O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil registrou um crescimento de 1,4% no segundo trimestre de 2024, um resultado que reflete a vitalidade do mercado de trabalho e o aumento da renda das famílias brasileiras. A Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) destacou que o dinamismo observado no mercado de trabalho tem sido um dos principais motores dessa expansão econômica, com impactos significativos sobre os salários e o consumo.
Segundo a Fiesp, o mercado de trabalho brasileiro apresentou um forte dinamismo no segundo trimestre de 2024, que se traduziu em um crescimento real de 5,8% no rendimento médio do trabalho em comparação ao mesmo período do ano anterior. Esse aumento salarial tem sido um fator crucial para impulsionar o consumo e, consequentemente, o crescimento econômico. A elevação dos salários é um reflexo direto da melhora nas condições de emprego, que tem gerado uma ampliação na massa salarial, beneficiando diversos setores da economia.
A expansão da renda não se restringe apenas aos ganhos oriundos do trabalho. A renda das famílias também tem sido impulsionada por transferências governamentais, incluindo benefícios de assistência e previdência social, elevação do salário-mínimo e o pagamento de precatórios. Essa combinação de fatores tem gerado um ambiente de maior segurança financeira para os consumidores, o que se reflete em um aumento da demanda por bens e serviços.
O governo federal desempenhou um papel significativo na expansão da renda familiar durante o segundo trimestre de 2024. A antecipação do pagamento do 13º salário para aposentados, pensionistas e beneficiários de auxílios previdenciários do INSS foi um dos fatores que potencializaram a renda no período. De acordo com a Fiesp, essa antecipação, juntamente com outras medidas de transferência de renda, resultou em um crescimento de aproximadamente 11% na massa salarial ampliada em termos reais, em comparação ao mesmo período do ano anterior.
Essas políticas de transferência de renda têm sido fundamentais para a manutenção do consumo em níveis elevados, contribuindo para o fortalecimento da economia. A injeção de recursos adicionais na economia, especialmente em períodos de maior incerteza econômica, pode ajudar a suavizar os impactos de possíveis choques externos e a garantir uma recuperação mais rápida e robusta.
O setor industrial, especialmente a indústria de transformação, também apresentou resultados positivos no primeiro semestre de 2024. A produção de bens de capital e bens de consumo tem sido destaque, impulsionada pela melhora nas condições de crédito e pela recuperação da confiança dos empresários. A Fiesp apontou que o crescimento expressivo na produção de veículos pesados, como ônibus e caminhões, foi um dos principais fatores que contribuíram para o bom desempenho do setor.
Além disso, a produção de máquinas, aparelhos e materiais elétricos, popularmente conhecidos como “linha branca”, também registrou crescimento significativo. Esse segmento da indústria se beneficiou diretamente da expansão da renda das famílias, que resultou em um aumento na demanda por produtos duráveis. A combinação de uma maior oferta de crédito e uma confiança renovada no futuro econômico tem incentivado os investimentos empresariais e, consequentemente, impulsionado a produção industrial.
Apesar dos resultados positivos, a indústria de transformação brasileira ainda enfrenta desafios significativos. O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (NUCI) atingiu patamares recordes, mas isso ocorre em um contexto de capacidade instalada deteriorada e reduzida. Desde 2015, a indústria vem enfrentando uma longa estagnação no estoque de capital, um reflexo do ambiente econômico adverso que impacta a capacidade de investimento.
A Fiesp destaca que, embora a recuperação econômica seja evidente, há uma necessidade urgente de investimentos em infraestrutura e na modernização do parque industrial para garantir a competitividade a longo prazo. A falta de investimentos adequados limita o potencial de crescimento da indústria, restringindo sua capacidade de atender a uma demanda crescente de maneira eficiente e sustentável.
Olhando para o futuro, a Fiesp projeta uma acomodação da atividade econômica na segunda metade do ano. Com a expectativa de um menor impulso fiscal e a continuidade de uma política monetária restritiva, o crescimento econômico pode desacelerar. No entanto, a entidade revisou sua projeção de crescimento para o PIB brasileiro de 2,2% para 2,7% em 2024, refletindo as surpresas positivas na atividade econômica durante o primeiro semestre.
Para o estado de São Paulo, a projeção de crescimento do PIB foi ajustada de 2,4% para 2,5%, sinalizando um otimismo moderado em relação ao desempenho econômico regional. A continuidade das políticas de estímulo à renda e ao investimento será crucial para sustentar o crescimento no médio e longo prazo, especialmente em um cenário global marcado por incertezas e desafios.