Mapa mais antigo do mundo com 3.000 anos é finalmente desvendado

Uma antiga tábua babilônica, conhecida como Imago Mundi, considerada o mapa mais antigo do mundo, foi finalmente decifrada após séculos de mistério. Um vídeo recente do Museu Britânico destaca essa descoberta e revela novas informações sobre a visão de mundo dos babilônios, entrelaçando geografia e mitologia.

Este artefato histórico tem informações únicas para o entendimento que essa civilização tinha do mundo há cerca de 3.000 anos, mostrando como a Mesopotâmia era vista como o centro do universo.

O Imago Mundi é um mapa esquemático, datado do século VII a.C., inscrito em língua acádia e descoberto em Abu Habba, antiga Sippar, no sul do atual Iraque.

Esse mapa antigo permaneceu um enigma por muitos anos até que curadores do Museu Britânico encontraram uma peça faltante, o que permitiu que a escrita cuneiforme fosse totalmente decifrada. Mais do que uma simples representação geográfica, a tábua traz detalhes sobre as crenças, mitos e visão de mundo dos babilônios, revelando uma perspectiva única sobre a Mesopotâmia e além.

A Mesopotâmia como centro do mundo

O Imago Mundi apresenta uma visão aérea da Mesopotâmia, destacando sua posição entre os rios Tigre e Eufrates, no atual território iraquiano. O mapa exibe um círculo duplo conhecido como o “Rio Amargo”, que simbolizava a fronteira do mundo conhecido para os babilônios.

Dentro deste círculo estão representações das principais cidades, incluindo a Babilônia, além de ícones que marcam a localização do Rio Eufrates. Para os babilônios, a Mesopotâmia era vista como o centro do universo, o ponto em que a vida se originava e prosperava.

O Dr. Irving Finkel, curador do Museu Britânico e especialista em escrita cuneiforme, explica que o mapa não se limita ao mundo físico, mas também abrange reinos da imaginação e da mitologia.

“Neste diagrama circular, se capturou a totalidade do mundo conhecido — onde as pessoas viveram, prosperaram e pereceram”, afirma ele.

O mapa, portanto, representa uma combinação de geografia concreta e narrativas míticas que guiavam a compreensão babilônica do cosmos.

Mitos antigos refletidos no mapa

O Imago Mundi não é apenas um artefato geográfico, mas também uma obra literária. Ele traz referências a lendas babilônicas, incluindo uma versão da história da Arca de Noé, conhecida como a narrativa de Utnapishtim.

Segundo essa história, o herói babilônico recebeu ordens divinas para construir uma arca e salvar a criação de um grande dilúvio. Curiosamente, a narrativa babilônica descreve que a arca descansou em uma montanha além do “Rio Amargo”, em um paralelo notável com o relato bíblico do descanso da arca de Noé no Monte Ararat.

Além disso, o mapa menciona figuras míticas como Marduk, a divindade responsável pela criação, e criaturas como o homem-escorpião e Anzu, um pássaro com cabeça de leão. Essas figuras míticas revelam como a mitologia babilônica permeava a visão de mundo da civilização, mesclando realidade e fantasia em uma única narrativa.

A descoberta e seu impacto

Embora a tábua babilônica tenha sido descoberta em 1882, levou décadas para que estudiosos conseguissem entender totalmente seu conteúdo. A peça perdida, recentemente encontrada, foi essencial para decifrar a escrita cuneiforme que cobre a tábua. Essa descoberta oferece não apenas uma visão mais clara da geografia antiga, mas também revela como os babilônios compreendiam o universo, suas crenças religiosas e mitológicas.

O Museu Britânico desempenhou um papel central nessa descoberta, e o Dr. Irving Finkel liderou a equipe que decodificou as inscrições.

Segundo ele, a combinação de geografia e mitologia encontrada no Imago Mundi é uma prova de como culturas antigas usavam histórias para explicar o mundo ao seu redor. A descoberta desta tábua reforça a importância da Mesopotâmia como uma das civilizações mais avançadas da antiguidade.