Captura de carbono ganha destaque no Carbonless Summit 2024

Na abertura do Carbonless Summit 2024, um dos mais importantes encontros internacionais sobre captura e armazenamento de carbono (CCS), o Paraná se destacou ao apresentar suas iniciativas em prol da sustentabilidade.

O evento, que reúne especialistas, empresas e representantes de governos de várias partes do mundo, trouxe à tona discussões sobre novas tecnologias e políticas voltadas para a mitigação das emissões de gases do efeito estufa. Representando o Estado, o secretário estadual do Desenvolvimento Sustentável, Everton Souza, apresentou as ações inovadoras em curso no Paraná, que incluem desde o uso de fontes de energia renovável até o desenvolvimento de projetos voltados para a captura subterrânea de dióxido de carbono (CO2).

Com um histórico de investimentos em energias limpas e práticas de preservação ambiental, o Paraná vem ganhando reconhecimento no cenário global. Durante sua fala, Souza destacou que o Estado tem mais de 90% de sua matriz energética proveniente de fontes renováveis e que investe continuamente em biogás, biometano e outras alternativas sustentáveis. Este artigo explora os principais pontos discutidos na abertura do Carbonless Summit 2024 e as iniciativas paranaenses que colocam o Estado na vanguarda da sustentabilidade no Brasil.

A captura e armazenamento de carbono (CCS) é uma tecnologia fundamental no combate às mudanças climáticas, uma vez que permite a redução direta das emissões de CO2 na atmosfera. O processo consiste na captura do dióxido de carbono produzido em atividades industriais e energéticas, seguido pelo armazenamento em formações geológicas subterrâneas, como reservatórios de petróleo esgotados, camadas de sal e aquíferos salinos. Esse método impede que o gás poluente seja liberado na atmosfera, mitigando o impacto ambiental das indústrias e promovendo um desenvolvimento mais sustentável.

Durante o evento, especialistas ressaltaram a importância da CCS como uma solução eficaz para a redução de emissões e explicaram que o Brasil, com suas características geológicas favoráveis, tem grande potencial para a implementação dessa tecnologia em larga escala. De acordo com a CCS Brasil, o país possui capacidade para capturar cerca de 200 milhões de toneladas de CO2 por ano, o que pode gerar uma movimentação econômica de até R$ 20 bilhões. O Paraná, com seu compromisso ambiental, tem se mostrado um dos principais interessados na adoção dessa tecnologia.

O secretário Everton Souza detalhou as ações em curso no Paraná que reforçam o compromisso do Estado com a mitigação das emissões de gases do efeito estufa e o desenvolvimento sustentável. Entre as medidas, destacam-se o incentivo a fontes de energia renováveis, como a eólica e a solar, e a implementação de tecnologias de geração de biogás e biometano, especialmente a partir dos resíduos de suínos. O Paraná é o segundo maior produtor de carne suína do Brasil e, portanto, o aproveitamento desses dejetos representa uma alternativa tanto econômica quanto ambientalmente viável.

Além disso, Souza destacou a importância das áreas verdes e das compensações ambientais. “Temos feito muito pela sustentabilidade do Paraná, ampliando a área verde como forma de compensar a emissão de CO2”, afirmou. Desde 2019, foram distribuídas mais de 10 milhões de mudas de espécies nativas, e novas Unidades de Conservação foram criadas para preservar a biodiversidade local. O número de visitantes nas Unidades de Conservação do Paraná também aumentou significativamente, demonstrando o interesse crescente da população em interagir e preservar o meio ambiente.

Com uma matriz energética majoritariamente renovável, o Paraná se destaca no Brasil pelo uso predominante de energias limpas. Fontes como energia hidrelétrica, eólica e solar, além do biogás e biometano, são fortemente incentivadas pelo governo estadual, que trabalha para reduzir a dependência de fontes de energia fósseis. Esse cenário coloca o Paraná na liderança em termos de sustentabilidade energética no país, atraindo investimentos e fomentando a inovação no setor.

Outra iniciativa destacada no Carbonless Summit foi o Selo Clima Paraná, um programa de reconhecimento às boas práticas de organizações que se comprometem com a redução de gases de efeito estufa. O Selo, segundo o secretário Everton Souza, valoriza o empenho de empresas e instituições, sejam elas públicas ou privadas, que medem e reduzem voluntariamente suas emissões de CO2, contribuindo para a mitigação das mudanças climáticas. Empresas que recebem o Selo Clima Paraná têm a oportunidade de agregar valor à sua imagem, demonstrando compromisso com a sustentabilidade e os valores ambientais.

Esse programa tem atraído a atenção de diversas entidades do setor privado, que veem na certificação uma oportunidade de aprimorar sua imagem junto ao público e atrair consumidores conscientes. A iniciativa também serve como exemplo para outros estados brasileiros, incentivando uma mudança de postura no setor empresarial em relação às questões ambientais.

Durante a COP16, realizada na Colômbia, o Paraná foi reconhecido como o primeiro governo subnacional a adotar créditos de biodiversidade, um avanço que reforça sua relevância no cenário ambiental mundial. Esse tipo de crédito é uma inovação no mercado de sustentabilidade, funcionando de maneira semelhante aos créditos de carbono, mas focado na preservação da biodiversidade. A ação é vista como um passo importante para promover a conservação dos ecossistemas locais e valorizar a riqueza natural do estado.

O Paraná espera que essa iniciativa inspire outras regiões a adotar estratégias semelhantes, estabelecendo um modelo de desenvolvimento que equilibre a atividade econômica com a proteção do meio ambiente. A adoção de créditos de biodiversidade posiciona o estado como um dos líderes globais em práticas de sustentabilidade, aumentando sua visibilidade e relevância no cenário internacional.

O governo do Paraná também apresentou no Carbonless Summit seus esforços contínuos em compensação ambiental, com foco na expansão de áreas verdes e na preservação dos remanescentes florestais. Além da distribuição de milhões de mudas de espécies nativas, o Estado tem implementado um sistema de licenciamento ambiental rigoroso, que exige contrapartidas ambientais para a concessão de licenças para novos empreendimentos.

Essa política é especialmente aplicada a projetos de geração de energia hidrelétrica, que só recebem aprovação após atenderem a requisitos específicos de compensação ambiental. Essas medidas buscam garantir que os impactos das atividades econômicas sejam minimizados e compensados de forma eficaz, promovendo um equilíbrio entre desenvolvimento e conservação ambiental.

Com o avanço das tecnologias de captura e armazenamento de carbono, o mercado global de CCS tem potencial para movimentar cifras significativas nos próximos anos. A expectativa é que o valor do mercado atinja até US$ 14,5 bilhões (cerca de R$ 83,6 bilhões) até 2032, impulsionado pela crescente demanda por soluções que reduzam as emissões de carbono.

O Brasil, com sua capacidade de capturar até 200 milhões de toneladas de CO2 por ano, se posiciona como um dos grandes players do setor, atraindo investimentos e estimulando o desenvolvimento de tecnologias de ponta. O Paraná, com seu histórico de iniciativas em sustentabilidade, busca se destacar nesse cenário, promovendo uma economia de baixo carbono e apostando em parcerias público-privadas para fomentar o setor.

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