes sobre a estruturação do sistema e a importância da colaboração de cada departamento na alimentação dos dados contábeis. A Escola Fazendária do Paraná (EFAZ) também desempenha um papel fundamental, capacitando servidores para lidar com as novas práticas de contabilidade e monitoramento de custos.
O impacto da nova metodologia vai além dos números. A capacidade de identificar com precisão o custo de cada ação pública permite que o governo tome decisões mais assertivas, direcionando recursos para áreas prioritárias e eliminando desperdícios. Isso significa, por exemplo, que o dinheiro economizado em uma área pode ser reinvestido em saúde, educação ou infraestrutura.
No setor de saúde, essa abordagem pode ajudar a avaliar o custo de cada atendimento e otimizar a distribuição de recursos. Da mesma forma, na educação, entender os custos detalhados por aluno pode orientar políticas públicas mais eficientes, garantindo que cada centavo investido tenha o maior retorno possível.
A adoção de um sistema de gestão de custos também impacta positivamente a reputação financeira do estado. Recentemente, o Paraná melhorou seu perfil de crédito em agências internacionais, o que facilita a atração de investimentos e o acesso a financiamentos em condições mais vantajosas. O controle rigoroso das finanças é um dos fatores que contribuem para essa avaliação positiva.
Com um histórico de responsabilidade fiscal e agora com um sistema mais preciso de monitoramento, o estado fortalece sua posição como referência em gestão pública. Esse cenário abre portas para mais investimentos privados e oportunidades de desenvolvimento.