Nos últimos meses, um aumento expressivo nos casos de coqueluche tem chamado a atenção de autoridades de saúde e especialistas. A doença, considerada controlada em muitos lugares, voltou a preocupar devido à baixa adesão à vacinação e ao retorno das atividades presenciais após a pandemia. Crianças e adolescentes são os mais afetados, mas adultos também registram casos em alta.
A coqueluche é uma infecção respiratória altamente contagiosa e perigosa, especialmente para os mais vulneráveis. O crescimento dos casos reforça a necessidade urgente de fortalecer campanhas de imunização e manter a vigilância epidemiológica ativa para evitar que essa doença, que já foi uma ameaça no passado, volte a se espalhar sem controle.
Os dados mais recentes divulgados pela Sesa revelam que dos 1.000 casos confirmados, 353 envolvem adolescentes entre 12 e 19 anos, enquanto 110 afetam bebês com menos de um ano. A faixa etária de adultos entre 30 e 49 anos também registrou um aumento significativo, com 183 casos. Esses números reforçam a necessidade de uma vigilância epidemiológica ativa e de campanhas de vacinação direcionadas para diferentes grupos.
Comparando com o mesmo período em 2023, quando foram confirmados apenas 11 casos e nenhum óbito, o cenário atual acende um alerta para o risco de novos surtos. Entre 2019 e 2022, os números foram relativamente baixos, com apenas 5 a 101 casos anuais, mostrando uma retomada expressiva em 2024.
Segundo Maria Goretti Lopes, diretora de Atenção e Vigilância em Saúde da Sesa, a coqueluche apresenta um comportamento cíclico, com períodos de baixa e alta transmissão. Durante a pandemia de Covid-19, os casos de coqueluche diminuíram devido ao isolamento social e à menor circulação de pessoas. No entanto, a cobertura vacinal caiu consideravelmente, e com o retorno das atividades normais, a transmissão voltou a ocorrer de forma expressiva.
Outro fator relevante é o aprimoramento da vigilância epidemiológica, que permitiu maior detecção dos casos. “Hoje, temos mais sensibilidade nos diagnósticos e um monitoramento mais ativo, o que ajuda a identificar novos casos com maior precisão”, explica Maria Goretti.
Como a coqueluche é transmitida e quais são os sintomas?
A coqueluche é uma doença infecciosa provocada pela bactéria Bordetella pertussis, que afeta o trato respiratório. A transmissão ocorre principalmente pelo contato direto com gotículas eliminadas por pessoas infectadas ao tossir, espirrar ou falar.
Os sintomas iniciais são semelhantes aos de um resfriado comum, como febre baixa, coriza e mal-estar, mas evoluem rapidamente para crises intensas de tosse seca. Essas crises podem ser tão fortes que provocam vômitos e dificuldades para respirar, especialmente em crianças pequenas. Sem o tratamento adequado, a coqueluche pode levar a complicações graves, como pneumonia e convulsões.
A vacina é a medida mais eficaz para prevenir a coqueluche e evitar surtos. A imunização é recomendada já nos primeiros meses de vida, com a administração da vacina pentavalente aos 2, 4 e 6 meses de idade. Além disso, reforços são necessários aos 15 meses e aos 4 anos, com a vacina DTP (Difteria, Tétano e Pertussis).
No Paraná, as coberturas vacinais estão atualmente em 90,40% e 90,43% para a pentavalente e a DTP, respectivamente. Embora esses números estejam próximos da meta, é fundamental que a vacinação continue sendo promovida para evitar que novas epidemias ocorram.
Diante do aumento dos casos, a Sesa reforçou as ações de vigilância epidemiológica. Entre as medidas adotadas, destacam-se:
- Busca ativa de gestantes e puérperas: O objetivo é garantir que essas mulheres recebam a vacina dTpa (Difteria, Tétano e Coqueluche Acelular) para proteger tanto elas quanto seus bebês.
- Atualização do esquema vacinal infantil: A Sesa promove campanhas para garantir que crianças estejam com as vacinas em dia.
- Vacinação de profissionais de saúde e educação: Trabalhadores que atuam diretamente com gestantes, puérperas, recém-nascidos e crianças pequenas também devem ser imunizados para evitar a propagação da doença.
A baixa cobertura vacinal em algumas regiões é um dos grandes desafios no controle da coqueluche. A hesitação vacinal, alimentada por desinformação e notícias falsas, contribui para a disseminação de doenças evitáveis. Campanhas educativas são essenciais para reforçar a importância da vacinação e combater mitos que podem afastar a população das vacinas.
Além disso, é necessário que pais e responsáveis estejam atentos aos sintomas e procurem atendimento médico ao primeiro sinal de tosse persistente em crianças. A identificação precoce da coqueluche é essencial para iniciar o tratamento e evitar complicações graves.