Tecnologia moderna aprimora transplantes de medula óssea em Santa Catarina

O Governo do Estado de Santa Catarina tem investido fortemente em tecnologias de ponta para modernizar o atendimento à saúde, e o mais recente avanço é a aquisição de um tanque criogênico para preservação de Células Progenitoras Hematopoiéticas (CPH) no Centro de Hematologia e Hemoterapia de Santa Catarina (Hemosc).

Esse equipamento, importado dos Estados Unidos, representa uma inovação crucial no armazenamento e preservação das células responsáveis pelos transplantes de medula óssea, além de proporcionar uma significativa economia operacional para o sistema de saúde estadual. O investimento, de R$ 420 mil, faz parte de um esforço contínuo para melhorar o tratamento de alta complexidade no estado.

image 4 6

O sistema de saúde de Santa Catarina vem se destacando em âmbito nacional devido ao constante investimento em tecnologias inovadoras e à busca pela excelência no atendimento. Um dos marcos recentes foi a modernização do Hemosc, com a aquisição de um tanque criogênico de última geração para o armazenamento de Células Progenitoras Hematopoiéticas (CPH).

Essas células, essenciais para os transplantes de medula óssea, agora podem ser preservadas com ainda mais segurança e eficiência, garantindo um tratamento de qualidade para os pacientes que necessitam desse procedimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

A aquisição do tanque criogênico pelo Hemosc marca um avanço significativo na preservação de Células Progenitoras Hematopoiéticas (CPH), popularmente conhecidas como medula óssea. Essas células são vitais para a realização de transplantes, especialmente em casos de doenças hematológicas graves, como leucemias e linfomas.

De acordo com Patrícia Carsten, diretora-geral do Hemosc, o novo equipamento traz benefícios imensuráveis em termos de segurança e eficiência. “Esse tanque criogênico é de alta tecnologia e foi adquirido com o intuito de modernizar os processos de armazenamento de CPH. As medulas armazenadas nele já foram utilizadas em transplantes realizados pelo SUS para pacientes catarinenses, e a intenção é adquirir mais um equipamento para substituir os tanques antigos,” explica Carsten.

Além de aumentar a segurança no armazenamento, o novo equipamento traz uma grande economia de recursos. O uso de nitrogênio líquido, que é necessário para manter as temperaturas adequadas, passa a ser reaproveitado pelo próprio sistema, resultando em uma redução significativa no consumo de energia e na necessidade de manutenção dos equipamentos.

Um dos grandes destaques do novo tanque criogênico é sua capacidade de gerar uma economia operacional expressiva. Segundo estimativas, o novo equipamento permitirá uma redução de custos de até seis vezes em relação aos modelos antigos. Isso se deve, em grande parte, à eficiência energética e ao reaproveitamento do nitrogênio líquido.

A bioquímica Janete Cattani Baldissera, do laboratório de processamento celular do Hemosc, detalha a funcionalidade do novo equipamento: “Com essa nova tecnologia, o nitrogênio usado para manter a temperatura adequada não é mais consumido e sim reaproveitado, o que gera uma economia significativa. Além disso, o tanque tem capacidade para armazenar cerca de 400 bolsas de medula, com monitoramento eletrônico constante da temperatura, que deve ser mantida entre 150º C e 170º C negativos.”

Essa economia impacta diretamente o orçamento do sistema de saúde, liberando recursos para outras áreas e permitindo que o estado continue investindo na modernização de suas unidades de atendimento.

Além dos avanços no armazenamento de medula óssea, o Hemosc também passou a realizar o Teste de Detecção de Ácido Nucleico (NAT) para todas as amostras de doadores de sangue, órgãos e tecidos do Sul do Brasil. Esse exame é crucial para a detecção de doenças como HIV, hepatites B e C, e malária, garantindo que apenas sangue e tecidos saudáveis sejam utilizados nos procedimentos médicos.

Desde 2010, o Hemosc já realiza esses testes para os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A partir de 2024, o Paraná também foi incluído nessa rede de exames, ampliando o alcance e a importância do Hemosc como referência na área de hemoterapia e transplantes.

O Hemocentro de Santa Catarina não é apenas referência em tecnologia de ponta, mas também em qualidade. O Hemosc é o único hemocentro no Brasil a possuir três certificações de qualidade, o que o torna um exemplo a ser seguido no país. Essas certificações incluem:

  • ISO 9001, uma norma internacional que atesta a qualidade dos serviços oferecidos desde 1998.
  • Acreditação pela AABB/ABHH, obtida em 2014, que garante a excelência nos processos de hemoterapia e transplantes.
  • Organização Nacional de Acreditação (ONA), nível 1, conquistada em 2023, que reconhece o Hemosc como uma instituição de excelência no atendimento ao público.

Essas certificações são resultado de um trabalho contínuo de aprimoramento e da busca pela excelência no atendimento aos pacientes.

Outro aspecto relevante no processo de transplantes é a conscientização sobre a doação de órgãos e tecidos. O Setembro Vermelho, por exemplo, é uma campanha estadual instituída pela Lei nº 18.803/2016, que visa incentivar a população a doar órgãos. A campanha, realizada em parceria com o setor público e privado, é fundamental para esclarecer dúvidas e combater a desinformação sobre o tema.

Além do Setembro Vermelho, a Lei estadual nº 18.583/2015 instituiu a Semana de Conscientização da Doação de Órgãos e Tecidos, realizada anualmente na semana do Dia Nacional de Doação de Órgãos, comemorado em 27 de setembro. Essas iniciativas são essenciais para aumentar o número de doadores e reduzir a fila de espera por transplantes.

Uma das maiores barreiras à doação de órgãos no Brasil é a recusa familiar. No entanto, o Paraná tem se destacado por ter a menor taxa de recusa familiar do país, com uma redução significativa de 27% no primeiro semestre de 2023 para 25% em 2024. Esse resultado é fruto de um trabalho contínuo de conscientização e diálogo com as famílias.

A coordenadora do Sistema Estadual de Transplantes, Juliana Ribeiro Giugni, destaca que a equipe do Hemosc não mede esforços para garantir que cada doação seja realizada com sucesso. “O processo de doação e transplante é complexo e envolve diversos profissionais, desde a identificação do doador até a logística de transporte dos órgãos. Cada etapa é cuidadosamente monitorada para garantir que os pacientes que aguardam na fila de transplantes tenham uma nova chance de vida.”

Em 2024, uma nova ferramenta foi lançada para facilitar o processo de doação de órgãos no Brasil: a Autorização Eletrônica de Doação de Órgãos (Aedo). Desenvolvida em parceria entre o Ministério da Saúde e o Conselho Nacional de Justiça, essa ferramenta permite que qualquer pessoa registre, de forma on-line e gratuita, o desejo de ser doadora de órgãos após a morte.

A Aedo oferece uma solução prática para que as famílias possam consultar o sistema e verificar se o ente falecido expressou anteriormente o desejo de doar órgãos. Essa inovação promete aumentar o número de doações e salvar ainda mais vidas.

Sair da versão mobile