Naufrágio desaparecido há 129 anos é encontrado no Lago Michigan

Uma descoberta fascinante reacendeu o interesse por um mistério de 129 anos no Lago Michigan, nos Estados Unidos. A busca pelo paradeiro do rebocador John Evenson, que afundou em 1895 durante uma operação de reboque, finalmente chegou ao fim. Em uma reviravolta surpreendente, a embarcação foi localizada em apenas cinco minutos por uma dupla de historiadores que já havia encontrado outros naufrágios na região. A descoberta, que poderia ter levado dias ou até semanas, ocorreu quase que instantaneamente, trazendo à tona uma relíquia perdida das águas escuras do lago.

O naufrágio do John Evenson

O rebocador John Evenson naufragou em 5 de junho de 1895, enquanto se preparava para rebocar o navio IW Stephenson para o canal marítimo de Sturgeon Bay, no estado de Wisconsin. O acidente ocorreu quando o pequeno rebocador colidiu com a embarcação maior, o que comprometeu sua estrutura e o levou a afundar rapidamente. Em questão de três minutos, o John Evenson já havia sido engolido pelas águas profundas do Lago Michigan.

Dos cinco tripulantes a bordo, quatro conseguiram se salvar. Infelizmente, o engenheiro do navio, Martin Boswell, que estava no compartimento abaixo do convés, não conseguiu escapar a tempo e acabou sucumbindo à tragédia. Sua história foi amplamente noticiada na época, e a busca pelo naufrágio se tornou uma obsessão para muitos mergulhadores ao longo das décadas seguintes.

A busca pelo naufrágio

Após o naufrágio, as coordenadas exatas da localização do John Evenson permaneceram um mistério. Durante a década de 1980, um clube de mergulho local ofereceu uma recompensa de 500 dólares para quem encontrasse qualquer pista do paradeiro da embarcação. Apesar do esforço, nenhuma evidência foi descoberta, e a busca continuou inconclusiva por mais de um século.

A obsessão por naufrágios históricos no Lago Michigan levou muitos exploradores a vasculharem as águas em busca de vestígios do passado. A área é conhecida por seu grande número de naufrágios e pelas condições adversas de mergulho, que tornam as buscas difíceis e, muitas vezes, perigosas. Contudo, a falta de recursos tecnológicos avançados à época dificultou as tentativas, e o mistério do John Evenson permaneceu sem solução.

LEIA MAIS: Vestígios de cidade destruída por Roma

A descoberta

A incrível descoberta aconteceu há poucas semanas, quando os historiadores Brendon Baillod e Bob Jaeck decidiram testar uma nova hipótese sobre a localização do naufrágio. A dupla já tinha um histórico impressionante de sucessos na busca por naufrágios, tendo sido responsável pela descoberta das escunas Margaret A. Muir e Trinidad no Lago Michigan. Utilizando tecnologia de ponta e baseando-se em registros históricos, eles conseguiram triangular uma área a aproximadamente 6,4 km da costa nordeste da cidade de Algoma, onde acreditavam que o rebocador poderia ter afundado.

Com a ajuda de um sonar de varredura lateral e um veículo operado remotamente (ROV), Baillod e Jaeck começaram sua busca na manhã de uma sexta-feira, 13 de setembro, um dia marcado por ondas agitadas e condições desafiadoras. No entanto, para a surpresa de ambos, o John Evenson apareceu na tela do sonar em apenas cinco minutos. O que havia sido planejado como uma busca de três dias terminou em tempo recorde.

“Não podíamos acreditar no que estávamos vendo. Era realmente o John Evenson. Mal havíamos começado a busca e já o encontramos,” comentou Bob Jaeck em um vídeo de anúncio da descoberta.

Naufrágio

A revelação do rebocador perdido

A localização do John Evenson a cerca de 13 metros de profundidade revelou um espetáculo fascinante para a equipe. Os destroços do navio estavam em boas condições, considerando o tempo submerso, e a hélice, o motor a vapor e a caldeira ainda estavam visíveis no leito do lago. A tecnologia a vapor do final do século 19, preservada sob a água, ofereceu uma visão inestimável da engenharia da época.

Tamara Thomsen, arqueóloga subaquática estadual de Wisconsin, foi contatada pela dupla sobre a descoberta. No dia seguinte, Thomsen e o mergulhador Zach Whitrock visitaram o local para documentar a embarcação. Utilizando mais de 2 mil fotos subaquáticas de alta resolução, a equipe criou um modelo de fotogrametria 3D do naufrágio, permitindo uma visualização detalhada do rebocador.

O legado do John Evenson e o futuro da descoberta

A descoberta do John Evenson representa não apenas o encerramento de um mistério centenário, mas também uma janela para a história marítima da região dos Grandes Lagos. O naufrágio será nomeado para inclusão no Registro Nacional de Lugares Históricos dos Estados Unidos, um reconhecimento significativo de sua importância histórica e cultural. Além disso, há planos para tornar o local acessível a mergulhadores amadores e entusiastas de naufrágios, permitindo que mais pessoas possam ver de perto essa relíquia preservada no fundo do lago.

O impacto da descoberta vai além do simples encontro de um navio perdido. Ela destaca a importância da arqueologia subaquática e do uso de tecnologias modernas na busca por naufrágios. Também resgata a memória de eventos que moldaram a história náutica dos Estados Unidos, preservando o legado daqueles que viveram e trabalharam em alto-mar.

Conclusão

O encontro do rebocador John Evenson após 129 anos é um feito notável que demonstra a persistência, o conhecimento e a paixão de historiadores e mergulhadores que dedicam suas vidas a desvendar mistérios submersos. O Lago Michigan, um verdadeiro cemitério de navios, guarda ainda muitos segredos que aguardam para ser revelados. Com a evolução constante da tecnologia e a dedicação de exploradores, é possível que outros mistérios marítimos sejam resolvidos no futuro.

Fonte: Revista Galileu

Sair da versão mobile