Os maiores bibliófilos da história e suas coleções fascinantes

Ao longo da história, certos indivíduos se destacaram por sua paixão avassaladora pelos livros, tornando-se verdadeiros guardiões de acervos inestimáveis. Esses bibliófilos não apenas colecionavam obras raras e manuscritos antigos, mas também desempenharam um papel vital na preservação do conhecimento, garantindo que gerações futuras pudessem acessar esses tesouros literários.

Entre as figuras mais notáveis estão colecionadores que, por meio de suas bibliotecas, ajudaram a moldar o legado cultural de suas épocas.

Sir Thomas Phillipps: o maior colecionador de manuscritos

Sir Thomas Phillipps, nascido em 1792, é amplamente considerado o maior colecionador de manuscritos da história. Sua obsessão por preservar livros e documentos antigos o levou a acumular uma impressionante coleção de aproximadamente 50.000 livros e 100.000 manuscritos. Para Phillipps, salvar manuscritos medievais da destruição era mais do que um hobby, era uma missão. Ele chegou a gastar fortunas, muitas vezes além de suas posses, para garantir que essas obras raras fossem preservadas para a posteridade.

Phillipps via sua coleção como uma forma de proteger a história. Seu legado é inestimável, e muitos dos manuscritos que ele salvou de serem destruídos ou esquecidos agora fazem parte de importantes bibliotecas públicas e privadas ao redor do mundo. Seu nome continua a ser reverenciado entre estudiosos e historiadores por sua contribuição à preservação do conhecimento.

Richard Heber: em busca de uma cópia de cada livro

Richard Heber, outro bibliófilo britânico notável, nasceu em 1773 e dedicou sua vida a adquirir uma cópia de quase todos os livros já publicados. Ele é conhecido por sua coleção gigantesca de mais de 146.000 volumes, espalhados por oito residências. Heber acreditava que uma biblioteca completa deveria conter múltiplas edições de cada obra, incluindo variantes regionais e internacionais.

O método de Heber de colecionar livros, sem restrições quanto ao gênero ou origem, resultou em uma das bibliotecas privadas mais abrangentes de sua época. Sua coleção era tão vasta que, após sua morte, a venda de seus livros se estendeu por anos. A paixão de Heber pela leitura e preservação de livros continua a ser lembrada como um dos grandes exemplos de dedicação à bibliofilia.

Henry E. Huntington: magnata e curador de tesouros literários

Henry E. Huntington, nascido em 1850, foi um magnata americano do setor de transportes que se tornou um dos maiores colecionadores de livros e manuscritos do mundo. Sua coleção forma a base da Biblioteca Huntington, na Califórnia, que é hoje uma das mais importantes instituições literárias e culturais dos Estados Unidos. Huntington acumulou obras raras, incluindo manuscritos de Chaucer e Shakespeare, e dedicou sua fortuna à criação de uma biblioteca acessível ao público.

A coleção de Huntington é famosa por seu valor histórico e literário, com volumes que datam de séculos passados. Sua decisão de tornar sua biblioteca pública reflete sua visão de que o conhecimento deveria ser compartilhado e acessível a todos. Hoje, a Biblioteca Huntington continua a ser um centro de pesquisa e aprendizado, abrigando um dos acervos mais significativos da história literária.

Sir Robert Cotton: fundador da Biblioteca Britânica

Sir Robert Cotton, nascido em 1570, é um dos mais importantes bibliófilos do século XVII. Ele foi o fundador de uma das primeiras bibliotecas públicas da Inglaterra, que eventualmente se tornaria a base da Biblioteca Britânica. A coleção de Cotton incluía documentos de valor inestimável, como a Magna Carta, além de inúmeros manuscritos medievais e renascentistas.

Cotton foi um pioneiro na preservação de documentos históricos, reconhecendo a importância de manter registros que contassem a história da nação britânica. Sua biblioteca não era apenas uma coleção pessoal, mas um recurso de pesquisa para acadêmicos e políticos. A visão de Cotton de preservar a história através de livros e manuscritos continua a influenciar bibliotecas e arquivos até hoje.

David M. Rubenstein: bilionário e filantropo literário

David M. Rubenstein, um bilionário e filantropo norte-americano, é conhecido por sua coleção de documentos históricos e livros raros. Entre seus tesouros está uma das primeiras edições da Constituição dos Estados Unidos e diversos outros textos importantes da história americana. Rubenstein vê sua coleção como uma forma de preservar e compartilhar a história nacional, e frequentemente empresta suas obras para exposições públicas.

O compromisso de Rubenstein com a preservação da história é refletido em suas doações generosas para instituições culturais e educativas. Ele acredita que o acesso ao conhecimento histórico é fundamental para o desenvolvimento da sociedade, e sua coleção continua a ser uma fonte valiosa para estudiosos e o público em geral.

Fernando Colón: o bibliotecário renascentista

Fernando Colón, filho do famoso explorador Cristóvão Colombo, foi um dos maiores bibliófilos da Renascença. Nascido em 1488, Colón montou uma biblioteca com mais de 15.000 volumes, uma quantidade impressionante para a época. Sua coleção incluía livros, mapas e manuscritos raros, e ele foi um dos primeiros a criar um sistema organizado de catalogação.

A dedicação de Colón à preservação do conhecimento reflete o espírito renascentista de curiosidade e descoberta. Ele acreditava que os livros eram a chave para expandir a compreensão do mundo, e sua biblioteca é um dos exemplos mais antigos de uma coleção renascentista significativa. Hoje, muitos de seus livros e documentos sobrevivem em bibliotecas e museus, continuando a inspirar estudiosos da história e da literatura.

Jean-Baptiste Colbert: o ministro que ampliou a Biblioteca Real

Jean-Baptiste Colbert, ministro de Luís XIV, é outro bibliófilo que desempenhou um papel importante na história das bibliotecas. Nascido em 1619, Colbert reuniu uma vasta coleção de livros e manuscritos que ajudou a expandir a Biblioteca Real, que eventualmente se tornaria a Biblioteca Nacional da França. Sob sua supervisão, a coleção da biblioteca cresceu exponencialmente, tornando-se uma das mais ricas da Europa.

Colbert via a biblioteca como um símbolo de poder e prestígio, e sua contribuição foi fundamental para o desenvolvimento das grandes bibliotecas públicas europeias. A coleção que ele ajudou a formar continua a ser uma parte central da Biblioteca Nacional da França, acessível a estudiosos de todo o mundo.

James Lenox: o colecionador por trás da Biblioteca Pública de Nova York

James Lenox, nascido em 1800, foi o fundador da Biblioteca Lenox, que mais tarde se fundiria com a Biblioteca Pública de Nova York. Lenox era um colecionador dedicado, especialmente interessado em livros raros e edições históricas. Entre seus tesouros estava uma cópia da Bíblia de Gutenberg, uma das obras mais raras e valiosas do mundo.

A paixão de Lenox por livros e sua visão de criar uma instituição pública tornaram sua coleção acessível a milhões de leitores. A fusão de sua biblioteca com a Biblioteca Pública de Nova York criou uma das maiores e mais importantes bibliotecas do mundo, onde estudiosos e leitores comuns podem acessar obras de valor inestimável.

A. Edward Newton: incentivador da bibliofilia nos EUA

A. Edward Newton, nascido em 1864, foi um dos mais importantes incentivadores da bibliofilia nos Estados Unidos. Além de ser um ávido colecionador de livros, Newton escreveu várias obras sobre o prazer de colecionar livros raros e antigos. Suas palestras e escritos inspiraram muitos outros a se tornarem bibliófilos.

Newton via os livros não apenas como objetos de valor, mas como portais para outras épocas e culturas. Sua coleção e seus escritos ajudaram a popularizar a ideia de que colecionar livros era uma forma de preservar a cultura e a história. Hoje, ele é lembrado como uma das figuras mais influentes no campo da bibliofilia americana.

Harry Elkins Widener: um legado que sobrevive ao Titanic

Harry Elkins Widener, nascido em 1885, faleceu tragicamente no naufrágio do Titanic em 1912. No entanto, sua paixão por livros vive por meio de sua coleção, que foi doada à Universidade de Harvard por sua mãe após sua morte. A Widener Library, uma das maiores bibliotecas acadêmicas do mundo, foi construída em sua memória e abriga sua vasta coleção de livros raros e manuscritos.

O legado de Widener é um testemunho de como o amor pelos livros pode transcender a vida de uma pessoa e continuar a impactar gerações. Sua coleção inclui obras preciosas da literatura inglesa e continua a ser um recurso valioso para estudantes e pesquisadores de todo o mundo.

Conclusão

Os maiores bibliófilos da história não apenas acumularam livros, mas desempenharam papéis fundamentais na preservação do conhecimento e da cultura. Suas coleções, muitas das quais formaram a base de grandes bibliotecas públicas, continuam a inspirar estudiosos, historiadores e amantes da literatura. Eles demonstraram que o amor pelos livros pode transcender o mero ato de colecionar, transformando-se em uma contribuição duradoura para a humanidade.

Esses bibliófilos deixaram um legado que não apenas preserva o passado, mas também molda o futuro. Suas bibliotecas são mais do que simples coleções de livros — são pontes que conectam gerações, oferecendo às pessoas de todas as épocas a chance de aprender, explorar e se maravilhar com o conhecimento acumulado ao longo dos séculos.

10 edições literárias raras e valiosas que se tornaram verdadeiros tesouros

A literatura mundial está repleta de obras que transcendem o tempo e se tornam símbolos culturais de suas épocas. Porém, algumas dessas obras não são apenas notáveis por suas palavras, mas também por suas edições únicas, que as tornam verdadeiros tesouros para colecionadores. Seja por um erro de impressão, pela assinatura do autor ou pelo número limitado de cópias, essas edições raras alcançam valores astronômicos nos mercados de leilões.

1. “Ulysses” de James Joyce (1922)

Publicado em 1922, “Ulysses” é uma obra-prima literária de James Joyce e uma das mais controversas e influentes do século XX. A primeira edição do livro, publicada pela editora Sylvia Beach, em Paris, teve apenas 1.000 cópias impressas. Dessas, 100 foram assinadas pelo próprio Joyce em papel vergê de alta qualidade. O que torna essa edição rara tão valiosa não é apenas a escassez de cópias, mas também o impacto histórico do livro, que enfrentou censura e proibições em diversos países. Recentemente, uma dessas edições foi vendida por mais de US$ 400.000 em um leilão, consolidando seu lugar como uma das obras mais cobiçadas pelos colecionadores.

2. “O Pequeno Príncipe” de Antoine de Saint-Exupéry (1943)

“O Pequeno Príncipe” é uma das obras mais traduzidas e amadas do mundo, mas poucos sabem que a primeira edição em inglês, publicada em Nova York em 1943, é uma das mais valiosas. Com uma tiragem inicial limitada, algumas cópias dessa edição ainda contêm ilustrações feitas à mão por Saint-Exupéry, além de dedicatórias pessoais. Essas edições são tão raras que, em 2018, uma cópia foi leiloada por mais de US$ 90.000. A história atemporal do pequeno príncipe que explora o amor e a amizade se tornou um ícone literário, e suas edições mais antigas são disputadas avidamente em leilões.

3. “Folhas de Relva” de Walt Whitman (1855)

A primeira edição de “Folhas de Relva”, publicada em 1855, é uma joia da poesia americana. Walt Whitman pagou do próprio bolso para imprimir cerca de 800 cópias do livro, muitas das quais ele mesmo distribuiu e vendeu. O valor de mercado dessa edição se dá pela singularidade do processo de impressão, no qual Whitman supervisionou pessoalmente cada etapa. As cópias dessa primeira edição chegam a ser vendidas por mais de US$ 150.000, e o preço só aumenta quando a edição inclui anotações do próprio autor. Whitman, muitas vezes chamado de “o poeta do povo”, deixou um legado literário incomparável, e suas edições raras são uma peça central em qualquer coleção.

4. “Frankenstein” de Mary Shelley (1818)

“Frankenstein” de Mary Shelley é um marco na literatura gótica e no gênero de ficção científica. A primeira edição, publicada anonimamente em 1818, contém apenas 500 cópias e é uma das obras mais procuradas por colecionadores. Além da escassez, o fato de Shelley ser uma mulher escrevendo um romance desse calibre em uma época dominada por homens confere à obra um valor histórico adicional. Uma dessas raras edições foi leiloada em 2021 por mais de US$ 1,17 milhão, estabelecendo um recorde para um trabalho literário escrito por uma mulher.

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5. “Orgulho e Preconceito” de Jane Austen (1813)

A primeira edição de “Orgulho e Preconceito”, publicada em três volumes, é outra preciosidade do mundo literário. O romance, que se tornou um clássico da literatura inglesa, foi inicialmente publicado em 1813 com uma tiragem limitada e sob o pseudônimo de “A Lady”. Cópias dessa edição são extremamente raras e alcançam valores elevados em leilões. Em 2010, uma dessas edições foi vendida por mais de US$ 100.000. A durabilidade do romance e o fascínio pelas palavras de Jane Austen garantem que essas edições permaneçam entre as mais procuradas e valiosas.

6. “Dom Quixote” de Miguel de Cervantes (1605)

O primeiro volume de “Dom Quixote”, publicado em 1605, é considerado um dos livros mais importantes da literatura mundial. As primeiras edições, que sobreviveram ao tempo, são extremamente raras. Uma delas, em excelente estado de conservação, foi vendida por mais de US$ 1,5 milhão. O valor de mercado de “Dom Quixote” não está apenas na sua raridade, mas também na importância cultural e literária da obra, que continua a inspirar escritores e leitores em todo o mundo.

7. “Harry Potter e a Pedra Filosofal” de J.K. Rowling (1997)

Embora relativamente recente, a primeira edição de “Harry Potter e a Pedra Filosofal”, de J.K. Rowling, se tornou uma das mais valiosas do mercado literário. A edição original, publicada em 1997 pela pequena editora Bloomsbury, teve uma tiragem inicial de apenas 500 cópias, das quais 300 foram enviadas para bibliotecas. Essas cópias são altamente valorizadas, especialmente se estiverem em bom estado de conservação. Em 2021, uma edição foi leiloada por cerca de US$ 471.000. Esse sucesso reflete não apenas a popularidade da série, mas também a raridade das primeiras impressões.

8. “Moby Dick” de Herman Melville (1851)

“Moby Dick”, a história do capitão Ahab e sua perseguição à baleia branca, não foi um sucesso imediato. Publicada em 1851, a primeira edição teve uma tiragem de apenas 500 cópias, e a obra só ganhou reconhecimento anos após a morte de Melville. Atualmente, essas primeiras edições estão entre as mais valiosas do mercado, com valores que podem ultrapassar os US$ 100.000. A complexidade da narrativa e a influência de “Moby Dick” no desenvolvimento da literatura americana garantem o status de clássico e a busca fervorosa por edições originais.

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9. “Alice no País das Maravilhas” de Lewis Carroll (1865)

A primeira edição de “Alice no País das Maravilhas” é notoriamente rara devido a um incidente curioso: o ilustrador John Tenniel não ficou satisfeito com a impressão e pediu que a edição fosse recolhida. Como resultado, apenas 23 cópias foram salvas, tornando essa edição uma das mais valiosas da literatura infantil. Em 1998, uma dessas cópias foi leiloada por US$ 1,5 milhão, confirmando o status de “Alice” como um dos tesouros mais cobiçados do mercado literário.

10. “Os Contos de Beedle, o Bardo” de J.K. Rowling (2007)

Embora relativamente recente, “Os Contos de Beedle, o Bardo”, escrito por J.K. Rowling, se tornou uma edição rara de grande valor. A autora produziu à mão sete cópias exclusivas do livro, adornadas com pedras preciosas e encadernadas em couro. Seis dessas cópias foram presenteadas a amigos próximos, enquanto a sétima foi leiloada para arrecadar fundos para caridade. O exemplar leiloado foi vendido por impressionantes US$ 3,98 milhões, tornando-se um dos livros mais caros da era contemporânea. A raridade e o caráter exclusivo dessas edições fazem de “Os Contos de Beedle, o Bardo” um dos maiores tesouros modernos.

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Conclusão

Essas edições raras e valiosas são mais do que livros; são fragmentos da história literária e cultural da humanidade. Possuir uma dessas edições não é apenas uma questão de status, mas também de apreço pela preservação de obras que moldaram a literatura mundial. Para colecionadores, adquirir um desses exemplares é como descobrir um pedaço perdido do passado, um artefato precioso que merece ser admirado e cuidado. E para nós, leitores, conhecer essas histórias é um convite para explorar ainda mais a riqueza infinita que os livros têm a oferecer, tanto em palavras quanto em seu valor físico e histórico.

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Livreiro desinformado vende, por 10 reais, livro raro de José de Alencar que vale 50 mil reais

O livro Senhora, do escritor José de Alencar, é uma das obras mais emblemáticas da literatura brasileira. A obra narra a história de Aurélia Camargo, uma jovem humilde que é desprezada pelo namorado, que se casa com uma mulher rica logo depois. Após esse evento, Aurélia herda uma grande fortuna, tornando-se a mulher mais rica do Rio de Janeiro. Com seu novo poder e dinheiro, ela elabora um plano de vingança contra seu antigo companheiro.

A obra Senhora é considerada um clássico da literatura brasileira. Na época da publicação de Senhora, outras obras literárias notáveis foram lançadas ao redor do mundo, incluindo Germinal, de Émile Zola (1875); A Ilha Misteriosa, de Jules Verne (1875); O Retrato de uma Senhora, de Henry James (1875); As Aventuras de Tom Sawyer, de Mark Twain (1876); Anna Karenina, de Liev Tolstoy (1877); e Os Irmãos Karamazov, de Fyodor Dostoevsky (1880).

No início dos anos 2000, Luiz Carlos Veroneze (hoje diretor do Jornal da Fronteira, mas, na época, motorista de fábrica) entrou em uma livraria de livros e revistas antigos em Porto Alegre, mais por curiosidade do que buscando algo específico.

Com pouco dinheiro, ele pensava em comprar livros baratos. O local estava abarrotado de livros de todos os tipos, discos e revistas. Ao fundo, um velho livreiro organizava novos volumes que haviam chegado.

Naquela época, o livreiro não deu muita atenção ao visitante, que começou a olhar diversos livros de seu interesse, a maioria com preços entre 2 e 5 reais. Veroneze separou alguns para comprar. Depois de duas horas examinando os livros, ele selecionou cuidadosamente cerca de 10 obras, que ao todo somavam aproximadamente 30 reais, valor que estava disposto a gastar.

No caixa, o velho livreiro havia deixado novos volumes para uma seção de livros antigos. A maioria dos livros tinha preços superiores a 100 reais, mas o jovem cliente observou dois com preços mais baixos, de apenas 15 reais cada. Um deles era Senhora – Perfil de Mulher, de 1875, escrito por GM; e Aos Espanhóis Confinantes, de 1929, de Othon D’Eça.

Quando questionado sobre o preço mais baixo, o livreiro explicou que os livros eram de autores desconhecidos, sem importância para o mundo literário, mas tinham algum valor por serem antigos. Como nunca havia possuído um livro raro antes, Veroneze pediu para o livreiro deixar os dois livros raros por 20 reais, fechando a compra de 12 livros por apenas 50 reais.

Os dois livros ficaram guardados em uma estante por alguns anos, até que certo dia, Luiz Carlos Veroneze resolveu descobrir mais sobre o autor da obra Senhora, de GM. Usando sua coleção da Barsa (naquela época a internet ainda não era popular como hoje), ele levou dias para descobrir que GM era um pseudônimo que o famoso escritor José de Alencar, autor de O Guarani e Iracema, utilizou no início de sua carreira.

Os anos se passaram e, com a crise gerada pela pandemia de Covid-19 (entre 2020 e 2022), Luiz Carlos Veroneze pensou em vender algumas obras de sua coleção de livros raros. Entre as obras selecionadas, ele pediu uma avaliação do preço de Senhora – Perfil de Mulher, autor GM, 1ª edição de 1875, obtendo a informação de que, em um leilão, poderia obter de R$ 25 mil a 50 mil pelo livro raro, ou até mais. No entanto, ele decidiu não vender nenhum livro de sua coleção.

A história de Luiz Carlos Veroneze e o livro Senhora, de José de Alencar, ilustra como o valor literário e histórico de uma obra pode ser subestimado, especialmente quando a importância do autor não é reconhecida.

Este incidente destaca, também, a importância de se ter conhecimento sobre os livros que possuímos e como um achado inesperado pode revelar um tesouro literário inestimável.

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