A surpreendente história original por trás de Frozen

“Frozen”, o fenômeno mundial da Disney, conquistou gerações com sua história encantadora de duas irmãs, Elsa e Anna, ambientada em um reino congelado. A trama, com canções inesquecíveis como “Let It Go”, parece ser uma criação original repleta de magia, mas sua verdadeira origem é um tanto sombria. O filme foi inspirado em um conto clássico de Hans Christian Andersen, “A Rainha do Gelo”, uma narrativa cheia de elementos assustadores e bem diferentes da versão que conhecemos hoje.

Quando a Disney decidiu criar “Frozen”, o estúdio estava em busca de uma narrativa baseada no conto “A Rainha do Gelo” de Hans Christian Andersen. Porém, transformar esse conto sombrio em algo atraente e adequado para crianças foi um grande desafio. Originalmente, a história de Andersen não era focada no amor entre irmãs, mas na luta de uma menina chamada Gerda para salvar seu amigo Kai das garras da malvada Rainha do Gelo.

A história de Frozen da Disney

Na versão da Disney, Elsa é retratada como uma princesa com poderes especiais de controlar o gelo, e sua irmã mais nova, Anna, busca restaurar o relacionamento entre as duas. A narrativa foca no conflito emocional de Elsa, que teme seus próprios poderes, enquanto a versão original é uma história muito mais sombria, com trolls, espelhos mágicos e uma rainha de gelo maligna.

A transição entre essas duas versões destaca como a Disney foi capaz de pegar um conto de fadas clássico, suavizar seus elementos mais perturbadores e criar um enredo centrado no amor familiar e no autoconhecimento. Mas, para entender completamente essa transformação, precisamos explorar a versão original de Andersen.

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O conto original de “A Rainha do Gelo”

Hans Christian Andersen é conhecido por suas histórias com profundas lições morais e temas muitas vezes tristes e sombrios. “A Rainha do Gelo” (ou “A Rainha da Neve”, como também é conhecida) foi publicada pela primeira vez em 1844 e, como muitos de seus contos, apresenta elementos de magia, amor e sacrifício.

Na trama original, não há Elsa e Anna, mas sim dois personagens principais: Gerda e Kai. Tudo começa com trolls malignos que criam um espelho mágico capaz de distorcer a realidade, fazendo com que as coisas bonitas pareçam feias e as pessoas boas pareçam más. Esse espelho acaba se quebrando e seus fragmentos se espalham pelo mundo. Um desses fragmentos entra nos olhos de Kai e outro em seu coração, o que o transforma completamente: Kai se torna frio, insensível e cruel.

É nesse momento que entra a Rainha do Gelo, uma figura enigmática e assustadora, que seduz Kai e o leva para seu castelo de gelo no extremo norte, deixando sua amiga de infância, Gerda, desesperada. Determinada a salvar Kai, Gerda parte em uma longa e perigosa jornada para encontrá-lo. No caminho, ela enfrenta muitos obstáculos e encontra personagens estranhos, como uma ladra que se torna sua aliada.

Gerda finalmente consegue chegar ao castelo da Rainha do Gelo, onde encontra Kai quase irreconhecível, completamente dominado pelos fragmentos do espelho. Com seu amor puro e suas lágrimas, ela derrete o gelo no coração de Kai e retira os fragmentos de seus olhos, libertando-o do feitiço da Rainha do Gelo. Juntos, eles retornam para casa, triunfando sobre o mal.

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Principais diferenças entre “Frozen” e “A Rainha do Gelo”

Embora ambas as histórias envolvam gelo, magia e personagens femininas fortes, as semelhanças entre “Frozen” e “A Rainha do Gelo” praticamente param por aí. A Disney fez mudanças significativas no enredo, personagens e temas centrais para criar uma história mais acessível e moderna. Vamos explorar algumas dessas diferenças:

1. Protagonistas

Na versão de Andersen, os protagonistas são Gerda e Kai, dois amigos de infância. Já em “Frozen”, os personagens principais são as irmãs Elsa e Anna. Enquanto a versão original gira em torno da amizade e do amor platônico, a adaptação da Disney coloca o amor entre irmãs no centro da narrativa.

2. A Rainha do Gelo

Na história original, a Rainha do Gelo é uma vilã clássica, uma figura fria e calculista que rouba Kai e o aprisiona em seu castelo. Ela é o principal obstáculo que Gerda precisa superar para salvar seu amigo. Em “Frozen”, Elsa, que inicialmente poderia ser vista como uma versão da Rainha do Gelo, é retratada como uma personagem complexa, que luta para controlar seus poderes e suas emoções. Em vez de ser uma vilã, Elsa é uma heroína trágica, cuja jornada é sobre autoconhecimento e aceitação.

3. Os trolls

No conto original, os trolls são responsáveis pela criação do espelho mágico que causa a desgraça de Kai. Eles são retratados como figuras malignas e são a raiz de todo o problema. Já em “Frozen”, os trolls têm um papel muito diferente: eles são criaturas amigáveis que ajudam Anna e sua família, até mesmo curando Anna quando ela é acidentalmente ferida pelos poderes de Elsa.

4. O tema do amor

Enquanto o conto de Andersen explora o poder do amor puro e da amizade para superar o mal, “Frozen” expande esse tema para incluir o amor fraternal entre as irmãs. O ato de amor verdadeiro que salva o dia em “Frozen” não é um beijo romântico, mas sim o sacrifício de Anna por sua irmã, destacando que o amor de família pode ser tão poderoso quanto o amor romântico.

5. O final

Em “A Rainha do Gelo”, a história termina com Gerda e Kai voltando para casa depois de enfrentarem muitos desafios. O final é agridoce, como muitos dos contos de Andersen, e há uma sensação de que os personagens perderam algo no processo. Já em “Frozen”, o final é mais otimista e feliz, com Elsa aprendendo a controlar seus poderes e se reconectando com Anna. O filme termina com uma sensação de renovação e esperança, mais alinhada com o tom alegre das animações da Disney.

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Do sombrio ao encantador

A transformação da história original de Andersen em “Frozen” é um exemplo claro de como a Disney adapta contos de fadas clássicos para torná-los mais atraentes ao público moderno. No caso de “Frozen”, essa adaptação não foi apenas uma mudança de tom, mas uma reformulação completa dos personagens e temas centrais.

Enquanto Andersen focava em questões mais profundas, como o poder do mal e as consequências de se afastar das emoções, a Disney optou por uma abordagem mais leve, centrada na descoberta pessoal e nos laços familiares. Elsa, que poderia facilmente ter sido transformada em uma vilã tradicional, tornou-se uma figura heroica e humana, cujos poderes não são um símbolo de maldade, mas uma parte intrínseca de quem ela é.

Além disso, o foco no amor entre irmãs trouxe uma mensagem poderosa e moderna, especialmente em uma época em que muitos contos de fadas ainda se concentravam no amor romântico. “Frozen” ofereceu uma nova perspectiva ao público, destacando que o verdadeiro ato de amor pode vir de alguém próximo, como uma irmã, e não necessariamente de um interesse amoroso.

A história de “Frozen” é uma demonstração fascinante de como um conto de fadas clássico pode ser transformado e modernizado para novas audiências. A Disney conseguiu pegar a essência de “A Rainha do Gelo” de Hans Christian Andersen e criar algo completamente novo, mantendo os elementos de magia e aventura, mas suavizando os temas sombrios e substituindo-os por mensagens mais otimistas e inspiradoras.

Embora “Frozen” tenha se distanciado bastante do conto original, ambos compartilham uma lição importante: o poder do amor verdadeiro, seja ele fraternal ou de amizade, é capaz de superar qualquer obstáculo. Seja na fria e solitária jornada de Gerda ou na emocionante busca de Anna para salvar Elsa, o coração da história permanece o mesmo.

Chapéuzinho Vermelho: história real aterrorizante

O conto de fadas de “Chapeuzinho Vermelho” tem encantado e aterrorizado leitores de todas as idades por séculos. Suas versões evoluíram ao longo do tempo, refletindo diferentes interpretações culturais e morais. A história, que começou como uma narrativa simples sobre uma menina e um lobo astuto, passou por várias reinterpretações, desde a adaptação mais leve e amigável da Disney até as versões mais sombrias e perturbadoras dos Irmãos Grimm e de Charles Perrault.

A versão Disney

A versão Disney de “Chapeuzinho Vermelho” é a mais conhecida e a mais suave das três interpretações. Lançado em 1922 como um curta-metragem animado, o conto ganhou popularidade ao longo dos anos, especialmente com a adaptação de 1937. Nesta versão, o lobo é retratado como um vilão astuto que se disfarça de avó para enganar a jovem protagonista. A história segue um enredo mais leve e voltado para crianças, com a moral focando na obediência e na cautela.

Na versão Disney, o lobo chega primeiro à casa da avó de Chapeuzinho Vermelho, devorando a idosa antes que a menina chegue. Disfarçado como a avó, o lobo tenta enganar Chapeuzinho Vermelho, mas seu disfarce é descoberto de forma dramática e cômica. O caçador, um herói típico dos contos de fadas, entra em cena e salva tanto a avó quanto Chapeuzinho. A moral da história enfatiza a importância da vigilância e da obediência às instruções dos pais. A narrativa é menos violenta e mais voltada para o entretenimento infantil, mantendo uma abordagem otimista e pedagógica.

A versão dos Irmãos Grimm

Os Irmãos Grimm ofereceram uma versão mais sombria e complexa de “Chapeuzinho Vermelho” em sua coletânea de contos de fadas. Publicada pela primeira vez em 1812, esta versão traz um tom mais sinistro e detalha um enredo mais intricado. A história dos Grimm mantém muitos elementos da versão tradicional, mas com adições que aprofundam a sensação de perigo e a astúcia do lobo.

Na versão dos Irmãos Grimm, o lobo chega à casa da avó antes de Chapeuzinho Vermelho e a devora. Disfarçado de avó, ele tenta enganar a menina com um visual mais assustador. O clímax ocorre quando o lobo revela sua verdadeira identidade e está prestes a devorar Chapeuzinho Vermelho. Nesse momento, um caçador aparece e salva a situação, matando o lobo e resgatando a avó e a menina. Embora a narrativa mantenha o elemento de um final feliz com a intervenção do caçador, o tom é mais sombrio e a violência implícita é mais pronunciada do que na adaptação Disney.

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A versão original de Perrault

Charles Perrault, um dos pioneiros dos contos de fadas, apresentou uma versão significativamente mais sombria de “Chapeuzinho Vermelho” em sua coletânea de 1697. Esta versão não só é mais violenta, mas também carrega uma moralidade perturbadora que se desvia drasticamente das adaptações mais modernas.

Na versão de Perrault, o lobo não devora a avó, mas a mata e a substitui na cama. Quando Chapeuzinho Vermelho chega à casa da avó, o lobo, disfarçado, oferece carne e vinho à menina, que na verdade são partes da avó e seu sangue. Chapeuzinho, ignorante da verdadeira natureza da comida, come e bebe, e depois se deita nua na cama com o lobo. O conto termina com o lobo devorando a menina, oferecendo uma moral sombria sobre a vulnerabilidade e a necessidade de cautela. Esta versão é notoriamente mais gráfica e chocante, refletindo uma abordagem mais direta da moralidade e das consequências das ações.

Cada versão de “Chapeuzinho Vermelho” oferece uma perspectiva única e reflete as normas e valores das épocas em que foram criadas. A versão Disney é conhecida por sua leveza e otimismo, oferecendo uma visão idealizada da justiça e da bondade triunfando sobre o mal. Os Irmãos Grimm adicionaram um elemento de suspense e um toque sombrio, mostrando a capacidade dos contos de fadas para explorar medos e tensões mais complexos. Por outro lado, a versão de Perrault, com seu final brutal e moralidade perturbadora, ilustra a dura realidade das narrativas originais, que muitas vezes tinham como objetivo ensinar lições severas e práticas.

Conclusão

O conto de “Chapeuzinho Vermelho” é um exemplo fascinante de como uma história pode evoluir e se transformar ao longo do tempo. Desde a versão otimista da Disney até os contos mais sombrios dos Irmãos Grimm e a versão perturbadora de Perrault, cada adaptação oferece uma visão única sobre temas universais como a inocência, a astúcia e a moralidade.

O conto de Cinderela: Doce sonho ou pesadelo sombrio?

O conto de Cinderela é um dos mais amados e conhecidos em todo o mundo, especialmente pela versão popularizada pela Disney. Entretanto, poucas pessoas conhecem a origem sombria e brutal do conto dos irmãos Grimm, que difere bastante da doce história de superação e amor que cativa as crianças. Vamos ver as duas versões, destacando suas diferenças e refletindo sobre o impacto cultural e as mensagens transmitidas por cada uma.

A versão Disney

A versão da Disney de Cinderela, lançada em 1950, tornou-se um ícone cultural. Nesta adaptação, Cinderela é uma jovem gentil e resiliente que, com a ajuda de sua Fada Madrinha, transforma sua vida de sofrimento em um conto de fadas. Após perder o sapatinho de cristal no baile, o príncipe encantado inicia uma busca para encontrar a dona do sapato.

Todas as mulheres solteiras da região experimentam o calçado, mas ele não serve em ninguém, nem mesmo nas irmãs malvadas de Cinderela, que fazem de tudo para conquistar o príncipe. No final, o sapato se encaixa perfeitamente nos pés de Cinderela, e ela se torna a escolhida, casando-se com o príncipe e vivendo feliz para sempre.

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A versão original

A versão original de Cinderela, escrita pelos irmãos Grimm, é muito mais sombria e cheia de violência. Nessa narrativa, as irmãs malvadas recorrem a atos extremos para tentar encaixar seus pés no sapatinho de cristal. Uma delas corta os dedos do pé, enquanto a outra corta o próprio calcanhar. O príncipe, alertado pelo sangue no sapatinho, rejeita ambas.

Quando tentam comparecer ao casamento de Cinderela e o príncipe, os olhos das irmãs são furados por pássaros. Além disso, não há uma Fada Madrinha na história original. Em vez disso, Cinderela conta com a ajuda de uma árvore mágica plantada sobre o túmulo de sua mãe. Em uma reviravolta final ainda mais macabra, Cinderela quebra o pescoço da Madrasta Má com a tampa de um baú, vingando-se da vilã.

Comparando as duas versões

A transformação da história original para a versão Disney reflete mudanças significativas na narrativa e nas mensagens transmitidas. Enquanto a versão Disney enfatiza a bondade, a perseverança e o poder da magia e do destino, a versão original dos irmãos Grimm apresenta uma visão mais realista e violenta da luta de Cinderela. Na versão Grimm, a justiça é alcançada através de atos brutais, mostrando um lado sombrio dos contos de fadas que foi suavizado na adaptação da Disney.

A versão Disney de Cinderela tem um impacto cultural profundo, moldando a percepção de gerações sobre o que constitui um conto de fadas. A história tornou-se um símbolo de esperança, amor e transformação. Por outro lado, a versão dos irmãos Grimm, embora menos conhecida, destaca a brutalidade e a vingança, oferecendo uma reflexão sobre as complexidades da natureza humana e das relações familiares.

Conclusão

As duas versões de Cinderela apresentam narrativas drasticamente diferentes que refletem suas respectivas épocas e culturas. A versão Disney continua a inspirar e encantar com sua mensagem de esperança e magia, enquanto a versão original dos irmãos Grimm nos lembra da sombriedade e da realidade crua que muitas vezes permeavam os contos de fadas antigos. Ambas as histórias, no entanto, continuam a ser importantes, oferecendo diferentes perspectivas sobre um clássico atemporal.

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