Anel celta milenar é encontrado na Escócia

A Escócia, conhecida por sua rica herança histórica e cultural, continua surpreendendo o mundo com descobertas arqueológicas que revelam detalhes de civilizações antigas. No último dia de uma escavação arqueológica no forte de Burghead, na costa nordeste do país, um anel celta milenar foi descoberto, marcando um momento de grande importância para a arqueologia da região.

O anel, possivelmente usado pelos pictos — povo celta que habitava a Escócia na Idade Média — foi encontrado por um voluntário que participou das escavações organizadas pela Universidade de Aberdeen. Este achado oferece uma rara visão sobre a vida e as práticas culturais dessa civilização, despertando questões intrigantes sobre quem possuía essa joia e qual era sua função.

O forte de Burghead e os Pictos

O forte de Burghead, onde o anel foi encontrado, era um dos principais assentamentos dos pictos, povo celta que habitou o norte da Escócia entre os séculos VI e IX. Os pictos, conhecidos por sua habilidade em artesanato e por suas tradições guerreiras, deixaram poucos vestígios materiais, o que torna qualquer descoberta arqueológica relacionada a eles de grande valor histórico.

Burghead, em particular, é considerado um dos maiores e mais importantes fortes pictos já descobertos, e as escavações no local têm proporcionado um entendimento mais profundo sobre a sociedade e as práticas dos pictos. As reconstruções em 3D feitas pelos pesquisadores da Universidade de Aberdeen ajudaram a visualizar como era o forte em sua época de maior atividade, fornecendo um guia crucial para as escavações arqueológicas.

A descoberta do anel

John Ralph, um engenheiro aposentado e arqueólogo amador, foi o responsável pela descoberta do anel celta. Ralph, que se voluntariou para participar das escavações após se interessar pelo projeto nas redes sociais, encontrou o artefato no último dia de escavação, em uma área que os arqueólogos inicialmente consideraram de menor importância. O anel estava enterrado no local onde existia uma pequena casa, que não parecia ser um ponto de destaque dentro do sítio arqueológico. A descoberta foi um choque para a equipe, que não esperava encontrar um artefato tão significativo em uma área menos explorada.

A descoberta de Ralph causou uma grande comoção entre os arqueólogos presentes. O professor Gordon Noble, que lidera a equipe de escavações, ficou impressionado com o estado de conservação do anel, especialmente pela presença de uma possível granada (ou vidro vermelho) em seu centro. “É uma verdadeira emoção desenterrar algo que você provavelmente é o primeiro a ver em mais de mil anos”, afirmou Ralph, ainda emocionado com a experiência.

O significado do anel

O anel celta, com seu design losangular e uma pedra preciosa em destaque, é um raro exemplo de joalheria picta. Embora poucos anéis desse tipo tenham sido encontrados até hoje, eles geralmente são descobertos em tesouros enterrados para proteção. Encontrar uma peça assim no chão de uma antiga casa picta levanta várias questões sobre sua origem e propósito.

A equipe de arqueólogos acredita que o anel pode ter pertencido a uma pessoa de alta posição social entre os pictos, dado o seu design sofisticado e o uso de uma pedra preciosa. A hipótese de que o anel tenha sido fabricado localmente também está sendo investigada, com os arqueólogos analisando outros objetos encontrados na mesma área para entender melhor a economia e o artesanato da época.

Além de sua importância estética e material, o anel oferece pistas sobre as interações culturais dos pictos. A possível presença de uma granada, uma pedra comum em regiões distantes, pode indicar contatos comerciais ou culturais com outras tribos celtas ou até mesmo com civilizações além da Escócia.

Foto: Universidade de Aberdeen

Burghead

O forte de Burghead sempre foi visto como um local estratégico para os pictos. Sua localização costeira permitia o controle de rotas comerciais e a proteção contra invasões. No entanto, as escavações recentes têm revelado que Burghead não era apenas um forte militar, mas também um centro de poder político e cultural.

As evidências de objetos artesanais, como o anel descoberto, e construções sofisticadas indicam que Burghead era um local de grande importância para os pictos. A descoberta do anel fortalece a teoria de que o forte servia como residência para a elite picta, que provavelmente governava a região a partir dali. “Poucos anéis pictos foram descobertos até hoje”, comentou o professor Noble, “e encontrar uma peça tão significativa em uma área que parecia de pouca relevância só reforça a ideia de que ainda temos muito a aprender sobre essa civilização.”

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Investigação e análise

O próximo passo para os arqueólogos será a análise detalhada do anel e de outros artefatos encontrados no forte de Burghead. O anel está atualmente aguardando análise pelo Serviço de Pós-Escavação do Museu Nacional da Escócia, que determinará com mais precisão os materiais usados na sua fabricação e a sua datação exata.

Essa análise pode fornecer respostas para muitas perguntas levantadas pela descoberta: Quem usava o anel? Foi fabricado no próprio forte ou importado de outra região? Qual era o status social de seu dono? Essas questões são fundamentais para entender melhor a sociedade picta e sua organização.

Além disso, o professor Gordon Noble e sua equipe continuarão a explorar a área em busca de mais evidências que possam contextualizar a descoberta do anel. A investigação pode revelar novas informações sobre a vida cotidiana dos pictos, suas práticas culturais e suas interações com outras civilizações celtas.

Arqueologia voluntária

A descoberta do anel celta milenar no forte de Burghead também destaca o papel crucial que os arqueólogos voluntários desempenham em projetos de escavação. A participação de John Ralph, um amador entusiasmado, não apenas levou a uma descoberta significativa, mas também mostra como o envolvimento do público em atividades científicas pode contribuir para o avanço do conhecimento histórico.

Projetos de escavação como o de Burghead são frequentemente abertos a voluntários, que, sob a orientação de especialistas, podem participar ativamente na descoberta de artefatos importantes. Isso não apenas democratiza o processo de pesquisa arqueológica, mas também ajuda a aumentar a conscientização pública sobre a importância da preservação histórica e do estudo do passado.

Conclusão

A descoberta do anel celta no forte de Burghead é mais um exemplo do poder que a arqueologia tem de nos conectar com o passado. Cada artefato encontrado oferece um vislumbre da vida de povos antigos, revelando detalhes sobre suas culturas, crenças e interações sociais. No caso dos pictos, uma civilização celta misteriosa, cada novo achado é um passo importante para entender sua história e legado.

Encontrado tesouro de 3.000 anos da Idade do Bronze na Escócia

Uma descoberta arqueológica extraordinária em Rosemarkie, Highland, na Escócia, trouxe à luz um tesouro da Idade do Bronze, revelando detalhes fascinantes sobre a vida e as práticas dos antigos Highlanders.

Durante escavações realizadas pela GUARD Archaeology, foram encontrados nove pulseiras e colares de bronze, além de raros restos de plantas orgânicas, datados de aproximadamente 1000 a.C.

A escavação foi realizada em Greenside, Rosemarkie, como parte de um projeto de pré-desenvolvimento para Pat Munro Homes. O que torna essa descoberta ainda mais significativa é o contexto em que o tesouro foi encontrado.

Em vez de ser um achado isolado, os artefatos estavam localizados dentro de um assentamento pré-histórico que incluía pelo menos seis casas redondas e uma sepultura de cista da Idade do Bronze. Esse cenário permite aos arqueólogos uma compreensão mais abrangente da comunidade que habitou a área, oferecendo insights valiosos sobre suas práticas diárias e culturais.

Os itens desenterrados incluem um anel de pescoço completo, um anel de pescoço parcial, seis braceletes penanulares e um bracelete penanular com ponta de taça. Esses objetos estavam entrelaçados com cordões fibrosos que sobreviveram ao enterro de 3.000 anos, demonstrando o intricado artesanato da época. A preservação desses materiais orgânicos é particularmente significativa, fornecendo evidências raras dos métodos usados para unir esses objetos.

Rachel Buckley, que supervisionou a recuperação dos artefatos, explicou a importância das condições controladas para preservar os delicados cordões orgânicos. “A recuperação dos artefatos foi realizada com sucesso sob as condições controladas necessárias para preservar esses objetos altamente significativos, particularmente os cordões orgânicos muito delicados que prendem alguns dos objetos juntos”, afirmou Buckley.

As propriedades antimicrobianas do cobre no bronze desempenharam um papel crucial na preservação dos materiais orgânicos, pois os produtos de corrosão do cobre aderiram aos compostos orgânicos, protegendo-os da decomposição.

A equipe de escavação, liderada pelo conservador Will Murray do Scottish Conservation Studio, documentou meticulosamente as amarrações de plantas entrelaçadas com os objetos de bronze. Esta descoberta confirma que os artefatos foram intencionalmente amarrados juntos, em vez de meramente posicionados próximos uns dos outros por acaso.

Nos próximos meses, a GUARD Archaeology continuará a examinar as várias vertentes de evidências para entender por que o tesouro foi enterrado neste local específico. A hipótese inicial é que o enterro foi deliberado, possivelmente destinado a armazenamento temporário. A presença de um poço raso, preenchido uma única vez e contendo apenas o tesouro, sugere uma intenção clara por parte dos antigos Highlanders.

Os arqueólogos também investigarão se o tesouro e o assentamento foram abandonados simultaneamente, o que poderia fornecer mais pistas sobre as circunstâncias que levaram ao enterro dos artefatos. A pesquisa é financiada pela Pat Munro (Alness) Ltd como parte das condições de consentimento de planejamento do Highland Council.

Além das descobertas arqueológicas, a escavação em Rosemarkie também abriu caminho para iniciativas educacionais. Hamish Little, gerente sênior da Pat Munro Homes, expressou entusiasmo em envolver os alunos da Fortrose Academy no aprendizado sobre o significado histórico do tesouro.

Planos estão em andamento para criar um recurso permanente no local ou próximo a ele para contar a história desta descoberta, promovendo o envolvimento da comunidade e educando os visitantes sobre a herança da Idade do Bronze de Rosemarkie.

A descoberta do tesouro da Idade do Bronze em Rosemarkie tem implicações significativas para o estudo da arqueologia e da história da Escócia. Os artefatos fornecem uma visão detalhada das práticas culturais, artesanais e possivelmente religiosas dos antigos Highlanders. A preservação dos materiais orgânicos, em particular, oferece uma rara oportunidade de estudar os métodos de fabricação e uso de objetos há 3.000 anos.

Além disso, o contexto do assentamento pré-histórico em torno do tesouro permite uma compreensão mais ampla da vida comunitária na Idade do Bronze. A combinação de residências, sepulturas e artefatos sugere uma sociedade organizada e complexa, com práticas estabelecidas de produção artesanal e rituais funerários.

A GUARD Archaeology continuará a explorar o sítio de Rosemarkie, com a expectativa de que mais descobertas possam ser feitas. A análise contínua dos artefatos e do contexto em que foram encontrados ajudará a construir uma imagem mais completa da vida na Idade do Bronze na Escócia. Pesquisadores de várias disciplinas estão colaborando para desvendar os mistérios desse período fascinante da história humana.

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