Nas margens ocidentais do Rio Aqueloo, na fronteira com a Etólia, ergue-se a antiga cidade de Stratos, um centro histórico e cultural da Liga Acarnaniana. Esta cidade, semelhante ao famoso Thermon Etólio, abriga o majestoso Templo de Zeus, um marco religioso e político para todos os acarnanianos.
Construído no século IV a.C., este templo permanece como um dos melhores exemplos da arquitetura dórica da época. Sua história, marcada por conflitos e inacabada glória, oferece uma janela para o passado e revela a grandiosidade de uma civilização esquecida.
A Liga Acarnaniana, estabelecida no século IV a.C., foi uma poderosa aliança de cidades-estados na região da Acarnânia. Durante este período, o imponente Templo de Zeus foi erguido como um símbolo de unidade e poder. Uma inscrição descoberta durante as escavações confirmou a dedicação do templo a Zeus, atestando sua importância religiosa e política. O exército acarnânio se reunia e acampava sob a colina e ao redor do templo, reforçando seu papel central na vida dos acarnanianos.
Localizado na extremidade noroeste da acrópole, o Templo de Zeus Stratius, o deus protetor dos estratianos, é uma ilustre estrutura dórica. Medindo 34,47 metros por 15,41 metros, o templo possui seis colunas em seus lados estreitos e onze em seus lados longos. Construído entre 321 e 312 a.C., inteiramente de calcário duro local, o templo permaneceu inacabado devido a conflitos com os etólios. A estrutura era dividida em cella, pronaos e opisthodomos, com colunas internas sustentando o teto, sugerindo que parte da cella fosse ao ar livre.
As colunas da cella, colocadas perto de suas paredes, e a ausência de canelado nas colunas externas indicam que o templo nunca foi concluído. As métopas provavelmente foram pintadas, adicionando uma dimensão artística à sua grandiosidade. Apesar de inacabado, o templo serviu como centro de um culto federal, a poderosa Liga Acarnaniana, e era a capital acarnaniana fortificada, destinada a ser exibida com um esplêndido templo.
O Templo de Zeus em Stratos não era apenas um local de adoração. Inscrições mostram que ele era um local sagrado para a venda simbólica de escravos, concedendo-lhes liberdade. Isso sugere que o templo era um ponto de encontro para adoração, mercados e festivais. Os panacarnanos se reuniam ali não apenas por motivos religiosos, mas também para tomar decisões e atender às necessidades federais.
As partes visíveis do templo foram feitas de calcário cinza e duro, proveniente das pedreiras de Lepenou, uma vila a cerca de 6 quilômetros a noroeste de Stratos. Elementos arquitetônicos, como colunas cilíndricas inacabadas e o tambor do templo, foram encontrados em Lepenou, evidenciando que muitos materiais nunca chegaram ao seu destino final.
As primeiras escavações do templo ocorreram entre 1892 e 1913 e novamente em 1924 pela Escola Arqueológica Francesa. Durante essas escavações, o templo foi amplamente documentado, juntamente com as inscrições encontradas. A. Orlandos publicou o estudo mais significativo e a restauração precisa do monumento em 1925. Estas descobertas não só revelaram a estrutura e o design do templo, mas também forneceram insights sobre a vida e as práticas culturais dos acarnanianos.
O Templo de Zeus em Stratos é um testemunho duradouro da grandiosidade e complexidade da Liga Acarnaniana. Sua arquitetura dórica, apesar de inacabada, reflete a ambição e o talento dos antigos construtores. Este templo não era apenas um local de adoração, mas também um centro de comércio e decisões políticas, reunindo pessoas de toda a região.
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