Paraná intensifica vigilância contra febre Oropouche

A febre Oropouche, uma arbovirose causada pelo vírus Orthobunyavirus oropoucheense (OROV), tem despertado atenção em diversos estados brasileiros, incluindo o Paraná. Embora o estado não tenha registrado até o momento nenhum caso autóctone, ou seja, contraído localmente, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) mantém uma vigilância rigorosa sobre a doença, monitorando possíveis novos casos e se preparando para qualquer eventualidade.

Com nove casos importados já registrados no Paraná e um óbito sob investigação, as autoridades de saúde reforçam a importância de medidas preventivas e a atenção contínua à disseminação do vírus.

Até o presente momento, o Paraná registrou nove casos de febre Oropouche, todos classificados como importados, ou seja, os pacientes contraíram o vírus em outras regiões do Brasil antes de apresentarem sintomas no estado. Felizmente, nenhum óbito foi confirmado no Paraná devido à doença, embora uma morte esteja sob investigação, possivelmente ligada a um paciente que contraiu a infecção em Santa Catarina.

No panorama nacional, a situação é mais preocupante. De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil registrou 7.653 casos da febre Oropouche em 2024, espalhados por 22 estados e resultando em dois óbitos confirmados, ambos na Bahia. A disseminação da doença tem levado as autoridades de saúde a intensificarem os esforços de monitoramento e prevenção, especialmente em estados que ainda não registraram casos autóctones, como o Paraná.

A febre Oropouche é transmitida principalmente pela picada do inseto Culicoides paraensis, popularmente conhecido como maruim ou mosquito-pólvora. Após picar uma pessoa ou animal infectado, o vírus pode permanecer no inseto por alguns dias, tornando-o capaz de transmitir a doença para outras pessoas.

Os sintomas da febre Oropouche podem variar de leves a graves. Em sua forma aguda, a doença pode causar febre súbita, dor de cabeça intensa, dores musculares, náuseas e diarreia. Em alguns casos, os pacientes relatam tonturas, dor atrás dos olhos, calafrios e sensibilidade à luz (fotofobia). Embora a maioria das pessoas se recupere sem complicações, casos mais graves podem ocorrer, incluindo o acometimento do sistema nervoso central, como meningoencefalite, especialmente em pacientes imunocomprometidos. Há também relatos de manifestações hemorrágicas associadas à infecção.

O Paraná, por meio da Vigilância Ambiental da Sesa, tem adotado uma postura proativa no monitoramento da febre Oropouche. O Laboratório Central do Paraná (Lacen-PR) desempenha um papel crucial nesse processo, sendo o primeiro laboratório do Brasil a incluir a testagem para as febres de Mayaro e Oropouche em sua rotina de diagnósticos.

A técnica utilizada pelo Lacen-PR, conhecida como RT-qPCR, é considerada o padrão ouro para a identificação de arboviroses, permitindo a detecção do RNA viral presente nas amostras de sangue. Em cada processo de testagem, são analisados nove arbovírus diferentes, incluindo os quatro tipos de dengue, chikungunya, Zika vírus, febre amarela, febre de Mayaro e febre Oropouche. Essa abordagem integrada garante uma identificação rápida e precisa das doenças, possibilitando ações imediatas de bloqueio e prevenção.

A coordenadora da Vigilância Ambiental da Sesa, Ivana Lúcia Belmonte, destacou que o monitoramento das arboviroses sempre foi uma prioridade para o estado, mas que desde 2023, com a intensificação dos casos de febre Oropouche no país, o Paraná passou a realizar análises laboratoriais de PCR especificamente para essa doença. As amostras são coletadas em 65 Unidades Sentinelas de dengue estrategicamente distribuídas pelo estado, garantindo uma cobertura abrangente e eficaz.

Diante da crescente preocupação com a febre Oropouche, as autoridades de saúde têm reforçado as recomendações de prevenção, especialmente para gestantes e pessoas que vivem em áreas de risco. A limpeza de quintais para evitar o acúmulo de matéria orgânica, como folhas e cascas de frutas, é uma medida essencial, pois esses locais podem servir de criadouro para os insetos transmissores.

Outra recomendação importante é a instalação de telas de malha fina em portas e janelas, o que ajuda a impedir a entrada de insetos, incluindo o mosquito-pólvora, em residências. O uso de roupas compridas que cubram braços e pernas também é aconselhado, especialmente em áreas onde foram registrados casos de febre Oropouche.

Para gestantes, o Ministério da Saúde emitiu orientações específicas, especialmente após a confirmação de um caso de anomalia congênita associada à febre Oropouche em um bebê nascido no Acre. Essas orientações incluem o uso de mosquiteiros de malha fina durante o sono e a realização de consultas médicas regulares para monitoramento da saúde da mãe e do feto.

A prevenção da febre Oropouche não depende apenas das autoridades de saúde, mas também da conscientização e participação ativa da comunidade. Manter os ambientes domésticos livres de potenciais criadouros de insetos, usar repelentes e seguir as recomendações de proteção individual são medidas que podem fazer a diferença na contenção da doença.

Além disso, é importante que a população esteja atenta aos sintomas da febre Oropouche e procure assistência médica imediatamente caso apresente sinais como febre súbita, dores musculares ou de cabeça intensas. A notificação precoce de casos suspeitos é crucial para o sucesso das estratégias de controle e para evitar a disseminação da doença.

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