A economia verde tem se tornado um dos pilares fundamentais para o desenvolvimento sustentável em diversas regiões do mundo. Em Santa Catarina, essa tendência foi oficialmente consolidada com o lançamento do Estudo sobre a Economia Verde, liderado pelo Governo do Estado.
O documento traz à tona dados animadores sobre a relevância das atividades sustentáveis para a economia catarinense, com destaque para a geração de R$ 67 bilhões em renda e a criação de quase 775 mil empregos em setores voltados à preservação ambiental e à mitigação das mudanças climáticas.
Esse estudo marca um avanço importante nas políticas de planejamento e desenvolvimento econômico do estado, alinhando-se com as diretrizes internacionais estabelecidas pela ONU no Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). A economia verde, definida pela baixa emissão de carbono, eficiência no uso de recursos e inclusão social, é vista como uma solução fundamental para os desafios ambientais e econômicos enfrentados atualmente.
Durante o lançamento do estudo, o governador Jorginho Mello destacou a importância do compromisso de Santa Catarina com a preservação ambiental e o papel do estado na promoção de práticas sustentáveis. “Santa Catarina tem apenas 1% do território nacional, mas somos a 6ª maior economia do Brasil. Isso só é possível porque conseguimos equilibrar produção e preservação. Temos 40% do nosso território completamente preservados, e queremos transformar esse ativo em uma oportunidade de crescimento, especialmente com o mercado de créditos de carbono”, afirmou o governador.
A preservação das matas nativas, dos recursos hídricos e dos ecossistemas locais tem sido uma prioridade para o estado, que se destaca por ser uma das regiões mais preservadas do país. Essa política de conservação não apenas protege o meio ambiente, mas também cria oportunidades econômicas, como a possibilidade de venda de créditos de carbono, uma estratégia que pode aumentar a competitividade e a sustentabilidade do setor agropecuário.
Um dos dados mais impactantes do estudo é o valor gerado pela economia verde em Santa Catarina. O setor sustentável foi responsável por R$ 67 bilhões em renda e pela criação de quase 775 mil empregos, o que reforça a importância das práticas verdes para o crescimento econômico do estado. Essas atividades, que incluem desde a agropecuária sustentável até a geração de energia limpa, estão transformando o cenário econômico e posicionando Santa Catarina como um exemplo a ser seguido.
O secretário de Estado do Planejamento, Edgard Usuy, destacou que os números do estudo são uma prova do impacto positivo da economia verde. “Acompanhamos de perto os resultados das práticas sustentáveis no estado e esses dados nos permitirão monitorar e expandir as políticas públicas voltadas para a sustentabilidade. Nosso objetivo é integrar essas atividades às políticas de desenvolvimento estadual para garantir um futuro mais verde e sustentável”, explicou o secretário.
Um dos setores mais beneficiados pelas práticas sustentáveis em Santa Catarina é o agropecuário. O estudo revelou que 90% da agropecuária no estado pode ser considerada verde, com grande parte dos produtores adotando métodos de produção que preservam o meio ambiente. A cada 10 empregos verdes criados em Santa Catarina, seis estão no setor agropecuário.
Essa transição para uma agricultura mais sustentável não apenas garante a preservação dos recursos naturais, mas também melhora a qualidade dos produtos agrícolas e aumenta sua competitividade nos mercados interno e externo. O secretário da Agricultura e Pecuária, Valdir Colatto, comemorou os resultados do setor: “Nosso compromisso com a sustentabilidade e a inclusão social é evidenciado pela expressiva marca de 185 mil estabelecimentos rurais operando sob princípios sustentáveis, além da preservação de 39% do território do estado com florestas nativas”.
A sustentabilidade no campo inclui práticas como o uso racional da água, a preservação do solo e a redução no uso de defensivos agrícolas. Essas medidas não apenas melhoram a produtividade, mas também garantem que as gerações futuras possam continuar utilizando os recursos naturais de forma equilibrada.
Outro aspecto importante destacado no estudo é o potencial de Santa Catarina para se beneficiar do mercado de créditos de carbono. Com a preservação de 40% do seu território e a adoção crescente de práticas sustentáveis, o estado está bem posicionado para se tornar um importante fornecedor de créditos de carbono, tanto no mercado nacional quanto no internacional.
O governador Jorginho Mello apontou que a economia verde não se limita apenas à preservação ambiental, mas também oferece oportunidades econômicas concretas. “Queremos transformar a nossa preservação em uma oportunidade de negócios. O mercado de créditos de carbono é uma realidade, e Santa Catarina pode ser um grande player nesse cenário”, afirmou.
O conceito de créditos de carbono envolve a compensação das emissões de gases de efeito estufa através da compra de créditos de quem adota práticas que reduzem ou evitam essas emissões. Com isso, empresas que poluem podem compensar suas emissões, enquanto estados e empresas que preservam e reduzem a emissão de carbono são remunerados.
Apesar dos avanços significativos apresentados no estudo, ainda existem desafios a serem superados para que a economia verde em Santa Catarina atinja todo o seu potencial. Um dos principais obstáculos é garantir que as práticas sustentáveis sejam adotadas em todos os setores da economia, e não apenas na agropecuária.
Sheila Meirelles, presidente do Instituto do Meio Ambiente (IMA), ressaltou a importância de promover a sustentabilidade em todas as áreas de produção. “Muitos empreendimentos que se dizem sustentáveis ainda não seguem práticas adequadas de descarte de resíduos ou de redução de emissão de carbono. Precisamos garantir que a cadeia produtiva como um todo adote práticas que realmente protejam o meio ambiente”, explicou.
Para isso, é necessário que o governo continue incentivando políticas públicas voltadas para a sustentabilidade, como o apoio a projetos de energia renovável, o manejo adequado de resíduos e o incentivo à preservação de áreas verdes. Além disso, é fundamental investir em educação ambiental para que a população esteja consciente da importância de adotar práticas sustentáveis no dia a dia.