O Paraná se destaca no cenário nacional como o estado com o maior número de doações de órgãos por milhão de população (pmp) no Brasil, de acordo com o Relatório da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). Entre janeiro e março de 2024, o estado registrou 41,6 doações pmp, superando outros estados como Rondônia e Santa Catarina.
Esse resultado reflete o esforço de campanhas e políticas voltadas para a conscientização e incentivo à doação, além de uma eficiente estrutura de transplantes no estado. Saiba mais sobre o impacto dessas doações e os desafios enfrentados nesse processo.
A doação de órgãos é um gesto que salva vidas e transforma o cenário da saúde pública. No Brasil, o Paraná tem liderado essa importante estatística, com 41,6 doações por milhão de habitantes (pmp) registradas entre janeiro e março de 2024.
Essa conquista é fruto de anos de campanhas de conscientização, leis estaduais que incentivam a prática e uma baixa taxa de recusa familiar, que se mantém como a menor do país. Apesar de avanços como esses, a doação de órgãos ainda enfrenta desafios relacionados à desinformação e questões culturais.
Os números do Paraná são impressionantes. O estado registrou 41,6 doações pmp no primeiro trimestre de 2024, colocando-o na liderança entre os estados brasileiros. Em comparação, Rondônia registrou 40,5 doações pmp, Santa Catarina 39,4 pmp, e o Rio de Janeiro 26,9 pmp. A média nacional ficou em 19,1 pmp, o que destaca ainda mais o desempenho paranaense.
Entre janeiro e junho de 2024, o Paraná também alcançou 648 notificações de potenciais doadores, resultando em 242 doações efetivas. Esses números representam um recorde no estado, que já vinha se destacando em anos anteriores pela eficiência de seu sistema de transplantes.
Curitiba foi a cidade que registrou o maior número de notificações e doações efetivas no primeiro semestre de 2024. Foram 234 notificações e 98 doações, confirmando o papel da capital paranaense como um centro de excelência nesse processo. Outras cidades que se destacaram foram Cascavel, com 148 notificações e 57 doações, Londrina, com 147 notificações e 41 doações, e Maringá, com 119 notificações e 46 doações.
O desempenho dessas cidades reflete a eficiência do Sistema Estadual de Transplantes (SET/PR), que conta com uma equipe dedicada a garantir que cada potencial doador seja identificado e que o processo de doação seja realizado de forma ágil e eficaz.
Apesar dos números positivos, a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) alerta para uma queda nos indicadores nacionais em comparação a 2023, quando o Brasil atingiu um recorde de transplantes. Para combater essa tendência, campanhas de conscientização, como o Setembro Vermelho, se tornam cada vez mais importantes.
O Setembro Vermelho é um mês dedicado a ações de esclarecimento e incentivo à doação de órgãos. Instituída pela Lei estadual nº 18.803/2016, a campanha busca sensibilizar a população sobre a importância da doação e quebrar mitos relacionados ao tema. A parceria entre o Poder Público, a iniciativa privada e entidades civis permite a realização de campanhas educativas que visam aumentar o número de doadores.
Durante o mês, são realizadas diversas atividades de conscientização, incluindo palestras, eventos públicos e a distribuição de materiais informativos que explicam como funciona o processo de doação de órgãos e quais são os benefícios dessa prática para a sociedade.
Além do Setembro Vermelho, o Paraná conta com outras iniciativas legais para promover a doação de órgãos. A Lei estadual nº 18.583/2015, de autoria do ex-deputado Dr. Batista, criou a Semana de Conscientização da Doação de Órgãos e Tecidos, realizada anualmente na semana do dia 27 de setembro, data em que se comemora o Dia Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos.
Essa semana de conscientização tem como objetivo principal reduzir a desinformação e o receio que muitas famílias têm em relação à doação de órgãos. A lei estadual busca estimular o gesto humanitário e destacar que a doação é uma forma de salvar vidas.
A nível nacional, a Lei federal nº 11.584/2007 também institui o Dia Nacional de Doação de Órgãos, celebrado em 27 de setembro. Durante todo o mês, campanhas são realizadas em todo o país, promovendo debates e esclarecendo a população sobre a importância da doação.
Um dos principais fatores que contribuem para o sucesso do Paraná na doação de órgãos é a baixa taxa de recusa familiar. De acordo com a ABTO, o estado registrou uma redução na taxa de recusa familiar de 27% no primeiro semestre de 2023 para 25% no mesmo período de 2024. Essa é a menor taxa de recusa do Brasil, o que reflete a eficácia das campanhas de conscientização realizadas no estado.
No Brasil, a doação de órgãos só é realizada com o consentimento da família do doador, o que torna essencial que as pessoas expressem claramente o seu desejo de ser doadoras. Muitas vezes, as famílias recusam a doação por falta de compreensão sobre a morte encefálica ou por questões culturais e religiosas. No entanto, no Paraná, o diálogo entre as equipes de saúde e as famílias tem sido mais eficaz, resultando em um maior número de doações.
Embora o Paraná tenha se destacado no número de doações, ainda há uma longa lista de pacientes que aguardam por transplantes. Atualmente, 3,8 mil pessoas estão na lista de espera no estado. A maioria dessas pessoas aguarda por transplantes de rim (2.134), seguido por córneas (1.420), fígado (245), coração (41), rim/pâncreas (19), pulmão (10) e pâncreas (2).
A coordenadora do Sistema Estadual de Transplantes, Juliana Ribeiro Giugni, destaca que o processo de doação e transplante é um trabalho colaborativo que envolve diversos profissionais. Desde a identificação do potencial doador até a logística de transporte dos órgãos, o processo é meticuloso e envolve a participação de médicos, enfermeiros, assistentes sociais e especialistas em transplantes.
Em 2024, foi lançada uma nova ferramenta para aumentar o número de transplantes no Brasil: a Autorização Eletrônica de Doação de Órgãos (Aedo). Com essa ferramenta, qualquer pessoa pode registrar em cartório, de forma on-line, rápida e gratuita, o desejo de doar seus órgãos após a morte.
A ferramenta foi desenvolvida em parceria entre o Ministério da Saúde, o Conselho Nacional de Justiça e o Colégio Notarial do Brasil. A Aedo permite que as famílias consultem o sistema para saber se o ente falecido expressou o desejo de ser doador, facilitando o processo de autorização.