A história do Egito antigo continua a fascinar e surpreender com suas descobertas arqueológicas. Recentemente, arqueólogos encontraram raras folhas de ouro em tumbas do complexo funerário de Tel El-Dir, na província de Damieta, no Egito.
De acordo com o Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito, as folhas de ouro incluem representações de divindades, símbolos de boa sorte e proteção, e até mesmo formas de línguas, que, segundo as crenças egípcias, permitiam aos mortos se comunicarem no pós-vida.
Durante as escavações de 63 tumbas de tijolos de barro e sepultamentos em fossas no complexo funerário de Tel El-Dir, arqueólogos encontraram uma coleção de folhas de ouro. Estas folhas, que datam da 26ª Dinastia (664 a.C. a 525 a.C.), são notáveis tanto pela sua raridade quanto pela riqueza de detalhes.
As folhas de ouro descobertas apresentam uma variedade de símbolos e divindades. Algumas representam deuses egípcios antigos, como Ísis, Bastet e Hórus. Ísis, a deusa da maternidade, Bastet, a deusa-gato, e Hórus, o deus dos céus, são figuras centrais na mitologia egípcia, cada uma desempenhando um papel vital nas crenças espirituais e na vida cotidiana dos antigos egípcios. Outras folhas apresentam símbolos de boa sorte e proteção, reforçando a importância desses amuletos na vida após a morte.
Uma das descobertas mais intrigantes são as folhas de ouro em forma de línguas. De acordo com as crenças egípcias antigas, esses objetos permitiriam aos mortos se comunicarem perante a corte do deus da morte, Osíris, no pós-vida. Esta prática demonstra a complexidade e a profundidade das crenças funerárias egípcias, onde cada detalhe tinha um propósito específico para garantir uma passagem segura e bem-sucedida para o além.
O complexo funerário de Tel El-Dir, onde as folhas de ouro foram encontradas, é uma necrópole rica em história. As tumbas de tijolos de barro e os sepultamentos em fossas são características típicas do Período Tardio do Egito (26ª até 31ª Dinastia). A descoberta dessas tumbas confirma a continuidade histórica e a importância do local ao longo dos séculos.
Além das folhas de ouro, os arqueólogos encontraram cerâmicas e estátuas Ushabti nas tumbas. As estátuas Ushabti eram colocadas para representar os servos dos falecidos na vida após a morte, uma prática comum nas tumbas egípcias antigas. Estas estátuas eram acreditadas para servir o morto no além, realizando quaisquer tarefas que fossem necessárias.
Entre os achados, os pesquisadores também descobriram moedas de bronze da época ptolomaica. Estas moedas não só ajudam a datar os sepultamentos, mas também oferecem insights sobre o comércio e a economia do período.
A descoberta das folhas de ouro em Tel El-Dir é significativa por várias razões. Primeiro, ela proporciona uma visão detalhada das práticas funerárias e das crenças religiosas dos antigos egípcios. As representações de divindades e símbolos de proteção destacam a importância da espiritualidade na vida cotidiana e na morte.
Os achados enriquecem nosso conhecimento sobre o Período Tardio do Egito, oferecendo novas evidências sobre a continuidade e a evolução das práticas funerárias. As moedas de bronze e as cerâmicas encontradas nas tumbas também contribuem para uma compreensão mais ampla do contexto econômico e social do período.
Segundo Mohamed Ismail Khalid, Secretário-Geral do Conselho Supremo de Antiguidades do Egito, a descoberta é parte das diretrizes do governo para intensificar o interesse nas missões arqueológicas locais. Essa iniciativa visa não apenas descobrir mais segredos da antiga civilização egípcia, mas também capacitar a infraestrutura arqueológica e promover o turismo cultural no país.
A descoberta em Tel El-Dir é apenas uma das muitas que ocorrem regularmente no Egito, um país rico em história e cultura. As escavações anteriores, como as de 2022, também revelaram folhas de ouro representando vários deuses, como Ísis, Bastet e Hórus. Estas descobertas contínuas destacam a importância de preservar e estudar os sítios arqueológicos para desvendar os mistérios do passado.
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O uso de tecnologias modernas, como a análise de DNA, a tomografia computadorizada e o sensoriamento remoto, tem revolucionado a arqueologia, permitindo que os pesquisadores obtenham informações mais detalhadas e precisas. Estas ferramentas têm sido cruciais para a análise e preservação dos artefatos encontrados em Tel El-Dir.
O Egito continua a ser um foco de interesse para arqueólogos de todo o mundo. As políticas governamentais que incentivam a pesquisa arqueológica e a descoberta de novos sítios estão ajudando a revelar segredos que estavam enterrados há milênios. A colaboração internacional e o uso de tecnologia de ponta são essenciais para garantir que essas descobertas sejam bem preservadas e estudadas.
As descobertas arqueológicas no Egito não apenas enriquecem nosso conhecimento histórico, mas também têm um impacto significativo no turismo e na educação. A promoção das descobertas e a criação de exposições educacionais podem atrair turistas e estudantes, fomentando um maior interesse pela história e pela arqueologia.