O Cemitério Seljuk, localizado no distrito de Gevaş, em Van, na Turquia, é um tesouro arqueológico e cultural que continua a revelar segredos valiosos sobre a herança turco-islâmica.
Considerado o segundo maior cemitério turco-islâmico do país, este local tem sido objeto de escavações e restaurações intensivas que visam preservar e decifrar a rica história contida em suas lápides e sarcófagos.
Este ano, o trabalho revelou novos artefatos que lançam luz sobre as tradições e a arte funerária da época.
O cemitério Seljuk
O Cemitério Seljuk em Gevaş é uma das joias da herança turco-islâmica na Turquia. Este local, que abriga milhares de lápides e sarcófagos, é um testemunho da profunda reverência que a cultura islâmica tem pelos mortos e pela preservação de suas memórias.
Com uma história que remonta a mais de 700 anos, o cemitério é um exemplo impressionante da arte funerária islâmica, caracterizada por inscrições caligráficas, motivos decorativos únicos e uma arquitetura que reflete a crença na vida após a morte.
O trabalho de escavação e restauração no Cemitério Seljuk é conduzido sob a supervisão científica do Professor Associado Ercan Calis, do Departamento de História da Arte da Universidade Van Yüzüncü Yıl (YYU).
A coordenação do projeto é feita pelo Museu Van, com a permissão do Ministério da Cultura e Turismo da Turquia. Desde o início das escavações, em 2004, o cemitério tem sido o foco de esforços contínuos para recuperar e preservar os artefatos históricos enterrados sob a terra.
Descobertas de sarcófagos e lápides inéditas
Este ano, as escavações no Cemitério Seljuk resultaram na descoberta de seis sarcófagos e uma lápide, todos desenterrados a uma profundidade de cerca de um metro. Essas descobertas são particularmente importantes, pois incluem motivos decorativos e inscrições que nunca haviam sido observados anteriormente em cemitérios turco-islâmicos.
Um dos achados mais notáveis é o motivo de arco e flecha encontrado em um sarcófago de criança, um símbolo que pode estar relacionado a tradições guerreiras ou mitológicas da época.
O reitor da Universidade Van YYU, Professor Hamdullah Sevli, destaca a importância dessas descobertas, observando que elas contribuem para o entendimento da cultura e das práticas religiosas da sociedade Seljuk.
Ele enfatiza que o objetivo do trabalho é preservar essas relíquias para as futuras gerações, mantendo o cemitério como um “museu a céu aberto” que atrai visitantes de todo o mundo, especialmente da Europa.
Técnicas modernas de restauração
Um dos maiores desafios na preservação de cemitérios históricos como o de Seljuk é a limpeza e restauração das lápides e sarcófagos, muitos dos quais foram danificados ou cobertos por líquens ao longo dos séculos.
Este ano, pela primeira vez, uma máquina de lavagem de alta pressão foi utilizada para acelerar o processo de limpeza das pedras, reduzindo o tempo necessário de uma semana para apenas meia hora. Essa inovação permitiu que a equipe de restauração limpasse e restaurasse um número maior de artefatos em um período de tempo muito mais curto, sem comprometer a integridade das pedras.
O Professor Associado Ercan Calis, que lidera os esforços de restauração, menciona que essa técnica não apenas preserva a aparência original das pedras, mas também protege as inscrições e motivos decorativos esculpidos nelas. A
aplicação de técnicas modernas em combinação com métodos tradicionais de restauração garante que o patrimônio cultural contido no Cemitério Seljuk seja preservado da melhor forma possível.
A arte nos sarcófagos Seljuk
Os motivos decorativos encontrados nas lápides e sarcófagos do Cemitério Seljuk são um reflexo das crenças e da estética da sociedade turco-islâmica durante o período Seljuk.
Este ano, a equipe de escavação se deparou com o uso de motivos chovgan, além de representações de lâmpadas e raios de sol com detalhes salbekli. Esses elementos, comuns em obras de arte islâmicas, foram aplicados de maneira única neste cemitério, diferenciando-o de outros sítios arqueológicos da mesma época.
O motivo de arco e flecha encontrado em um sarcófago infantil, por exemplo, é um símbolo que nunca havia sido visto antes em contextos funerários islâmicos. Acredita-se que esse símbolo possa estar relacionado a uma oferenda ou ritual específico, possivelmente ligado à proteção da criança na vida após a morte.
Esses achados fornecem novas informações sobre as práticas funerárias e as influências culturais que moldaram a arte Seljuk.
O Cemitério Seljuk em Gevaş não é apenas um local de descanso para os mortos; é um patrimônio cultural que oferece uma visão profunda sobre a vida, as crenças e as tradições de uma era passada.
Como o segundo maior cemitério turco-islâmico da Turquia, ele desempenha um papel crucial na preservação da história islâmica na Anatólia. O aumento do interesse de turistas europeus pelo local é um indicativo da importância global desse patrimônio.
Além de servir como um elo entre o passado e o presente, o Cemitério Seljuk também é uma fonte valiosa para estudiosos e pesquisadores que buscam entender melhor a sociedade Seljuk e sua influência na cultura turca contemporânea.
As inscrições e motivos encontrados nas lápides e sarcófagos fornecem dados importantes que ajudam a decifrar os aspectos religiosos, sociais e artísticos desse período.
Leia mais: