Ao longo da história, muitas obras literárias enfrentaram a censura de diversas instituições, incluindo igrejas, por abordarem temas considerados controversos ou por desafiarem as normas vigentes. Vamos conhecer os dez livros clássicos censurados por igrejas, explorando as razões por trás dessas proibições e o impacto cultural desses atos.
Embora tenham sido proibidos, os livros apresentados são clássicos de qualidade elevada e comprovada, que muitas vezes são citados entre as listas dos melhores livros literatura universal.
Índice:
O poder da palavra
“O Decamerão” de Giovanni Boccaccio
Frequentemente censurado desde sua publicação no século XIV, “O Decamerão” é uma coletânea de cem novelas que retratam a vida social da época, especialmente durante a peste negra. O conteúdo, considerado obsceno e irreverente, chocou as autoridades eclesiásticas pelo retrato explícito de temas sexuais e pela crítica velada à hipocrisia religiosa.
Crítica institucional
“As Viagens de Gulliver” de Jonathan Swift
Este livro, publicado em 1726, utiliza a sátira para criticar a sociedade e as instituições da época, incluindo a igreja e o estado. A obra foi censurada por apresentar uma visão cínica da humanidade e questionar a autoridade das instituições religiosas, provocando desconforto entre os líderes eclesiásticos.
Filosofia e fé
“Cândido, ou o Otimismo” de Voltaire
Voltaire, conhecido por seu espírito crítico e filosófico, enfrentou a censura religiosa com “Cândido” em 1759. O livro satiriza o otimismo filosófico e religioso, desafiando a visão de que vivemos no “melhor dos mundos possíveis” e criticando diretamente a teodiceia e a justiça divina.
Questionando a ortodoxia
“Os Ensaios” de Michel de Montaigne
Publicados inicialmente em 1580, alguns dos ensaios de Montaigne foram colocados no Index Librorum Prohibitorum devido às suas ideias progressistas e questionamentos sobre a religião. Montaigne explorava a ética e a moral de forma profunda, muitas vezes contrapondo-se aos dogmas religiosos estabelecidos.
Distopias sob vigilância
“Admirável Mundo Novo” de Aldous Huxley
Publicado em 1932, este romance foi censurado por discutir controle social e manipulação genética, temas que tocavam em tabus religiosos e éticos. A visão distópica de Huxley sobre uma sociedade controlada foi vista como um desafio direto às noções de livre arbítrio e ética cristã.
“1984” de George Orwell
Orwell, em sua obra de 1949, apresenta uma sociedade totalitária onde o governo controla até mesmo o pensamento dos indivíduos. A censura, neste caso, veio tanto por razões políticas quanto religiosas, dado que o livro também pode ser visto como uma crítica às instituições autoritárias, incluindo as religiosas.
Moralidade e arte
“Ulysses” de James Joyce
Considerado obsceno e blasfemo, “Ulysses” foi proibido em diversos países por décadas após sua publicação em 1922. A complexidade de seus temas, incluindo a sexualidade humana, e seu estilo narrativo inovador desafiaram as normas morais e religiosas da época.
“Madame Bovary” de Gustave Flaubert
Este romance enfrentou um julgamento por obscenidade após sua publicação em 1857, criticado por sua exploração do adultério e da hipocrisia social, que incluía a crítica à moral religiosa.
Literatura controversa
“O Processo” de Franz Kafka
Publicado postumamente, “O Processo” explora temas de autoridade, justiça e alienação. A visão sombria de Kafka sobre a burocracia e a justiça incomodou tanto autoridades políticas quanto religiosas, que viam sua obra como uma crítica potencial à ordem estabelecida.
“Lolita” de Vladimir Nabokov
Publicado em 1955, “Lolita” foi frequentemente censurado por suas descrições de relações impróprias. A oposição veio tanto por razões morais quanto religiosas, refletindo as tensões entre a liberdade artística e as normas morais da sociedade.
A literatura como espelho e desafio
Esses livros clássicos censurados não apenas refletem as tensões de suas respectivas épocas, mas também desafiam as normas estabelecidas, provocando mudanças sociais e culturais. Ao explorar temas controversos, esses autores contribuíram para debates cruciais sobre a censura, a liberdade de expressão e o papel da religião na sociedade.
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