Lenda do cinema e do teatro, Maggie Smith morre aos 89 anos

Foto: Reprodução/Warner Bros

Maggie Smith, a aclamada atriz britânica conhecida por seus papéis memoráveis em “Harry Potter” e “Downton Abbey”, faleceu aos 89 anos. A notícia foi confirmada por seus filhos, Toby Stephens e Chris Larkin, através de um comunicado oficial divulgado nesta sexta-feira (27). A atriz morreu de forma tranquila em um hospital, cercada por seus familiares mais próximos. A causa da morte não foi revelada, mas a família destacou o quanto ela foi uma mãe e avó extraordinária, além de uma figura marcante nas artes cênicas.

A carreira de uma das maiores atrizes do século XX

Nascida Margaret Natalie Smith em 28 de dezembro de 1934, em Ilford, Essex, Margaret começou sua carreira nos palcos britânicos ainda na década de 1950. Desde o início, ela já demonstrava um talento único, conquistando destaque na Oxford Playhouse antes de se mudar para Londres, onde integrou a prestigiosa companhia Old Vic. No Royal National Theatre, Smith se estabeleceu como uma força criativa ao lado de seu então marido, o ator Robert Stephens. Juntos, o casal protagonizou diversas montagens que marcaram a cena teatral da capital inglesa.

No cinema, Maggie Smith iniciou sua ascensão nos anos 1960, com papéis que a levaram a ser aclamada pela crítica e a conquistar o Oscar de Melhor Atriz por sua performance em “Primavera de uma Solteirona” (1969). Ao longo das décadas seguintes, a atriz acumulou prêmios, incluindo um segundo Oscar por “California Suite” (1979), quatro Emmys, três Globos de Ouro, um Tony e sete Baftas, consolidando-se como um ícone do teatro e do cinema britânicos.

Personagens icônicos e reconhecimento internacional

Para muitos fãs ao redor do mundo, Maggie Smith se tornou um rosto conhecido e querido através do papel da professora Minerva McGonagall na saga “Harry Potter”. Sua interpretação impecável da severa, porém bondosa, professora de Transfiguração trouxe uma aura de autoridade e carinho para a personagem, conquistando novas gerações de fãs. Já na televisão, seu papel como Lady Violet Crawley, a sagaz e espirituosa condessa de Grantham em “Downton Abbey”, a elevou a um patamar ainda mais alto de celebridade internacional. As tiradas ácidas e o humor mordaz de sua personagem tornaram Violet uma figura cativante e essencial para o sucesso da série.

“Eu vivia uma vida perfeitamente normal antes de Downton Abbey”, revelou a atriz em entrevista ao British Film Institute em 2017. “Ia ao teatro, galerias de arte, coisas assim, sozinha. Agora, já não posso mais”. A frase ilustra o impacto da série na vida de Smith, que passou a ser reconhecida e admirada por públicos de todas as idades e nacionalidades.

Uma vida dedicada à arte e marcada por desafios pessoais

Apesar do sucesso na carreira, a vida pessoal de Maggie Smith foi marcada por momentos de adversidade. Seu primeiro casamento, com o ator Robert Stephens, foi turbulento devido aos problemas de álcool e depressão do marido. O casal teve dois filhos, Chris Larkin e Toby Stephens, que também seguiram a carreira artística. Após um divórcio conturbado em 1975, Smith encontrou a estabilidade emocional ao se casar com o dramaturgo Beverley Cross, com quem viveu até a morte dele, em 1998.

Maggie Smith

Foto: Reprodução/Warner Bros

A atriz também enfrentou problemas de saúde ao longo de sua vida. Em 2007, foi diagnosticada com câncer de mama e, mesmo durante a quimioterapia, continuou trabalhando no set de “Harry Potter e o Enigma do Príncipe” (2009). “Eu estava careca como um ovo”, disse Smith ao jornal The Times. Além disso, ela convivia com a doença de Graves, uma condição autoimune que afeta a tireoide e pode causar protusão ocular.

Contribuição imensurável às artes britânicas

O legado de Maggie Smith transcende a atuação. Com seu trabalho, ela ajudou a redefinir o papel das mulheres no cinema e no teatro britânicos, trazendo complexidade e profundidade a personagens que poderiam facilmente ser retratados de maneira superficial. Seus prêmios e honrarias, como a nomeação a Comandante da Ordem do Império Britânico em 1990 e a Companheira de Honra em 2014, são testemunhos de sua contribuição excepcional às artes cênicas e ao entretenimento.

A importância de Maggie Smith para gerações de artistas

Maggie Smith inspirou gerações de atores e atrizes, muitos dos quais reconhecem sua influência em suas próprias carreiras. Sua dedicação ao ofício e sua busca incessante pela perfeição a tornaram um exemplo a ser seguido. “É verdade que eu não tolero imbecis e, portanto, eles não me toleram. Talvez seja por isso que sou boa o suficiente para interpretar velhas tolas”, brincou Smith em uma entrevista ao The Guardian em 2014, demonstrando seu humor afiado e a autoconsciência sobre sua própria persona artística.

Um adeus a uma dama do teatro e do cinema

A morte de Maggie Smith representa o fim de uma era. Uma atriz que esteve presente em diferentes momentos da história do cinema e do teatro, que se reinventou constantemente e que conseguiu se conectar com públicos de todas as idades. Suas atuações serão lembradas não apenas pelos prêmios que conquistou, mas pela profundidade e veracidade que trouxe a cada personagem.

A família de Smith agradeceu às mensagens de apoio recebidas e pediu privacidade neste momento difícil. “Ela morreu pacificamente, no hospital, cercada por familiares e amigos. Deixa dois filhos e cinco netos que estão devastados com a enorme perda de sua extraordinária mãe e avó”, disseram os filhos no comunicado.

O legado eterno de Maggie Smith

A contribuição de Maggie Smith ao cinema e ao teatro britânico e mundial é inestimável. Seja como a Condessa Violet, a professora McGonagall ou a velha sem-teto de “A Senhora da Van”, a atriz trouxe à vida personagens únicos e inesquecíveis, cada um com sua própria complexidade e charme. A perda é grande, mas o impacto de sua obra permanecerá vivo para sempre.

Maggie Smith deixa um legado que transcende as telas e os palcos. Ela será lembrada não apenas como uma das maiores atrizes de seu tempo, mas como uma figura inspiradora para todos que acreditam no poder transformador das artes cênicas.

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