Recentes escavações no Castelo de Zerzevan, no distrito de Çınar, em Diyarbakır, sudeste da Turquia, trouxeram à tona uma descoberta fascinante: um templo subterrâneo de 1.900 anos dedicado à religião de Mitras.
Esse achado não só ilumina aspectos ocultos do passado, mas também desperta o interesse global por uma época em que rituais secretos e mistérios religiosos moldavam a vida de muitos.
Localizado perto do bairro Demirölçek, a aproximadamente 13 quilômetros do distrito de Çınar, o Castelo de Zerzevan serviu como um assentamento militar estratégico durante o Império Romano. Este local histórico está na Lista do Patrimônio Mundial da UNESCO (Provisório) e tem atraído um número crescente de turistas e pesquisadores.
O trabalho de escavação, iniciado em 2014 com apoio do Ministério da Cultura e Turismo, do governo, do Museu Diyarbakır, do Governo Distrital de Çınar e da Universidade Dicle, revelou uma série de estruturas impressionantes. Até o momento, foram descobertos muros de 12 a 15 metros de altura e 1.200 metros de comprimento, uma torre de vigia de 21 metros de altura, uma igreja, um edifício administrativo, residências, depósitos de grãos e armas, túmulos de pedra, canais de água, 54 cisternas de água, uma igreja subterrânea, um abrigo subterrâneo que pode acomodar 400 pessoas, passagens secretas e, claro, o templo subterrâneo de Mitras.
A religião de Mitras, um culto misterioso centrado na adoração de Mitra, uma divindade associada ao sol, à luz e à justiça, surgiu no Império Romano durante o primeiro século d.C. e atingiu seu auge nos séculos II e III. Esse culto atraiu principalmente soldados, comerciantes e membros da elite romana, que eram cativados pela ênfase em disciplina, lealdade e fraternidade.
Os rituais mitraicos eram realizados em templos subterrâneos chamados mithraea, projetados para imitar cavernas, o que reforçava o caráter secreto e esotérico dessas cerimônias. Mitra, frequentemente retratado matando um touro no que é conhecido como tauroctonia, simbolizava o triunfo do bem sobre o mal e da luz sobre a escuridão.
Em 2017, durante as escavações no Castelo de Zerzevan, arqueólogos descobriram um templo subterrâneo dedicado a Mitras. A área, onde os participantes de rituais secretos residiam, revelou-se um ponto crucial para entender essa antiga crença. O diretor de escavação, Aytaç Coşkun, explicou que as escavações se concentraram no santuário de Mitras, a parte mais significativa do castelo. Descobertas anteriores incluíam um templo, uma estrutura subterrânea e uma entrada monumental relacionada à crença de Mitras.
Essas descobertas não apenas elucidam aspectos desconhecidos do mitraísmo, mas também proporcionam uma visão sobre a vida cotidiana e as práticas religiosas dos romanos que viveram e serviram no Castelo de Zerzevan. A ausência de registros escritos sobre o mitraísmo torna essas evidências arqueológicas ainda mais valiosas, permitindo que os pesquisadores compreendam melhor essa religião enigmática.
As escavações no Castelo de Zerzevan têm atraído visitantes de todo o mundo, incluindo países como EUA, Reino Unido, Suíça, Japão e Rússia. O interesse global pela religião de Mitras e pelo próprio castelo tem impulsionado o turismo na região, trazendo benefícios econômicos e culturais significativos.
Aytaç Coşkun destacou a importância do santuário de Mitras para o turismo, mencionando que visitantes vêm de diferentes partes do mundo para ver o local onde uma das crenças esotéricas mais antigas do Império Romano foi praticada.
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