G20 no Rio define rumos da economia global e mudanças climáticas

À medida que o mundo se prepara para a cúpula do G20, que será realizada em novembro de 2024, na cidade do Rio de Janeiro, os olhos da comunidade internacional se voltam para o último encontro do Grupo de Trabalho (GT) de Economia Global, que ocorre nos dias 23 e 24 de setembro. Reunindo representantes das 19 maiores economias do mundo, além da União Europeia e União Africana, este encontro é decisivo para a definição das diretrizes e recomendações que guiarão as discussões durante a cúpula.

No centro das atenções estão temas fundamentais como a inclusão das desigualdades econômicas nos debates macroeconômicos globais e o reconhecimento das mudanças climáticas como uma variável crucial nas análises econômicas. Esses pontos, propostos pela presidência brasileira, destacam a importância de um crescimento econômico que seja sustentável, inclusivo e capaz de enfrentar os desafios do século XXI.

O Grupo de Trabalho de Economia Global é uma instância técnica dentro do G20, encarregada de discutir os principais riscos e incertezas que afetam o cenário macroeconômico mundial. Este grupo é composto por especialistas e representantes das maiores economias globais, além de organizações internacionais relevantes, como o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o Banco Mundial, e as novas vozes na mesa do G20, como a União Africana, que passou a ter participação ativa no fórum.

O objetivo central desse grupo é promover a coordenação de políticas econômicas entre as nações, garantindo que o crescimento global seja forte, equilibrado, sustentável e inclusivo. Para isso, são discutidos temas como desigualdade econômica, mudanças climáticas, impactos de crises globais e políticas fiscais. As reuniões do GT ocorrem periodicamente, e o encontro desta semana no Rio de Janeiro marca o quarto e último encontro de 2024, fechando os trabalhos antes da cúpula de novembro.

Sob a presidência do Brasil, o G20 de 2024 tem se concentrado em questões que refletem os desafios globais contemporâneos, com destaque para dois pontos principais: a desigualdade econômica e as mudanças climáticas.

  1. Desigualdade econômica como tema centralA proposta brasileira de incluir a desigualdade econômica nos debates macroeconômicos globais destaca a urgência de enfrentar as disparidades socioeconômicas que afetam o desenvolvimento das nações. A pandemia de Covid-19 exacerbou essas desigualdades, e muitos países ainda estão lidando com os impactos econômicos negativos, especialmente nas populações mais vulneráveis.O Brasil defende que o crescimento econômico, para ser efetivo e duradouro, precisa ser inclusivo, ou seja, precisa criar oportunidades para todos e reduzir as disparidades entre diferentes grupos populacionais. A inclusão da desigualdade nos debates do G20 é um passo importante para que as nações possam elaborar políticas que não apenas fomentem o crescimento, mas também promovam equidade e justiça social.
  2. Mudanças climáticas e a economia globalOutro ponto crucial da agenda brasileira é o reconhecimento das mudanças climáticas como uma variável nas análises econômicas globais. A crescente frequência de desastres naturais, como incêndios florestais, enchentes e secas, já está impactando significativamente a economia de diversas nações. Além dos custos diretos causados pelos desastres, as mudanças climáticas afetam setores como a agricultura, a infraestrutura e o comércio.Durante o encontro do GT, os delegados devem compartilhar experiências de como seus países estão lidando com os impactos econômicos das mudanças climáticas e discutir possíveis medidas para mitigar esses efeitos. A transição para uma economia de baixo carbono e o desenvolvimento de políticas que promovam a resiliência climática são temas centrais nessas discussões.

As mudanças climáticas representam um dos maiores desafios globais da atualidade, e seus impactos na economia estão cada vez mais evidentes. Eventos climáticos extremos têm aumentado em frequência e intensidade, gerando prejuízos bilionários para diversas economias.

  1. Agricultura e segurança alimentarSetores como a agricultura são diretamente afetados pelas alterações no clima. A mudança nos padrões de chuva e a elevação das temperaturas comprometem a produtividade agrícola, aumentando o risco de crises de segurança alimentar em várias regiões do mundo. Países em desenvolvimento, com menos recursos para adaptação, são os mais vulneráveis.
  2. Infraestrutura e reconstruçãoAlém dos impactos na agricultura, a infraestrutura global também sofre com os efeitos das mudanças climáticas. Desastres naturais, como inundações e furacões, destroem rodovias, pontes e edifícios, impondo elevados custos de reconstrução. Estima-se que os danos econômicos causados por eventos climáticos extremos possam chegar a trilhões de dólares nas próximas décadas, se nenhuma ação eficaz for tomada.
  3. Saúde pública e deslocamentos populacionaisAs mudanças climáticas afetam diretamente a saúde das populações, aumentando a disseminação de doenças tropicais e agravando problemas respiratórios em áreas com altos níveis de poluição. Além disso, o aumento do nível do mar e a desertificação de regiões habitáveis forçam migrações em massa, criando desafios humanitários e econômicos complexos.

A desigualdade econômica é outro tema que tem ganhado destaque nas discussões do GT de Economia Global. A crescente disparidade entre ricos e pobres dentro dos países e entre nações gera impactos econômicos profundos. Estudos mostram que a desigualdade não só desacelera o crescimento econômico, mas também aumenta a instabilidade social e política.

  1. Distribuição de renda e oportunidadesA má distribuição de renda e a falta de acesso a oportunidades econômicas são fatores que perpetuam a pobreza e a exclusão social. Em muitos países, as elites econômicas concentram a maior parte da riqueza, enquanto as populações de baixa renda lutam para acessar serviços básicos como educação e saúde.
  2. Desigualdade de gêneroA desigualdade de gênero é uma das principais formas de desigualdade que afetam o crescimento econômico. A exclusão das mulheres do mercado de trabalho, em muitos países, limita o potencial de crescimento, já que metade da população não tem acesso pleno às mesmas oportunidades econômicas.
  3. Impactos globais A desigualdade também afeta a cooperação internacional. Países com maior desigualdade interna tendem a enfrentar mais desafios em manter a estabilidade social, o que se reflete em tensões comerciais e políticas. A inclusão desse tema nas discussões macroeconômicas é fundamental para encontrar soluções que promovam um crescimento mais equilibrado e justo em escala global.

O encontro do G20 no Rio de Janeiro, em novembro, será um marco importante para discutir os desafios globais contemporâneos. Além das questões de desigualdade e mudanças climáticas, outros temas devem ocupar a agenda, como as políticas de recuperação econômica pós-pandemia, a transformação digital, o futuro do trabalho e a cooperação internacional para enfrentar crises globais, como pandemias e conflitos.

A expectativa é que os líderes globais cheguem a um consenso sobre medidas que possam estimular o crescimento econômico global sem sacrificar o meio ambiente ou agravar as desigualdades existentes.