Arqueólogos encontram vestígios de milenares cidades perdidas na Ásia Central

Novos sítios arqueológicos, outrora escondidos sob a poeira do tempo, foram recentemente descobertos na chamada Rota da Seda, na região das montanhas do Uzbequistão, na Ásia Central, após uma varredura por lasers.

Os estudos preliminares apontam que a região era habitada por cidades gêmeas que prosperaram em uma paisagem desafiadora, sustentadas pela metalurgia e pelo comércio. Uma dessas descobertas, feita em Tashbulak, revela não apenas vestígios de uma civilização complexa, mas também uma extensão inesperada da rede comercial conhecida como Silk Road.

A primeira grande revelação ocorreu durante escavações em 2015, quando o arqueólogo Michael Frachetti, ao explorar Tashbulak, teve um encontro inesperado.

Em meio às investigações, ele conheceu um inspetor florestal, um dos poucos habitantes da região, que lhe trouxe uma dica inestimável. O inspetor comentou que já havia encontrado cerâmicas semelhantes às descobertas arqueológicas, em seu próprio quintal, a apenas alguns quilômetros dali. Intrigados, Frachetti e sua equipe seguiram até a fazenda do homem.

Lá, ao examinar o local, os pesquisadores perceberam algo surpreendente. O monte sobre o qual a casa do inspetor estava construída tinha características que indicavam uma estrutura antiga.

“Com certeza, ele está vivendo em uma cidadela medieval”, afirmou Frachetti. Ao observar a paisagem ao redor, avistaram mais montes semelhantes, reforçando a hipótese de uma civilização mais extensa do que o inicialmente esperado. “Meu Deus, esse lugar é enorme”, comentou o arqueólogo ao se deparar com a magnitude do achado.

O segundo sítio identificado foi nomeado Tugunbulak e foi detalhado em um estudo publicado em 23 de outubro na revista Nature. Os arqueólogos utilizaram tecnologia de sensoriamento remoto para mapear a região e descobriram que Tugunbulak é uma cidade medieval vasta, cobrindo cerca de 300 acres e localizada a três milhas de Tashbulak.

Os dados indicam que a cidade era uma peça fundamental nas rotas da Rota da Seda, sugerindo que as conexões comerciais da época eram ainda mais amplas e sofisticadas do que se pensava. Tugunbulak é descrita como uma descoberta de enorme relevância arqueológica, com potencial para redefinir o entendimento sobre a extensão da Silk Road.

Zachary Silvia, arqueólogo da Brown University especializado na história da Ásia Central, destacou a importância da descoberta. Embora não tenha participado diretamente das escavações, Silvia escreveu um comentário para a mesma edição da Nature sobre o impacto do estudo.

Ele enfatizou que, mesmo que Tugunbulak tenha metade do tamanho estimado, “ainda é uma descoberta monumental”.

Segundo Silvia, a cidade é um indício de que as redes da Rota da Seda eram mais extensas e dinâmicas do que se acreditava, abrindo novas possibilidades para o estudo das interações culturais e comerciais na região.

Durante séculos, a Rota da Seda foi vista principalmente como um corredor de comércio entre o Oriente e o Ocidente. Contudo, a extensão e complexidade dos novos sítios revelam que havia centros urbanos prósperos e interconectados, desempenhando um papel crucial na circulação de mercadorias, ideias e cultura.

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