No fundo do Mar do Caribe, próximo à costa de Cartagena, repousa o galeão San José, um navio espanhol que afundou em 1708 carregando um tesouro estimado em 20 bilhões de dólares.
Agora, mais de 300 anos depois, México e Colômbia unem forças para trazer à tona não apenas as riquezas materiais, mas também a história que este naufrágio carrega. Apesar da magnitude do tesouro, os países afirmam que o objetivo principal é a preservação e documentação do patrimônio cultural submerso.
O San José era um navio de guerra impressionante, lançado ao mar em 1706 pelos estaleiros de Guipúzcoa, na Espanha. Com 40 metros de comprimento e equipado com 64 canhões, ele era uma força a ser reconhecida. Em 1708, o galeão foi atacado por corsários britânicos enquanto transportava ouro, gemas e joias provenientes das minas do Peru, Bolívia e México. O ataque foi devastador: o San José afundou, levando consigo 600 tripulantes, dos quais apenas 10 sobreviveram.
Durante séculos, o navio permaneceu perdido, envolto em mistério e lendas sobre sua valiosa carga. Em 1981, a empresa de exploração Search Armada afirmou ter localizado os destroços e compartilhou as coordenadas com a Colômbia, na esperança de obter parte do tesouro. No entanto, em 2015, o governo colombiano anunciou ter encontrado os restos do navio em um local diferente, desencadeando uma disputa sobre a autenticidade da descoberta e a repartição das riquezas.
Hoje, o San José é mais do que uma atração para caçadores de tesouros. Ele foi declarado patrimônio arqueológico protegido pela Colômbia, com o apoio do México em uma missão denominada “Rumo ao Coração do Galeão San José”. Esta iniciativa visa explorar e documentar o naufrágio, destacando seu valor científico e cultural.
A colaboração entre os dois países envolve uma série de etapas meticulosas para garantir que a exploração seja conduzida com o máximo respeito ao patrimônio histórico:
Primeira fase: Iniciada em maio de 2024, envolve o uso de uma embarcação de pesquisa subaquática equipada com tecnologias avançadas de posicionamento e sensores acústicos, além de um veículo de operação remota para acessar o local do naufrágio.
Segunda fase: Geração de imagens detalhadas do sítio arqueológico, permitindo o registro e classificação dos materiais encontrados e sua dispersão pelo fundo do mar.
Terceira fase: Elaboração de um pré-diagnóstico de conservação, avaliando o nível de deterioração dos elementos do naufrágio.
Quarta fase: Documentação digital do contexto arqueológico por meio de técnicas de fotogrametria, com finalidade educativa.
O objetivo principal da missão é proteger e conservar o San José, evitando que ele seja visto apenas como um cofre submerso de riquezas. Conforme Alhena Caicedo, diretora do Instituto Colombiano de Antropologia e História, o projeto visa deixar um legado cultural e científico significativo. “Essa não é uma missão de extração de valor econômico. Queremos proporcionar à Colômbia a oportunidade de uma missão científico-cultural que terá várias etapas e começa agora”, afirmou o Ministro das Culturas da Colômbia, Juan David Correa.
O Instituto Nacional de Antropologia e História do México está profundamente envolvido no projeto, trazendo expertise e tecnologia para a exploração subaquática. A cooperação internacional é crucial para garantir que a missão seja bem-sucedida, respeitando os padrões de conservação e estudo arqueológico.
Embora o valor material do tesouro do San José seja estimado em 20 bilhões de dólares, o verdadeiro valor reside na história e no conhecimento que ele pode proporcionar. A missão não busca retirar as riquezas do fundo do mar indiscriminadamente, mas sim catalogar e estudar os achados para compreender melhor o contexto histórico do naufrágio.
O governo colombiano, agora sob uma perspectiva mais conservacionista, visa utilizar a tecnologia para explorar e preservar o galeão. Parte dos objetos será trazida à superfície para análise detalhada, mas a maior parte do tesouro permanecerá in situ, protegido como um museu subaquático.
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