20 grandes romances que moldaram a história da literatura mundial

A literatura tem uma habilidade única de capturar o espírito da época e refletir as nuances da condição humana. Entre os inúmeros gêneros literários, os romances desempenham um papel crucial ao retratar as complexidades da vida, os dilemas morais e as emoções profundas que atravessam gerações. Eles não apenas divertem, mas também oferecem lições duradouras, moldando a cultura, os costumes e até as ideologias de seus leitores.

Ao longo dos séculos, diversos romances não só conquistaram corações, mas também deixaram marcas permanentes na história da literatura mundial. Cada obra selecionada nesta lista de 20 grandes romances representa uma transformação no estilo narrativo, na construção de personagens ou no impacto cultural. São livros que continuam a ser lidos, discutidos e analisados por sua relevância atemporal.

A seguir, exploramos brevemente cada um desses romances, destacando seu impacto na literatura e na sociedade. Prepare-se para uma jornada pelos clássicos que moldaram a maneira como vemos o mundo e as pessoas ao nosso redor.

1. Os sofrimentos do jovem Werther – Goethe

Os sofrimentos do jovem Werther, de Goethe, é uma obra seminal do romantismo. Publicado em 1774, o livro narra o amor não correspondido do jovem Werther e sua luta emocional até o desespero. O romance introduziu o “mal do século” e influenciou a geração romântica com sua ênfase no subjetivismo e nas emoções intensas.

2. O processo – Franz Kafka

Em O processo, Franz Kafka constrói uma narrativa perturbadora sobre Josef K., um homem preso e julgado por um crime do qual não tem conhecimento. A obra, uma das mais importantes do existencialismo, reflete as angústias da burocracia e a alienação do indivíduo diante de um sistema opressor.

3. A montanha mágica – Thomas Mann

Thomas Mann, em A montanha mágica, mergulha nas discussões filosóficas da Europa no período anterior à Primeira Guerra Mundial. O protagonista, Hans Castorp, embarca em uma jornada de autoconhecimento em um sanatório, onde questões sobre tempo, doença e morte se entrelaçam em um complexo diálogo intelectual.

4. O vermelho e o negro – Stendhal

O vermelho e o negro, de Stendhal, conta a história de Julien Sorel, um jovem ambicioso que tenta ascender socialmente na França pós-napoleônica. A obra critica a hipocrisia da sociedade e explora a dicotomia entre paixão e razão, tornando-se um clássico do realismo.

5. Madame Bovary – Gustave Flaubert

Gustave Flaubert, com Madame Bovary, retrata o vazio existencial de Emma Bovary, uma mulher que sonha com uma vida de luxos e aventuras, mas se vê presa em um casamento tedioso. A obra é um marco do realismo literário, criticando a busca incessante por prazeres e a insatisfação da vida moderna.

6. Os miseráveis – Victor Hugo

Os miseráveis, de Victor Hugo, é um épico sobre justiça social, redenção e sacrifício. A saga de Jean Valjean, um ex-condenado tentando se redimir em uma sociedade injusta, destaca as profundas desigualdades sociais da França do século XIX, tornando-se um símbolo de resistência e esperança.

7. A peste – Albert Camus

Albert Camus, em A peste, utiliza a epidemia que assola uma cidade argelina como uma metáfora para o absurdo da condição humana. A obra reflete sobre a luta contra o destino inevitável e o desafio de encontrar sentido em um mundo indiferente.

8. Ivanhoé – Walter Scott

Ivanhoé, de Walter Scott, é um romance histórico ambientado na Inglaterra medieval. A narrativa heroica de Ivanhoé, com seus temas de cavalaria, honra e tensões entre saxões e normandos, fez de Scott um dos pioneiros do romance histórico.

9. Servidão humana – Somerset Maugham

Servidão humana, de Somerset Maugham, é um romance de formação que segue o protagonista Philip Carey em sua busca por sentido e propósito. O livro aborda temas como frustração, relacionamentos conturbados e as angústias da vida, ressoando com leitores que enfrentam os desafios da autodescoberta.

10. Orlando – Virginia Woolf

Orlando, de Virginia Woolf, é uma obra revolucionária que desafia as convenções de gênero e tempo. Seguindo a jornada de Orlando, um personagem que atravessa séculos e muda de gênero ao longo da narrativa, Woolf oferece uma crítica sutil às normas sociais e sexuais da época.

11. Orgulho e preconceito – Jane Austen

Orgulho e preconceito, de Jane Austen, é um dos romances mais amados da literatura inglesa. A história de amor e intriga social entre Elizabeth Bennet e Mr. Darcy continua a encantar leitores com sua sátira das normas sociais e seus diálogos espirituosos.

12. David Copperfield – Charles Dickens

David Copperfield, de Charles Dickens, narra a vida de David, desde sua infância até a vida adulta, lidando com adversidades, amores e amizades. Considerado um dos romances mais autobiográficos de Dickens, a obra é um tributo à superação e ao crescimento pessoal.

13. O retrato de Dorian Gray – Oscar Wilde

Oscar Wilde, em O retrato de Dorian Gray, conta a história de Dorian, um homem que vende sua alma em troca da juventude eterna. A obra é uma reflexão sobre moralidade, vaidade e as consequências de uma vida de hedonismo.

14. Crime e castigo – Dostoiévski

Crime e castigo, de Fiódor Dostoiévski, é uma obra-prima da literatura russa que explora a psicologia de Raskólnikov, um jovem que comete um assassinato e enfrenta o tormento de suas próprias ações. A obra é uma análise profunda dos dilemas morais e da culpa.

15. Guerra e paz – Liev Tolstói

Guerra e paz, de Liev Tolstói, é uma narrativa épica que abrange a vida de várias famílias russas durante as Guerras Napoleônicas. Tolstói oferece uma análise detalhada da sociedade russa, dos conflitos históricos e dos dramas pessoais de seus personagens.

16. O crime do padre Amaro – Eça de Queirós

O crime do padre Amaro, de Eça de Queirós, é uma crítica feroz à Igreja Católica e à corrupção moral. A história do padre que se envolve em um relacionamento proibido é um exemplo brilhante do realismo português.

17. As vinhas da ira – John Steinbeck

As vinhas da ira, de John Steinbeck, retrata a jornada de uma família de agricultores durante a Grande Depressão, explorando temas de injustiça social e a luta pela sobrevivência. A obra é um retrato comovente da desigualdade e da dignidade humana.

18. O velho e o mar – Ernest Hemingway

Em O velho e o mar, Ernest Hemingway conta a história de Santiago, um velho pescador que enfrenta uma batalha épica contra um peixe gigante. A obra é uma metáfora sobre perseverança e o espírito humano diante das adversidades.

19. Quincas Borba – Machado de Assis

Machado de Assis, em Quincas Borba, explora a filosofia do “Humanitismo” em uma trama irônica que critica a sociedade brasileira do século XIX. A obra é uma das grandes reflexões sobre a loucura e o poder do autoengano.

20. Vidas secas – Graciliano Ramos

Vidas secas, de Graciliano Ramos, é um retrato pungente da vida dos retirantes nordestinos. A luta contra a seca e a miséria é narrada de forma crua, refletindo as condições brutais do sertão brasileiro.

Conclusão: O legado atemporal dos grandes romances

Esses 20 grandes romances não apenas moldaram a história da literatura, mas também deixaram um impacto profundo na cultura e na sociedade. Cada um deles oferece uma reflexão sobre a condição humana, explorando temas universais que continuam a ressoar com os leitores. Seja em suas abordagens inovadoras, na complexidade dos personagens ou nas críticas sociais incisivas, essas obras permanecem tão relevantes hoje quanto no momento de sua publicação. A leitura desses clássicos é uma oportunidade para mergulhar em histórias que transcendem o tempo e continuam a inspirar novas gerações.

Os 8 fatos mais curiosos sobre o gênio literário James Joyce

Nascido em Dublin, em 1882, James Joyce foi um dos escritores mais importantes do século XX e um dos maiores expoentes do movimento modernista e da técnica do “fluxo de consciência”. Embora seja um dos grandes orgulhos da cidade que o viu nascer, tendo até escrito uma obra intitulada “Dublinenses”, Joyce viveu grande parte de sua vida fora da Irlanda.

Ele viajou para Paris para estudar medicina e, mais tarde, para cidades como Trieste e Zurique (onde morreu em 1941) para fugir à Primeira Guerra Mundial. Além de “Dublinenses”, suas obras mais importantes são “Ulisses”, considerada sua obra-prima, o autobiográfico “Retrato do Artista Quando Jovem” e “Finnegans Wake”, uma obra notoriamente complexa e difícil de traduzir.

Apesar de ser um autor controverso — Vladimir Nabokov, embora reconhecesse o brilhantismo de “Ulisses”, considerava “Finnegans Wake” absolutamente horrível, e Virginia Woolf foi uma de suas críticas ferozes —, Joyce influenciou a obra de autores como Samuel Beckett, Jorge Luis Borges, Salman Rushdie, John Updike e David Lodge.

Em Dublin, para além das inúmeras estátuas erguidas em sua honra, comemora-se anualmente o Bloomsday – dia dedicado à vida e obra de Joyce, celebrado no dia 16 de junho, data em que se desenrola a narrativa de “Ulisses”.

1. Um jovem prodígio

Apesar de ter publicado seu primeiro livro em 1907, com 25 anos de idade, James Joyce escreveu seu primeiro poema com apenas nove anos. “Et Tu Healy?” foi publicado por seu pai e distribuído entre familiares e amigos. Embora não tenham sobrevivido cópias integrais do poema, alega-se que o pai do jovem Joyce estava tão orgulhoso do feito do filho que enviou cópias do poema até para o próprio Papa.

2. Medo irracional de tempestades

Desde criança, Joyce demonstrava um medo irracional de tempestades. Quando questionado por um amigo sobre a razão desse medo, Joyce respondeu que seu amigo claramente não tinha sido educado como um irlandês católico, como ele. Joyce acreditava que tempestades eram manifestações da raiva de Deus contra ele, e manteve esse receio até a vida adulta.

Em “Finnegans Wake”, ele criou uma palavra com 100 letras para representar simbolicamente o raio fulminante de Deus: “Bababadalgharaghtakamminarronnkonnbronntonnerronntuonnthunntrovarrhounawnskawntoohoohoordenenthurnuk”. A palavra é composta por várias representações da palavra “trovão” em diferentes idiomas.

3. Cartas eróticas leiloadas

Em 1931, depois de 27 anos de namoro, Joyce casou com Nora Barnacle, uma mulher de Galway com quem já tinha dois filhos. Até o final de seus dias, Nora foi sua musa, inspirando a personagem Molly Bloom em “Ulisses”. Além disso, a relação do casal ficou conhecida pelas cartas eróticas que trocavam. Uma dessas cartas, explicitamente sexual, foi leiloada em 2004 por £240,800 – o preço mais elevado pago por uma carta autografada do século XX.

4. Publicação de “Ulisses” pela fundadora da Shakespeare and Company

Até ser publicado integralmente em 1922, “Ulisses” começou a ser publicado em série na revista americana “Little Review”, com a ajuda do poeta Ezra Pound. Contudo, após um dos capítulos ser julgado obsceno, os editores da revista enfrentaram um processo judicial. Joyce teve dificuldades em encontrar alguém disposto a publicar a obra, que foi banida nos EUA e recusada por editores célebres como Virginia Woolf.

Em Paris, Joyce encontrou apoio em Sylvia Beach, fundadora da livraria Shakespeare and Company, que publicou a primeira edição de “Ulisses”. Embora fosse uma editora inexperiente, Sylvia reconheceu o potencial da obra de Joyce e publicou 1000 cópias iniciais. O livro continuou banido em vários países por anos, só sendo autorizado nos EUA em 1933.

5. O primeiro cinema da Irlanda

Em 1909, enquanto vivia em Trieste, Joyce foi informado por sua irmã Eva que a Irlanda não tinha ainda uma sala de cinema. Aproveitando a oportunidade, Joyce se juntou a quatro investidores italianos e ajudou a abrir o cinema Volta, na Mary Street, em Dublin. Embora não fosse apaixonado pela sétima arte, o investimento foi uma forma de financiar a publicação de suas obras. O cinema Volta, no entanto, manteve-se aberto por apenas sete meses sob a administração de Joyce, mas continuou a funcionar até 1948.

6. Amizade com Ernest Hemingway

Foi na livraria de Sylvia Beach, em Paris, que Joyce conheceu Ernest Hemingway, um dos seus amigos mais próximos no meio literário. Hemingway, autor de obras como “Por Quem os Sinos Dobram” e “O Velho e o Mar”, era frequentador assíduo dos cafés e bares de Paris.

Na companhia de Hemingway, Joyce, que era magro, franzino e tinha problemas de visão, abusava do álcool e iniciava confrontos físicos, deixando Hemingway para lidar com as consequências. Hemingway recordou que Joyce dizia: “Lida com ele, Hemingway! Lida com ele!”.

7. Encontro desastroso com Marcel Proust

Em 1922, Joyce conheceu Marcel Proust, autor de “Em Busca do Tempo Perdido”, em uma festa organizada pelo compositor Igor Stravinsky, em Paris. Apesar de ambos serem dotados de mentes brilhantes, a conversa entre eles não fluía, e eles acabaram discutindo sobre trufas. Joyce chegou à festa bêbado e mal vestido, enquanto Proust estava atrasado e indisposto, o que contribuiu para um encontro tenso e pouco produtivo.

8. Últimas palavras enigmáticas

Após ser admitido no hospital em Zurique para uma cirurgia, que o levou ao coma e posteriormente à morte, as últimas palavras de Joyce foram “Será que ninguém compreende?” (“Does nobody understand?”). Ele morreu no dia 13 de janeiro de 1941 e foi enterrado no cemitério Fluntern, em Zurique. Em 16 de junho, a Irlanda celebra o Bloomsday, em homenagem a Leopold Bloom, o protagonista de “Ulisses”. É o único dia no mundo dedicado a uma personagem literária.

James Joyce foi uma figura controversa e revolucionária, cuja genialidade literária deixou um legado indelével na literatura moderna. Suas obras, que exploram a mente humana e a vida cotidiana com uma profundidade sem precedentes, continuam a inspirar e desafiar leitores e escritores em todo o mundo.

A celebração anual do Bloomsday é um testemunho da influência duradoura de Joyce, perpetuando seu impacto na cultura literária e destacando a importância de sua contribuição para o modernismo e a literatura ocidental.

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