Tumba milenar pode revelar segredos do Reino de Chu na China

Arqueólogos trabalham na tumba de Wuwangdun descoberta em Huainan, província de Anhui, leste da China, em 6 de abril de 2024. (Administração do Patrimônio Cultural Nacional/Divulgação via Xinhua)

No fim de abril, a descoberta de uma tumba com mais de dois milênios em Huainan, na província de Anhui, agitou a comunidade arqueológica e promete revolucionar nosso entendimento sobre o antigo Reino de Chu, um dos principais estados beligerantes da China antiga. Esta tumba, possivelmente pertencente a um monarca daquela era, contém mais de mil relíquias e é considerada a mais completa já encontrada relativa ao Reino de Chu.

Após quatro anos de escavações meticulosas, os arqueólogos conseguiram desenterrar uma riqueza de objetos que iluminam o alto nível de sofisticação e arte do período dos Reinos Combatentes. Entre os artefatos encontrados estão vasos de bronze, peças de madeira e outros itens que sugerem ser de uso real. As condições do sítio, que preservaram esses objetos através dos milênios, são de um valor inestimável para a pesquisa histórica e cultural.

Revelando a Vida dos Reis de Chu

A tumba, nomeada Wuwangdun, era adornada com luxo que usualmente circunda apenas os mais altos escalões da realeza. As descobertas, segundo Gong Xicheng, líder da equipe arqueológica e pesquisador do Instituto Provincial de Relíquias Culturais e Arqueologia de Anhui, fornecem um panorama detalhado das condições políticas, econômicas, culturais e tecnológicas vivenciadas pelo estado de Chu. A análise das estruturas e dos artefatos sugere que o túmulo foi construído pouco antes da desintegração do sistema estatal feudal, um período de grandes turbulências e mudanças.

Esta imagem combinada mostra peças de laca desenterradas na tumba de Wuwangdun, descoberta em Huainan, província de Anhui, no leste da China. (Relíquias culturais da província de Anhui e instituto de pesquisa arqueológica/Divulgação via Xinhua)

Inovações Tecnológicas no Estudo Arqueológico da Tumba

Uma das características mais notáveis desta escavação foi a implementação de tecnologias avançadas no processo arqueológico. Um laboratório foi montado diretamente na tumba para possibilitar análises no local, minimizando a exposição dos artefatos ao oxigênio, o que pode degradar rapidamente materiais antigos. Além disso, foi criado um modelo digital 3D da tumba, capturando todas as camadas e detalhes com uma precisão impressionante. Mais de mil caracteres chineses foram extraídos da tampa do caixão usando tecnologia de imagem infravermelha, proporcionando uma nova fonte de dados para decifrar a história escrita.

O Futuro das Escavações

Até agora, apenas um terço da tumba foi explorado, deixando claro que ainda há muito a ser descoberto. Zhang, outro membro da equipe de pesquisa, ressaltou que os trabalhos de escavação e proteção continuarão de mãos dadas, utilizando diversas abordagens científicas para garantir que o valor arqueológico do local seja preservado e apresentado de maneira clara. Essa abordagem cuidadosa não só protege o sítio, como também assegura que futuras gerações possam aprender com essas descobertas.

Conclusão

A descoberta da tumba de Wuwangdun é um marco que não apenas enriquece nosso entendimento do Reino de Chu, mas também destaca a importância de utilizar tecnologia avançada na arqueologia. À medida que a escavação continua, espera-se que novos achados esclareçam ainda mais sobre como era a vida durante os tempos tumultuados dos Reinos Combatentes na China. Esta tumba não é apenas um túmulo; é uma cápsula do tempo que oferece um vislumbre raro e valioso em um período crucial na formação da nação chinesa.

Sair da versão mobile