A cadeia produtiva do leite é um dos pilares da agropecuária brasileira, contribuindo significativamente para a economia e a alimentação nacional. Neste contexto, o X Congresso Brasileiro de Qualidade do Leite, realizado entre os dias 24 e 27 de setembro de 2024 no Centro de Eventos Governador Luiz Henrique da Silveira, em Florianópolis, torna-se uma oportunidade essencial para discutir os desafios e as inovações que impulsionam o setor.
Com o tema central “Qualidade do Leite: um Olhar para o Futuro, Inovação e Sustentabilidade”, o evento busca promover ações de apoio à cadeia leiteira, com foco em novos métodos para garantir uma produção mais eficiente, sustentável e competitiva. Organizado pelo Conselho Brasileiro de Qualidade do Leite (CBQL), em parceria com a Epagri, Udesc e outras instituições, o congresso reúne especialistas, produtores e representantes do setor para debater temas cruciais como contagem de células somáticas, certificações em lácteos e biosseguridade.
O Congresso Brasileiro de Qualidade do Leite é uma plataforma que permite a integração de diferentes agentes da cadeia leiteira, desde produtores até empresas de tecnologia, com o objetivo de melhorar a qualidade dos produtos e otimizar os processos de produção. Na edição de 2024, os temas abordados vão além das questões tradicionais de qualidade, trazendo à tona discussões sobre sustentabilidade, inovação e redução do impacto ambiental da produção leiteira.
O evento ganha ainda mais relevância em um cenário em que a produção de leite no Brasil, especialmente em estados como Santa Catarina, vem se consolidando como uma das mais importantes no mundo. A busca por certificações e por métodos de produção que garantam não só a qualidade do leite, mas também a segurança alimentar, é fundamental para fortalecer o setor no mercado global.
Além disso, o Congresso fomenta discussões sobre a gestão e a implementação de tecnologias inovadoras que possam ajudar a aumentar a produtividade sem comprometer a qualidade do produto. Entre os tópicos em destaque estão as inovações para a redução de carbono na produção de leite, o controle da contagem de células somáticas (CCS) e a biosseguridade no manejo leiteiro, temas essenciais para assegurar o desenvolvimento de uma cadeia produtiva moderna e responsável.
Santa Catarina, estado anfitrião do X Congresso Brasileiro de Qualidade do Leite, é um dos maiores produtores de leite do Brasil. Em 2023, o estado produziu mais de 3,2 bilhões de litros de leite, correspondendo a 9,3% da produção nacional, o que o coloca na quarta posição entre os estados produtores do país. Segundo dados da Epagri/Cepa, Santa Catarina conta com mais de 22 mil produtores, que se beneficiam diretamente de programas estaduais focados no desenvolvimento da produção leiteira.
As regiões Oeste e Litoral Sul de Santa Catarina são as principais bacias leiteiras do estado, sendo responsáveis pela maior parte da produção. Com investimentos contínuos em infraestrutura, treinamento e inovação, essas regiões têm experimentado um crescimento consistente na produção de leite, demonstrando que a combinação de tecnologia e gestão eficiente pode levar a resultados expressivos para o setor.
O governo estadual, por meio da Secretaria de Agricultura e Pecuária (SAR) e em parceria com diversas entidades, tem investido fortemente no fortalecimento da produção leiteira. Um dos principais programas de incentivo é o “Leite Bom SC”, lançado em 2024, que visa investir R$ 300 milhões no setor ao longo dos próximos três anos. O objetivo do programa é aumentar a competitividade dos produtores catarinenses e garantir a qualidade dos produtos, com foco na sustentabilidade e inovação.
Um dos principais tópicos discutidos no Congresso é a contagem de células somáticas (CCS), um indicador fundamental de saúde animal e qualidade do leite. A CCS elevada é um problema enfrentado por muitos produtores, pois indica a presença de infecções, como a mastite, nos animais, o que compromete a qualidade do leite e, consequentemente, seu valor comercial.
Reduzir a CCS é essencial para garantir um leite de melhor qualidade, prolongando sua vida útil e tornando-o mais seguro para o consumo. Além disso, os laticínios e as indústrias que processam o leite têm se mostrado cada vez mais exigentes quanto à contagem de células somáticas, adotando critérios rigorosos para a aceitação de matéria-prima. No Congresso, especialistas compartilham soluções para esse problema, desde o manejo adequado dos animais até o uso de tecnologias para monitorar e reduzir os índices de CCS nas propriedades.
Outro grande destaque do X Congresso Brasileiro de Qualidade do Leite é o debate sobre a sustentabilidade na produção de leite. A agricultura de baixo carbono, que visa reduzir as emissões de gases de efeito estufa e otimizar o uso dos recursos naturais, está cada vez mais presente nas discussões sobre o futuro do agronegócio. A produção leiteira, como qualquer outro setor agrícola, precisa se adequar às novas exigências ambientais, garantindo que a sustentabilidade seja uma prioridade.
O uso de tecnologias inovadoras para monitoramento e gestão das propriedades leiteiras também é um ponto chave discutido no Congresso. A implementação de ferramentas de monitoramento remoto, como sensores que medem a qualidade do solo e do pasto, sistemas de controle automatizado da nutrição e saúde dos animais, e soluções digitais para a gestão da produção, tem permitido aos produtores aumentar a eficiência e reduzir os custos, ao mesmo tempo em que garantem uma produção sustentável.
Além disso, o Congresso aborda a importância das certificações em lácteos, que são cada vez mais requisitadas no mercado internacional. Certificações como a ISO 22000 (Gestão de Segurança de Alimentos) e outras que garantem a qualidade do leite e seus derivados são essenciais para que os produtores brasileiros possam competir em mercados globais e exportar seus produtos.
Lançado em abril de 2024, o Programa Leite Bom SC tem como meta investir R$ 300 milhões nos próximos três anos em ações que fortaleçam a cadeia leiteira de Santa Catarina. O programa é dividido em três eixos principais: suspensão de incentivos fiscais para a importação de leite e derivados, financiamento aos produtores e incentivos fiscais para a indústria leiteira.
Essas medidas visam apoiar diretamente os 22,2 mil produtores de leite do estado, garantindo que eles tenham as condições necessárias para competir de forma justa no mercado interno e internacional. Ao suspender os incentivos fiscais para a importação de leite, o governo estadual protege os produtores locais, que muitas vezes enfrentam dificuldades para competir com produtos importados a preços mais baixos. Além disso, os financiamentos e incentivos fiscais oferecidos pelo programa ajudam a modernizar as propriedades e melhorar a qualidade dos produtos.
Com esse programa, Santa Catarina busca não apenas consolidar sua posição como um dos maiores produtores de leite do Brasil, mas também garantir que seus produtos atendam aos mais altos padrões de qualidade e sustentabilidade, fortalecendo o setor a longo prazo.
Outro tema de grande relevância abordado no Congresso é a biosseguridade, que se refere às práticas adotadas para prevenir a entrada e a disseminação de doenças nas propriedades leiteiras. A biosseguridade é fundamental para garantir a saúde dos animais e a qualidade do leite produzido. Práticas como a desinfecção adequada de equipamentos, a quarentena de novos animais e o monitoramento rigoroso da saúde do rebanho são essenciais para evitar a propagação de doenças como a mastite, que pode comprometer seriamente a produção.
Especialistas no Congresso discutem novas estratégias de biosseguridade, destacando como as fazendas podem adotar medidas mais eficazes para proteger seus rebanhos e melhorar a qualidade do leite produzido. Com a adoção dessas práticas, os produtores podem aumentar sua competitividade no mercado, garantindo a oferta de um produto seguro e de alta qualidade.