Rumo à universalização da água potável nas áreas rurais

O acesso universal à água potável é uma das metas mais importantes da agenda de desenvolvimento sustentável no Brasil. No Paraná, a gestão pública tem se destacado por seu compromisso com a universalização do abastecimento de água para áreas rurais.

A Secretaria Geral das Microrregiões de Água e Esgotamento Sanitário (MAES), vinculada à Secretaria de Estado das Cidades (Secid), lidera um esforço em prol do desenvolvimento de modelos eficientes e sustentáveis para levar água tratada a todas as regiões do estado. Com iniciativas alinhadas ao Marco Legal do Saneamento (Lei 14.026/2020), a meta é garantir que, até 2033, 99% da população tenha acesso a água potável.

Neste artigo, exploraremos como o Paraná avança na universalização da água potável, com destaque para projetos inovadores, parcerias locais e o papel das comunidades no sucesso dessas iniciativas.

O município de Piên, na Região Metropolitana de Curitiba, é um dos exemplos mais bem-sucedidos da gestão comunitária de sistemas de água. Por meio de uma parceria entre a Prefeitura e a Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), foram instaladas infraestruturas que beneficiam cerca de 1.600 famílias. As associações de água, compostas por moradores das comunidades atendidas, são responsáveis pela operação e gestão do sistema.

Segundo Márcio Alves Domingos, chefe dos Serviços de Água em Áreas Rurais de Piên, o modelo de gestão privada pelos próprios beneficiários foi fundamental para o sucesso do projeto. “Quando a comunidade participa, o processo anda melhor como um todo”, destacou Domingos. A informatização do sistema e a emissão de boletos diretamente aos usuários são exemplos da eficiência administrativa alcançada.

Dorivaldo Taborda, tesoureiro da associação do Quicé, compartilhou a satisfação com os avanços: “Hoje, temos controle financeiro através de aplicativos e conseguimos expandir o atendimento para outras localidades, como Poço Frio, beneficiando mais 120 famílias.”

A Secretaria Geral das Microrregiões de Água e Esgotamento Sanitário (MAES) tem desempenhado um papel essencial na definição de metodologias para replicar o sucesso de iniciativas como a de Piên. Márcia de Amorim, secretária executiva da MAES, explicou que o objetivo é identificar modelos de gestão que sejam sustentáveis tanto na implantação quanto na manutenção dos sistemas.

A pesquisa realizada pela MAES incluiu visitas a outros municípios do Paraná e estados como Ceará, onde conheceram o modelo dos Sistemas Integrados de Saneamento Rural (Sisar). Essa troca de experiências tem sido fundamental para criar um modelo adaptado à realidade paranaense, integrando aspectos técnicos, sociais e financeiros.

A integração de diversas instituições públicas e a participação ativa da sociedade são fatores determinantes para o avanço da universalização da água potável no Paraná. Segundo Geraldo Luiz Farias, analista de Desenvolvimento Municipal do Serviço Social Autônomo Paranacidade, “há um grande número de interessados em garantir o acesso à água, desde secretarias estaduais até associações comunitárias.”

As parcerias envolvem órgãos como a Secretaria de Desenvolvimento Sustentável, a Secretaria de Saúde, a Sanepar e a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), além de associações locais. Esse esforço colaborativo é fundamental para adaptar as soluções às necessidades específicas de cada região e garantir a viabilidade dos projetos a longo prazo.

No município de Marechal Cândido Rondon, o processo de abastecimento rural teve início na década de 1990 e hoje atende cerca de 4.915 pessoas, distribuídas em 1.931 ligações ao longo de 726 quilômetros de redes. O financiamento do projeto combinou recursos públicos e contribuições dos proprietários rurais, em um modelo inovador que fortalece o senso de pertencimento da comunidade.

O Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Marechal Cândido Rondon é responsável pela execução técnica, enquanto as associações locais assumem a gestão financeira e administrativa. Essa descentralização de responsabilidades permite uma operação mais eficiente e adaptada às demandas locais.

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