A crescente preocupação com a preservação dos polinizadores nativos tem impulsionado iniciativas que promovem a sustentabilidade e o manejo adequado de abelhas sem ferrão. Entre essas ações, o curso “Meliponicultura: Manejo de Abelhas sem Ferrão”, promovido pela Secretaria do Desenvolvimento Sustentável (Sedest), em parceria com o Instituto Água e Terra (IAT) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), se destaca como uma importante ferramenta de educação ambiental.
A ação, que acontece entre os dias 26 e 28 de setembro de 2024 na Estação Ecológica da Ilha do Mel, no litoral do Paraná, é voltada para a comunidade local e técnicos ambientais, reforçando o compromisso com a preservação e o cuidado com as abelhas nativas.
A iniciativa busca capacitar os participantes no manejo adequado das abelhas sem ferrão, essenciais para a manutenção dos ecossistemas locais e a preservação da biodiversidade. Com aulas práticas e teóricas, o curso se insere em uma série de ações do projeto Poliniza Paraná, que visa fortalecer a meliponicultura no estado e conscientizar a população sobre a importância desses polinizadores.
As abelhas sem ferrão, conhecidas como meliponíneas, são polinizadoras fundamentais para a biodiversidade. Elas desempenham um papel vital na polinização de plantas nativas e em culturas agrícolas, garantindo a produção de alimentos e a manutenção dos ecossistemas. No entanto, a degradação ambiental e a redução das áreas naturais colocam essas espécies em risco, o que torna a preservação e o manejo adequado ainda mais importantes.
No Brasil, há uma grande variedade de espécies de abelhas sem ferrão, e muitas delas estão distribuídas por todo o território nacional. O uso dessas abelhas em projetos de meliponicultura, como o promovido pelo Poliniza Paraná, não apenas contribui para a preservação dessas espécies, mas também cria novas oportunidades de renda sustentável para as comunidades locais.
A meliponicultura, ou criação de abelhas sem ferrão, é uma prática que tem ganhado força nos últimos anos. Ao contrário das abelhas com ferrão, as meliponíneas são mais fáceis de manejar e oferecem produtos valiosos, como o mel, que é amplamente utilizado em tratamentos medicinais e na culinária. Além disso, a polinização promovida por essas abelhas melhora a qualidade das plantações e mantém o equilíbrio dos ecossistemas naturais.
O curso “Meliponicultura: Manejo de Abelhas sem Ferrão” tem como objetivo garantir que os meliponários, onde são criadas as colônias de abelhas, sejam mantidos de forma adequada e sustentável. O treinamento oferece um conteúdo diversificado, abrangendo desde técnicas para evitar o ataque de inimigos naturais até o uso de suplementação alimentar para as colônias.
A capacitação oferecida na Ilha do Mel é especialmente relevante, pois a Estação Ecológica da Ilha do Mel é um local de preservação ambiental com um ecossistema delicado e biodiversidade rica. O treinamento é uma oportunidade para os moradores locais e técnicos aprenderem técnicas que ajudarão a proteger e ampliar a população de abelhas sem ferrão na região.
Entre as disciplinas oferecidas no curso estão:
- Manejo dos meliponários: técnicas para a criação de colônias em caixas racionais, assegurando a proteção e o desenvolvimento das abelhas;
- Proteção contra inimigos naturais: cuidados especiais para evitar o ataque de outras abelhas e predadores aos jardins de mel;
- Suplementação alimentar: práticas para garantir que as abelhas tenham alimento suficiente mesmo em períodos de baixa floração das plantas melíferas, que são fundamentais para sua sobrevivência.
Além disso, o curso também abordará a importância da conservação dos habitats das abelhas e como o manejo sustentável das colônias pode contribuir para a preservação da biodiversidade local.
O Poliniza Paraná, projeto que deu origem ao curso de meliponicultura, foi lançado em janeiro de 2022 pela Secretaria do Desenvolvimento Sustentável (Sedest). Seu principal objetivo é instalar colmeias de abelhas nativas sem ferrão em diversas regiões do estado, sensibilizando a sociedade sobre a importância desses polinizadores por meio da educação ambiental.
O projeto faz parte do Programa Paraná Mais Verde, que visa fortalecer ações de sustentabilidade ambiental, e está alinhado com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), particularmente o ODS 15, que trata da proteção da vida terrestre. Com a instalação de colmeias em parques estaduais e outras unidades de conservação, o Poliniza Paraná tem contribuído para a conscientização da população sobre o papel essencial das abelhas nativas.
Atualmente, o projeto já distribuiu 70 colônias de abelhas sem ferrão em diversas regiões, e a previsão é de que mais 10 unidades ambientais sejam contempladas com jardins de mel até 2025. Esses jardins não apenas ajudam na preservação das espécies, mas também geram um novo atrativo turístico e educativo nas áreas de conservação.
De acordo com o cronograma do Senar, o curso de meliponicultura será levado para outras Unidades de Conservação do Paraná até o fim de 2024. As próximas localidades a receberem o treinamento incluem o Salto São João, em Prudentópolis; o Parque Estadual do Guartelá, em Tibagi; e o Lago Azul, nas regiões de Campo Mourão e Luiziana.
A expansão do curso para diferentes áreas do estado tem como objetivo disseminar o conhecimento sobre o manejo sustentável das abelhas sem ferrão e criar uma rede de apoio à preservação desses polinizadores. Ao capacitar as comunidades locais, o projeto busca garantir que o manejo dos meliponários seja efetivo e que o impacto da ação se estenda por todo o estado, protegendo as espécies e fortalecendo a economia local.
Além dos benefícios ambientais, a meliponicultura também se apresenta como uma alternativa de renda sustentável para as comunidades envolvidas no projeto. A criação de abelhas sem ferrão permite a produção de mel e outros derivados, como a cera e o própolis, que podem ser comercializados no mercado local e até nacional.
A gerente de Biodiversidade do IAT, Patrícia Calderari, destacou que a capacitação das comunidades locais reforça o cuidado com os meliponários e apresenta a meliponicultura como uma possibilidade de geração de renda. “Levar a capacitação a essas comunidades locais reforça ainda mais o cuidado que eles já têm com o projeto, além de apresentar a meliponicultura como uma nova possibilidade de renda”, disse Patrícia.
Com o crescimento da demanda por produtos naturais e sustentáveis, a meliponicultura se consolida como uma prática que pode aliar preservação ambiental e desenvolvimento econômico, beneficiando diretamente as comunidades que vivem em áreas de preservação.
Desde o seu lançamento, o Poliniza Paraná tem gerado impactos significativos na preservação das abelhas nativas sem ferrão e no fortalecimento da educação ambiental em diversas regiões do estado. A instalação de meliponários em áreas de preservação, como a Ilha do Mel e a Floresta Estadual Metropolitana em Piraquara, tem promovido a conscientização sobre a importância dos polinizadores para a manutenção da vida terrestre.
O projeto também fortalece o ecoturismo, oferecendo aos visitantes das unidades de conservação a oportunidade de conhecer de perto o funcionamento dos jardins de mel e aprender sobre o papel crucial das abelhas na polinização das florestas e áreas agrícolas.
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Além disso, o Poliniza Paraná tem contribuído para a recuperação de áreas degradadas, aumentando a população de abelhas nativas e promovendo a regeneração de plantas nativas, fundamentais para o equilíbrio dos ecossistemas.