Golpes virtuais e a evolução das IAs: como se proteger na era digital

Na era digital, as inovações tecnológicas trazem inúmeras facilidades para o dia a dia, mas também abrem portas para novas formas de golpes e fraudes. A inteligência artificial (IA), que vem revolucionando áreas como entretenimento e comunicação, também é utilizada por criminosos para aplicar golpes cada vez mais sofisticados.

Plataformas como TikTok, que popularizaram filtros que transformam fotos em animações dinâmicas, exemplificam como as IAs estão integradas à nossa rotina. No entanto, ao mesmo tempo em que encantam e divertem, essas tecnologias podem ser armadilhas perigosas nas mãos de estelionatários.

Os golpes virtuais, que se tornaram mais frequentes nos últimos anos, são uma ameaça real, como indica o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2023. Segundo o relatório, houve um aumento de 13,6% nos crimes relacionados a fraudes virtuais. Neste contexto, é essencial entender como essas fraudes funcionam e aprender a se proteger. Este artigo explora as principais táticas utilizadas pelos golpistas, como o phishing com IA e deep fakes, e oferece dicas práticas para manter sua segurança digital.

Os avanços na inteligência artificial tornaram-se uma faca de dois gumes. Enquanto as IAs aprimoram a criatividade e o entretenimento, elas também oferecem novas ferramentas para criminosos virtuais. O phishing, uma das técnicas mais antigas de fraude na internet, foi aprimorado com o uso de IA, tornando as mensagens fraudulentas cada vez mais difíceis de distinguir de comunicações legítimas.

O coordenador e professor do curso de Bacharelado de IA do Biopark Educação, Leonardo Tampellini, explica que os golpistas estão usando IA para criar e-mails e mensagens de redes sociais que parecem vir de fontes confiáveis. “Essas mensagens são extremamente convincentes e, ao clicar em um link, a vítima é redirecionada para um site falso, onde os criminosos podem roubar informações pessoais e financeiras”, alerta Tampellini.

Além do phishing, outra técnica que vem ganhando popularidade entre os golpistas é o uso de deep fakes. Essa tecnologia permite manipular vídeos e áudios de forma incrivelmente realista, possibilitando que os criminosos façam uma pessoa parecer dizer ou fazer algo que nunca aconteceu. No mundo das redes sociais, onde a confiança é essencial, os deep fakes podem ser usados para hackear contas, espalhar informações falsas e enganar seguidores com promoções fraudulentas.

As redes sociais e os aplicativos de mensagens são as principais plataformas utilizadas pelos criminosos para disseminar golpes. Disfarçados de lojas online ou promoções tentadoras, os golpistas iniciam conversas no WhatsApp, tentando induzir os usuários a clicar em links fraudulentos. Esses links, muitas vezes gerados por chatbots, redirecionam a vítima para páginas falsas onde suas informações podem ser roubadas.

Em 2023, quase dois milhões de estelionatos foram registrados no Brasil, conforme o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, com um aumento significativo nos golpes virtuais. Isso inclui desde esquemas tradicionais de phishing até fraudes mais sofisticadas que utilizam deep fakes e IA. A facilidade com que essas tecnologias podem ser aplicadas faz com que qualquer usuário da internet seja um potencial alvo.

Deep fakes são vídeos ou áudios manipulados que usam inteligência artificial para criar falsificações altamente realistas. A tecnologia pode alterar o que uma pessoa está dizendo em um vídeo ou até fazer com que uma imagem estática pareça estar falando ou se movendo. Isso é feito através de algoritmos avançados que aprendem e replicam os padrões visuais e vocais da pessoa retratada.

Os golpistas utilizam deep fakes para se passar por indivíduos em redes sociais, muitas vezes invadindo contas e postando conteúdos falsos para enganar os seguidores. Isso pode incluir links para jogos de azar, promoções de produtos ou até pedidos de ajuda financeira. A sofisticação dessas falsificações torna difícil para os usuários comuns identificar o que é real e o que é manipulado, aumentando o risco de cair em golpes.

Diante do aumento dos golpes virtuais, é fundamental que os usuários adotem medidas de segurança para proteger suas informações. A seguir, apresentamos três práticas diárias que podem ajudar a reduzir significativamente os riscos de ser vítima de fraudes online.

Uma das formas mais eficazes de se proteger contra golpes virtuais é verificar a origem das mensagens e e-mails recebidos. “Sempre verifique a origem da propaganda. Se ela vem de uma conta não verificada ou desconhecida, é provável que seja falsa. Prefira sempre utilizar e conferir perfis oficiais e sites confiáveis”, aconselha Leonardo Tampellini.

É comum que mensagens fraudulentas apresentem erros de ortografia, especialmente em golpes internacionais, onde a tradução pode ser feita de forma imprecisa. Se uma oferta parecer suspeita ou boa demais para ser verdade, é importante verificar a autenticidade do remetente e a legitimidade da oferta.

Golpistas frequentemente utilizam ofertas atraentes como isca para direcionar os usuários a links fraudulentos. Promoções que prometem prêmios exagerados ou descontos irrealistas são bandeiras vermelhas que não devem ser ignoradas. A desconfiança é uma aliada importante na prevenção de golpes. Se uma promoção parece vantajosa demais, faça uma pesquisa rápida antes de clicar no link ou fornecer qualquer informação pessoal.

A autenticação em dois fatores é uma camada extra de segurança que pode fazer a diferença entre manter sua conta segura ou perdê-la para hackers. “Ao usar o WhatsApp ou o Facebook, é possível habilitar a autenticação de dois fatores na seção de segurança do site. Isso significa que, para acessar sua conta, será necessário confirmar a tentativa por meio do seu celular”, explica Tampellini.

Essa medida garante que, mesmo que alguém obtenha sua senha, não conseguirá acessar sua conta sem o código enviado ao seu dispositivo móvel. A autenticação em dois fatores deve ser habilitada em todas as contas que oferecem essa opção, incluindo e-mails, redes sociais e aplicativos de banco.

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