Informações e fotos/vídeos: Christiano de Lima Veroneze, do Rio Grande do Sul,
Texto e edição de Luiz Veroneze, do Jornal da Fronteira
Os recentes alagamentos no Rio Grande do Sul deixaram um rastro de destruição sem precedentes e sofrimento em diversas cidades.
O impacto das enchentes foi devastador, com milhares de pessoas desabrigadas, infraestruturas danificadas e um cenário de desolação que exigirá um esforço considerável para a recuperação.
Muitas cidades ainda nem começaram a serem limpas, esse que é um trabalho preliminar, para depois se planejar a reconstrução de imóveis. As ruas de muitas cidades estão cheias de entulhos, móveis, matérias de construção como tijolos e vigas de concreto, além de veículos destruídos.
Diante dessa calamidade, especialistas têm divulgado suas previsões sobre quanto tempo será necessário para que as áreas mais atingidas sejam reconstruídas.
Vamos examinar as opiniões desses especialistas e as perspectivas para a recuperação das cidades gaúchas.
Índice:
O impacto dos alagamentos
Entre 24 de abril e 4 de maio de 2024, o Rio Grande do Sul recebeu cerca de 420 mm de chuva, o que representa aproximadamente um quarto da média anual do estado. Mas esta chuva não parou por aí, nos dias seguintes, continuou chovendo em menor proporção, mantendo o nível cheio de rios e lagos.
Em número atuais, de 17 de maio, já foram confirmadas 154 mortes, em torno de 100 ainda estão desaparecidos, estando, neste momento, 618 mil pessoas fora de casa, vivendo em abrigos ou residências de parentes, em lugares não comprometidos pelos alagamentos.
Avaliação dos especialistas
Pedro Luiz Côrtes, do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (USP), destacou que a magnitude de destruição destes alagamentos é parecida com um terremoto de grande proporção.
Ele destacou que a necessidade de reconstrução é quase total, pois todos os principais recursos do estado foram comprometidos em grande parte.
O especialista confirmou a ideia do governador gaúcho, Eduardo de Leite, da necessidade de um Plano Marshall para recuperar o estado.
Esse plano, segundo Côrtes, concentra em um esforço coordenado e maciço semelhante ao plano de recuperação da Europa após a Segunda Guerra Mundial.
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, estimou que a reconstrução inicial custará cerca de R$ 19 bilhões, podendo chegar a R$ 92 bilhões dependendo da extensão total dos danos.
Leite enfatizou a urgência de um esforço colaborativo entre os governos federal, estadual e municipal, além do apoio da iniciativa privada para financiar a recuperação.
Alguns prefeitos estudam a possibilidade de mudar a cidade de lugar, para afastá-las dos rios. As fotos deste artigo, são de Arroio do Meio/RS.
Desafios na reconstrução
A reconstrução das cidades afetadas pelos alagamentos, será demorada e cara. Um dos desafios é a obtenção de recursos financeiros suficientes.
O desafio se torna maior, se tudo tiver que seguir a morosidade da esfera pública, que anda na contramão da eficiência na gestão pública.
A coordenação entre as esferas de governo terá que romper burocracias, pois as pessoas não podem esperar tramites demorados, uma vez que dependem da reconstrução de estradas, pontes, espaços públicos e muitos outros, para dar continuidade a reconstrução de suas próprias vidas.
Outro desafio substancial é a mão-de-obra para reconstrução de milhares de imóveis, em centenas de cidades. O engajamento da comunidade local é fundamental, com o envolvimento de todos os moradores na reconstrução de suas comunidades.
Algumas cidades mais afetadas, foram adotadas por cidades de Santa Catarina. É o exemplo de Arroio do Meio, que foi adotada por Chapecó, para uma reconstrução mais rápida. Esse movimento surgiu através do humorista Badin, chamado “Adote uma Cidade”.
Mesmo assim, se tudo certo, com recursos e pessoas envolvidas, as estimativas apontam que será necessário, pelo menos, de 3 a 5 anos para reconstruir muitas cidades, gravemente afetadas.
Modelos para superação
Embora as condições sejam diferentes, os recursos e a condição climática, a recuperação rápida e eficiente do Japão após o terremoto e tsunami de 2011 serve de inspiração. O país conseguiu reconstruir grande parte das áreas afetadas em menos de uma década, graças a um planejamento rigoroso, investimentos massivos e a resiliência da população. Essa experiência pode oferecer lições valiosas para o Rio Grande do Sul.
No Brasil, a burocracia e as desigualdades socioeconômicas amplificam os desafios. A transparência na gestão dos recursos e a participação ativa da sociedade civil são essenciais para evitar desvios e garantir que os recursos sejam aplicados de forma eficiente e justa.
A reconstrução das cidades atingidas pelos alagamentos no Rio Grande do Sul será um processo longo e complexo, estimado para levar muitos anos, dependendo da eficiência na alocação de recursos, na gestão pública e no engajamento comunitário.
Aprender com exemplos internacionais e adotar um planejamento urbano resiliente são passos cruciais para garantir que as cidades não só se recuperem, mas também estejam melhor preparadas para enfrentar futuros desafios climáticos.
VÍDEOS:
Acima, vídeo impactante dos estragos na cidade de Arroio do Meio/RS.
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