Megaestrutura de caça submersa revela segredos da idade da pedra

Imagem: Philipp Hoy

Arqueólogos mergulharam nas profundezas do Mar Báltico e emergiram com uma descoberta surpreendente: as ruínas submersas de uma megaestrutura construída há mais de 10 mil anos. Com quase 1 quilômetro de extensão, essa construção ancestral não apenas impressiona pelo tamanho, mas também pela complexidade de sua finalidade: servir como uma ferramenta de caça para os povos da Idade da Pedra. Batizada como Blinkerwall, essa estrutura se destaca como uma das mais antigas e maiores construções da Idade da Pedra encontradas na Europa.

Equipes de pesquisadores das universidades de Kiel e Rostock, juntamente com o Instituto Leibniz de Pesquisa do Mar Báltico, empreenderam uma jornada intrigante para desvendar os segredos das profundezas. Utilizando uma combinação de navios e drones submarinos equipados com tecnologia avançada de sonar, eles mapearam meticulosamente a forma e as dimensões da estrutura submersa. O que emergiu de suas investigações foi uma rede de pelo menos 1.673 pedras, dispostas estrategicamente ao longo de 971 metros, a uma profundidade de 21 metros. Essa complexa configuração descarta a mera possibilidade de formação natural, como ação erosiva, e aponta diretamente para a mão habilidosa do homem pré-histórico.

A Blinkerwall não é apenas uma estrutura impressionante; é também uma cápsula do tempo que nos transporta para uma era longínqua. Acredita-se que tenha sido originalmente erguida em terra firme, há cerca de 10 mil anos, após o fim da última Era do Gelo. No entanto, o destino reservou-lhe uma imersão abrupta, à medida que as águas do mar subiram entre 8.600 e 8 mil anos atrás, engolindo a vastidão de terra que outrora sustentava a construção e seus construtores. Esse período de inundação em massa, impulsionado pelo aumento dos níveis do mar, moldou irreversivelmente o cenário geográfico da Europa do Norte, deixando para trás vestígios submersos de antigas civilizações.

Mas qual era a função dessa colossal estrutura? Os estudiosos conjecturam que ela desempenhava um papel vital na sobrevivência das comunidades da Idade da Pedra, servindo como um elaborado mecanismo de caça. Situada estrategicamente ao longo das rotas de migração das renas, a Blinkerwall oferecia aos caçadores ancestrais uma vantagem crucial na busca por alimento. Sua localização topográfica cuidadosamente escolhida não era mero acaso; era uma expressão da profunda compreensão e respeito pela natureza que permeava as sociedades antigas.

A descoberta da Blinkerwall é mais do que uma mera curiosidade arqueológica; é um lembrete impressionante da extraordinária capacidade humana de adaptação e inovação. Diante dos desafios implacáveis impostos por um ambiente hostil, nossos antepassados da Idade da Pedra demonstraram uma habilidade notável para conceber e construir estruturas monumentais que transcenderam os limites de sua época. Ao explorar e compreender essas maravilhas do passado, não apenas enriquecemos nossa compreensão da história humana, mas também nos conectamos de maneira mais profunda com as raízes de nossa própria existência.

O mistério da caverna de 40 mil anos que abrigou milhares de Neandertais

A descoberta de uma câmara interna com pelo menos 40 mil anos em uma caverna de Gibraltar, anteriormente habitada por neandertais, está revolucionando nossa compreensão desses antigos hominídeos. Pesquisadores do Museu Nacional de Gibraltar, desde 2012, têm trabalhado incansavelmente para encontrar possíveis câmaras e passagens bloqueadas por sedimentos na Caverna Vanguard, que faz parte do Complexo de Cavernas de Gorham, um local considerado Patrimônio Mundial da Unesco.

No último mês, esses pesquisadores alcançaram um marco extraordinário ao descobrirem uma câmara de 13 metros de profundidade localizada na parte de trás da caverna principal. Junto a essa revelação surpreendente, uma série de descobertas intrigantes emergiram, incluindo restos de um lince, de uma hiena e de um abutre. Além disso, foram encontradas marcas de arranhões nas paredes, indicando a presença de algum animal carnívoro na época.

No entanto, a descoberta mais notável e emocionante foi a de moluscos marinhos, ou conchas, que sugerem que as partes recém-descobertas da caverna foram habitadas por neandertais. Como explicou Clive Finlayson, diretor e cientista-chefe do Museu Nacional de Gibraltar, “As conchas estão no fundo daquela caverna… provavelmente a cerca de 20 metros da praia. Alguém pegou aquele há mais de 40.000 anos. Isso já me deu uma dica de que pessoas estiveram lá, o que talvez não seja muito surpreendente. Essas pessoas, por causa da idade, só podem ser neandertais.”

Os neandertais, uma espécie de hominídeos da Idade da Pedra, habitaram a Europa muito antes da chegada do homo sapiens. Sua história, porém, permaneceu envolta em mistério, com lacunas significativas em nossa compreensão de suas práticas e modos de vida. A descoberta desses vestígios em Gibraltar poderia lançar luz sobre esse enigma ancestral.

Neandertais: Habitantes do Passado Distante

A existência dos neandertais remonta a aproximadamente 40 mil anos atrás, uma época em que a Europa era um lugar muito diferente do que é hoje. Esses hominídeos coexistiram com o homo sapiens por um período considerável, embora sua extinção tenha ocorrido há cerca de 40 mil anos.

A importância da descoberta nas Cavernas de Gibraltar reside na qualidade de preservação excepcional dos vestígios e nas possibilidades de novas informações que ela oferece. A oportunidade de explorar um local em que ninguém esteve por mais de 40.000 anos é, sem dúvida, única. O trabalho dos pesquisadores está apenas começando, mas suas descobertas já são emocionantes e promissoras.

A Emoção de Explorar o Passado Profundo

Para Clive Finlayson, entrar na caverna pela primeira vez foi uma experiência que lhe deu “arrepios” e se tornou uma das descobertas mais emocionantes de sua carreira. A preservação excepcional dos vestígios encontrados é uma oportunidade rara e valiosa para a pesquisa arqueológica.

A descoberta da câmara na Caverna Vanguard é apenas o primeiro estágio de uma longa escavação. Como Finlayson enfatiza, essa câmara representa apenas o teto da caverna, e ainda há muito trabalho a ser feito para explorar o restante. A medida que escavam, os pesquisadores antecipam que a caverna revelará passagens e câmaras ainda maiores, o que é extremamente emocionante para a comunidade científica.

Tecnologia para Revelar Segredos Antigos

À medida que o trabalho continua, a equipe de pesquisa planeja usar tecnologia avançada para coletar amostras de DNA do sedimento. Essas amostras podem fornecer informações cruciais sobre o estilo de vida dos neandertais, seus rituais de sepultamento e até mesmo potenciais pegadas.

No entanto, o caminho à frente é longo e desafiador. Clive Finlayson ressalta que o trabalho restante levará décadas, senão mais tempo. Mas a paixão pela descoberta e o desejo de desvendar os mistérios do passado impulsionam esses arqueólogos a continuarem cavando nas profundezas da história.

A Caverna Vanguard em Gibraltar é mais do que uma simples caverna; é um portal para o passado distante dos neandertais. À medida que novas informações emergem e o trabalho de pesquisa avança, podemos esperar que nossa compreensão sobre esses antigos hominídeos e sua coexistência com os homo sapiens continue a se expandir. Afinal, essa é uma oportunidade única para explorar o que permaneceu oculto por dezenas de milhares de anos, e a caverna está disposta a revelar seus segredos a quem se dedicar a desvendá-los.

Estudiosos encontram fóssil de mãe embalando bebê de 4.800 anos

Muitas vezes, as escavações arqueológicas passam despercebidas pelo grande público, com potes quebrados e ossos espalhados raramente atraindo a atenção da mídia.

No entanto, uma descoberta em Taiwan desafiou essa norma, com fotos dos corpos exumados tornando-se virais e grandes organizações de notícias, da Fox News ao Huffington Post, relatando a história. Mas o que tornou essa descoberta tão especial? Era um esqueleto da Idade da Pedra de uma mãe embalando um bebê em um túmulo compartilhado.

A escavação científica que revelou essa comovente descoberta começou em 2014 e levou cerca de um ano para ser concluída. Apenas tempos depois, começaram a ser divulgadas informações mais detalhadas do que foi encontrado.

Uma equipe de arqueólogos liderada por Chu Whei-Lee, do Museu Nacional de Ciência de Taiwan, estava trabalhando em um sítio neolítico a 10 quilômetros da costa oeste de Taiwan.

Hoje, essa área é chamada de cidade de Taichung, mas o local em si foi apelidado de An-ho. Os especialistas acreditam que o litoral mudou ao longo dos anos e que An-ho já foi uma vila costeira. Na verdade, mais de 200 dentes de tubarão foram encontrados nas habitações do local, no entanto, não se sabe se esses dentes eram práticos, decorativos ou espirituais. Os habitantes de An-ho eram provavelmente pessoas Dabenkeng.

“O povo Dabenkeng foi os primeiros agricultores de Taiwan, que podem ter vindo das costas sul e sudeste da China há cerca de 5.000 anos”, diz Chengwha Tsang, da Academia Sinica de Taiwan. “Esta cultura é a cultura neolítica mais antiga encontrada até agora em Taiwan.” A cultura Dabenkeng taiwanesa apresentava cerâmica com fio e enxós de pedra.

Embora o Dabenkeng tenha persistido até o terceiro milênio a.C. na China continental, o Dabenkeng taiwanês durou apenas até cerca de 4.500 a.C. No entanto, a partir de Taiwan, os Dabenkeng espalharam-se pelo Sudeste Asiático e pela Oceânia, trazendo consigo sua cultura e língua. “Eles foram provavelmente os primeiros ancestrais dos povos de língua austronésia que vivem hoje em Taiwan e nas ilhas do Pacífico”, disse Tsang.

Em An-ho, foram descobertas 48 sepulturas, incluindo de cinco crianças. No entanto, o túmulo compartilhado de uma mãe olhando para um bebê embalado em seus braços foi a descoberta mais comovente e intrigante de todas. A maneira como essa mãe e bebê foram enterrados permanece um mistério.

“A ‘jovem’ mãe que segurava o bebê foi a que mais nos surpreendeu”, disse o líder da equipe, Chu Whei-Lee. “Acho que foram enterrados debaixo de casa pelos seus entes queridos”, acrescenta ela, embora sejam necessárias mais provas para apoiar essa ideia. “Quando foi descoberto, todos os arqueólogos e membros da equipe ficaram chocados. Por que? Porque a mãe estava olhando para o bebê em suas mãos”, disse Chu Whei-lee.

Mais testes estão em andamento, incluindo análises de DNA da mãe e da criança, bem como de outras sepulturas. O que já sabemos é que a mãe tinha 160 cm de altura e o bebê tinha 50 cm. A datação por carbono estima a época do sepultamento em cerca de 4.800 anos atrás, colocando-os diretamente na Idade da Pedra da ilha. Os corpos foram enterrados em um típico alinhamento norte-sul, mas de forma não convencional, eles foram colocados de costas (em vez de ficarem de bruços como os outros túmulos no local). Além disso, o rosto da mãe está inclinado para a direita e para baixo, de modo que ela olha para o bebê em seus braços, mesmo em forma de esqueleto, cerca de 5.000 anos depois.

Sem dúvida, esse antigo momento materno foi o que permitiu que a dupla se tornasse uma sensação viral dos dias modernos. A história de An-ho continua a fascinar, lembrando-nos de que o passado muitas vezes pode tocar profundamente o presente. A comovente imagem dessa mãe e bebê continua a ecoar através dos séculos, cativando o mundo moderno com sua misteriosa conexão.

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