O câncer é uma doença devastadora que afeta não apenas a saúde física e emocional dos pacientes, mas também seus relacionamentos. Entre os desafios enfrentados, uma estatística alarmante chama a atenção: cerca de 70% das mulheres em tratamento do câncer são abandonadas por seus parceiros.
Esse dado expõe uma dura realidade que vai além do tratamento médico, revelando uma fragilidade emocional e estrutural em relacionamentos durante momentos críticos.Abandono e vulnerabilidade: um golpe emocional profundo
O diagnóstico de câncer impõe uma série de desafios físicos e emocionais para as pacientes. O abandono por parte do parceiro agrava ainda mais essa situação, impactando diretamente a saúde mental das mulheres. A sensação de rejeição e o aumento da vulnerabilidade emocional podem intensificar os sintomas de ansiedade e depressão, comprometendo o processo de recuperação.
Especialistas em saúde mental destacam que o apoio emocional é fundamental para a eficácia do tratamento. A falta desse suporte pode afetar negativamente a adesão ao tratamento e o prognóstico das pacientes, que já lidam com o medo e a incerteza em relação ao futuro.
Os motivos que levam ao abandono por parte dos parceiros são variados e complexos. Entre as principais razões apontadas estão:
- Medo e despreparo emocional: Muitos homens não sabem como lidar com a gravidade da doença e o impacto emocional que ela traz.
- Mudança na rotina e nas responsabilidades: A necessidade de cuidar da parceira doente pode alterar drasticamente a dinâmica do relacionamento, e alguns parceiros não se adaptam a essa nova realidade.
- Impacto na imagem física: Tratamentos como quimioterapia e cirurgias alteram a aparência das pacientes, o que, em alguns casos, afeta a atração e a conexão entre os parceiros.
- Fuga dos compromissos: Em situações de grande pressão emocional, alguns homens acabam fugindo da responsabilidade, deixando suas parceiras em um momento crítico.
Além do impacto psicológico, o abandono pode influenciar negativamente a saúde física das mulheres. Estudos mostram que pacientes que têm apoio emocional apresentam uma maior adesão ao tratamento, respondem melhor às terapias e têm maior chance de cura. Já a falta desse suporte pode levar ao isolamento social, intensificar sintomas de depressão e até comprometer a continuidade do tratamento.
O impacto na autoestima também é profundo. As pacientes, muitas vezes, sentem-se desvalorizadas e rejeitadas em um momento em que precisam se sentir amadas e acolhidas. Isso reforça a importância de fortalecer as redes de apoio, envolvendo familiares, amigos e grupos de suporte.
A importância das redes de apoio
Diante dessa realidade, as redes de apoio se tornam fundamentais para o bem-estar das mulheres em tratamento do câncer. Familiares e amigos podem desempenhar um papel essencial, oferecendo suporte emocional e prático. Além disso, grupos de apoio para pacientes oncológicos são uma alternativa eficaz para que as mulheres compartilhem experiências e encontrem acolhimento entre pessoas que enfrentam situações semelhantes.
Profissionais da saúde, como psicólogos e assistentes sociais, também são essenciais nesse processo, ajudando as pacientes a lidarem com o luto emocional e a reconstruírem sua autoestima.
A sociedade e as políticas públicas têm um papel fundamental na sensibilização para essa questão. Campanhas de conscientização podem ajudar a desmistificar o câncer e incentivar a empatia e o apoio aos pacientes. Além disso, políticas públicas que incentivem o apoio psicológico às mulheres em tratamento e seus familiares são essenciais para garantir que essas pacientes recebam o cuidado integral de que necessitam.