Será que os grandes escritores dedicavam muito tempo a leitura? Ou será que, quando estavam trabalhando em um livro, o foco os levava a trabalhar exaustivamente em escrever, sem fazer nada.
Gabriel García Márquez, enquanto trabalhava no livro Cem Anos de Solidão, enclausurou-se em um quarto, com apenas uma mesa, uma cadeira e uma máquina de escrever, e trabalhou por alguns meses sem parar, até terminar o livro.
Entretanto, antes de enveredar-se para um projeto audacioso como esse, García Márquez leu muito, afinal, como jornalista, era também um apaixonado pelos clássicos.
A literatura, com sua rica tapeçaria de palavras e ideias, tem sido uma fonte de inspiração ao longo das gerações. Os livros clássicos, em particular, possuem uma influência perene, moldando não apenas as convenções culturais e sociais, mas também inspirando aqueles que se tornam astros em seus campos.
Entre esses luminares estão os laureados com o Prêmio Nobel de Literatura, cujas obras muitas vezes refletem a profunda marca deixada pelos clássicos.
Um dos livros mais reverenciados pelos escritores, que em algum momento importante em sua jornada, se dedicaram a leitura, e o clássico russo Guerra e Paz, de Lev Tolstói.
Guerra e Paz representa, para muitos escritores, o apogeu da narração literária. A complexidade dos personagens e a riqueza da prosa de Tolstói oferecem uma janela para a alma humana e as vicissitudes da vida.
O escritor peruano Mario Vargas Llosa, Prêmio Nobel de 2010, citou Tolstói como uma influência fundamental em sua escrita. Ele também teve a influência de Gustave Flaubert, autor do clássico Madame Bovary, além do escritor argentino Jorge Luis Borges e do americano Willian Faulkner. Flaubert, diga-se de passagem, é inspiração para vários autores.
Outro livro que inspirou muitos escritores ganhadores do Prêmio Nobel, é o Dom Quixote de la Mancha, escrita pelo espanhol Miguel de Cervantes.
Este pioneiro do romance moderno é uma fonte de inspiração para outro grande autor, Gabriel García Márquez, laureado em 1982, que reverenciava Cervantes por sua habilidade em entrelaçar o trágico e o cômico, um traço evidente nas próprias obras de Márquez.
Entre clássicos, outras obras influenciaram inúmeros cânones da literatura, foram A Divina Comédia, do italiano Dante Alighieri e os livros de Jane Austen, como Orgulho e Preconceito e Emma, que influenciou Kazuo Ishiguro, que ganhou o Nobel em 2017.
Moby Dick, do escritor americano Herman Melville, que retrata a busca obsessiva do capitão Ahab pelo grande cetáceo branco é uma metáfora rica que tem ressonância universal. Orhan Pamuk, que recebeu o Nobel em 2006, menciona Moby Dick como uma influência importante em sua formação como escritor, admirando a profundidade psicológica e filosófica do romance de Melville.
Além de Tolstói, outro autor russo que influenciou diversos autores foi Fiodor Dostoiévski, com suas obras Crime e Castigo e Os Irmãos Karamazov.
A exploração de Dostoiévski dos limites morais e psicológicos influenciou profundamente escritores como William Faulkner, que ganhou o Nobel em 1949 e muitas vezes explorou temas semelhantes de culpa e redenção.
O ganhador do Prêmio Nobel de 1981, Elias Canetti, revelou sua inspiração nos clássicos, destacando livros de Franz Kafka, com destaque para O Processo. Sabemos, entretanto, que A Metamorfose serve de inspiração para outros escritores.
Não apenas obras narrativas influenciaram grande autores, como livros poéticos, entre outros, o mais citado é As Flores do Mal, de Charles Baudelaire. Esta obra influenciou tanto autores de ficção quanto de poesia, como Pablo Neruda, ganhador do Nobel em 1971.
A poesia de Baudelaire, com sua beleza sombria e sua exploração da decadência e do erotismo, foi altamente influente para poetas do século 20.
Estas obras são a inspiração para muitos escritores que ganharam o Prêmio Nobel de Literatura, não apenas para escrever suas obras principais, mas suas carreiras no mundo das letras.
Importante acrescentar que, quando jovem, um escritor precisa de fontes de inspiração, para encontrar um sentido em suas obras, ter alguém para lhe servir de guia na construção de suas histórias. Depois, seguem seu próprio caminho, tornando-se, eventualmente, inspiração para os novos escritores que estão surgindo.
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